quarta-feira, 1 de junho de 2011

LUIZ GONZAGA

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CRONOLOGIA DA VIDA DE LUIZ GONZAGA

 

1709

Vindo de Portugal, Leonel Alencar chega na região do Exu. Confraternizando com a tribo de índios que vivia ali, os Açus, cuja corruptela do nome daria Axu e logo depois Exu, Leonel Alencar, acompanhado de 3 irmãos, fundou a fazenda Várzea Grande. Depois nasceram as fazendas, Caiçara, de Bodocó, de Salgueiro e da Gameleira. Nesta última, situada no pé da serra do Araripe foi fundado posteriormente o povoado de Exu. Hoje chamado de Exu Velho.

 

1779

O termo de Exu, situado junto a Serra do Araripe, foi confirmado como Freguesia em 14 de Outubro deste ano.

 

1846

A Freguesia do Exu foi elevada à Povoação em 30 de Maio deste ano, pela Lei 150.

 

1858

A Povoação do Exu foi confirmada como Vila em 02 de Junho deste ano, pela Lei 442.

 

1860

Chega na serra do Araripe, Dona Januária, vinda de Missão Velha no Ceará. Acompanhada de sua filha Efigênia, se empregou na fazenda Caiçara. José Moreira Franco de Alencar casou com Efigênia. Da união nasceram quatro filhas, uma delas Ana Batista, conhecida por Santana. Quando completou 15 anos, Santana viu chegar na Fazenda Caiçara, Januário e seu irmão mais velho, Pedro Anselmo, oriundos não se sabe se de Flores ou de Pajeú das Flores, em Pernambuco. Januário foi logo deitando os olhos em Santana.

 

1863

A sede da então Vila do Exu foi transferida para Granito, por força da Lei 548 de 09 de Abril deste ano. Exu possuía neste último ano um Juiz Municipal, um Tabelionato, três Distritos de Paz, um Subdelegado de Polícia, uma agência de Correios, 27 eleitores, estando subordinada a Comarca de Cabrobó.

 

1888

Bem no estilo feudal era senhor de braço e cutelo de Exu, Gualter Martiniano de Alencar Araripe, que em 15 de Novembro deste ano foi agraciado pelo Imperador D. Pedro II com o título de Barão de Exu. 

 

1909

Januário José dos Santos, vindo dos Quidutes e dos Anselmos. Conhecido tocador de fole de 8 baixos, subiu a encosta da Serra do Araripe com destino à chapada. Mas ficou na Fazenda Caiçara, quase no sopé da Serra, propriedade do Barão do Exú, bem onde começava o Rio Brígida que ia desembocar no São Francisco.
Ana Batista de Jesus, ou simplesmente Santana, era uma cabocla bonita, e deixava muito olhar na esteira do seu caminho, sedentos daqueles olhos bonitos, daquele gingado de marrã bravia. Daí o cuidado de Efigênia, sua mãe, conhecida por Figênia.
Espantava os mais afoitos, animava os de melhor qualidade. E Januário caíra nas suas graças. E na Igreja de Exú, em Setembro de 1909, o casamento foi feito, sem arranjo, sem arrumação e principalmente sem samba. Claro: o único tocador de forró da região era o noivo... E numa casucha construída com os amigos, Januário lá se foi morar com Santana, morena formosa e de olhos estranhamente verdes, que endoidavam os cabras. E Januário tinha pressa, não ia perder tempo depois dos sacramentos...
“Fez cum ela o sanfoneiro
Um casamento feliz
E dos nove qui nascêro
Um desses nove é Luiz..."

 

1912

No dia 13 de Dezembro, uma sexta-feira, nasce, na fazenda Caiçara, terras do barão de Exu, o segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, que na pia batismal da matriz de Exu recebe o nome de Luiz (por ser o dia de Santa Luzia) Gonzaga (por sugestão do vigário) Nascimento (por ter nascido em dezembro, também mês de nascimento de Jesus Cristo).                             

 

1915

Nasce no dia 05 de Janeiro, Humberto Cavalcanti Teixeira 

 

1920

Luiz Gonzaga, com apenas 8 (oito) anos de idade substitui um sanfoneiro em festa tradicional na fazenda Caiçara, no Araripe, Exu, a pedido de amigos do pai. Canta e toca a noite inteira e, pela primeira vez, recebe o que hoje se chamaria cachê; o dinheiro - 20$000 (vinte mil réis) - "amolece" o espírito da mãe, que não o queria sanfoneiro. A partir daí, os convites para animar festas - ou sambas, como se dizia na época - tornam-se freqüentes. Antes mesmo de completar 16 anos, "Luiz de Januário", "Lula" ou Luiz Gonzaga já é nome conhecido no Araripe e em toda a redondeza, como Canoa Brava, Viração, Bodocó e Rancharia.

 

1921

Em Carnaíba das Flores, município Pernambucano do sertão do Alto Pajeú, nasce em 27 de Fevereiro José de Souza Dantas Filho, que viria a ser um dos mais importantes parceiros na obra de Luiz Gonzaga.

 

 

1924

Houve uma grande cheia e o rio Brígida subiu de nível, inundando os arredores. A casa de Januário foi atingida, encheu de água, obrigando a família a se mudar. Foram morar no povoado do Araripe, na Fazenda Várzea Grande.
A pedido do coronel Manoel Ayres de Alencar, chefe político local, Luiz, já um caboclo taludo, vai com este a Ouricuri para tomar conta de cavalo. Chegando lá vê um fole Kock de oito baixos, marca Veado, pelo qual fica louco e passa a amolar o coronel por causa dele. No mês seguinte, repetindo a viagem, o político concorda em pagar a metade dos 120 mil réis do fole, desde que Luiz arque com o resto, o que fez sem muita dificuldade, pois a essa altura já estava  ganhando tanto ou mais que o pai, para tocar.

 

1926

Início real de sua vida artística, quando tocou seu primeiro "samba" ganhando dinheiro. Começou também a estudar no grupo de escoteiros de um sargento da polícia do Rio de Janeiro chamado Aprígio.  Seu amigo Gilberto Ayres, filho do Cel. Ayres, o convenceu a mudar-se para a cidade, deixando o Araripe. Hospedaram-se na casa de Dona Vitalina e o amigo Gilberto foi seu primeiro empresário.
 
1929
Conhece Nazarena, por quem se apaixona e com quem namora às escondidas. Rejeitado pelo pai da moça, de família importante, vai tirar satisfações da desfeita armado com uma faquinha, após uns goles de cana. Leva uma surra de Santana, e foge de casa para o Crato, no Ceará, onde vende sua sanfoninha de 8 baixos.
 
1930
Luiz Gonzaga aumenta sua idade para sentar praça no Exército, na cidade de Fortaleza. Com o advento da Revolução de 30 segue em missão militar pelo Brasil como soldado Nascimento. Mestre Januário consegue reaver a sanfona vendida no Crato por 80 mil réis, através de um amigo, o Sr. José Lindolfo. 
 
1931
Após o término do tempo legal de serviço militar, o soldado Nascimento escolhe continuar servindo no Exército, instituição que representou o papel de uma grande e importante escola. Nas horas vagas acompanhava, pelos programas de rádio, os sucessos musicais da época.
 
1933
Por não conhecer a escala musical, é reprovado num concurso para músico numa unidade do exército, em Minas Gerais.  Vira soldado-corneteiro e ganha o apelido de “bico de aço”.
 
 
 
1936
Gonzaga aprende a tocar sanfona de 120 baixos em Minas Gerais, com um soldado de polícia chamado Domingos Ambrósio. Para treinar, adquire uma sanfona de 48 baixos e aproveita as folgas da caserna para tocar em festas.
 
1938
Gonzaga é ludibriado por um caixeiro-viajante, a quem paga 500 mil réis em prestações mensais para adquirir uma sanfona branca, Honner, de 80 baixos. Foge do quartel, em Ouro Fino (MG), para ir buscar a sanfona em São Paulo. Lá chegando, descobre que não vendiam sanfona no endereço que o caixeiro lhe dera. Ao retornar ao hotel onde se hospedara, acaba comprando uma sanfona igualzinha à que tinha ido buscar, pelo valor das prestações que faltavam pagar, 700 mil réis, e que ele havia arrecadado com a venda da sanfona de 48 baixos.
 
