domingo, 30 de março de 2025

A trajetória de um conceito, Gênero- Noções.

                                                   

Quais são alguns tipos diferentes de identidade de gênero?

Como entender o mundo atual, como enxergar cada cidadão e como afastar os preconceitos pertinentes a tão complexa e antiga demanda social.

Todos os seres humanos são humanos.

Merecem respeito na condução da vida.

Um civilização moderna não cabe nenhum tipo de preconceito.

            Iderval Reginaldo Tenório        

  Da obra de Adriana Piscitelli: Gênero: a história de um conceito in: Heloísa Buarque de Almeida; José Szwako: Diferenças, igualdade, São Paulo, Berlendis e Vertecchia Editores, pp. 116- 150. POR QUE FALAR SOBRE GÊNERO?

              A TRAJETÓRIA DE UM CONCEITO
"O conceito de gênero foi elaborado e reformulado em momentos específicos da história das teorias sociais sobre a "diferença sexual" e foi inovador em diversos sentidos.   

Para perceber o alcance dessas inovações, é preciso acompanhar um pouco de sua história. Ao marrá-la, a bióloga e historiadora da ciência Donna Haraway, no artigo Gênero para um dicionário marxista, afirma que o termo gênero foi introduzido pelo psicanalista estadunidense Robert Stoller no Congresso Psicanalítico Internacional em Estocolmo, em 1963, tratando do modelo da identidade de gênero.

Stoller teria formulado o conceito de identidade de gênero no contexto da distinção entre natureza e cultura. Assim, sexo está vinculado à biologia (hormônios, genes, sistema nervoso e morfologia) e gênero tem relação com a cultura (psicologia, sociologia, incluindo aqui todo o aprendizado vivido desde o nascimento). 

O produto do trabalho da cultura sobre a biologia era a pessoa marcada por gênero, um homem ou uma mulher. Ou seja, este psicanalista, acompanhando uma reflexão científica mais ampla, entendia que quando nascemos somos classificados pelo nosso corpo, de acordo com os órgãos genitais, como menina ou menino. Mas, as maneiras de ser homem ou mulher não derivam desses genitais, mas de aprendizados que são culturais, que variam segundo o momento histórico, o lugar, a classe social. 

Ser mulher de classe alta no Brasil, no início de século XX pressupunha ser delicada, ficar restrita ao espaço doméstico, ter pouca educação formal, saber bordar e costurar. E as mulheres eram ensinadas a se enquadrar nesse modelo. Hoje em dia, ser mulher pode significar algo bem diferente, e varia muito de acordo com o lugar, a classe social, o momento histórico. 

                                              HARAWAY, Donna:

 Gênero para um dicionário marxista, a política sexual de uma palavra. 

                 Cadernos PAGU, no.22 Campinas Jan./June 2004, 


Na opinião de Stoller, há uma diferença sexual “natural”, no corpo fisiológico. Embora o sentido que isso assume em diferentes contextos seja muito variado, em cada  lugar se estabelecem maneiras apropriadas de ser homem e mulher. 
Às vezes, algumas  pessoas nascem com traços genitais de um sexo, mas sua “identidade de gênero” está associada ao outro sexo. Por exemplo, pessoas que nasceram com pênis, mas se sentem como meninas, gostam de vestir-se e de comportarem-se como elas. 

Há também pessoas que nasceram tendo parcial ou completamente desenvolvidos órgãos sexuais masculinos e femininos. No passado eram denominados de hermafroditas, hoje recebem o nome de pessoas de sexo ambíguo ou “intersexos”. Nesses casos, os médicos tendem a sugerir intervenções cirúrgicas, às vezes mutilações, para definir os órgãos genitais, retirando qualquer ambigüidade deles e trabalhos terapêuticos que permitam harmonizar a identidade de gênero com os novos genitais. Stoller afirmava que esse conjunto de possibilidades existe porque a “identidade de gênero”, que está no plano da cultura, dos hábitos e dos aprendizados, não deriva dos genitais, que “pertencem” à natureza, à biologia.  Por isso, é preciso separar natureza de cultura, entendendo que o que define as diferenças de gênero está no lugar da cultura.

As formulações de gênero que tiveram impacto na teoria social, porém, foram elaboradas a partir do pensamento feminista, na década de 1970. Esse movimento social, que buscava para as mulheres os mesmos direitos dos homens, atuou decisivamente na formulação do conceito de gênero. 

As feministas utilizaram a ideias de gênero como diferença produzida na cultura, mas uniram a essa noção a preocupação pelas situações de desigualdade vividas pelas mulheres, como aquelas mencionadas acima. 

Foi portanto a partir de uma luta social, que surgiu uma contribuição teórica fundamental para o pensamento social. Nessa elaboração, articularam-se, de novas maneiras, aspectos presentes na longa história de reivindicações feministas, relativos à dominação masculina, e noções teóricas sobre como as distinções entre feminino e masculino fazem parte do social."

                       Iderval Reginaldo Tenório


Escutem com a Wanessa da Mata,   do Chico Cesar, paraibano de Catolé do Rocha, na Paraíba, nascido no dia   26 de janeiro de 1964 .

A Força Que Nunca Seca

Música do álbum "Vanessa da Mata" lançado pela Sony Music. Baixe no iTunes: http://smarturl.it/vanessadamataalbum.
YouTube · Vanessa da Mata · 26 de jul. de 2015

Um comentário:

Anônimo disse...

Maravilha esse seja texto. Como sempre um sábio. Obrigada Sandrinha