sábado, 2 de abril de 2022

A MORTE DE UMA PROFISSÃO DE RESPEITO. PRECISAMOS RESSUSCITÁ-LA

 

         

  A MORTE DE UMA PROFISSÃO DE RESPEITO.
         PRECISAMOS RESSUSCITÁ-LA
                 Colegas do Brasil, pensem na Medicina deste ponto de vista, farei um passeio através dos tempos atuais, é apenas  um mero ensaio.
          Como disse UM AMIGO DO MEU PAI, o velho e centenário Seu Quincó.  

" ACORDA DOUTOR, OS HOMENS ESTÃO MATANDO A MEDICINA"

Os cenários políticos e econômicos da nação vaticinam e apontam para dias escuros para a centenária medicina brasileira(SAÚDE BRASILEIRA ) e para os seus filhos, os médicos. 

Muitos foram, são e serão os eventos que estão  levando a gloriosa Medicina Brasileira à  bancarrota que  escancaradamente  a empurram para o corner, para as laterais ,  retirando-a  do centro e  do miolo onde deveria estar.

1-A abertura indiscriminada de Escolas Privadas e o abandono de um  patrimônio sedimentado , as Escolas publicas de boa qualidade  que graduaram médicos desde 1908 , exemplo mor : a nossa gloria escola de medicina do Estado da Bahia, hoje a FAMED , uma Escola Federal padrão ouro da UFBA .

2-  O sucateamento dos Hospitais Escolas
3-A Desvalorização dos professores, dos assistentes e dos mestres .

3-A entrega da medicina aos políticos , retirando das mãos dos médicos  a sua condução, sendo estes reles prestadores de serviços com empregos precarizados  e vilipendiados pelas terceirizações, falsas cooperativas , contratos de boca  e contratos leoninos  pejotizados.

4-A medicina Suplementar atuando com intermediaria entre o profissional e o seu paciente aplicando baixos valores ao intelecto do médico.

5-O aparelhamento da medicina diminuindo o valor da semiologia e da Clinica.

6-O fechamento dos consultórios artesanais e a abertura de Empresas Médicas encarando o exercício da medicina comercialmente.

7-O distanciamento e a morte do relacionamento Médico-Paciente , o elo principal de uma boa assistência .

8-A invasão  do  ato médico por outros profissionais em quase todas as especialidades,  da clínica médica à oftalmologia, quando deveria existir um entrelaçamento entre esta profissões, como foi por milhares de anos entre a  Medicina e Enfermagem.

9-O desinteresse dos novos esculápios  pelo viés político e social da medicina ,  encarando-a apenas como meio de vida, meio de sobrevivência, meio existente de como pagar as suas dívidas a qualquer preço, principalmente os vultosos encargos e tributos pertinentes ao exercicio da profissão e para manter o velho padrão de vida.

10-Os governantes, peremptoriamente, fazem  de tudo para jogar a sociedade contra os médicos . Tentam colocar no seio da sociedade que os profissionais estão mais ligados na pecúnia do que na saúde, eles estão cotidianamente  criando muros, fossos e cercas   entre o povo , a medicina e os que a exercem com ética, lisura e compromisso, o Esculápio.

Este modus operandi levou a diversos episódios, aqui citarei alguns.

 Primeiro  os médicos perderam a prioridade nos cargos diretivos  governamentais tanto Municipais, Estaduais e Federais. Os Secretários de Saúde e o Ministro não precisam ser médicos, e quando médicos de formação, transformam-se em burocratas, tecnocratas , executivos e políticos descompromissados com a categoria . 


Em seguidas os médicos  perderam os cargos nas unidades hospitalares , no programa da família(PSF) e nos demais serviços pertinentes à medicina (Postos e ambulatórios). Hoje  os médicos estão em segundo plano, forças contrárias aos interesses do povo,  dos médicos e da medicina  incutem na cabeça dos médicos  que o sistema  conselhal é obsoleto,  inerte e prejudicial à classe , é  apenas  um órgão punitivo, os médicos acreditam e passam a não apoiar a sua mais importante instituição. Conselho fraco categoria fraca, na vacância dos Conselhos serão os leigos os seus julgadores .

