segunda-feira, 27 de outubro de 2014

QUE VENHA O PROGRESSO CULTURAL


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 Caros Leitores

Tem sido difícil para a verdadeira cultura, a cultura raiz, aquela que nasceu com o Brasil  seiscentista , aquela oriunda da África, da Europa colonizadora e de outros  continentes. 

Cultura esta formada pelo  somatório dos conhecimentos destes povos e    que inundou todos os rincões deste país, repito, tem sido difícil  , uma vez que a parafernália atual que também é cultura , que também é conhecimento  tem sobreposto a cultura mãe e  raiz.

Sei que com a globalização ficou muito mais fácil conquistar os incautos jovens com o consumismo, com a interposição de novos costumes  , colocando em risco toda uma história, podendo levar ao sepultamento com a queima , com  a não propagação ou multiplicação do pioneirismo cultural.

” É antiquado , não é do meu tempo, não me interessa ouvir , não quero saber de determinados assuntos,  artistas ou músicas do passado, são coisas obsoletas" 
é assim que os mais novos se comportam, só lhes interessando as parafernálias  que vêm do além mar. 

Muitos desconhecem os principais ícone brasileiros, Luiz Gonzaga, Nelson Gonçalves, Jackson do Pandeiro, Pixinguinha,  Ciro Monteiro, Cartola, Catulo da Paixão Cearense, Coronel Ludugero, Patativa do Assaré, Bule Bule  e outros , citaria muitos.

Mais uma vez afirmo , tem muita coisa boa , mas , o que impera é o que promete  lucros, é o besteirol puro entretenimento sem uma reflexão, tanto no    cinema, na música, na literatura e nas parafernálias eletrônica digitais (celulares, facebook, aipodes, aifones ,leptopes, notebooks, aipedes ,  tabletes  e etc) . 
Com estes verdadeiros venenos vão se queimando paulatinamente as raízes deste país continental, o folclore no futuro será como uma iguaria, o folclore será mais um motivo de chacota.

Por isso que insisto 
Que venha o progresso , mas que não venha apagar a base cultural deste valente povo, é importante conhecer outras culturas e os novos itens da modernidade , mas não é salutar esquecer os antepassados, não é justo sepultar a língua pátria. 
  
                   Iderval Reginaldo Tenório
                 O BLOG É CULTURAL


  • Farinhada - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=Lk_m9gu6xTg
    18/03/2012 - Vídeo enviado por Pedro Macedo
    Música Farinhada com Luiz Gonzaga. ... Farinhada. Pedro Macedo. SubscribeSubscribedUnsubscribe ...
  • FARINHADA - LUIZ GONZAGA - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=7fWCqeYp8NM

    26/06/2011 - Vídeo enviado por LILIANSOUSA11
    Escola Estadual Presidente Dutra, Goiânia,.apresentação das alunas do 5ºA e B do turno matutino ...

  • domingo, 26 de outubro de 2014

    VEJAM COMO UM PROCESSO ELEITORAL NÃO MOSTRA A REAL VONTADE DA MAIORIA . O MODELO FAZ COM QUE , O ELEITO GOVERNE COM OS VOTOS DA MINORIA.

    VEJAM COMO UM PROCESSO ELEITORAL DISTORCE A VONTADE DO POVO, O MODELO FAZ COM QUE , O ELEITO GOVERNE COM OS VOTOS DA MINORIA.

    1-
    O Brasil possui 142.822.046   100% 
    Cento e quarenta e dois milhões, oitocentos e vinte e dois mil e quarenta e seis  pessoas com capacidade de votarem   100%
    2-
    Votaram em 2014 para Presidente 112.109.000 pessoas
    (Cento e doze  milhões  , cento e nove mil pessoas votaram , 78%)
    3-
    Não foram às urnas votar 31.000.00  pessoas
    (Trinta milhões de pessoas não votaram, 22%.
    4-
    Do total Nacional 142.822,046  100%
    54 Milhões votaram na Dilma     ........................38%
    51 Milhões votaram no Aécio.............................36%
    1,9 Milhões votaram em branco.........................1,5%
    05 Milhões votaram nulo.................................3,5%
    31 Milhões não votaram...................................22%
    Vejam que 62 % não votaram na DilmA
    5-
    Dos votantes
    112.109.000 Pessoas
    54 Milhões votaram na Dilma     ........................48,2%
    51 Milhões votaram no Aécio.............................45,5%
    1,9 Milhões votaram em branco.........................1,7%
    05 Milhões votaram nulo...................................4,6%
    Vejam que a presidente não obteve a  maioria dos votantes, 52% não votaram na mesma, 46 no Aécio, 1,7 em brancos e 4,6 nulos.

