terça-feira, 25 de abril de 2023

ZEZINHO CRESCEU E COMPREENDEU O MUNDO

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 Vou fazer a pergunta de novo porque me esqueci da foto. 1.OBSERVE A CHARGE  E PRODUZA UM PEQUENO TEXTO - Brainly.com.br

ZEZINHO CRESCEU E COMPREENDEU O MUNDO

 

Zezinho, 10 anos de idade, baixa renda,  não aceitava a  vida que levava e não compreendia a diferença entre as classes sociais.

Cresceu ouvindo que Deus é o pai de toda a humanidade,  que todos os humanos são iguais diante do Criador e gozam dos mesmos cuidados.

Não entendia o porquê  da fome, dos sofrimentos financeiros e de outras  demandas peculiares aos pobres.  Não digeria a ideia de tanta diferença entre as pessoas no tocante as dificuldades da vida.

Se Deus é o pai de todos, quais são os  motivos de tantas mazelas  entre os humanos?  Não aceitava os ditados: Filho de peixe, peixinho é e sempre será, filho de gato, gatinho será. Para as espécies irracionais é  natural, uma vez que uma piaba jamais evoluirá para uma  baleia ou um tubarão, um filho de gato jamais se transformará em um leão, nasce gato e morrerá gato. 

Na  espécie humana, é literalmente  diferente, o filho de um pedreiro, de um marceneiro ou de um zelador pode muito bem ser um professor, um médico, um advogado, um jornalista,  um empresário de sucesso ou um filósofo,  basta ser assistido pelos poderes públicos com seriedade  e  fazer a sua parte: estudar e dedicar esforços nas suas tarefas. Todos os seres humanos normais  nascem com inteligência e são capazes de  evoluir, precisa apenas explorar o cérebro com todos os meios disponíveis, assim pensava o menino Zezinho. 

Perguntava o porquê alguns tinham escolas, casas, hospitais, roupas , mordomias  e outros não tinham. Na sua cabeça estes fatos não encontravam paradeiros, não estavam ao alcance do seu pensamento. Um pai tem que olhar para todos os filhos sem diferenciação, era este o padrão que  Zezinho  possuía na sua caixa cerebral.

O Zezinho chegava em casa e não encontrava os utensílios domésticos que existiam na casa do patrão do seu pai, não entendia porque teria que dormir em cima de um girau, enquanto o filho do patrão dormia numa cama alta, cheirosa e fofa. Como explicar se Deus é o pai de todos? Será que Deus gosta mais de um filho do que do outro? Será que ele só gosta dos ricos? Será? A cabeça do Zezinho vivia em eterna polvorosa, vivia em  voçoroca.

O Menino cresceu e virou homem, passou a entender o teorema da vida, as engrenagens sociais e  a enxergar que existiam as classes sociais desde o surgimento da humanidade. Encontrou indícios   que as poderosas oligarquias faziam e fazem de tudo para que cada indivíduo se perpetue na sua clausura social, preso, fechado e blindado, ali nasceu e ali morrerá.

O  moço passou a entender que, para pular de um degrau para  outro,  de uma classe  para outra, o indivíduo tem que ser ousado e ir em busca  dos seus  direitos.  Entendeu que o humano  não pode baixar a cabeça, não deve rezar na cartilha da subserviência e sempre dizer amém numa ladainha decorada e conformativa.  O sujeito tem que lutar e  insistir contra os pensamentos dominantes das castas superiores, partir para uma luta democrática e exigir melhores dias para todos os seres humanos. 

O Zezinho entendeu que o sujeito para sair do fosso, tem que fazer uso das ferramentas que as castas superiores  utilizam, tem que estudar, esforçar-se, não cair nas tentações impostas pelos dominantes, o oferecimento crônico do pão e circo, como se a vida fosse apenas entretenimento e bucho cheio. Este modus operadi coaduna com os irracionais domésticos,   notadamente os cães, pois os silvestres lutam cotidianamente pela vida e pela  liberdade, muitos chegam à morte na defesa de sua prole.

 O Zezinho botou na cabeça, que apesar de existir uma carta nacional, chamada Constituição Federal, só lutando, brigando, exigindo, cobrando, esforçando-se, dedicando-se e correndo  é que conseguirá subir na escala social e sair do fosso no qual  nasceu. Compreendeu que o único e melhor caminho é no aproveitamento escolar, principalmente na base, na raiz, no caule, na primeira fase da vida, dos zero aos dezoito anos, notadamente nos prirmeiros oito anos. 

 O Zezinho compreendeu que até os 18 anos, o homem  tem que dedicar todos os esforços no aprendizado para um bom futuro. O aprendizado de uma profissão, uma atividade esportiva ou artística, tudo com a tutela da Escola. Sem estes predicados continuará eternamente na base da pirâmide social, sempre fazendo força e sendo esmagado pelas demais camadas. Continuará na famigerada renda baixa, viverá sem pensamentos próprios e sem autoestima. Sobreviverá das ajudas sociais e sem persosnalidade, viverá como folhas secas entregues ao vento.

 O Zezinho acordou em tempo, venceu todas as barreiras e pede que todos lutem e acordem, sigam o seu exemplo. Descobriu  que  a caixa é  blindada, quente e  as paredes  grossas, porém existe uma saída. Uma porta  estreita, esguia, dolorosa e requer muitos esforços, coragem e força de vontade para transpô-la.

Requer foco, resiliência e determinação,  é a única comunicação honesta   entre as classes sociais. A porta existe, cabe a cada um encontrá-la. A chave, segundo Zezinho, encontra-se nos bancos escolares, que é a uma das propriedades para a sua conquista.  Ao vencer esta etapa a porta deixa de ser invisível. 

O que deixava e ainda deixa  o Zezinho indignado é  que ainda hoje, o ingresso numa boa escola é o normal para os que estão nas classes sociais mais altas, para os da raia baixa as dificuldades são abissais. 

O Zezinho não se conforma com este modelo, se antes se preocupava com a cama, o estômago e as vestimentas, hoje a sua preocupação é com a mente, a liberdade, os direitos e deveres, a isonomia nas oportunidades  e o futuro da humanidade  . 

Zezinho faz uma observação que ele acha cabal, diz que as crianças que nascem nas classes sociais mais altas e de pais que estudaram, ao sair do útero da mãe, já  recebe uma ferramenta para abrir a tão importante porta. Todos recebem uma  chave mestra  universal,  muitos as perdem e ficam perambulando sem rumo e sem prumo pelo mundo, porém é bem claro, os que nascem nas camadas baixas têm que procurar a sua chave e quando  encontra-la não pode  perder  a oportunidade de utilizá-la com sabedoria e dedicação durante a vida.

Viva o Zezinho e que os outros sigam o seu caminho.

 Basta força, insistência, coragem e resiliência.   

Basta ser mais um ZEZINHO.

Iderval Reginaldo Tenório

Escutem na voz do Raymundo Fagner,

 O vendedor de biscoito no trem, de

 Gordurinha e Nelinho 


RAIMUNDO FAGNER - O VENDEDOR DE BISCOITO | HD
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Fagner - O Vendedor de Biscoito (Pseudo Video)
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16 de out. de 2019

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