                     O prestígio de uma categoria está ligado aos poderes  político(voto),  econômico(poder aquisitivo), social(ações) e no  domínio dos conhecimentos , estas propriedades juntas guinam uma categoria ao comando de uma sociedade.  O médico e a  medicina humana estão em franca decadência, hoje a informática e a engenharia da imagem dominam nos médios e nos grandes centros, basta entrar numa máquina. Isto está empurrando a medicina para ser uma ciência exata , primeiro as máquinas  e por derradeiro a clinica, é um caminho sem volta. Hoje  com a tecnologia , tudo e todos para o esclarecimento do diagnóstico. 
 
É o cyber médico, o cyber ambulatório e cyber tutor os comandantes dos atos, não menosprezando a tecnologia que é  importante e indispensável, porém pelo   nocauteamento  das milenares fisiologia e fisiopatologia, levando-as literalmente ao solo, sobram máquinas e faltam médicos médico.

A soberania da clínica, o toque amigo do seu médico, a semiologia aplicada, as cãs dos esculápios, a benevolência,  a beneficência e a generosidade da ética estão comendo poeira dos  gestores da saúde.

                     Politicamente  os médicos e a medicina há muito que perderam os seus  postos, estão muito frágeis : no setor financeiro a medicina virou mercadoria e os médicos profissionais baratos . O relacionamento dos médicos  com a sociedade se transformou numa vergonhosa relação comercial, segue o código do consumidor com todas as suas  mazelas.  Enquanto os médicos  utilizam-se da ética e dos conhecimentos  os outros são partidários da  pecúnia , tudo por dinheiro. A Ética come poeira de todos. 

                     Consumindo os  últimos suspiros sociais da Medicina  , os poderes (Municipal, Estadual, Federal e Judiciário) retiram vagarosa e continuamente as últimas gotas de sangue da velha medicina com taxas, ditames  e impostos exorbitantes.

                    O Liberal autônomo devido a intermediação do sistema médico suplementar , da pejotização e terceirização do Sistema  Público   encontra-se morto, hoje sem força, fraco e subservientes. 

A medicina( A SAÚDE) e o médico caíram na vala comum, é  uma contenda entre a Medicina e o poder ,  na qual um dos lados tem como arma a ética , e a ética  é mansa, educada, paciente, benevolente, caridosa, responsável  e respeitadora, enquanto o outro , tem a força, a truculência , a vontade política, a saga da enganação e um povo propositadamente desprovido de informações, continua a dormir.

A Medicina e o Médico precisam seguir de  mãos dadas, precisam  difundir a humanização, a benevolência, a beneficência e mostrar que são simples, humildes e emanam do povo para o povo, a medicina é a mais sagrada das ciências, ela entra na vida de cada um dos cidadãos que a procuram e o recepcionador é o  Médico.

VIVA A MEDICINA E OS SEUS ABNEGADOS

Vital Farias, Belchior , Aldo Souza, Israel Filho  , Patativa do Assaré e  Zé Ramalho.
Vida de Gado.
 
Salvador 18 de março de 2009

Iderval  Reginaldo Tenório




  1. Miniatura 5:07 
  2. ADMIRAVEL GADO NOVO (VIDA DE GADO)


  1. de lucio carlos















    1. Zé Ramalho - Vida de Gado

    1.  
  • sexta-feira, 1 de abril de 2022

    _*🎵🎶🎼LUIZ GONZAGA "O REI do BAIÃO" CANTA PAULO AFONSO🎼🎶🎵*_



    Paulo Afonso

    de
    Luiz Gonzaga  e Zé Dantas ou Zé Dantas e Luiz Gonzaga

    Uma obra prima. 

    Escutem a narrativa histórica do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. 

    Uma das maiores obras do Rei do baião e do Médico Zé Dantas . Dois nordestinos do maior quilate, ambos do Estado de Pernambuco.

     O primeiro fez nascer no nordestino a Cidadnia e o segundo além da cidadania fazia literalmente nascer muitos brasileiros, fazia muitos partos pelo brasil, era Ginecologista e Obstetra.

     O triste: morreu aos 41 anos de idade em 1962.

    Conheça parte da história do Brasil com o Luiz Gonzaga e José Dantas , uma narrativa documentada por Perfilino Eugenio  Ferreira  Neto em : MEMÓRIA DO RÁDIO.