1939
Luiz Gonzaga dá baixa das Forças Armadas, impulsionado por um decreto que proibia para os soldados um engajamento superior a dez anos no Exército. Desembarca no Rio com bilhetes comprados para Recife, de navio, de onde pretendia voltar de trem para o Exu. Enquanto aguardava a chegada do navio que o levaria ao Recife, resolve conhecer o Mangue, o bairro boêmio vizinho. E lá, com sua sanfona Honner branca, faz sucesso tocando valsas, tangos, choros, foxtrotes e outros ritmos da época. Através de um músico amigo, o baiano Xavier Pinheiro, casado com uma portuguesa, Gonzaga vai morar no morro de São Carlos, à época tranqüilo reduto português no Rio.
Explode a segunda Guerra Mundial. O Brasil é literalmente invadido pela música estrangeira, principalmente a Norte Americana.Conhece o violonista Sepetiba. É o ano em que se apresenta pela primeira vez em um palco, no cabaré O Tabu na rua Mem de Sá.

 

1940

Como outros artistas disputa à duras penas um lugar ao Sol. Toca todo tipo de música, de Blues a Fox Trotes; imita artistas famosos da época, como Manezinho Araújo, Augusto Calheiros e Antenógenes Silva. Começa a apresentar-se em programas de rádio, como calouro. Luiz Gonzaga modifica o seu repertório, pressionado por estudantes cearenses, e consegue tirar nota máxima no programa Calouros em desfile, de Ary Barroso, na Rádio Tupi, executando a música Vira e Mexe, um “xamego” (chorinho) lá do seu pé-de-serra. Pouco tempo depois vai trabalhar com Zé do Norte no programa A hora sertaneja, na Rádio Transmissora. Chega ao Rio seu irmão José Januário Gonzaga (Zé Gonzaga), fugindo da seca devastadora e trazendo um pedido de ajuda por parte de Santana. Zé Gonzaga passa a morar com o irmão.

 

1941

5 de março. Data da primeira participação de Luiz Gonzaga numa gravação da Victor, atuando como sanfoneiro da dupla Genésio Arruda e Januário França, na “cena cômica” A viagem de Genésio. Seu talento chama a atenção de Ernesto Augusto Matos, chefe do setor de vendas da Victor. E no dia 14 de março Luiz Gonzaga grava, assinando pela primeira vez como artista principal, e exclusivo da Victor, quatro músicas que são lançadas em dois 78 rotações.
É publicada a primeira reportagem sobre Luiz Gonzaga na revista carioca Vitrine, com o título Luiz Gonzaga, o virtuoso do acordeom.  Ainda em 41, Gonzaga grava mais dois 78 rotações.
O sucesso havia chegado, e Gonzaga já era chamado como “o maior sanfoneiro do nordeste, e até do Brasil”.
O Estado Novo comemora seu quarto aniversário. Vai ao ar a primeira radionovela brasileira: Em Busca da Felicidade.
Nos anos seguintes grava cerca de 30 discos 78 rpm, muitos choros, valsas e mazurcas, todos em solo pois a Victor insiste em não lhe permitir cantar em seus discos, que até então eram só instrumentais. Inicia na Rádio Clube do Brasil para onde foi levado por Renato Mource, substituindo Antenógenes Silva no programa Alma do Sertão. A firma era na época a Victor.
Também neste ano conheceu César de Alencar na Rádio Clube do Brasil, quando o mesmo era o locutor do programa Alma do sertão sob o comando de Renato Mource. Foi quando apareceu Dino, violonista de sete cordas que tinha a mania de apelidar todo mundo. Ao ver a cara redonda de Luiz Gonzaga Dino imediatamente o chamou de Lua.

 

1942

Nasce em Garanhuns José Domingos de Morais que viria a ser o sanfoneiro Dominguinhos, de quem Luiz Gonzaga se tornou um segundo pai e que o tratava como "pai impostor". Luiz Gonzaga começa a fazer sucesso e as emissoras de rádio a se interessar, de fato, pelo novo cartaz. Enquanto isso, o Brasil declara guerra à Alemanha e seus aliados.

 

1943

Trazido pelas mãos do radialista Almirante - que também foi responsável pela descoberta de Gonzaga - o sanfoneiro catarinense Pedro Raimundo estréia na Rádio Nacional com suas roupas de gaúcho. Inspirado nele, Gonzagão passa a se apresentar vestido de nordestino. Nessa época, irritado com a interpretação dada por Manezinho Araújo para a sua "Dezessete e Setecentos", parceria com Miguel Lima, o sanfoneiro passa a cantá-la. Chovem cartas pedindo que ele continue cantando.

 

1944

É despedido da Rádio Tamoio e, imediatamente, contratado por Cr$ 1.600,00 pela Rádio Nacional, onde o então radialista Paulo Gracindo divulga seu apelido "Lua", por causa do seu rosto redondo e rosado. Ataulfo Alves e Mário Lago são os destaques do ano na área musical, com Atire a Primeira Pedra.

 

1945

Consegue  então o que desejava. Grava seu primeiro disco tocando e cantando, a mazurca Dança Mariquinha, parceria com Miguel Lima, primeira gravação  com o dito e chama a atenção pelo timbre de voz e desenvoltura no cantar. Nesse mesmo ano, e ainda em parceria com Lima grava outros dois discos interpretando Penerô Xerém e Cortando Pano.
Querendo dar um rumo mais nordestino para suas composições, Gonzagão procura o maestro e compositor Lauro Maia, para que este coloque letras em suas melodias. Maia porém apresenta-lhe o cunhado, o advogado cearense Humberto Cavalcanti Teixeira, com quem Luiz Gonzaga viria a compor vários clássicos.
No dia 22 de setembro, nasce de uma relação com a cantora Odaléia Guedes dos Santos o Seu filho Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior
 
1946
No mês de outubro o conjunto Quatro Ases e um Coringa, da Odeon, acompanhado pela sanfona de Luiz Gonzaga, grava a segunda parceria de Gonzaga e Humberto Teixeira, a música Baião, sucesso em todo país.
Depois de receber a visita de Santana, Gonzaga volta à sua terra, Exu, após 16 anos ausente. No retorno para o Rio, passa pela primeira vez no Recife, participando de vários programas de rádio e muitas festas. Nesse momento conhece Sivuca, Nelson Ferreira, Capiba e Zé Dantas, estudante de medicina, músico por vocação, apaixonado pela cultura nordestina.
 
1947
Luiz Gonzaga grava em março o 78 rpm que se tornaria um clássico da música brasileira: a toada Asa Branca, sua terceira parceria com Humberto Teixeira, inspirado no repertório de tradição oral nordestina.
A partir desse ano, Luiz Gonzaga adota o chapéu de couro semelhante ao usado por Lampião, a quem tinha verdadeira admiração, à sua apresentação artística, - embora a Rádio Nacional ainda não o permitisse apresentar-se ‘como cangaceiro’ nos seus programas - assumindo, ao mesmo tempo em que também plasmava, a identidade nordestina no cenário nacional.
Num domingo de julho, Gonzaga conhece na Rádio Nacional, a contadora Helena das Neves Cavalcanti, e a contrata para ser sua secretária. Rapidamente o namoro acontece, e Gonzaga pensa em casar.
Neste ano aconteceu o primeiro encontro de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, no Recife.
 
1948
No dia 16 de junho Luiz Gonzaga e Helena casam-se no Rio de Janeiro, e passam a morar, juntamente com a mãe de Helena, dona Marieta, no bairro de Cachambi.
 
1949
Aproveitando uma folga entre as gravações, Luiz Gonzaga leva a esposa e sogra para conhecerem o Araripe, e sua terra Exu. Porém, interrompem a viagem quando estavam no Crato, por causa das desavenças e mortes entre os Sampaio e os Alencar. A grande violência que marcava a disputa entre os clãs rivais ameaçava sua família, ligada aos Alencar. Preocupado, Gonzaga aluga uma casa no Crato, para onde leva seus pais e irmãos, enquanto preparava a mudança de sua família para o Rio de Janeiro, o que ocorreu ainda em 49.
 
1950
Em janeiro, o médico formando Zé Dantas chega ao Rio, a fim de prestar residência no Hospital dos Servidores, para alegria de Gonzaga, que vai esperá-lo na plataforma da estação de trem. Nesse ano, Luiz Gonzaga lançou, gravando ou cedendo para outros intérpretes, mais de vinte músicas inéditas, a maioria parcerias com Humberto Teixeira e Zé Dantas que se tornariam clássicos da MPB. Em junho lança a música A dança da moda, parceria com Zé Dantas que retratava a febre nacional pelo baião.
 