    6-
    Dos Válidos
    105.109.000
    Dilma obteve 54 Milhões  51,5%
    Aécio obteve 51  Milhões 48,5%

                                                                     CONCLUSÃO



    Dilma foi eleita com 38% dos votos do país( 54 Milhões)  de um total de 142 milhões,
    então 62 % não votaram na Dilma  , que equivale a 88 Milhões de brasileiros com direito ao voto.
                                                                       MENSAGEM

    Parabéns para Presidente Dilma e que o Brasil siga o seu caminho olhando para todos, protegendo os mais necessitados, valorizando a sua pujante classe  média , investido na saúde e na educação, principalmente ressuscitando a INDUSTRIA NACIONAL que se encontra fechada .

    Que o seu novo governo faça  as pazes com a Categoria Médica , valorize o seu Médico e a sua Medicina  .
     Que aniquile esta terrível corrupção , que  quebre a barreira separatista criada nos últimos dias  entre o Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste e principalmente o FAROESTE.  
    O país tem muito a melhorar, apenas  54 milhões , 38% disseram sim  à Presidente Dilma e 62%, 88 milhões   disseram não .

     Quanto ao Aécio 36%, 51 milhões lhes  disseram sim e  64% , que equivale a 91 milhões de pessoas  disseram não.

    É uma pauta a ser discutida pelas autoridades.
    Depois de eleita , a Presidente  Dilma passa a ser  a presidente dos 100% dos Brasileiros, dos 200 milhões de vidas, é uma tarefa árdua, o país é CONTINENTAL.
    FORÇA , CORAGEM E SERIEDADE DEVERÁ SER O LEMA.

    Iderval Reginaldo Tenório

    O MODELO BRASILEIRO FAZ COM QUE , O ELEITO GOVERNE COM OS VOTOS DA MINORIA.









    VEJAM COMO UM PROCESSO ELEITORAL DISTORCE A VONTADE DO POVO, O MODELO FAZ COM QUE , O ELEITO GOVERNE COM OS VOTOS DA MINORIA.
    1-
    O Brasil possui 142.822.046   100%Cento e quarenta e dois milhões, oitocentos e vinte e dois mil e quarenta e seis  pessoas com capacidade de votar   100%
    2-
    Votaram em 2014 para Presidente 112.109.000 pessoas
    (Cento e doze  milhões  , cento e nove mil pessoas votaram , 78%)
    3-
    Não foram às urnas votar 31.000.00  pessoas
    (Trinta milhões de pessoas não votaram, 22%.
    4-
    Do total Nacional 142.822,046  100
    54 Milhões votaram na Dilma     ........................38%
    51 Milhões votaram no Aécio.............................36%
    1,9 Milhões votaram em branco.........................1,5%
    05 Milhões votaram nulo.................................3,5%
    31 Milhões não votaram...................................22%
    Vejam que 62 % não votaram na Dilma
    5-
    Dos votantes
    112.109.000 Pessoas
    54 Milhões votaram na Dilma     ........................48,2%
    51 Milhões votaram no Aécio.............................45,5%
    1,9 Milhões votaram em branco.........................1,7%
    05 Milhões votaram nulo...................................4,6%
    Vejam que a presidente não obteve a  maioria dos votantes, 52% não votaram na mesma.
    6-
    Dos Válidos

    105.109.000
    Dilma obteve 54 Milhões  51,5%
    Aécio obteve 51  Milhões 48,5%
                                                          
                                                                     CONCLUSÃO

    Dilma foi eleita com 38% dos votos do país( 54 Milhões)  de um total de 142 milhões,
    então 62 % não votaram na Dilma  , que equivale a 88 Milhões de brasileiros com direito ao voto.
                                                                       MENSAGEM

    Parabéns para Presidente Dilma e que o Brasil siga o seu caminho olhando para todos, protegendo os mais necessitados, valorizando a sua pujante classe  média , investido na saúde e na educação, principalmente ressuscitando a INDUSTRIA NACIONAL que se encontra fechada .