     Iderval Reginaldo Tenório

     

    José de Sousa Dantas Filho, mais conhecido como Zé Dantas foi compositor, poeta e folclorista brasileiro. 

                              NASC.  27 de fevereiro de 1921, CARNAIBA-PERNAMBUCO
                                MORTE. 11 de março de 1962,41 ANOS RIO DE JANEIRO.
     

    Luiz Gonzaga do Nascimento

     (Exu, 13 de dezembro de 1912 – Recife, 2 de agosto de 1989) foi um compositor e cantor brasileiro. ... Também conhecido como o Rei do Baião.

                           


    UM ESPETÁCULO NARRADO E CANTADO POR LUIZ GONZAGA, O MAIOR ARTISTA BRASILEIRO DE TODOS OS TEMPOS. UM DIA SERÁ RECONHECIDO POR TODOS .

    Iderval Reginaldo Tenório


      

    Paulo Afonso

    de
    Luiz Gonzaga  e Zé Dantas ou Zé Dantas e Luiz Gonzaga

    Uma obra prima.

        

    Delmiro deu a ideia
    Apolônio aproveitou
    Getúlio fez o decreto
    E Dutra realizou
    O presidente Café
    A usina inaugurô
    E gracas a esse feito
    De homens que tem valô
    Meu Paulo Afonso foi
    Sonho
    Que já se concretizô

    Olhando pra Paulo Afonso
    Eu louvo nosso engenheiro
    Louvo o nosso cassaco
    Caboclo bom verdadeiro
    Oi! Vejo o nordeste
    Erguendo a bandeira
    De ordem e progresso
    A nação brasileira
    Vejo a industria gerando riqueza
    Findando a seca
    Salvando a pobreza

    Ouco a usina feliz mensageira
    Dizendo na força da cocheira
    O Brasil vai, o Brasil vai
    O Brasil vai, o Brasil vai
    Vai, vai, vai, vai, vai, vai

    EU, MINHA MÃE , MEU PAI E A MINHA VIDA .






















    EU, MINHA MÃE , MEU PAI E A MINHA VIDA .

    Luiz Eduardo Goes


    Na parede do meu consultório tem dois diplomas que são os meus orgulhos pessoais .

    Frequentemente estimulam a curiosidade dos pacientes , que me fazem a seguinte pergunta : "Doutor , porque este Diploma de Professora Primária em sua parede ?"

    Eu respondo : Olhem direito, é da minha mãe . Eles olham a data, 1956, muitos perguntam : " Porque você colocou na parede?" , respondo: Vocês acham que se não tivesse o dela aí , eu conseguiria ter o meu ? Eles sorriem e muitos se emocionam.

    Aproveito a ocasião e conto para eles que o meu pai me disse: "Meu filho , fiquei muito feliz com a sua homenagem a sua mãe , uma pena que eu também não tenho um Diploma para você pendurar em sua parede " Eu disse : Meu pai , mande uma foto quando você era jovem e eu colocarei com muito orgulho , ele acabou enviando com a seguinte frase do próprio punho na fotografia : "A minha Faculdade foi o meu próprio trabalho" e assinou em baixo .

    Os pacientes ficam extasiados , alguns com lágrimas nos olhos , especialmente aqueles que também não puderam concluir os estudos , mas foram diplomados com os seus trabalhos.

    E assim Terezinha e Valmy estão comigo no meu cotidiano , que é cuidar dos clientes que me procuram, para eu oferecer ajuda para os seus males do aparelho digestóriO.

    Luiz Eduardo

    SALVADOR, Ba, 01/04/22





    Dr. Luiz Eduardo Goes, 63 anos de idade . 43 dedicados ao estudo do ser humano como acadêmico de medicina e médico.

    Médico Baiano- Gastroenterologista - Poeta e um ser humano do maior valor.

    Nascido na cidade de Serrinha , curso fundamental e médio em Feira de Santana , Superior em Salvador e pós graduado em São Paulo.

    Hoje um médico atuante, coordenador de um grupo cultural - GastroArt e participante de outros grupos culturais.

    O GastroArt é constituído de grandes médicos do Brasil na área gástrica e o SARAUMED de muitos ícones da poesia , da música e da escrita dos médicos da Bahia .