1951
Luiz Gonzaga já era o consagrado ‘Rei do Baião’, e o advogado Humberto Teixeira o ‘Doutor do Baião’!
Em maio Luiz Gonzaga sofre um grave acidente de carro, junto com seus músicos: João André Gomes, apelidado Catamilho, do zabumba, e Zequinha, do triângulo, o que motivou a composição Baião da Penha e uma reportagem especial na revista O Cruzeiro.
Humberto Teixeira candidata-se a Deputado Federal, e recebe o apoio do parceiro.
Durante todo o ano de 51 Gonzaga foi convidado permanente da série No Mundo do Baião, produzido por Zé Dantas, parte das atrações do Departamento de Música Brasileira da Rádio Nacional, cuja direção era de Humberto Teixeira. Gonzaga havia aproximado os dois parceiros, mas essa convivência era difícil e durou pouco tempo.
Foi No Mundo do Baião que Luiz Gonzaga coroou, com chapéu de couro, Carmélia Alves como Rainha do Baião. Ela interpretava o baião com acompanhamento de orquestra, e levava a música do Rei para as boates e ambientes da elite.
Um jornal carioca publica que "Luiz Gonzaga velho e superado, acaba de assinar contrato com uma firma para viajar pelo Brasil". Puro preconceito, pois Gonzaga reinou soberano de 45 a 55, 56. As 17 prensas da RCA Victor trabalhavam exclusivamente para ele.
Em março deste ano encerrou seu contrato com a Rádio Nacional e firmou um novo com a Rádio Mayrink Veiga, mesmo oficialmente vinculado à Rádio Cultura de São Paulo.
 
1952
Outubro de 1952, data do 71º disco da carreira de Gonzaga, o último 78 rpm com Humberto Teixeira, músicas já lançadas em anos anteriores.
Hervê Cordovil é apresentado à Gonzaga por Carmélia Alves, e tornam-se parceiros.
Luiz Gonzaga e Helena adotam uma menina: Rosa Maria.
 
1953
Catamilho é afastado por Gonzaga do seu conjunto, e Zequinha o acompanha. Gonzaga contrata Jurai Nunes, o Cacau, para tocar zabumba, e Oswaldo Nunes Pereira, o Xaxado para o triângulo. Mais tarde, por causa de sua baixa estatura, Xaxado seria apelidado de Salário Mínimo.

 

1954

Luiz Gonzaga reencontra Neném, mais tarde Dominguinhos, aos 14 anos, no Rio de Janeiro.

Gonzagão convida Jackson do Pandeiro e sua mulher Almira, para morarem no Rio de Janeiro. Fariam grande sucesso com seus cocos e são considerados o lado urbano da música nordestina, enquanto Gonzaga seria o agreste.
Já no Sertão Pernambucano, em Serrita, nas Caatingas do sítio Lages, era encontrado morto, no dia 08 do mês de Julho, o vaqueiro Raimundo Jacó, primo de Luiz Gonzaga, fato que depois viria a originar a Missa do Vaqueiro.

 

1955

Luiz Gonzaga grava seus primeiros discos compactos de 45 rpm.
Também neste mesmo ano gravou o seu primeiro LP de 10 polegadas, 33 rpm, pela RCA Victor. Uma Compilação dos disco de 78 RPM.
Luiz Gonzaga apresenta o trio formado por Marines, Abdias e Chiquinho, que ficou conhecido como Patrulha de Choque Luiz Gonzaga.
 

1956

A Lei 1544/56, de autoria do então Deputado Federal Humberto Cavalcanti Teixeira, que limita a execução de músicas estrangeiras no Brasil é aprovada.
Começo das tentativas de aproximação do vaqueiro Zé Marcolino - José Marcolino com o Rei do Baião, através de correspondências que, segundo o próprio nunca chegaram às suas mãos. O encontro pessoal se daria mais tarde no ano de 1960.
Marinês é coroada Rainha do Xaxado na Rádio Mayrink Veiga.
A cantora japonesa Keiko Ikuta grava as músicas Baião de Dois e Paraíba.
 

1957

Grava o primeiro disco com composição de Onildo Almeida. Em um lado A Feira de Caruaru e no outro Capital do Agreste de Onildo Almeida e Nelson Barbalho.

 

1958

Começa o apogeu da Bossa Nova com João Gilberto, Tom Jobin, Vinícius e outros. O movimento cresce com adesão de Carlos Lira, Roberto Menescal, Baden e outros mais. Luiz Gonzaga por sua vez gravou seu primeiro LP de 12 polegadas, 33 rpm. Pela RCA Victor. XAMEGO
 
1960
11 de junho: morre Santana, vitimada pela doença de Chagas, no Rio de Janeiro.
05 de novembro: Januário, aos 71 anos, casa-se com Maria Raimunda de Jesus, 32 anos, no Exu.
Gonzaga participa, gratuitamente, da campanha de Jânio Quadros à Presidência da República.

 

1961

Luiz Gonzaga entra para a Maçonaria. Neste ano compõe com Lourival Silva e grava Alvorada de Paz, em homenagem ao então Presidente da República Jânio Quadros, que renunciaria sete mêses após assumir a Presidência.
Conheceu pessoalmente José Marcolino - o Zé Marcolino, de quem gravaria depois várias obras.
Gonzaguinha vai morar com o pai em Cocotá, Rio de Janeiro.
Luiz Gonzaga torna-se maçom, e sofre outro acidente de carro, ferindo gravemente o seu olho direito.
 
1962
11 de março: morre Zé Dantas, aos 41 anos.
Luiz Gonzaga conhece João Silva.
 

1963

De sua parceria com Nelson Barbalho grava A Morte do Vaqueiro no mesmo ano conhece o poeta popular cearense Patativa do Assaré . O clima político é tenso, e os brasileiros decidem em plebiscito a volta do sistema presidencialista.
Luiz Gonzaga teve sua sanfona Universal, preta, roubada. Antenógenes Silva, seu amigo e afinador, lhe empresta uma sanfona branca. A partir de então, adota a cor branca para suas sanfonas, e a inscrição “É do povo” em todos os seus instrumentos.

 

1964

Grava a composição A Triste Partida de Patativa do Assaré. O sucesso é total principalmente junto ao nordestino que vive no Sul. Grava também, no LP O Sanfoneiro do Povo de Deus a primeira composição de Gonzaguinha, "Lembrança de Primavera".

 

1965

Asa Branca é gravada por Geraldo Vandré em seu Lp "Hora de Lutar". Gilberto jovem, um compositor jovem da Bahia começa a citar Luiz Gonzaga em suas entrevistas, como uma de suas maiores influências. Mais adiante Luiz Gonzaga gravaria duas composições de Vandré (Para Não Dizer Que Não Falei das Flores e Fica Mal Com Deus), como retribuição.

 

1966

Sinval Sá lança o livro O Sanfoneiro do Riacho da Brígida - Vida e Andanças de Luiz Gonzaga - O Rei do Baião. O sanfoneiro é impedido de cantar no festival FIC 66, a música São os do Norte Que Vêm, de Capiba e Ariano Suassuna.

 

1968

Um pouco fora de destaque no cenário musical, Luiz Gonzaga viu seu nome novamente em ascensão depois que, nesta ano, Carlos Imperial espalhou no Rio de Janeiro que o conjunto Inglês The Beatles acabara de gravar a música Asa Branca. Não era verdade, mas foi o que bastou para que Gonzaga voltasse às manchetes. E por um longo tempo Gonzaga sempre falou em entrevistas, do interesse "dos cabeludos de Liverpool por essa música". Luiz Gonzaga é destaque na 1ª edição da Revista Veja, em 11 de setembro, com a matéria Gonzaga: a volta do Baião.
Luiz Gonzaga conhece Edelzuíta Rabelo numa festa junina em Caruaru.
 

1970

Para os anos 70 estava reservada a explosão dos ritmos estrangeiros, particularmente o Rock'n'roll, oriundo dos anos 50, onde encontrava defensores como Cely e Tony Campelo, Carlos Gonzaga, etc. Era a presença em nossa música os Beatles, ingleses. Dos Estados Unidos chegava a música de Elvis Presley. No Brasil era a vez de Roberto Carlos que já vinha com o seu programa Jovem Guarda. Carlos Imperial, Erasmo Carlos etc., davam força ao movimento.

