terça-feira, 17 de janeiro de 2023

OS ABNEGADOS E ABANDONADOS DO CARIRI-CEGO OLIVEIRA-JUAZEIRO DO NORTE-ESTE EU ESCUTEI MUITO

 

 

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CEGO OLIVEIRA-JUAZEIRO DO NORTE-ESTE EU ESCUTEI MUITO

Quando criança,  na minha cidade natal, Juazeiro do Norte,  lá no Sul do  Ceará, ficava impressionado e sempre que podia passava horas a observar os mendigos nas vias e logradouros públicos , muitos pediam ao toque do  violão,  sanfona,  rabeca, pandeiro, reco-reco, chocalho, serrote, cavaquinho e diversos outros instrumentos musicais  representando a ancestralidade da região, os que nada tocavam estendiam piedosamente as mãos e com misericórdia pediam algo para encher a barriga.

Todos eram colocados no mesmo saco, no mesmo balaio, bastava um defeito físico, visual ou mental para serem  tachados de  pedintes.

Depois que a gente cresce e conhece as agruras da vida  ,  passa a entender o quadro sociológico daqueles humanos, muitos eram pacientes psiquiátricos abandonados pelas famílias e  pelos  poderes públicos, outros  ,  vitimas do alcoolismo crônico  e  viviam abaixo da linha da pobreza, agora pasmem,  diversos eram verdadeiros gênios ,  artistas natos, ícones do regionalismo e das tradições milenares dos povos que viviam  na região   ,  por serem deficientes físico , auditivo ou visual   utilizavam-se das artes  oferecidas por Deus para as suas  sobrevivências .

Tocavam flautas, pífanos, pandeiros, lâminas de serrotes, cítaras, sanfonas, rabecas, pé de bode, triângulos, berimbaus, berrantes, pratos, cavaquinhos, violas,   violões, triângulos, pandeiros,  apitos, colheres, garfos,  cabaças, maracás e outros instrumentos , outros por não saber tocar utilizavam os dedos, os lábios, batiam com as mãos no tórax e outras estripulias para ganhar o pão de cada dia,    muitas destas artes eram executadas   simultaneamente pelo mesmo cidadão.

 Perdia horas e horas a ouvir as suas apresentações , as suas músicas  e as suas anasaladas vozes, hoje cheguei à conclusão que aquelas horas não foram perdidas , foram sim , horas importantes na formação cultural, regional e folclórica que jamais sairão da mente, foram horas ganhas. Depois  de consciente e adulto agradeço as horas perdidas, horas que na verdade  foram as horas mais achadas da minha vida, gravadas na   mente e importantíssimas para a minha formação humana, social   e cultural   .

 O que mais apreciava eram as histórias cantadas nas sua características vozes, muitas vezes choradas, anasaladas ,  gemidas e arrastadas, muitos foram os clássicos e os benditos gravados na minha mente , hoje repito espontaneamente, fruto das observações destes guerreiros Caririenses.

Obrigado abnegados e injustiçados gênios do meu Cariri, de minha serra do Araripe, da minha  Juazeiro do Norte, do meu abençoado Ceará.

Ao Cego Oliveira, Meu Mano, Bigode do Maneiro Pau e a todos os cantadores de rua, obrigado pelas aulas não valorizadas e que hoje cora de vergonha as faces daqueles  que  viveram, nada fizeram e não souberam valorizar aqueles professores e perpetuadores das artes . 

Viva os nossos gênios tão maltratados , porém admirados por uma leva de inocentes  que fariam de tudo para voltar a conviver com todo aquele universo cultural . Se possível fosse   bradaria em voz alta para todo o mundo escutar: Estes ícones são os elos entre a ancestralidade e o futuro, muitos artistas da modernidade devem a eles os seus vastos conhecimentos sobre a humanidade.  Escutem o Raul Seixas, o Alceu Valença, o Ariano Suassuna, o Luiz Gonzaga, o João Silva, o Luiz Fidelis, o Chico Anysio, o Adonias Filho,  o Jorge Amado e todos os ícones da cultura brasileira e tenham certeza que    foram os artistas analfabetos, os  doidos e os  abandonados  das ruas que alimentaram parte dos seus encéfalos.


Obrigado meus professores da vida e salve esta bela  e democrática cultura, viva os ícones que ficaram no esquecimento, mas que brotam de vez em quando das nossas mentes e em todo o cancioneiro raiz desta civilização. 


Muito obrigado meus eternos professores.


                                                    Salvador,12 de Março de2012

                                                        Iderval Reginaldo Tenório

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