    Alucinação - Fotografia 3x4 - YouTube
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    5:31

    Alucinação - Fotografia 3x4 ... Alucinação é o segundo álbum do cantor brasileiro Belchior, lançado em 1976 pela Polygram. Produzido por: Mazzola ...
    YouTube · Volta Belchior · 12 de jan. de 2014


    Apenas Um Rapaz Latino Americano - YouTube
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    This video is not available. Apenas Um Rapaz Latino Americano. 6,057,191 views6M views. Jul 21, 2018. 70K. Dislike. Save. Belchior - Topic.
    YouTube · Belchior - Topic · 21 de jul. de 2018

    A morte e o processo de morrer: ainda é preciso conversar sobre isso

     

     

    Expressões: Como Árvore Frondosa

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    As Árvores Frondosas e suas Crianças Maravilhosas

    A morte e o processo de morrer: ainda é preciso conversar sobre isso


    Resumo

    Objetiva-se refletir sobre o processo de morte e morrer e dos cuidados necessários associados a essa fase da vida das pessoas que vivenciam a morte e de suas famílias, visando contribuir para o debate da educação para a morte e da humanização do processo de morte e morrer. A morte é uma fase da vida e está presente no cotidiano dos profissionais de saúde, mas o modelo de atenção à saúde não se mostra efetivo para lidar com as demandas das pessoas e de suas famílias na morte. Há muitos desafios a serem enfrentados na formação profissional, como limitações nos currículos e na abordagem multicultural da morte. Privilegia-se o ensino da tecnociência, com pouco espaço para a abordagem dos aspectos emocionais, espirituais e sociais do ser humano. Concluiu-se que é preciso conversar mais sobre a morte e o processo de morrer, ampliar a geração de conhecimentos sobre o tema e a aquisição de habilidades profissionais para lidar com os familiares e com as situações de cuidados de fim de vida, com a morte no cotidiano assistencial e com os próprios profissionais que vivenciam tais experiências de cuidado.

    Palavras-chave: Morte; Cuidados Paliativos; Enfermagem.

     

    INTRODUÇÃO

    A morte e o processo de morrer são fenômenos que geram angústia, medo e ansiedade e, apesar de fazerem parte da vida, ainda são considerados tabus.1,2 As atitudes das pessoas em relação à morte são influenciadas por sistemas de crenças pessoais, culturais, sociais e filosóficas que irão moldar seus comportamentos conscientes ou não.3

    No cuidado em saúde, cotidianamente os profissionais se deparam com o sofrimento físico, emocional, social e espiritual das pessoas e, em muitos casos, com situações de difícil resolução. O modelo de atenção à saúde baseia-se em prevenção, diagnóstico, tratamento efetivo e cura de doenças, mas diante da incurabilidade de determinadas doenças esse modelo se mostra ineficaz.4 Aliviar sintomas, nesse caso, requer medicamentos, mas também abordagens aos sintomas emocionais, sociais e espirituais, bastante complexos de se lidar.

    Estágios avançados de determinadas doenças, como o câncer, por exemplo, são situações temidas por estarem atreladas ao sofrimento físico e moral, à dor, à mutilação, e à morte. Comumente o sofrimento se estende por toda a família e amigos, gerando medo e insegurança e, geralmente, são poucos os profissionais preparados para lidar com toda a complexidade de um paciente com doença avançada e em progressão.

    De modo geral, há carência de debates nas escolas de ensino fundamental, médio e superior, demandando ampliação do escopo da educação para a morte, em face da interdição do tema.2 Na enfermagem, há muitos desafios a serem enfrentados na formação, tais como as limitações nos currículos das escolas sobre o processo de morte e morrer, especialmente em ambientes multiculturais.5

    No que se refere aos modelos de atenção, também há diferentes políticas e práticas nos sistemas de saúde que implicam a aquisição de habilidades profissionais para lidar com as situações de cuidados de fim de vida e morte.5

    Diante disso, este artigo objetiva refletir sobre o processo de morte e morrer e dos cuidados necessários associados a essa fase da vida das pessoas que vivenciam a morte e de suas famílias, visando contribuir para o debate da educação para a morte e da humanização do processo de morte e morrer.