 

1971

Lança o LP "O Canto Jovem de Luiz Gonzaga". O produtor Rildo Hora alega que "este disco não é para sucesso e sim uma homenagem para a juventude.” Em Londres Caetano Veloso grava Asa Branca, assim como Sérgio Mendes e seu Brasil 77. É o ano do primeiro contato do então desconhecido Fagner com Luiz Gonzaga, no Rio. O sanfoneiro apresenta-se em Guarapari fazendo sucesso entre os hippies de então.
Foi também do ano de 1971 que, por iniciativa do Padre João Câncio, com o apoio do cantor Luiz Gonzaga - primo de Raimundo Jacó - e pelo poeta Pedro Bandeira, famoso repentista do Cariri, realizou-se a primeira Missa do vaqueiro, no sítio Lages, na cidade de Serrita, em pleno sertão Pernambucano, como homenagem a Raimundo Jacó, que teria sido morto morto por um companheiro, e principalmente em forma de tributo ao vaqueiro nordestino. Mas a principal preocupação do Pe. Joâo Câncio era trazer de volta para a igreja os vaqueiros. Com a celebração o Padre Vaqueiro conseguiu ver seu desejo realizado.

 

1972

Pelas mãos de Capinam apresenta o espetáculo "Luiz Gonzaga Volta Para Curtir" no Teatro Teresa Raquel, no Rio de Janeiro. Sob a direção de Jorge Salomão e Capinam, o delírio é total, e é a primeira vez que Gonzagão enfrenta uma platéia somente de jovens.

 

1973

Deixa a RCA Victor e passa para a Odeon, por um breve espaço de tempo, embalado pelo sucesso reconquistado.  Tenta lançar sua candidatura a deputado Federal pelo então MDB mas desiste logo da idéia, quando sentiu que os votos que obteria seria em troca de favores. Inezita Barroso grava Asa Branca como também o cantor grego Demis Roussos, sob nome de White Wings, com letra em inglês.
O então Governador de Pernambuco Eraldo Gueiros Leite, seriamente preocupado com o clima de discórdia e violência reinante em Exu, pediu para que Luiz Gonzaga tentasse apaziguar os conflitos entre famílias tradicionais daquela cidade. Neste mesmo ano por iniciativa da Prefeitura do Município de Serrita, foi erigida a estátua de Raimundo Jacó, esculpida por Jota Mendes, artista de Petrolina.
Também neste ano grava seu primeiro LP pela Emi Odeon.

 

1974

É construído o Parque Nacional do Vaqueiro, e criada em 24 de Outubro desse mesmo ano a Associação dos Vaqueiros do Alto Sertão Pernambucano.
 
1975
Luiz Gonzaga reencontra Edelzuíta, o grande amor da fase final de sua vida.

 

1976

O Projeto Minerva dedica um especial à obra de Luiz Gonzaga. Neste mesmo ano grava seu primeiro compacto simples de 33 rpm pelo selo Jangada, com a música  Samarica Parteira de Zé Dantas. A música ocupou as duas faces do disco.

 

1977

Estréia no  "Seis e Meia", no Teatro João Caetano ao lado de Carmélia Alves. O sucesso é total, inclusive com grande afluência de jovens ao Teatro.

 

1978

É lançado no mercado um disco como forma de menção especial a Luiz Gonzaga, - a Grande Música do Brasil, a Grande Música de Luiz Gonzaga, pela Copacabana, produzido por Marcus Pereira com arranjos e direção de orquestra a cargo do maestro Guerra Peixe. É uma versão sinfônica de clássicos da obra de Luiz Gonzaga. Foi também o ano da morte de Januário, no dia 11 de Junho.

 

1979

Morre o compositor, advogado e instrumentista Humberto Teixeira.  E Luiz Gonzaga grava o Disco Eu e Meu Pai em homenagem a Januário.

 

1980

Em Fortaleza, depois de ser literalmente atropelado pêlos seus fãs e por fiéis da igreja, Luiz Gonzaga canta para o Papa João Paulo II. Recebe do sumo pontífice a expressão - Obrigado Cantador. Foi um dos mais emocionantes e gratificantes momentos da vida do sanfoneiro, que novamente pensou em candidatar-se a política, mas desistiu aconselhado por amigos.

 

 

1981

A RCA Victor presta-lhe significativa homenagem pelo marco de seus 40 anos de carreira, com o lançamento do disco A Festa:
Apresenta-se no festival de verão do Guarujá, na praia de Pitangueiras, ao lado do veterano  Osmar Macedo, co-fundador do Trio Elétrico Dodô e Osmar. Neste mesmo ano visita o então Presidente da República Aureliano Chaves, pedindo-lhe que intervenha em Exu, devido às rixas entre as famílias Saraiva, Alencar e Sampaio, fato que acontece poucos dias depois terminando com uma rivalidade que já durava alguma décadas.
E através do decreto do poder executivo estadual  7.549, de 09 de novembro de 1981, foi nomeado interventor de Exu o major PM Jorge Luiz de Moura, decreto este publicado no Diário Oficial número 209, do dia 10 de novembro.
Grava Junto com Gonzaguinha o Disco Descanso em Casa , Moro no Mundo. Os dois fizeram juntos incríveis apresentações por todo Brasil.

 

1982

Atendendo convite da cantora Nazaré Pereira, viaja para a França apresentando-se em Paris no teatro Bobinot. A cantora fazia sucesso com a música Cheiro da Carolina e decidiu levar o Rei para a França o conhecer. Na platéia, entre outros, estavam Maria Bethânia, Celso Furtado e o ex-ministro Nascimento e Silva.
A partir desse ano, Luiz Gonzaga passa a assinar como Gonzagão quase todos os seus disco, forma como havia sido chamado por ocasião de sua turnê com Gonzaguinha.

 

1983

Lança o disco 70 anos de sanfona e simpatia.
 
1984
Gonzaga recebe o primeiro disco de Ouro com o LP Danado de Bom, no qual tinha João Silva por principal parceiro, e que receberia um segundo Disco de Ouro em seguida. João Silva seria seu grande parceiro, a partir de então. Gonzaga recebe o Prêmio Shell.
Luiz Gonzaga canta no disco de Gal Costa - Profana em uma faixa em homenagem a Jackson do Pandeiro. Grava seu primeiro LP com o Cearense Raimundo Fagner.
 
1985
É agraciado com o troféu Nipper de Ouro. Além dele, somente o cantor Nelson Gonçalves recebe tal troféu.

1986
Luiz Gonzaga participa do festival de música brasileira na França, Couleurs Brésil, evento que inaugura o programa dos anos Brasil-França 86-88. O Rei do Baião apresentou-se na Grande Halle de La Villette no show de encerramento, junto com outros artistas brasileiros, para um público aproximado de 15 mil pessoas.
O LP Forró de Cabo a Rabo, deu a Luiz Gonzaga dois discos de ouro.
 
1987
Luiz Gonzaga, o Gonzagão, recebe pela RCA o primeiro disco de platina de sua carreira, com o LP Forró de Cabo a Rabo, lançado em 1986.

1988
A RCA Victor lança uma caixa luxuosa com cinco LPs, batizada de 50 Anos de Chão, produzida por José Miltom, cobrindo a carreira de Gonzaga desde as primeiras gravações instrumentais. Fagner produz o segundo LP de encontro com o Rei.
Luiz Gonzaga assina contrato com a gravadora Copacabana, que lançaria os últimos quatro LPs de sua carreira.
Em junho pede o desquite, separa-se de Helena, e assume o relacionamento com Edelzuíta Rabelo.
 
