segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

CENAS VIVIDAS NO NORDESTE-INCENDIO NA SERRA DO ARARIPE



                                              
CENAS VIVIDAS NO NORDESTE-INCÊNDIO NA SERRA DO ARARIPE

O Incêndio de 1964
Relato do menino Zezinho

A caatinga ardia em chamas, seu Zé,  desesperadamente ajudado por mais de cem homens roçava as ressecadas moitas  de jiquiris,  as copas das canafistas e os troncos de fumo  bravo,  no outro lado da velha estrada, construída pelo grande líder  com recursos próprios, dona Tonha,  a grande  guerreira , rodeada por mais 30 mulheres e 20 rapazolas  limpava o aceiro contra lateral ao fumegante fogo, retirava os garranchos, os gravetos , os capins desidratados e a caatinga seca  que tem a mesma combustão da bucha ensopada com gasolina,  alcool ou com  querosene, quase semelhante a queima da pólvora. 

As últimas chuvas datavam de um ano atrás, os barreiros secos, os animais esquálidos e as asas brancas a procurarem outras plagas, apenas os pássaros mais resistentes como : os anuns ,  os gaviões, os carcarás e os urubus  voavam contracenando com as miragens que vibravam tangenciando o duro, vermelho e esturricante solo serrano. 

O verde da vegetação rasteira  encontrava-se cinza, o sol queimava a pele, a cabeça, o coração, a mente e a alma dos fortes homens autóctones, era mais um período de seca, mais um ano sem água, mais um ano  de fome e de sofrimento.

Os anuns, os calangos, os preás, os carcarás, os gaviões e as cascavéis rodeavam as ilhas ensombreadas  pelos umbuzeiros, os mandacarus e os cajueiros que  resistiam a baixa umidade do tempo , os seres vivos xerófilos  iam à procura e em busca  de uma presa, de um naco para matar a fome, no sol ardente as nambus e outros animais procuram a  sombra.

As rajadas de ventos quentes, muitas vezes em redemoinhos, levavam de eito tudo que encontravam pela frente, penas, ciscos,  folhas, ninhos de pássaros, argilas e estercos secos. As lufadas do mormaço invadiam a descampada caatinga seca  e consumiam sem piedade os últimos lampejos de vida.  Os insetos rasteiros e os alados , os repteis, a vegetação xerófila , os cabeças de frades, os rabos de raposas e os mandacarus mirins  nos últimos suspiros , um visível processo de desertificação.

O céu azul de brigadeiro, sem nenhuma nuvem, propiciava a visibilidade do mais longínquo infinito. O astro rei do sistema solar como se estivesse a metros, com as suas cortantes línguas em labaredas a consumir a ressecada carcaça vazia da velha Serra do Araripe. 

Zezinho viu, viveu e apagou fogo, o menino sobreviveu, a sua mente de criança gravou aquela inesquecível e dantesca cena, o fogaréu vermelho , os estalos dos gravetos finos e secos em chamas, as faiscantes fuligens carregadas pelos ventos, os homens com mulambos molhados nos rostos a proteger as narinas, mulheres com panos e vassouras de galhos secos a varrerem as margens, adolescentes correndo em desesperos  aos gritos de guerras e o Zezinho no meio deste furdunço, foi mais um fato vivido e registrado na sua existência pueril, foi mais uma lição da natureza e a certeza que o homem do campo, o homem do nordeste é forte , resistente e merece respeito.

O menino Zezinho cresceu, lutou, estudou  e envelheceu, porém, jamais deixou que a criança agreste que existe dentro de si sucumbisse, desaparecesse, entendeu que os segredos da vida só sabe  quem viveu, quem presenciou e sentiu. 

 Zezinho fez e faz parte deste tenebroso  universo, ele viu, viveu e sobreviveu, o Zezinho é um sobrevivente, como disse o Euclides da Cunha , é antes de tudo, um forte.

Iderval Reginaldo Tenório


Zé Ramalho - Último Pau de Arara - YouTube

www.youtube.com/watch?v=2Cau_bWVBzg
13 de fev de 2015 - Vídeo enviado por ZeRamalhoVEVO
Music video by Zé Ramalho performing Último Pau de Arara. (C) 2005 Sony Music Entertainment Brasil ...

Último pau-de-arara - Gilberto Gil - YouTube

www.youtube.com/watch?v=5-uanIwEbPI

5 de jul de 2011 - Vídeo enviado por Gilberto Gil
Na minha opinião, quando vemos o passado nós vemos tudo calmo tirando o fato que antigamente era ...

O último pau de arara - YouTube

www.youtube.com/watch?v=gzlseJcIm7U

11 de out de 2009 - Vídeo enviado por turmageo177
... que te faz olar somente pro seu umbigo. Fique ai. Cancoes como Ultimo Pau de Arara incomodam ...