     

    A VIDA, O CUIDADO E A MORTE

    A vida é o grande triunfo do cuidado em saúde e exaltá-la obscurece a visão dos profissionais de saúde, interdita a compreensão de que quando a morte é inevitável, porque o curso na vida foi completado, por adoecimento ou por fatalidade, cuidar de sua morte é uma ação digna e necessária, sendo também uma importante função do profissional de saúde. A morte está presente no cotidiano desses profissionais, mas o preparo formal ainda é insuficiente, com ensino voltado para a tecnociência, mas com pouco espaço para a abordagem dos aspectos emocionais, espirituais e sociais do ser humano.4 Essa insuficiência gera dúvidas sobre o que fazer nos casos incuráveis que, fatalmente, conduzirão o indivíduo à morte.

    Mas é preciso considerar que os profissionais também sofrem nesse processo, pois falar de morte e do processo de morrer exige-lhes grande esforço cognitivo e emocional, pois essa linguagem não lhes foi ensinada ou o foi de forma incipiente, no processo pedagógico de formação. Não há investimento adequado e suficiente nas formações, tanto de nível técnico quanto de nível superior que lhes permita interpretar os sentimentos que emergem nesse momento, que é único na vida de alguém. Os profissionais de saúde cuidam da dor do outro, mas não encontram o acolhimento adequado para os seus próprios sofrimentos e muitos adoecem.6

    Poucos profissionais tiveram experiências que pudessem esclarecer os diversos questionamentos que surgem nesse momento inusitado de encontro. E ainda se acrescenta que, sendo o processo de morrer uma vivência subjetiva, os cuidados são singulares e sempre sob demanda, exigindo do profissional uma disposição para cuidar também única, além de capacidade de comunicação verbal e não verbal para estabelecimento de relação humana, tão essencial ao cuidado em saúde.7,8

    Estudo de revisão evidencia que enfermeiras mais jovens relatam consistentemente medo mais forte da morte e atitudes mais negativas em relação aos cuidados ao paciente em fim de vida.3 Por outro lado, estudantes de Enfermagem do primeiro ano de formação informam que pensar sobre a morte é mais assustador do que a experiência real de lidar com ela.9 Tais resultados mostram o quanto a experiência de lidar com a morte pode ser diversa, na dependência do preparo e da disposição de cada ser humano.

    A morte integra o desenvolvimento humano no seu ciclo vital, é uma realidade e, por mais que se tente abstraí-la e torná-la distante, ela estará presente algum dia na vida de todos. Acompanhar a morte de outrem traz à consciência de sua própria condição de mortalidade, gerando ansiedade e desconforto.3 Essa consciência é que diferencia o ser humano dos outros animais. Negá-la é uma das formas de não entrar em contato com as experiências dolorosas e de se sentir único e inesquecível. Essa idealização ressalta a fragilidade, a finitude e a vulnerabilidade humana.2

    Pensar que um dia todos irão morrer, sem saber de que ou como, gera uma angústia existencial. Por isso é tão comum ocorrer uma postura defensiva de afastar-se da ideia por meio do distanciamento das situações concretas de morte. Afastar-se gera no imaginário uma forma de autoproteção como se, ao não entrar em contrato com a morte, ela pudesse não existir.

    Esse afastamento não é só existencial, vai ocorrendo no cotidiano da vida das famílias. Historicamente a morte ocorria no âmbito do lar, com a participação da família, sendo aos poucos institucionalizada e incorporada ao hospital.6 Essa migração de local alterou toda a percepção sobre o processo de morrer, que se refletiu na postura das pessoas e das famílias diante dela. Não há propósitos e motivações para se participar do processo de morrer dos familiares, ao contrário, há um estranhamento, uma vez que esse processo não foi construído nas mentes desde a infância.

    Para reverter esse estranhamento, deve-se criar o hábito de pensar, discutir, dialogar sobre a morte e as questões que surgem a partir daí e do momento em que a pessoa decide encarar sua própria finitude. A morte levanta questionamentos sobre a vida: como se está vivendo, quais as escolhas feitas até aquele momento.10 A morte convida todos a olharem para a vida, em todas as suas nuanças construídas até então. Algumas perguntas necessárias ao aprofundamento do estudo da morte e do processo de morrer são: você gostaria de morrer de forma aguda ou crônica? Em sua casa ou em um hospital? Quem seria seu principal cuidador? O que você faria (ou não faria) se só tivesse 24 horas de vida? E se tivesse uma semana? E se tivesse seis meses? O que você decidiria para você em relação à internação em unidade de terapia intensiva, alimentação artificial, diálise e suporte ventilatório?10 O que se identifica de forma clara e objetiva é que a morte conduz a questionamentos sobre valores e modos de viver.