1989Grava seu primeiro LP pela Copacabana, seguidos de mais três LPs, que seriam os últimos de sua carreira.  No dia 06 de Junho, Luiz Gonzaga sobe pela última vez num palco, com o auxílio de uma cadeira de rodas. A platéia presente no teatro Guararapes no Centro de Convenções no Recife não podia prever que não mais veria o Velho Lua. Ao lado de Dominguinhos, Gonzaguinha, Alceu Valença e vários outros amigos e parceiros, e desobedecendo à ordens médicas. Luiz Gonzaga morreu no dia 02 de Agosto de 1989, às 05.15hs, no Hospital Santa Joana, no Recife, onde dera entrada há 42 dias. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa do Estado e o Governo de Pernambuco decretou luto oficial por três dias.  
No dia 13 de dezembro, Gonzaguinha, Fagner, Elba Ramalho, Domiguinhos, Joãozinho do Exu e Joquinha Gonzaga cantam à meia noite parabéns para Luiz Gonzaga, em  Show realizado em Exu. Nesse mesmo dia, pela manhã, foi inaugurado em Exu por Domiguinhos e Gonzaguinha o Museu do Gonzagão
 
 
 

terça-feira, 31 de maio de 2011

ZABÉ DA LOCA- ZABÉ DO PIFE

Zabé da Loca, rainha do pife

by Rebêlo




Paulo Rebêlo*
Revista Carta Capital
Ed. 454 – 25.julho.2007
Aos olhos de um Brasil que desconhece o Brasil, a descrição de Isabel Marques da Silva se parece com a descrição de uma típica mulher do sertão nordestino. Aos 84 anos, é alcoólatra, fumante compulsiva, tem as marcas do trabalho pesado nos pés, carrega no rosto os profundos vincos formados por anos de exposição ao sol forte, criou-se e formou-se com a enxada na mão. Seus dias parecem se resumir a apreciar, à soleira da porta, a mesma paisagem seca que a acompanha há décadas, olhar as mesmas pessoas que passam por aquele distante pedaço de terra quase perdido na fazenda Santa Catarina, uma região permeada de rochas gigantes a 20 quilômetros de Monteiro, sudoeste da Paraíba.

Isabel, a Zabé da Loca, é sem dúvida uma sertaneja, mas de comum tem apenas a aparência. Porque para um Brasil que desconhece o Brasil, pouco adianta dizer que ela é a rainha do pife, esse instrumento rústico de som agudo, uma flauta com nove orifícios que se assemelha ao oboé italiano, feito a partir de vários materiais. Entre os pifes utilizados por Zabé em quase oito décadas de dedicação, é possível encontrar até um instrumento de PVC.
E é com os pifes e uma pequena banda formada por amigos e familiares que Zabé da Loca roda o Brasil, quase sempre em festivais de música popular. Ao menos “enquanto tiver força para viajar por esse Brasil que é bom todo”, como ela mesma diz, entre uma tragada e outra de fumo-de-rolo, amassado num pedaço de papel tirado do bloquinho de anotações. Haja força e resistência para quem passou quase 30 anos em uma loca (gruta) entre duas grandes pedras, no alto da Serra do Delmiro, nome do marido já falecido, também conhecida como Serra da Matarina.
Foi da loca que nasceu o apelido e depois nome artístico pelo qual é conhecida não apenas no Cariri paraibano, mas em todas as cidades por onde passou e mostrou seu trabalho. O ofício de tocar pífano, ou “pife”, como é mais conhecido por essas bandas, ela aprendeu aos 7 anos com o irmão Aristides, de quem não sabe o paradeiro. Nascida em Buíque, no agreste pernambucano, logo criança veio com a família e outros retirantes para o sertão paraibano, de onde não saiu mais. Trabalhou sozinha com a enxada e conseguiu construir uma casa de taipa na serra, longe de tudo e de todos. “Para ninguém me incomodar”, completa. Dos 15 irmãos, Zabé viu morrer oito: de fome, de doença, de sede, de cansaço.
Zabé conta como foi morar, por necessidade, dentro de uma gruta, no meio de uma fenda entre duas rochas. Após um acidente que destruiu a casa de taipa, sem dinheiro e viúva (o marido morreu de infarto, na mesma serra, enquanto procurava por água estocada nas rochas), foi na pequena gruta que criou os três filhos, que hoje nem sequer a visitam. Ao sair para trabalhar com a enxada, ela cavava buracos nas sombras das árvores e os deixava lá, protegidos por trapos, enquanto ia cultivar a pouca comida que a natureza permitia tirar da terra. Quando o sol se punha por trás das rochas e caía a noite, era o som do pife que minimizava a dor da fome e espantava os fantasmas, dando força para enfrentar o implacável frio noturno do Cariri.
Encontrar Zabé em casa é fácil. Quando não está Brasil afora em apresentações, passa o dia à beira da porta, de olho na rua. Difícil é encontrar a casa. Na estrada que sai de Monteiro em direção ao município de Sumé, é preciso entrar no meio das terras da fazenda Santa Catarina, pegar um trecho de 15 quilômetros de barro e pedregulhos. Várias entradas à frente, chega-se finalmente ao sítio Tungão, onde Zabé mora sozinha em uma pequena casa de quarto e sala, praticamente sem móveis. A surdez se agrava com o passar dos anos. Ela não entende muito bem a saudação, mas abre um sorriso maroto e quase juvenil quando pergunto se é mesmo a famosa Zabé da Loca, a Rainha do Pife.
Não demora e os amigos se reúnem ao redor da casa, que em uma linha imaginária fica a uns 30 minutos abaixo da sua antiga gruta, abandonada há cerca de dois anos, mas que ainda mantém as mesmas características de quando Zabé morava lá.
Conhecer a loca de Zabé é um pouco mais complicado. Ela não tem mais a força de antigamente e, suspeita-se, talvez nem vontade de voltar para revisitar um passado de triste lembrança. Talento reconhecido regionalmente, Zabé foi agraciada pelo governo da Paraíba com dois salários mínimos todo mês (ela ganha um salário do INSS, de aposentadoria como trabalhadora rural) por meio de um programa que premia os mestres da cultura popular. No sertão, com três salários mínimos é considerada “rica”, a ponto de atiçar a inveja alheia, que precisa ser gerenciada pela amiga, vizinha e companheira de banda Josivane Caiano da Silva, tocadora de prato. É ela quem cuida dos remédios e da agenda.
Um dos melhores amigos de Zabé nos leva para um tour pela região ao redor da gruta. Antônio Soares da Silva, o Pitó, mostra o caminho das pedras (literalmente) serra acima, até chegar à loca. São quase 40 minutos de caminhada. Há dois anos, a gruta virou cenário de um luau em comemoração ao lançamento do segundo CD, parte da coletânea Cânticos do Semi-Árido. Foi a última vez que Zabé se aproximou da antiga casa. Pitó mostra como ela usava as pedras para fazer o xerém (canjiquinha, para os paulistas) com o milho e os buracos nas rochas para armazenar água da chuva, procedimento utilizado por quase todos na região. O sol começa a se pôr. Zabé nos espera com touca, manto, um pife improvisado, um fumo-de-rolo e um bule cheio de café passado na hora, no velho fogão a lenha, um dos seus xodós. “É bom todo”, responde, enquanto ajeita o resto de lenha.

* fotos: João Carlos Mazella

domingo, 29 de maio de 2011

Apos entrevistar mais de PESSOAS de todos os níveis sociais e econômicos apenas 20 % teceram comentários sobre o assunto, muitos desconheciam o tema  e outros entendiam como brincadeira.Como um ser que prega pela natureza achei prudente mergulhar no assuntoe mostrar neste blog alguns ítens. Que a leitura seja proveitosa.Outros temas virão.

AquíferoS

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Um aquífero é uma formação ou grupo de formações geológicas que pode armazenar água subterrânea[1]. São rochas porosas e permeáveis, capazes de reter água e de cedê-la. Esses reservatórios móveis aos poucos abastecem rios e poços artesianos. Podem ser utilizadas pelo homem como fonte de água para consumo. Tal como ocorre com as águas superficiais, demandam cuidados para evitar a sua contaminação. O uso crescente pela indústria, agricultura e consumo humano ameaça os aquíferos e coloca esse assunto na agenda ambiental global.

[editar] Tipos de aquíferos

Podemos dizer que existem essencialmente três tipos de aquíferos[1]:
  • Porosos - a água circula através de poros. As formações geológicas podem ser detríticas (ex. areias limpas), por vezes consolidadas por um cimento (ex. arenitos, conglomerados, etc.)
  • Cársticos - a água circula em condutas que resultaram do alargamento de diaclases por dissolução. As formações são os diversos tipos de calcários.

[editar] Confinado

É um reservatório natural em que a água preenche por completo o volume de vazios do mesmo, solo saturado. É limitado superior e inferiormente por materiais impermeáveis, em que a água é sujeita a uma pressão hidrostática superior à pressão atmosférica.

