quarta-feira, 21 de maio de 2025

A ONÇA PINTADA, PEDRO E O CACHORRO LEÃO

 

120 ideias de Onças pintadas | animais selvagens, gatos selvagens, felinos

 

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CRÔNICAS DO NORDESTE.

Lendas e Causos

Pedro,  de dona Zefinha,   acordou  pela madrugada, o clarão do sol começava a esconder a luz da lua.

A manhã estava fria, céu de abril de um azul profundo,  sem uma nuvem sequer no firmamento.

Pedro foi até o terreiro, se espreguiçou, tirou uma raspa  da casca do Juazeiro, limpou os dentes  e passou água no rosto.

Cuidou das 3 cabras e dos cabritos, ordenhou a vaca mãezinha, botou água no pote da cozinha, sentou para tomar seu café  com cuscuz  e um taco de charque assada na brasa do fogão a lenha.

Pedro vivia para a sua mãe, tudo que fazia era  em benefício da genitora. Era um rapaz bonito, sertanejo forte, sadio, trabalhador ao extremo, gentil e muito educado, homem pacato, porém de uma coragem acima do normal.

Era  sábado, dia de feira livre no povoado de Pedra Preta, confins do alto sertão nordestino.

Pedro  perguntou  a sua mãe o  que precisava comprar na feira, pegou o bizaco de caçador, a velha  lazarina, o chapéu de palha, o facão e arribou para Pedra Preta, distava mais ou menos légua e meia do sítio onde morava.

Chegou à  feira por volta das 10.30h. Comprou os mantimentos, duas bacias, feitas de folha  de flandres,  uma Alpercata de couro cru com  solado de pneu, chumbo, bucha, pólvora e espoleta para sua arma de caça e foi tomar uns tragos com uns amigos,  pois ninguém é de ferro e  também era filho de Deus. Dizem que, quando o diabo não vem, manda o secretário, parece que isso é verdade.

O môço após três lapadas  de uma cana de cabeça,  das boas, estava um pouco alegre. Deu de vista com uma cabocla cor de jambo muito bonita,  corpo bem feito e um lindo sorriso. Os olhares se cruzaram e Pedro ficou animado.

Tomou mais umas duas, sempre de butuca na morena,  quando sentiu um tremendo murro que o jogou ao chão. De pronto levantou pra briga. Notou que o desafeto estava armado de faca. Deu um passo para trás e se preparou para o pior, só não ia correr do pau,  pois era macho sim senhor, o caboclo era paraibano dos bons.

O cabra correu pra cima  e ele revidou, se atracaram.  Pega e fura ali, murro aqui e acolá, Pedro foi ferido pela faca no braço. Caíram os dois, um por cima do outro, ouviu-se um grito forte e depois o  silêncio…

O problema é que,  quando o namorado da morena, eis aí o motivo da briga,  caiu, o representante do diabo fez a sua estripulia, a faca virou a afinada ponta  e penetrou profundamente no peito do desafeto, atingiu o coração, o mesmo morreu na hora.

Pedro se apavorou, pegou seus piqualhos, sua lazarina  e caiu no ôco do mundo caatinga  adentro  por cima de pau, pedra,  espinho e o mais que tivesse pela frente. Só não queria ser preso. Preso não, isso nunca...

Andou na mata fechada o resto da tarde e um bom pedaço da noite,  evitando sempre as moradias  esparsas  do sertão. Se embrenhou o mais que pode no carrasco sertanejo, tinha o sertão na palma da mão.

Parou exausto já tarde, bebeu a água da cabaça, escorou-se  em uma pedra e adormeceu profundamente, ali ninguém ia lhe procurar.

Acordou cedo, como sempre, e deu de cara com uma vista muito bonita. Tinha dormido perto de um córrego e um verde vale  ao pé da Serra. Fez uma pequena fogueira, pegou água na bacia de flandres, ferveu e fez o café.

Quando aconteceu o ocorrido, já tinha comprado os mantimentos. Explorou os arredores e decidiu fazer acampamento no local, assim o fez.  Com o passar dos tempos fixou residência.

Depois de uns anos mandou buscar a sua mãe, construiu uma pequena casa de taipa,  para os dois, e ocupou o vale.  Ninguém apareceu para reclamar a posse das terras. Casou com uma moça da vizinhança,  porém não teve filhos.

Possuía um cachorro e  se encheu de amores pelo bicho… era o seu companheiro, guarda costa, ajudante, tudo enfim, o seu  fiel e corajoso amigo,  o nome era Leão, eram verdadeiros irmãos.

Pedro tinha progredido bastante,  era um incansável trabalhador.  Tinha no curral meia dúzia  de vacas, alguns bezerros,  um bode, uma trinca de cabras e dois cabritos. A sua mulher também era prendada, criava galinhas caipiras, perus, patos e galinhas-d'angola.

Uma bela noite acordou com o latido  do cachorro Leão ecoando para as bandas do curral, levantou, pegou a lazarina e foi ver o que estava acontecendo.

Chegou ao curral, leão estava indócil,  porém no escuro não deu para enxergar o que tinha acontecido, acalmou o cachorro e voltou para casa.

Ao amanhecer foi ao  curral e deu de cara com o acontecido…uma onça pintada apareceu e levou uma bezerrinha. Ficou louco da vida e resolveu de imediato  caçar a bicha, poderia inclusive perder todos os seus animais.  Dali para frente a onça poderia fazer morada no seu aconchego, a onça foi condenada á morte para o bem dos seus animais.

No outro dia preparou todos os apetrechos, chamou Leão e bateram um longo papo sobre o ocorrido na noite anterior, diga-se de passagem, ele gostava de trocar ideias com seu  amigo.

O dia era  sexta feira, todavia tinha um detalhe, era sexta feira santa, um dia sagrado para todos os sertanejos nordestinos. A sua   mulher falou para ele não ir naquele dia, fosse no sábado, era melhor. Pedro estava irredutível, chamou Leão  e partiram para a caçada.

Andou toda a manhã e nada de Leão dá sinal de ter farejado algo. Ao meio dia parou em uma sombra, comeu o farnel que dona  Rita preparou, deu de comer ao amigo e saiu à  procura da pintada.

Andou pouco,  o cachorro deu o sinal de ter farejado algo…foi pé ante pé, ele e leão, e por trás d e uma  pedra estava a onça dando de mamar aos dois filhotes. Parou, mirou a espingarda na cabeça da bichana e ao puxar o cão, com o estalido da engrenagem,  a onça foi despertada e o Pedro ouviu um  grito de socorro…

"Pelo amor de Deus seu Pedro, não me mate não. Tô dando de comer aos meus filhos".

Menino, Pedro largou a lazarina no chão, virou-se e deu uma  carreira   por mais de uma légua, tão em disparada que perdeu as alpercatas e Leão nos seus calcanhares. Ambos  caíram  prostrados debaixo de uma moita  por mais de duas horas.

Quando o Pedro despertou  e ainda ofegante,  olhou para  o cachorro Leão e falou…

"Minha nossa senhora Leão, pelos poderes de Deus, nunca vi onça falar".

E Leão de pronto respondeu:

"Nem eu"!

Eita nordeste bom. Tem cada "causo" né?

 

MS(MARCÃO)

SSA, 02/09/2021

 

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