    A morte é algo presente, pode acontecer a qualquer momento, em qualquer lugar e em qualquer tempo, diferente do imaginário coletivo que sugere um pacto de que a morte só virá quando lhe for permitido que venha.11 Mas quando ela é inevitável, iminente, as pessoas querem deixar um legado, algo que se traduza em lembrança, registro de que elas viveram em algum tempo por aqui. Esse legado não se traduz somente em algo grandioso e nobre. Pode ser o simples ensinamento de uma receita culinária, algo que alguém faça em sua intenção, tornando-a viva naquele momento de lembrança.

    Nos momentos finais de um indivíduo, além da necessidade de deixar um legado, aparecem as necessidades de resolver questões mal-elaboradas ao longo da vida; discutir sobre os papéis sociais e como sua família irá assumir responsabilidades na sua ausência. A necessidade de reconciliação com os outros, consigo mesmo e com um ser supremo é algo também muito presente nas pessoas que estão em processo de morrer. É como se a finalização da vida exigisse um término de contrato com ela e com os outros. A necessidade de despedir-se, de ter a presença de pessoas com quem se estabeleceu vínculos afetivos e satisfação nesse relacionamento é quase um pedido de licença para sair do mundo e da vida da família, dos amigos. Buscar nos gestos dos familiares a mensagem de que ela poderá partir e que os que ficam poderão se reestruturar sem sua presença.11

    Essas reflexões são necessárias às equipes de cuidados paliativos que precisam trabalhar em conjunto, com comunicação interpessoal firme e constante entre si, de modo a fortalecer a colaboração interprofissional, pois uma comunicação efetiva estreita vínculos e promove mais segurança no cuidado.12 Além disso, a comunicação também precisa ser melhorada com os pacientes e com as famílias.

    Na abordagem sobre a morte e o processo de morrer, a comunicação é fundamental, tanto na sua forma quanto no seu conteúdo. É preciso haver clareza na mensagem e adequação cultural para que não ocorram ruídos que interditem o seu entendimento. É importante considerar o emissor, a mensagem e o receptor, especialmente porque o tema é de difícil abordagem e o receptor está em situação de sofrimento.

    A comunicação faz parte do cuidado e nesse processo o profissional de saúde precisa aplicar os conhecimentos técnico-científicos adquiridos, como também a sensibilidade, na qual os fundamentos humanitários de sua formação e trajetória pessoal serão de grande valor.4

    As maneiras de cuidar de pessoas em processo de morte e morrer e de suas famílias precisam ser bem exploradas nos processos de formação, de modo que se trabalhem os aspectos culturais e religiosos, os tabus e as crenças das pessoas sobre a morte. Estudos de vários países mostram que um programa de educação no local de trabalho pode reduzir a ansiedade de morte e contribuir para melhorar o atendimento de enfermagem às pessoas no fim de suas vidas.3

    Ainda mais, ressalta-se que ações de enfermagem no atendimento das necessidades de familiares de pessoas que estão à morte evidenciam o valor das competências interpessoais das enfermeiras no cuidado. Estudo realizado com parentes de pessoas falecidas em hospitais mostrou que a equipe de enfermagem facilita a presença da família, mantendo os membros informados, envolvidos e presentes, influenciando nos seus estados físicos e emocionais.13

    Cuidar do outro é uma responsabilidade social, e o cuidado do paciente em processo de morrer é assim entendido pelos enfermeiros, por isso está para além de suas funções profissionais, convertendo-se em uma obrigação humana.14 Esse lidar com a morte alheia e com a dor do outro torna os enfermeiros vulneráveis, o que demanda apoio para que eles possam melhor ajudar a pessoa que está sob seus cuidados, sua família e a si próprio nas suas demandas emocionais e de bem-estar.14,15

    Por isso, é preciso conversar sobre a morte, seja nas instituições assistenciais, seja nas de formação, pois, sem conversação, a morte permanecerá como potência próxima do outro, mas distante de nós e silenciada no processo de cuidar.