    Que o seu novo governo faça  as pazes com a Categoria Médica , valorizando o seu Médico , a sua Medicina  . Que aniquile esta terrível corrupção , que  quebre a barreira separatista criada nos últimos dias  entre o Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste e principalmente o FAROESTE.  
    O país tem muito a melhorar, apenas  54 milhões , 38% disseram sim  à Presidente Dilma e 62%, 88 milhões   disseram não .

     Quanto ao Aécio 36%, 51 milhões lhes  disseram sim e  64% , que equivale a 91 milhões de pessoas  disseram não.

    É uma pauta a ser discutida pelas autoridades.
    Depois de eleita , a Presidente  Dilma passa a ser  a presidente dos 100% dos Brasileiros, dos 200 milhões de vidas, é uma tarefa árdua, o país é CONTINENTAL.
    FORÇA , CORAGEM E SERIEDADE DEVERÁ SER O LEMA.

    Iderval Reginaldo Tenório

    Zé e Tonha, Os semeadores da Ética no Sertão Pernambucano






    Zé e Tonha


    Os semeadores  da Ética no Sertão


    Zé e Tonha apesar de primos  resolveram se casar, deixaram as casas paternas e se embrenharam na floresta/caatinga do Sertão Nordestino.
    Derrubaram matas, queimaram  Caatinga, disputaram espaços com  onças, guarás, raposas, gatos, cachorros, porcos, cobras, urubus, gaviões e carcarás; abriram clareiras, estradas, cavaram barreiros, plantaram roças, conquistaram os seus espaços eram verdadeiros bichos do mato.
    Acordavam pela madrugada, foices, enxadas, facões, chunchos, suvelas e com armas em punho partiam para a lida diária , brocavam , encoivaravam, queimavam , faziam a terra ,  plantavam  a mandioca e se defendiam dos animais , com  espíritos de ambientalistas reflorestavam com mudas de cedros, cajueiros, umbuzeiros,  mangueiras e alguns eucaliptos devolvendo a vida à mãe terra.
    O Sol se pondo era o ponteiro a mostrar o caminho do rancho, quintal e chiqueiros conferidos, animais contados, portas travadas, barrigas abastecidas e o descanso na cama de vara com colchão de palha.
    Nasce o primeiro rebento, tarefa dobrada, ainda existem matas, onças, guarás, cobras e alguns indígenas, avultam-se os cuidados.
    Chega a época da desmancha da mandioca para o aproveitamento da sua  fécula, os dois arrancam os seus tubérculos, amontoam nos aceiros da roça, enquanto  a pequena descansa , come batata doce das roxas e bebe água  fria de cabaça sob a proteção da  sombra de uma canafisteira ou de um umbuzeiro, com o sol à meia altura,  o velho jumento Bidu com dois caçuás toma o caminho da pequena casa de farinha, dez a doze viagens da roça ao aviamento ,  se aproxima o ocaso, mirando   o sol como brasa a se aproximar do horizonte à procura do seu ninho , eles   seguem o Bidu na sua última viagem, não resta uma única raiz a recolher, todas são entaladas nos grandes cestos carregados pelo asinino.
    A pirâmide de mandioca aos poucos vai diminuindo sob a tutela, a garra, a força , as manobras e  a rapidez do trinchete da cabocla Tonha , o Zé por outro lado,   a providenciar a sua cevação , que é levar ao caititu , um rolo de madeira com múltiplas laminas de serrotes fixadas transversalmente,  também chamado de bola, que é  puxada e movida por uma junta de bois pé duro, a dupla  café com leite, um era preto e o outro branco.
    A montanha de mandioca aos poucos se transforma numa avalanche de massa branca, produto tóxico que embebeda e mata, precisa ser trabalhada, preparada para o consumo , artesanalmente purificada , para o nordestino, beatificada.
    Fim de tarde,  a popular boca da noite, Zé na prensa e Tonha no fim da rapa da mandioca, agora os dois arrumam a última camada feita de  paneiros. O Zé finca o pau da prensa nos buracos da gigante cabeça do parafuso de madeira, inicia o movimento de rotação no aperto da grande prancha,  é mais uma etapa de força no processo do fabrico artesanal da farinha. O Rangido sofrido do parafuso é acompanhado pelo choro molhado da manipueira,  que jorra das frestas das grossas  tábuas da rústica prensa , o grande pivô  chega à sua última volta , é sinal de massa seca , pronta para o fabrico da farinha.