Aquífero Guarani

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Área de abrangência do aquífero
O Aquífero Guarani é a segunda maior reserva subterrânea de água doce do mundo. A maior reserva atualmente é o Aquífero Alter do Chão.[1]
A maior parte (70% ou 840 mil km²) da área ocupada pelo aquífero — cerca de 1,2 milhão de km² — está no subsolo do centro-sudoeste do Brasil. O restante se distribui entre o nordeste da Argentina (255 mil km²), noroeste do Uruguai (58 500 km²) e sudeste do Paraguai (58 500 km²), nas bacias do rio Paraná e do Chaco-Paraná. A população atual do domínio de ocorrência do aquífero é estimada em quinze milhões de habitantes.
Localização detalhada
Nomeado em homenagem à tribo Guarani, possui um volume de aproximadamente 55 mil km³ e profundidade máxima por volta de 1 800 metros, com uma capacidade de recarregamento de aproximadamente 166 km³ ao ano por precipitação. É dito que esta vasta reserva subterrânea pode fornecer água potável ao mundo por duzentos anos. Devido a uma possível falta de água potável no planeta, que começaria em vinte anos, este recurso natural está rapidamente sendo politizado, tornando-se o controle do Aquífero Guarani cada vez mais controverso.

Índice


[editar] Geologia do aquífero

O Aquífero Guarani consiste primariamente de sedimentos arenosos que, depositados por processos eólicos durante o período Triássico (há aproximadamente 220 milhões de anos), foram retrabalhados pela ação química da água, pela temperatura e pela pressão e se tranformaram em uma rocha sedimentar chamada arenito. Essa rocha é muito permeável e assim permite a acumulação de água no seu interior. Mais de 90% da área total do aquífero é recoberta por extrusões de basalto, rocha ígnea e de baixa permeabilidade, depositada durante o período Cretácio na fase do vulcanismo fissural. O basalto age sobre o Aquífero Guarani como um aquitardo, diminuindo sua a infiltração de água e dificultando seu subsequente recarregamento, mas também o isola da zona mais superficial e porosa do solo, evitando a evaporação e evapotranspiração da água nele contida.
A pesquisa e o monitoramento do aquífero para melhor gerenciá-lo como recurso são considerados importantes, uma vez que o crescimento da população em seu território é relativamente alta, aumentando riscos relacionados ao consumo e a poluição.

[editar] Ver também




Aquífero Alter do Chão

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Aquífero Alter do Chão é uma reserva de água subterrânea localizada sob os estados do Pará, Amapá e Amazônia.[1] Abastece a totalidade de Santarém e quase a totalidade de Manaus através de poços profundos.[1] Dados iniciais revelam que sua área é de 437,5 mil km2 com espessura de 545 m.[1]Pesquisadores da Universidade Federal do Pará desenvolvem estudos que podem revelar que o aquífero pode ser maior que o calculado inicialmente, passando inclusive a ser maior que o Aquifero Guarani.[2]. Com 86 mil quilômetros cúbicos, o aquifero poderia ser suficiente para abastecer em aproximadamente 100 vezes a população mundial.

quarta-feira, 25 de maio de 2011



          A Resposta do Jeca Tatu


                           Autor: Catullo da Paixão Cearense
                           Intérprete: Rolando Boldrin


Como diz o cabôco: "Diz qui", há muito tempo, um tal Senadô andô falano num jornal qualquer, qui o rocêro, o caipira, é... um priguiçôso, um indolente, um que só vive incostado... um punhado de coisas, enfim. O grande poeta Catullo da Paixão Cearense colocou, então, na boca de um desses brasileiros, lá do sertão, uma resposta... bem assim:

Seu dotô, venho dos brêdo,
Só pra mode arrespondê
Toda aquela fardunçage
Qui vancê foi inscrevê!

Num teje vancê jurgano
Qui eu sô argum cangussú!
Num sô não, Seu Conseiêro.
Sô norte, sô violêro
e vivo naquelas mata,
como veve um sanhaçu!
Vassucê já mi cunhece:
Eu sô o Jeca Tatu!

Cum tôda essa má piáge,
Vassucê, Seu Senadô,
Nunca, um dia, se alembrô,
Qui, lá naquelas parage,
A gente morre de fome
E de sêde, sin sinhô!

Vassuncê só abre o bico,
Pra cantá, como um cancão,
Quano qué fazê seu ninho,
Nos gáio duma inleição!

Vassuncê, qui sabe tudo,
É capaiz de arrespondê
Quando é que se ouve,
Nos mato,
O canto do zabelê?

Em qui hora é qui o macuco
Se põe-se mais a piá?
E quando é que a jacutinga
Tá mio de se caçá?
Quando o uru, entre as foiage,
Sabe mais asubiá?

Qualé, de todas as arve,
A mais derêita, inpinada?
A qui tem o pau mais duro,
E a casca mais incorada?

Hem?

Vancê nun sabe quá é
A madêra qui é mais boa,
Pra se fazê uma canôa!

Vancê, no meio das tropa,
Dos cavalo, Seu Dotô,
Oiano pros animá,
Sem vê um só se movê,
Num é capáiz de iscuiê
Um cavalo iquipadô!

Eu quiria vê vancê,
No meio de uma burrada,
Somente pur um isturro,
Dizê, em conta ajustada,
Quantos ano, quantas manha,
Quantos fio tem um burro!

Vancê só sabe de lêzes,
Qui si faiz cum as duas mão!
Mais, porém, nun sabe as lêzes
Da Natureza, e qui Deus
Fêiz pra nóis, cum o coração!

Vancê nun sabe cantá,
Mais mió qui um curió,
Gemeno à bêra da istrada!
Vancê nun sabe inscrevê,
Num papé, feito de terra,
Quano a tinta é o do suó,
E quano a pena é uma inxada!

Se vancê nun sabe disso,
Num pode me arrespondê:
Óia aqui, Seu Conseiêro:
Deus nun fêiz as mão do home,
Somente pra ele inscrevê

Vassuncê é um Senadô,
É um Conseiêro, é um Dotô,
É mais do qui um Imperadô,
É o mais grande cirdadão,
Mais, porém, eu lhi agaranto,
Qui nada disso siría,
Naquelas mata bravia,
Das terra do meu Sertão.

A miséria, Seu Dotô,
Tombém a gente consola.
O orgúio é qui mata a gente!
Vancê qué sê persidente?
Eu sô quero ser...
Rocêro e tocadô de viola!

Você tem todo dereito
De ganhá cem mil pru dia!
Pra mió podê falá.
Mais, porém, o qui nun pode
É a inguinorânça insurtá,
A gente, Seu Conseiêro,
Tá cansado de isperá!

Vancê diz que a gente
Véve cum a mão no quêxo,
Assentado, sem fazê causo das coisa
Qui vancê diz no Senado.
E vassuncê tem razão!
Si nóis tudo é anarfabeto,
Cumo é que a gente vai lê
Toda aquela falação?

Priguiçôso? Maracêro?
Não sinhô, Seu Conseiêro!

É pruquê vancê nun sabe
O qui seja um boiadêro
Criá cum tanto cuidado,
Cum amô e aligria,
Umas cabeça de gado...
E, dipôis, a impidimia
Carregá tudo, cos diabo,
In mêno de quato dia!...

É pruquê vancê nun sabe
O trabáio disgraçado
Qui um home tem, Seu Dotô,
Pra incoivará um roçado...
E quano o ôro do mío
Vai ficano inbunecado,
Pra gente, intoce, coiê,
O mío morre de sêde,
Pulo só isturricado,
Sequinho, como vancê!

É pruquê vancê nun sabe
O quanto é duro, um pai sofrê,
Veno seu fio crescendo,
Dizeno sempre:
Papai, vem mi insiná o ABC!

Si eu subesse, meu sinhô,
Inscrevê, lê e contá,
Intonce, sim, eu havéra
Di sabê como assuntá!
Tarvêis vancê nun dexasse
O sertanejo morrendo,
Mais pió qui um animá!

Pru módi a puliticaia,
Vancê qué qui um home saia
Do Sertão, pra vim... votá?...
In Juaquim, Pêdo, ou Francisco,
Quano vem a sê tudo iguá?...

Priguiçôso? Madracêro?
Não!.. Não sinhô, Seu Conseiêro!

