PESQUE E COMA, É A CADEIA ALIMENTAR EM AÇÃO.
PESCAR POR ENTRETENIMENTO É TORTURAÇÃO
O MENINO
Zezinho,7 anos de idade, mora no campo e ainda não frequenta as escolas do imaginário humano. Sonha com este dia, porém é escolado na linguagem da natureza: A terra, a chuva, o sol, a lua, a noite, o dia, as águas, os ventos, as plantas, os animais domésticos, os silvestres, os pássaros, os insetos e até os répteis.
É poliglota, etólogo, ambientalista, sociólogo, ecologista, biólogo, agricultor, pecuarista e outras da sua imaginação, só não sabe as leituras desenvolvidas pelo imaginário humano, os ensinamentos constituídos de demandas seletivas, excludentes, que estudam os fenômenos materiais, imateriais e ao mesmo tempo sedimentam os mecanismos da estratificação da sociedade. É de cabal importância para o homem ascender na escala socioeconômico e cultural, e não continuar no limbo ou na base da pirâmide social criada pelos humanos. O Zezinho tem sede do saber e olha para o futuro da humanidade.
Diz a neurociência, que na primeira infância, a linguagem oficial é a que prega o amor, a verdade, a pureza, o respeito, a compaixão, o compartilhamento, a linguagem dos animais, a sinceridade, a inteligência e da igualdade entre os seres humanos. Com o passar dos tempos, o homem vai remodelando pilar por pilar, pedra por pedra, para que possa, com as agruras sofridas, construir os templos do artificialismo da vida.
Seguir
os princípios pétreos da linguagem da primeira infância, é fundamental
para o forjamento do cidadão; porém, na trajetória da vida muitos
sofrem avarias morais, danificam a personalidade, entram num mundo
obscuro e sedimentam diversos desvios de comportamentos que serão
aplicados na vida adulta.
O DIÁLOGO COM O SOL
Conta Zezinho que tem conversado com os seus amigos de infância, todos têm queixas contra o comportamento dos seres humanos, principalmente dos povos mais desenvolvidos.
Diz que o Sol é a principal peça do sistema solar, alimenta a terra e os demais planetas sem distinção, sem preconceitos e nada pede em troca. Sabe da sua tarefa, de sua importância e anda preocupado com a atuação dos humanos. Tem observações e reclamações a fazer.
Dizem os homens, que ele, o sol, é o responsável pelo câncer de pele, que resseca o solo, evapora as águas dos rios, oceanos, lagos, córregos e açudes e é o vilão da desertificação do planeta. Esquecem, que estes atos fazem parte de sua função, são necessários para os ciclos da vida. Diz que na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma e não pode mudar o seu comportamento, é o seu ofício.
Relata que faz este trabalho há 5 bilhões de anos e ainda tem mais 5 bilhões para atuar. Refere que os seus raios, na velocidade da luz, 300 mil quilômetros por segundo, gastam 8,5 minutos e viajam 150 milhões de quilômetros para chegar à terra, lhe dando vida e esperança.
Reforça que as árvores recebem os raios solares, fazem a fotossíntese, produzem frutos, grãos e tubérculos que alimentam os homens e os animais herbívoros, estes consomem os vegetais, multiplicam-se e são consumidos pelos homens e pelos animais carnívoros.
Enfatiza que compondo o equilíbrio da natureza, existem os produtores, os consumidores e os decompositores, todos estão sob a sua batuta.
Afirma que arroz, milho, feijão, soja, trigo, lentilha, ervilhas e as favas são energia solar concentrada em forma de grãos, da mesma forma que são todos os tipos de carnes. É peremptório em afirmar que é a mais importante fonte de energia, de vida e de saúde para toda a natureza, inclusive para os humanos. Relata que, o que os seres vivos comem, nada mais são do que energia solar compactada em proteínas, glicídios, lipídios, hidrocarbonetos e sais minerais.
OS RIOS
O Sol, o líder do grupo, traz diversas queixas dos seus componentes.
Os Rios andam assombrados e perplexos com o futuro, encontram-se exaustos e não aguentam as atrocidades praticadas pelos humanos. Cortam as árvores das suas margens, constroem habitações nos seus trajetos, desviam aleatoriamente as suas águas e jogam dejetos de todos os tipos nos seus leitos, lixos orgânicos, químicos, metais e os tóxicos. Reclamam que um dia poderão não suportar tais agressões e poderão perecer antes do tempo, alertam que a promoção da vida é tarefa de todos.
Lembram que nas suas águas vivem diversos tipos de vidas e por onde passam alimentam milhares de outras vidas, tanto vegetais como animais e são as artérias da terra.
Transportam muitos nutrientes na suas águas e juntos aos oceanos, lagos, córregos, lagoas, açudes, aquíferos e outros trajetos subterrâneos levam a vida para todos.
Enfatizam que a Terra é viva e nunca para de se transformar, vive em metamorfose, depende das suas águas e dos nutrientes que nelas se encontram.
Apontaram um grave crime que os humanos praticam contra os peixes, os seus principais moradores. Os peixes vivem felizes nas suas águas, suprem a cadeia alimentar, inclusive para os humanos. São peças importantes para todas as espécies que habitam a terra.
O que é inadmissível e sem defesa, é o fato dos humanos pescarem para o entretenimento, dizem que pescam pelo lazer, isto não é ético. Enquanto divertem-se e riem, maltratam os inocentes peixes e vangloriam-se das atrocidades praticadas, um grande percentual dos peixes pescados e soltos morrem pelas as avarias sofridas. Os Rios não entendem como um homem pode se sentir feliz em prender um peixe pela boca, confirma o aforismo de que o homem é sanguinário e pensa que é o dono do planeta.
Veja um trecho do relato vivido por um dos rios:
“Os homens usam anzóis de metal camuflados com fragmentos de carne ou falsos peixes pequenos. O peixe pensa que é alimento e tenta engolir para matar a fome ou levar para as suas crias, o pontiagudo ferro encrava na sua boca, o animal passa horas brigando para se livrar e não consegue. Sem forças, exausto e com ferimentos é vencido, os homens ficam felizes, pulam de contentamento por este satânico e criminoso ato. Não se resignam e nem se comovem com as dores, o sofrimento e o pânico que passa aquele animal. Expõem ao público moralmente destruído, ridicularizado, envergonhado e como um troféu quase sem vida. Em seguida o solta na mesma água com avarias nos ossos e cartilagens da cabeça; boca, olhos, barbatanas, queixo, brânquias e garganta mortalmente feridas. É uma afronta à vida e um ato inescrupuloso, para depois morrer pelos ferimentos sofridos. Fale para os homens que carcaça não boia, afunda.
O RECADO DO SOL
" Zezinho, diga aos humanos, que preservar os recursos naturais ou explorá-los com respeito é preservar a continuidade da vida.
Lembre, para eles, que muitas civilizações já se foram, esta também irá e outras surgirão.
Para a terra ainda restam 5 bilhões de anos. A terra é de todos e merece respeito.
Para o globo terrestre, os humanos não estão acima dos animais não humanos e nem acima da natureza "
Iderval Reginaldo Tenório
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