     Paralelo a esta etapa, ao   lado da prensa,  dois troncos  fincados ao chão, uma rede alva compacta,  punhos de cordas  içados em cada um dos troncos, nesta rede mais uma tarefa da super Tonha,  num movimento contínuo , coloca-se nesta rede  cuias de  massa crua  , lava-se com muita água , desta mistura vaza um   rico chorume leitoso  que  escorre pelo fundo da rede,   é colhido por  uma grande gamela , cobre-se com um pano para proteger contra as impurezas do tempo e dos animais,  após o descanso de 12 horas , delicadamente se escorre a água sobrenadante e  no fundo da gamela fica um cremoso resíduo, um belo sedimento branco, a famosa goma de beiju, a fina fécula da mandioca, antes alimento de pobre e de índios, hoje quase uma iguaria de tão sonhada pelos citadinos.
    Com a prensa enxuta, massa úmida nos caixões de tábuas largas emparelhados, o primeiro ornado com uma grande peneira de arame ou uma arupemba, esta  pendurada por uma corda da cumeeira   até tangenciar o seu limbo,  quase a ocupar totalmente a sua boca, o segundo para receber a massa crua e grossa da prensa. Ao lado destes caixões  estrategicamente refrigerado pelos ventos da natureza , um grande forno arredondado,  construído com tijolos, três metros de diâmetros,   duas bocas para receber a lenha, prudentemente providenciada dez a quinze dias antes do inicio da farinhada, forno com  o piso coberto por grandes lajotas de barro  , que corresponde a  área  para se torrar a farinha.
    Nasce a noite, renovam-se as energias com a munição de boca, Tonha na peneira e Zé elegantemente com o seu grande rodo de madeira, toca oito cuias de oito de massa no aquecido forno, pesa nos punhos, puxa  pelos músculos, chama pelos braços , pelas pernas, entorta-se a coluna num vai e vem , próprios daqueles  que possuem os  bagos  roxos, o vapor como fumaça desgruda do espelho quente da superfície do forno,  secando minuto a minuto , a transformando num dos produtos mais apreciados pelo povo daquelas plagas, a famosa farinha de mandioca.
    A lua nasce e percorre diametralmente o céu repleto de estrelas , Zé canta , Tonha responde, a menina dorme e Deus protege. Três entes sob os seus cuidados , três entes escondidos , perdidos e camuflados nas abandonadas brenhas dos sertões pernambucanos, mesmo assim não perdem a esperança e cantam:
    ” Eu tava na peneira, eu tava peneirando, eu tava no namoro, eu tava namorando , na farinhada descascava macaxeira,  Zé Migué no caititu ,  eu e ela na peneira.”
    Com a lua a meia altura do horizonte , depois de atravessar  madrugada a dentro a cúpula celeste , é torrada a última fornada de farinha.
    Com os corpo moídos, a pequena dormindo e sonhando, depois de olhar para a estrela Dalva, as Três Marias e o Cruzeiro do Sul tomam o caminho da cama, trinta dias  no batente sem o merecido descanso , todos no mesmo rojão.
    Meninos nascendo e crescendo, família aumentando,roçado em progresso, corpos e mentes sempre dispostos, sem ajuda, sem cansaço, sem gosto ruim.
    As  horas de repouso eram para providenciar a água, a lenha, para produzir e planta o feijão, a banana, o milho e a batata, eram para criar o porco, a galinha, o bode e o carneiro, eram para repor os estragos causados à natureza plantando cedro, cajueiro, umbuzeiro e alguns Eucaliptos , a cabocla Tonha era uma ambientalista inata e da nata.
    Assim nascia o núcleo da família do Zé e da Tonha, paralelo aos outros núcleos  da sua irmandade,  que guiado pelo patriarca utilizavam  o mesmo modus operandi , uma característica , uma marca dos roceiros de fibras oriundos dos distantes rincões dos sertões das alagoas.
    O tempo passou  , a família cresceu e  o Zé prosperou, a escola entrou nas  suas vidas , eles se imortalizaram nos seus descendentes, hoje são muitos Zés e muitas Tonhas, todos seguindo as mesmas condutas, os mesmos princípios e costumes , a mesma disposição para a lida do dia a dia e o mesmo caráter.
    Zé e Tonha dois brasileiros que enchem de orgulho esta nação, o Brasil de pé agradece. A ética, o trabalho , a vergonha e a compaixão continuam sendo os seus principais legados.
    Em alta a seriedade, a democracia  e o exercício da cidadania, Brasil.
    Iderval Reginaldo Tenório