Vancê nun sabe di nada!
Vancê nun sabe a corage
Qui é perciso um home tê,
Pra corrê nas vaquejada!
Vossa Incelênça nun sabe
O valô di um sertanejo,
Acerano uma queimada!

Vamicê tem um casarão!
Tem um jardim, tem uma cháca.
Tem um criado de casaca
E ganha, todos os dia,
Quer chova, quer faça só,
Só pra falá... cem mirré!

Eu trabáio o ano intero,
Somente quando Deus qué!
Eu vivo, no meu roçado,
Mi isfarfando, como um burro,
Pra sustentá oito fio,
Minha mãe, minha muié!

Eu drumo inriba de um côro,
Numa casa de sapé!
Vancê tem seu... ortromóvi!
Eu, pra vim no povoado,
Ando dez légua, de pé!

O sór, têve tão ardente,
Lá pras banda do sertão,
Qui, in meno de quinze dia,
Perdi toda a criação!

Na semana retrasada,
O vento tanto ventô,
Qui a paia, qui cobre a choça,
Foi pus mato... avuô!

Minha muié tá morrendo,
Só pru farta de mezinha!
E pru farta de um dotô!
Minha fia, qui é bunita,
Bunita, como uma frô,
Seu Dotô, nun sabe lê!

E o Juquinha, qui inda tá
Cherano mêmo a cuêro,
E já puntêia uma viola...
Si entrasse lá, pruma iscola,
Sabia mais que vancê!

Priguiçôso? He... Madracêro?
Não... Não sinhô, Seu Conseiêro!...

Vancê diga aus cumpanhêro,
Qui um cabra, o Zé das Cabôca,
Anda cantano esses verso,
Qui hoje, lá no Sertão,
Avôa, de boca em boca:

(cantado)

Eu prantei a minha roça,
O tatu tudo cumeu!
Prante roça, quem quisé,
Qui o tatu, hoje, sou eu!

Vassuncê sabe onde tá o buraco
Adonde véve o tatu esfomeado?
Han?... Tá nos paláço da Côrte,
Dessa porção de ricaço,
Qui fêiz aquele palaço,
Cum sangre do disgraçado!

Vancês tem rio de açude,
Tem os dotô da Ingêna,
Qui é pra cuidá da saúde...
E nóis?... O qui tem? Arresponda!

No tempo das inleição,
Qui é o tempo da bandaiêra,
Nós só tem uma cangaia,
Qui é pra levá todas porquêra,
Dos Dotô Puliticáia!...

Sinhô Dotô Conseiêro,
De lêzes, eu nun sei nada!
Meu derêito é minha inxada,
Meu palaço é de sapé!
Quem dá lêzes pra famía
É a minha boa muié!

Vancê qué ser persidente?
Apois, seja!
Apois seja, Meu Patrão!
A nossa terra, o Brasí,
Já tem muita inteligênça,
Muito home de sabença,
Qui só dá pra... ó, ispertaião!
Leva o Diabo, a falação!
Pra sarvá o mundo intêro,
Abasta tê... coração!

Prus home di intiligênça,
Trago comigo essa figa:
Esses home tem cabeça.
Mais, porém, o qui é mais grande
Do que a cabeça... é a barriga!

Seu Conseiêro... um consêio:
Dêxe toda a birbotéca dos livro!
E, se um dia, vancê quisé
Passá ums dia de fome,
De fome e, tarvêiz de sêde,
E drumi lá, numa rêde,
Numa casa de sapê,

Vá passá comigo uns tempo,
Nos mato do meu sertão,
Que eu hei de lhe abri a porta
Da choça... e do coração!

Eu vorto pros matagá...
Mais, porém, oiça premêro:
Vancê pode nos xingá,
Chamá nóis de madraçêro.
Purquê nóis, Seu Conseiêro,
Nun qué sê mais bestaião!
Não!.. Inquanto os home di riba
Dexá nóis tudo mazombo,
E só cuidá dos istombo,
E só tratá di inleição...

Seu Conseiêro hái de vê,
Pitano seu cachimbão,
O Jeca-Tatu se rindo,
Si rindo... cuspindo
Sempre cuspindo,
Co quêxo inriba da mão!

Eu sei que sô um animá,
Eu nem sei mêmo o que eu sô.
Mais, porém, eu lhe agaranto
Qui o qui vancê já falô,
E o qui ainda tem de falá,
O qui ainda tem de inscrevê,
Todo, todo o seu sabê,
E toda a sua saranha...
Não vale uma palavrinha,
Daquelas coisa bunita,
Qui Jesuis, numa tardinha,
Disse, inriba da montanha!...

domingo, 22 de maio de 2011

O CORONÉ E A LUA DE MÉ E SEU DOUTOR ME CONHECE?



O CORONÉ E A LUA DE MÉ E SEU DOUTOR ME CONHECE?


O CORONÉ E A LUA DE MÉ E SEU DOUTOR ME CONHECE?




LENDO O BLOG

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COMO LER TODAS AS MATERIAS


ENTREM NO BLOG

A MATERIA PRIMEIRA É A MAIS NOVA.

NO FIM DE CADA MATERIA OU PÁGINA BASTA CLICAR EM POSTAGENS ANTIGAS E VEM MAIS MATÉRIAS, SÃO MUITAS, LEIAM E PASSEM PARA AS OUTRAS PESSOAS.

DIVULGUEM O BLOG.

SÃO MAIS D 70 MATÉRIAS DIFERENTES.

NO FIM DE CADA MATÉRIA  PODEM COMENTAR.  UM ABRAÇO DR IDERVAL

 

 

ILDO SIMÕES E PATATIVA DO ASSARÉ


DO GRANDE POETA BAIANO- ILDO SIMÕES

 MÉDICO PNEUMOLOGISTA EM ATIVIDADE

                         Dr ildo Simões,ex-Preseidente da

                          Sobrames- Bahia.

 O CORONÉ E ALUA DE MÉ
 
 
Um certo doutor tinoco

Já chegado nas idades

Paquerô menina nova

Uma verdadeira beldade

Mas em matéra de janero

Só tinha dele a metade.

 

Viajaram pra Paris

Pra passar lua de mé

Todo mundo comentava

Da menina e o coroné

Sete dias de passeio

Sendo cinco no moté

 

No começo aquele fogo

Verdadeira patuscada

Dava três em cada tarde

E mais cinco por noitada

No quinto dia o vexame

Começou a fraquejada.

 

Cuidou da alimentação

Mas cada dia pió

Apelou pra bruxaria

Nem assim ficou mio.

Foi correndo ao celular

E pediu vaga no incó.

 

O coroné tomou o vou

Lá pro  incó de sun Palo

Depois de muitos ixames

Na barriga acharam um calo

O coração disparado e

O sangue muito ralo.

 

Jutaro os especialista

De Jatene ao diretor

E fizeram o veredicto

Sem ninguém se contra por

A sua doença é esclerose

Cum estravagança de amor.

 

É doença passagera

Pió se fosse maleita

Fique Carmo e confiante

Brochada nunca é disfeita

Vá correndo a sarvador e

Mande aviá esta receita.

 

Um litro de catuaba

Nós moscada e pixulim

Vinte grama de castanha e

Um quilo de  amedoim

Erva de são Cipriano

Da feira são Joaquim

 

 

Hoje em dia o coroné

Miorô  seu furunfá

Aprendeu que mingau quente

Só se come devagá

E fogo de mué nova

Tem que saber apagá.









AGORA  O AMIGO TERÁ ALGUMAS DO GRANDE PATATIVASEU DOUTOR ME CONHECE?  

   VEJA A PROFUNDIDADE DAS PALAVRAS, SÓ QUEM SOFREU SABE FAZER UMA ESTADO FALAR.SINTA  A SÊCA ENTRELAÇADA NESTAS PALAVRAS. SINTA  O APELO DE UM POVO QUE MORRE A MINGUA.  MENTALISE.

 

 

Esta poesia o grande Patativa  dando voz ao Estado do Ceará, cobra do Brasil, cobra dos homens poderosos uma resposta,cobra mais atenção, cobra uma solução  centenária.Roga humildemente o sofrimento de um povo, não só do Ceará mais de todo o país. Esta página é profunda.