     

    CONCLUSÃO

    Quando se faz o exercício de olhar para essas questões de forma profunda, cria-se a possibilidade de se perceber o quão trabalhoso e complexo é a fase de despedida de alguém que está morrendo e de quanto estudo é necessário para aprender a lidar profissionalmente com essa situação: da morte do outro e de sua família, ainda mais quando não se está habituado a pensar nesse assunto.

    Por isso, ainda é preciso conversar sobre a morte, trazê-la para perto de nós, torná-la íntima, conhecê-la. Na vida e no campo da saúde, especialmente, quanto mais e melhor se conhece um fenômeno, mais se aprende a lidar com ele. Portanto, para melhor cuidar de alguém que está morrendo, é preciso falar sobre a morte: sobre a dele, sobre a sua, sobre a nossa.

    Lidar com o fenômeno da morte da mesma maneira com que se lida com o fenômeno do nascimento, cuidar da vida implica cuidar da morte, pois a responsabilidade profissional é com o amparo da vida: daquele que está por nascer, daquele que está por morrer.

    Essa reflexão sugere que ainda seja justo e necessário gerar conhecimentos sobre a morte e o processo de morrer, sobre os cuidados a quem está morrendo e aos seus familiares, sobre os cuidados a quem está cuidando de pessoas nessas situações, pois na prática, no momento da morte, o desejo humano é de que tenhamos mãos amigas que nos amparem e confortem na nossa morte e profissionalmente que sejamos as mãos que os outros desejam ter.

     

     

    Death and the dying process: we still need to talk about it

    Roberta de Lima1; Alessandra Zanei Borsatto2; Danielle Copello Vaz3; Anne Caroline da Fonseca Pires4; Valéria de Paiva Cypriano5; Márcia de Assunção Ferreira6

    1. Enfermeira. Doutora. Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva - INCA. Rio de Janeiro, RJ - Brasil
    2. Enfermeira. Estomatoterapeuta. INCA, Ambulatório interdisciplinar da Unidade De Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro, RJ - Brasil
    3. Enfermeira. Mestre. INCA, Unidade de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro, RJ - Brasil
    4. Enfermeira. Especialização em Oncologia Clínica. INCA, Unidade De Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro, RJ - Brasil
    5. Enfermeira. Especialização em Enfermagem Oncológica. INCA, Unidade de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro, RJ - Brasil
    6. Enfermeira. Doutora. Professora Titular. Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Escola de Enfermagem Anna Nery - EEAN, Departamento de Enfermagem Fundamental - DEF. Rio de Janeiro, RJ - Brasil

    Endereço para correspondência

    Márcia de Assunção Ferreira


    E-mail: marcia.eean@gmail.com

    Submetido em: 12/01/2017

     

    REFERÊNCIAS

    1. Silva RS, Campos AER, Pereira Á. Cuidando do paciente no processo de morte na Unidade de Terapia Intensiva. Rev Esc Enferm USP. 2011[citado em 2017 jan. 12];45(3):738-44. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000300027&lng=en.

    2. Kovács MJ. Educação para a morte. Psicol Ciênc Profissão. 2005[citado em 2017 fev. 15];25(3):484-97. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script= sci_arttext&pid=S1414-98932005000300012

    3. Peters L, Cant R, Payne S, O'Connor M, McDermott F, Hood K, et al. How death anxiety impacts nurses' caring for patients at the end of life: a review of literature. Open Nurs J. 2013[citado em 2016 dez. 12];7:14-21. Disponível em: doi: 10.2174/1874434601307010014

    4. Bifulco VA, Iochida LC. A formação na graduação dos profissionais de saúde e a educação para o cuidado de pacientes fora de recursos terapêuticos de cura. Rev Bras Educ Med. 2009[citado em 2017 jan. 25];33(1):92-100. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0100-55022009000100013.

    5. Hebert K, Moore H, Rooney J. The nurse advocate in end-of-life care. Ochsner J. 2011[citado em 2017 jan. 13];11(4):325-9. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22190882

    6. Medeiros LA, Lustosa MA. A difícil tarefa de falar sobre morte no hospital. Rev SBPH. 2011[citado 2016 jul. 12];14(2):203-27. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516085820110002 00013&lng=pt.

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