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    Farinhada - Luiz Gonzaga - YouTube


    www.youtube.com/watch?v=Pvaqjan0C_Q
    25/08/2011 - Vídeo enviado por forrobodologia
    Farinhada Luíz Gonzaga e Elba Ramalho Tava na penera Eu tava penerando Eu tava de namoro Eu







    Zé e Tonha, Os semeadores da Ética no Sertão






    

    Zé e Tonha



    Os semeadores  da Ética no Sertão



    Zé e Tonha apesar de primos  resolveram se casar, deixaram as casas paternas e se embrenharam na floresta/caatinga do Sertão Nordestino.

    Derrubaram matas, queimaram  Caatinga, disputaram espaços com  onças, guarás, raposas, gatos, cachorros, porcos, cobras, urubus, gaviões e carcarás; abriram clareiras, estradas, cavaram barreiros, plantaram roças, conquistaram os seus espaços eram verdadeiros bichos do mato.

    Acordavam pela madrugada, foices, enxadas, facões, chunchos, suvelas e com armas em punho partiam para a lida diária , brocavam , encoivaravam, queimavam , faziam a terra ,  plantavam  a mandioca e se defendiam dos animais , com  espíritos de ambientalistas reflorestavam com mudas de cedros, cajueiros, umbuzeiros,  mangueiras e alguns eucaliptos devolvendo a vida à mãe terra.

    O Sol se pondo era o ponteiro a mostrar o caminho do rancho, quintal e chiqueiros conferidos, animais contados, portas travadas, barrigas abastecidas e o descanso na cama de vara com colchão de palha.

    Nasce o primeiro rebento, tarefa dobrada, ainda existem matas, onças, guarás, cobras e alguns indígenas, avultam-se os cuidados.

    Chega a época da desmancha da mandioca para o aproveitamento da sua  fécula, os dois arrancam os seus tubérculos, amontoam nos aceiros da roça, enquanto  a pequena descansa , come batata doce das roxas e bebe água  fria de cabaça sob a proteção da  sombra de uma canafisteira ou de um umbuzeiro, com o sol à meia altura,  o velho jumento Bidu com dois caçuás toma o caminho da pequena casa de farinha, dez a doze viagens da roça ao aviamento ,  se aproxima o ocaso, mirando   o sol como brasa a se aproximar do horizonte à procura do seu ninho , eles   seguem o Bidu na sua última viagem, não resta uma única raiz a recolher, todas são entaladas nos grandes cestos carregados pelo asinino.

    A pirâmide de mandioca aos poucos vai diminuindo sob a tutela, a garra, a força , as manobras e  a rapidez do trinchete da cabocla Tonha , o Zé por outro lado,   a providenciar a sua cevação , que é levar ao caititu , um rolo de madeira com múltiplas laminas de serrotes fixadas transversalmente,  também chamado de bola, que é  puxada e movida por uma junta de bois pé duro, a dupla  café com leite, um era preto e o outro branco.