 

Falo sempre que Patativa do Assaré( Antonio Gonçalves) Homem rude do sertão cearense, homem sem estudo, foi um dos maiores desta terra.   Hoje vive na mente de um povo sofrido, de um povo que perdeu um verdadeiro guerreiro.Porém digo, para um povo  de vergonha, O VELHO PATATIVA  continua vivo e cotidianamente cresce,  acorda com a sua voz alta, com as suas palavras fortes e contundentes muitos que  conseguem beber deste poço de sabedoria e de ensinamentos. Viva o Brasil, viva  a literatura Brasileira. Vá fundo.   Conheça os literatos brasileiros.

 

Amigo: CONHEÇA O SEU BRASIL. CONHEÇA O SEU NORDESTE. CONHEÇA O NORTE. CONHEÇA O SUL.  ENFIM:    CONHEÇA ESTE PAÍS. SEJA BRASILEIRO.  TOME CONHECIMENTO DAS OUTRAS LITERATURAS, MAS, PRIMEIRO CONHEÇA A SUA. 

 

SEU DOUTÔ ME CONHECE?
              PATATIVA  DO ASSARÉ
 

 

SEU DOTÔ,SÓ ME PARECE

QUE O SINHÔ  NÃO ME CONHECE,

NUNCA SÔBE QUEM SOU EU,

NUNCA VIU MINHA PANHOÇA,

MINHA MUÉ,MINHA ROÇA

E NEM OS FIO QUE DEUS ME DEU.

 

SE NÃO SABE,ESCUTE AGORA,

QUE VOU CONTÁ MINHA HISTÓRA,

TENHA A BONDADE DE UVI,

EU SOU DA CRASSE MATUTA,

DA CRASSE QUE NÃO DISFRUTA,

DA RIQUEZA DO BRASI.

 

SOU AQUELE QUE CONHECE

AS PRIVAÇÃO QUE PADECE

O MAIS POBRE CAMPONÊS:

TENHO PASSADO NA VIDA

DE CINCO MÊS EM SEGUIDA

SEM COMER CARNE UMA VEZ.

 

SOU O QUE DURANTE A SUMANA,

CUMPRINDO A SINA TIRANA,

NA GRANDE LABUTAÇÃO,

PRA SUSTENTAR A FAMIA,

SÓ TEM DEREITO A DOIS DIA,

E O RESTO,O RESTO DO PATRÃO.

 

SOU O QUE NO TEMPO DA GUERRA

CRONTRA O GOSTO SE DESTERRA

PRA NUNCA MAIS VORTAR,

E VAI MORRÊ NO ISTRANGERO,

COMO POBRE BRASILÊRO

LONGE DO TORRÃO NATÁ.

 

SOU O SERTANEJO QUE CANSA

DE VOTÁ COM ESPERENAÇA

DO BRASI FICÁ MIÓ:

MAS O BRASI CONTINUA,

NA CANTIGA DA PIRUA,

QUE É       ___ PIÓ,PIÓ,PIÓ...

 

 

SOU O MENDIGO SEM SUSSEGO,

QUE POR NÃO ACHÁ EMPREGO

SE VÊ FORÇADO A SEGUI

SEM DEREÇÃO E SEM NORTE,

ENVERGONHADO DA SORTE,

DE PORTA EM PORTA A PEDI.

 

SOU AQUELE DESGRAÇADO

QUE NOS ANOA ATRAVESSADO,

VAI BATÊ NO MARANHÃO,

SUJEITO A TÔDO MARTRATO,

BICHO DE PÉ CARRAPATO

E ATAQUE DE SEZÃO.

 

SEU DOTÔ, NÃO SE ENFADE,

VÁ GUARDADNDO ESTA VERDADE

NA MEMÓRA ,E PODE CRÊ

QUE EU SOU AQUELE OPERARO

QUE GANHA UM POBRE SALÁRO

QUE NÃO DÁ NEM PRA CUMÊ.

 

SOU ÊLE TODO,EM CARNE EM OSSO,

MUTA VEZ NÃO TEM ARMÔÇO

E NEM TOMBÉM O JANTAR,

EU SOU AQUELE ROCÊRO,

SEM CAMISA E SEM DINHEIRO

CANTADO POR JUVENÁ.

 

 

SIM POR JUVENÁ GALENO,

O POETA ,AQUELE GENO,

O MAIOR DOS TROVADÔ,

AQUELE CORAÇÃO NOBRE

QUE MINHA VIDA DE POBRE

MUNTO SENTIDO CANTÔ.

 

HÁ MAIS DE CEM ANO EU VIVO,

NESTA VIDA DE CATIVO

E POTREÇÃO NÃO NÃO CHEGOU:

SOFRO MUNTO E CORRO ESTREITO,

INDA TÔ DO MÊRMO JEITO

QUE JUVENÁ ME DEIXOU.

 

 

SOFRENDO A MÊRMA SENTENÇA,

TOU QUAGE PERDENDO A CRENÇA,

E PRA NIGUÉM SE ENGANÁ

VOU DEXÁ MEU NOME AQUI;

EU SOU FIO DO BRASÍ,

E O MEU NOME É CEARÁ

CENETARIO DE JUAZEIRO DO NORTE

Juazeiro do Norte-CE: Município se prepara para o aniversário de 100 anos

Faltam 68 dias para os 100 anos de Juazeiro. A programação cultural começa a esquentar na cidade


Um relógio faz a contagem regressiva para o aniversário da cidade, dia 22 de julho (FOTO: DEIVYSON TEIXEIRA )
Um relógio faz a contagem regressiva para o aniversário da cidade, dia 22 de julho (FOTO: DEIVYSON TEIXEIRA )
O clima é de contagem regressiva. E não dá nem para tirar a data da cabeça. Basta dar uma olhada para o relógio, em posição privilegiada na praça Padre Cícero, para saber que faltam apenas 68 dias para o Centenário de Juazeiro do Norte. A data já está sendo celebrada na cidade há dois anos, mas as comemorações vão esquentar de vez a partir deste mês.
Inaugurações, shows artísticos, reformas e uma vasta programação religiosa marcam os festejos pelos 100 anos da Terra do Padim. O destaque fica por conta da apresentação do padre Reginaldo Manzotti, confirmada para o dia 17 de julho, na praça dos Romeiros, a partir das 19h. O pico da festa será a missa de Ação de Graças pelo Centenário, no dia 22 de julho, no Santuário de Nossa Senhora das Dores, também às 19h.
Até o “rei” pode pintar em Juazeiro do Norte. “Estamos tentando trazer pra cá o Roberto Carlos, que faria um grande show para deixar a festa ainda mais completa”, antecipa o secretário de cultura do município, Fábio Carneirinho. Em alusão ao centenário da cidade, a Prefeitura de Juazeiro está investindo R$ 90 milhões, valor distribuído em um total de 103 obras pela região. “A festa, na verdade, vai além de julho e só termina no fim do ano”, garante.
No Horto – cartão postal da cidade – a estátua do Padre Cícero será reformada e estará novinha até o dia 22 de julho, dia em que a cidade completa em 100 anos. O movimento de fiéis aumenta a cada dia. “O pico vai ser em julho, mas até o fim do mês com certeza a demanda vai aumentar. Por isso, já estamos nos preparando. Não vai faltar gente trabalhando aqui para dar atenção a todos os visitantes”, informa a guia do Casarão Padre Cícero, Edna Barbosa.
Seu José Silva, de 65 anos, já entrou no clima do centenário e visita todos os dias a estátua do Padim. Para ele, padre Cícero é como um pai. Por isso faz questão de pedir a “bênção” todos os dias. Romaria? Não perde uma. “Quando Juazeiro fizer 100 anos eu vou ser o primeiro a chegar aqui na estátua e dar parabéns ao meu Padim, porque a cidade só existe por causa dele”, crê.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA

Juazeiro do Norte foi fundada em 22 de julho de 1911. A cidade fica na região do Cariri. Para comemorar a data, a população realiza programação há dois anos. Nos próximos meses, o clima esquenta com mais atividades.
SAIBA MAIS
JUAZEIRO DO NORTE
Data de fundação: 22 de julho de 1911
Localização -microrregião do Cariri
População estimada -244.701 habitantes (censo 2010)
Distância de Fortaleza: 493,4 quilômetro
Datas comemorativas da cidade: Aniversário de Juazeiro do Norte
(22 de julho); Romaria de Nossa Senhora das Dores (15 de setembro), Romaria do Padre Cícero (2 de novembro), Romaria do Ciclo Natalino, Aniversário de Padre Cícero (24 de março) e Dia do Romeiro (1º de novembro).
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