Último Pau-de-Arara - YouTube

www.youtube.com/watch?v=lqmzocMiBb4
17 de mar de 2012 - Vídeo enviado por apfrezende G
Música Último Pau-de-Arara com Luiz Gonzaga. ... Music. "Último Pau De Arara/Maria Joana" by ...

FAGNER - O ÚLTIMO PAU DE ARARA - YouTube

www.youtube.com/watch?v=NRvhdZtVxbc
3 de out de 2010 - Vídeo enviado por N2010R
A vida aqui só é ruim Quando não chove no chão Mas se chover dá de tudo Fartura tem de montão Tomara ...

Fagner - Último Pau de Arara - YouTube

www.youtube.com/watch?v=o2GK8gWzGoA
17 de dez de 2012 - Vídeo enviado por Rose Moraes
A vida aqui só é ruim, quando não chove no chão, Mas se chover dá de tudo, fartura tem de porção, Tomara ..


domingo, 31 de dezembro de 2017

O REBENTO, A MINHA VIDA E OS ERUDITOS. CAPITULO I

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O REBENTO, A MINHA VIDA E OS ERUDITOS.

CAPITULO I
          Ao sentir as vibrações das ondas do mar no qual  mergulhava  pressenti que não estava só, senti que além do escuro casulo, das rajadas que sopravam o meu corpo e do baticum, sempre tum tum Tum, que encantava o meu mergulho, existia algo diferente, coisas sublimes, existia outro mundo muito distante do meu, juro que me sentia muito seguro no meu pequeno , quente e aconchegante  ecossistema.


          Senti também,  que diariamente o meu mundo ia ficando menor ou eu estava crescendo, notei que algo sobrenatural , no meu vê,   afagava o meu dorso, o meu abdômen, a minha face, o meu corpo e o meu esboço de cérebro. 

          Notei algo novo  com o passar do tempo, já decifrava ruídos, depois passei a decifrar os  sons, os das cordas vocais noturnos e que eram sempre os mesmos, como também os sons de cordas vocais diurnos, mais de um som, muitas vezes múltiplos e  diferentes, eles viraram rotina, depois passei a sentir ,  decifrar e saborear  outros sons, eram sons misturados, sons de cordas não humanas, sons de metais, de tambores, de pratos,  de surdos , de sopros e de vozes, todos revelados e compreendidos pelas ondas que geravam nas águas do meu pequeno e escuro oceano no qual me encontrava mergulhado e que aos poucos foram apurados pelos meus ouvidos e impregnados na minha tênue massa cinzenta. 


         O mais interessante é que eles só ou em conjunto  faziam bem ao meu neófito encéfalo, eles organizavam os meus pensamentos ,  traziam tranqüilidade , acho até que contribuíram e  influenciarão  para o resto da minha trajetória de vida .


         Num  belo e estranho dia estes sons sumiram , o meu mar secou, abriram as cortinas dos céus e uma claridade invadiu o meu novo mundo, os baticuns,  tum-tum-tum,  emudeceram, silenciaram,  as rajadas de ventos desapareceram, cessaram  e lá estava eu todo envolvido em macias e fofas plumas, de olhos semi fechados e as narinas a captar os odores dos dois principais gestores, dos dois que cederam os seus DNA e que , com muita felicidade e alegria me acolheram, cada um tinha o seu cheiro peculiar, eu nasci com  o cheiro dos dois, levarei comigo até os últimos dias de minha vida.


         A voz noturna ,  que me acompanhou por nove meses,  estava agora ao meu lado, os baticuns , tum tum tum,  de outrora e que nunca me abandonaram estão  agora encostados aos meus baticuns tum tum tum . Circulando no meu claro casulo  diversas vozes e  para a minha surpresa  as minhas velhas , constantes e conhecidas    sintonias de Bach, Beethoven, Mendelssohn, Mozart, Vivaldi, Paganini, Egberto Gismonti, Heitor Villa-Lobos e as vozes de Caetano, Gonzaga, Gil, Belchior, Ivone Lara, Luiz Melodia, Jessye Norman, Kathleen Battle, Pavaroti, Bob Dylan, Nana Mouskouri, Carlos Galhardo e outros a encherem os meus ouvidos, o meu encéfalo, a minha vida, a minha alma e a minha consciência. 


Neste dia mudei de casulo, continuei no mesmo mundo, porém  noutro ecossistema, no mesmo planeta, no mesmo sistema, na mesma galáxia e universo, neste dia consolidei a minha vida junto a minha família, neste dia eu nasci.


Nascimento Feliz Natural da Silva
( O REBENTO)
Iderval Reginaldo Tenório

FAÇO QUESTÃO QUE OUÇA  TODO ESTE CD DO BELCHIOR, FAÇA UMA VIAGEM PARA O ESPAÇO, NÃI DEIXE DE OUVIR.  ABRAÇOS.

Belchior - Divina Comédia Humana (original) - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=ltCHLhtGOZ4
2 de fev de 2009 - Vídeo enviado por fedepite
Versão Acústica e Original da Canção do Belchior- Divina Comédia Humana. Trecho final da poesia Via ...