    A montanha de mandioca aos poucos se transforma numa avalanche de massa branca, produto tóxico que embebeda e mata, precisa ser trabalhada, preparada para o consumo , artesanalmente purificada , para o nordestino, beatificada.
    Fim de tarde,  a popular boca da noite, Zé na prensa e Tonha no fim da rapa da mandioca, agora os dois arrumam a última camada feita de  paneiros. O Zé finca o pau da prensa nos buracos da gigante cabeça do parafuso de madeira, inicia o movimento de rotação no aperto da grande prancha,  é mais uma etapa de força no processo do fabrico artesanal da farinha. O Rangido sofrido do parafuso é acompanhado pelo choro molhado da manipueira,  que jorra das frestas das grossas  tábuas da rústica prensa , o grande pivô  chega à sua última volta , é sinal de massa seca , pronta para o fabrico da farinha.
     Paralelo a esta etapa, ao   lado da prensa,  dois troncos fincados ao chão, uma rede alva compacta,  punhos de cordas  içados em cada um dos troncos, nesta rede mais uma tarefa da super Tonha,  num movimento contínuo , coloca-se nesta rede  cuias de  massa crua  , lava-se com muita água , desta mistura vaza um   rico chorume leitoso  que  escorre pelo fundo da rede,   é colhido por  uma grande gamela  cobre-se com um pano para proteger contra as impurezas do tempo e dos animais,  após o descanso de 12 horas , delicadamente se escorre a água sobrenadante e  no fundo da gamela fica um cremoso resíduo, um belo sedimento branco, a famosa goma de beiju, a fina fécula da mandioca, antes alimento de pobre e de índios, hoje quase uma iguaria de tão sonhada pelos citadinos.
    Com a prensa enxuta, massa úmida nos caixões de tábuas largas emparelhados, o primeiro ornado com uma grande peneira de arame ou uma arupemba, esta  pendurada por uma corda da cumeeira   até tangenciar o seu limbo,  quase a ocupar totalmente a sua boca, o segundo para receber a massa crua e grossa da prensa. Ao lado destes caixões  estrategicamente refrigerado pelos ventos da natureza , um grande forno arredondado,  construído com tijolos, três metros de diâmetros,   duas bocas para receber a lenha, prudentemente providenciada dez a quinze dias antes do inicio da farinhada, forno com  o piso coberto por grandes lajotas de barro  , que corresponde a  área  para se torrar a farinha.
    Nasce a noite, renovam-se as energias com a munição de boca, Tonha na peneira e Zé elegantemente com o seu grande rodo de madeira, toca oito cuias de oito de massa no aquecido forno, pesa nos punhos, puxa  pelos músculos, chama pelos braços , pelas pernas, entorta-se a coluna num vai e vem , próprios daqueles  que possuem os  bagos  roxos, o vapor como fumaça desgruda do espelho quente da superfície do forno,  secando minuto a minuto , a transformando num dos produtos mais apreciados pelo povo daquelas plagas, a famosa farinha de mandioca.
    A lua nasce e percorre diametralmente o céu repleto de estrelas , Zé canta , Tonha responde, a menina dorme e Deus protege. Três entes sob os seus cuidados , três entes escondidos , perdidos e camuflados nas abandonadas brenhas dos sertões pernambucanos, mesmo assim não perdem a esperança e cantam:
    ” Eu tava na peneira, eu tava peneirando, eu tava no namoro, eu tava namorando , na farinhada descascava macaxeira,  Zé Migué no caititu ,  eu e ela na peneira.”
    Com a lua a meia altura do horizonte , depois de atravessar  madrugada a dentro a cúpula celeste , é torrada a última fornada de farinha.
    Com os corpo moídos, a pequena dormindo e sonhando, depois de olhar para a estrela Dalva, as Três Marias e o Cruzeiro do Sul tomam o caminho da cama, trinta dias  no batente sem o merecido descanso , todos no mesmo rojão.
    Meninos nascendo e crescendo, família aumentando,roçado em progresso, corpos e mentes sempre dispostos, sem ajuda, sem cansaço, sem gosto ruim.
    As  horas de repouso eram para providenciar a água, a lenha, para produzir e planta o feijão, a banana, o milho e a batata, eram para criar o porco, a galinha, o bode e o carneiro, eram para repor os estragos causados à natureza plantando cedro, cajueiro, umbuzeiro e alguns Eucaliptos , a cabocla Tonha era uma ambientalista inata e da nata.
    Assim nascia o núcleo da família do Zé e da Tonha, paralelo aos outros núcleos  da sua irmandade,  que guiado pelo patriarca utilizavam  o mesmo modus operandi , uma característica , uma marca dos roceiros de fibras oriundos dos distantes rincões dos sertões das alagoas.
    O tempo passou  , a família cresceu e  o Zé prosperou, a escola entrou nas  suas vidas , eles se imortalizaram nos seus descendentes, hoje são muitos Zés e muitas Tonhas, todos seguindo as mesmas condutas, os mesmos princípios e costumes , a mesma disposição para a lida do dia a dia e o mesmo caráter.
    Zé e Tonha dois brasileiros que enchem de orgulho esta nação, o Brasil de pé agradece. A ética, o trabalho , a vergonha e a compaixão continuam sendo os seus principais legados.
    Em alta a seriedade, a democracia  e o exercício da cidadania, Brasil.
    Iderval Reginaldo Tenório
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    Farinhada - Luiz Gonzaga - YouTube


    www.youtube.com/watch?v=Pvaqjan0C_Q
    25/08/2011 - Vídeo enviado por forrobodologia
    Farinhada Luíz Gonzaga e Elba Ramalho Tava na penera Eu tava penerando Eu tava de namoro Eu