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Crise no SUS: Brasil tem mais de 900 mil cirurgias eletivas represadas
1 de dezembro de 2017
Conviver com a espera por atendimento médico é um drama para
milhares de pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).
Neste ano, a fila de espera para cirurgias eletivas chegou a
aproximadamente 904 mil procedimentos. Esse é o resultado da soma das
informações repassadas por Secretarias de Saúde de 16 estados e 10
capitais, onde, respectivamente, constam pedidos de 801 mil e 103 mil
procedimentos cirúrgicos. Os números foram analisados pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM). Cirurgias de catarata, hérnia, vesícula e
varizes estão entre as mais demandadas pela população que depende da
rede pública.
“Pela primeira vez o Conselho Federal de Medicina se aproxima do
tamanho real da fila por cirurgias no SUS. Ainda que parciais, os
números impressionam, já que os estados que prestaram informações
representam metade de todo o volume cirurgias efetivamente realizadas na
rede pública em 2016”, explica o presidente da autarquia, Carlos Vital.
Só no ano passado, 1.652.260 cirurgias eletivas foram realizadas no
SUS. Segundo ele, vários são os argumentos para tentar justificar o
volume de pacientes à espera de uma cirurgia e todos eles têm a mesma
origem: recursos finitos para administrar uma demanda que é infinita.
Informações – As mais de 801 mil cirurgias
informadas pelos estados correspondem à soma das filas declaradas por
Alagoas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará,
Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Pernambuco, São Paulo e
Tocantins. Além destes, foram incorporados os dados da Bahia, que enviou
informações de pacientes que ingressaram na fila em 2017 e, do Rio
Grande do Norte, onde foi apresentada apenas a fila ortopédica.
No caso das capitais, os quase 103 mil procedimentos em espera dizem
respeito às prefeituras que atenderam ao pedido de acesso: Aracajú, Belo
Horizonte, Campo Grande, Fortaleza, João Pessoa, Porto Alegre, Recife e
São Paulo. Além destas, Boa Vista e Palmas apresentaram,
respectivamente, apenas a lista de cirurgias de uma unidade hospitalar e
a lista de cirurgias oftalmológicas.
Segundo as informações analisadas pelo CFM, quase metade de todos os
procedimentos pendentes no País estão concentrados em apenas cinco tipos
diferentes: catarata (113.185), correção de hérnia (95.752), retirada
da vesícula (90.275), varizes (77.854) e de amígdalas ou adenoide
(37.776). Só no estado de Minas Gerais são mais de 31 mil tratamentos
cirúrgicos de varizes. Já em São Paulo e Goiás, a maior demanda é por
correções da opacidade do cristalino, mais conhecida como cirurgia de
catarata. São cerca de 24 mil e 15 mil cirurgias pendentes,
respectivamente.
Cidadania – Os pedidos de informações sobre as filas
foram apresentados em junho deste ano a todos os 26 estados e Distrito
Federal, além das capitais, por meio do Sistema Eletrônico do Serviço de
Informações ao Cidadão (e-SIC) dos governos estaduais e municipais –
habitual caminho para que qualquer cidadão possa solicitar informações
de caráter público via Lei de Acesso a Informações (Lei nº 12.527/2011).
“Mais do que uma busca por informações de caráter eminentemente
público, buscamos fazer um exercício de cidadania. Por isso, queremos
dar divulgação aos dados, compartilhando-os com outros órgãos de
fiscalização, como os Ministérios Públicos Estaduais, inclusive
relatando os casos em que os pedidos de acesso não foram atendidos ou
foram negado”, destacou o 1º secretário do CFM, Hermann von
Tiesenhausen.
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