quarta-feira, 7 de abril de 2021

AS IDEIAS DO MENINO ZEZINHO PARA A HUMANIDADE

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AS IDEIAS DO MENINO  ZEZINHO PARA A HUMANIDADE

I

Viviam no Sertão um menino chamado Zezinho e a sua família, ao acordar não encontrava o seu pai em casa. Moravam num   Sítio e sobreviviam da venda das verduras, frutas,  legumes,  queijos,  leite e dos ovos que  produziam, eram   pequenos agricultores.

A vida no campo era difícil, porém prazerosa, ninguém valorizava os seus produtos. Uma vez por semana   o pai do Zezinho   madrugava na cidade   para apurar alguns trocados e comprar produtos que   não produzia, mesmo assim eram  felizes, viviam do suor do próprio rosto.

Para comprar uma barra de sabão, era necessário  um quilo de queijo;  um pacote de café,  cinco litros de leite; um quilo de sabão duas dúzias de ovos, um litro de querosene custava um balaio de verduras, uma vestimenta quase todo o apurado, por isso aproveitavam as roupas até chegarem ao fim, muitas vezes não dava para comprar tudo que precisavam.  Para o transporte das mercadorias   possuíam uma dupla de burros , não havia estrada , apenas uma vereda íngreme e estreita, quando chovia era muito  perigoso.

Zezinho ficava encabulado com o que via, pois o seu pai trabalhava o dia inteiro e quando chegava da cidade  falava que as coisas estavam ruins, dizia que havia muitos produtores rurais oferecendo as suas mercadorias  e para não voltar sem nada, sem nenhum trocado   tinha que vender por qualquer preço, melhor do que jogar fora. 

O que também chamava a atenção do menino era o fato de serem  os moradores da cidade, que não entendiam da lavoura e da criação de animais, quem ditavam os  preços dos produtos. 

Como sabiam ler, escrever, contar e se expressar com desenvoltura mandavam  naqueles que só sabiam trabalhar no pesado, debaixo do tempo,  expostos ao sol causticante, espinhos, ventos, redemoinhos,  poeira, formigas,  bichos de pé, carrapatos e aos peçonhentos como cobras, aranhas e escorpiões.

 Pensava :

 “ Para o agricultor ganhar o pão de cada dia é muito trabalhoso e arriscado, é   injusto este sistema ” .

 Estes pensamentos não saiam de sua cabeça .

                    II

O Zezinho foi crescendo e vendo a diferença entre as pessoas. Os seus pais trabalhavam de sol a sol e dependiam da vontade do tempo, quando chovia  pouco a terra nada produzia, as galinhas não punham ovos e nem as vacas davam leite, quando chovia demais muitas plantas se perdiam, pois ficavam embebidas e encharcadas com tanta água, murchavam e morriam, mesmo assim a produção era muito grande.   Era bom  para o pessoal da cidade, pois os produtos ficavam  baratos pela grande quantidade, porém  para os produtores as mesmas dificuldades e os  mesmos sofrimentos. 

 Pensou mais uma vez  : 

 “Com o sol causticante a terra nada produzia, com água demais a produção era  grande e o transporte  difícil, continuava ruim para os produtores. Produtos  agrícolas  em grande quantidade caem os preços”.

 A cabeça do menino mastigava estes pensamentos todos os dias, o Zezinho era uma criança, mas já era um pensador.

O que também chamava a atenção do menino era que , o povo da cidade ganhava muito bem dos governos e não dependia da vontade do tempo como  os agricultores, chovesse ou fizesse sol o ganho era garantido, não havia tempo ruim. 

Voltava a refletir, só para si, quais eram as causas desta diferença entre as pessoas,   pensava em muitas possibilidades, uma delas era a escolaridade e assim refletia: 

"Será que é porque eles têm escolas, leem livros , jornais  e estudaram?  Será que , se todos estudassem, inclusive os homens da roça,  teriam as mesmas chances? " 

 Com estes pensamentos, o Zezinho exigiu do seu pai que queria acompanhá-lo mais vezes para vender os produtos,  conhecer mais a cidade, os seus moradores e as coisas da vida. 

     III 

Ficava  impressionado com as vestimentas do povo da cidade, os homens bem vestidos   e bem calçados, muitos usavam gravatas, chapéus de massa e só fumavam cigarros finos, cigarros mansos, as mulheres  com roupas, lenços  e calçados finos  , as crianças da sua idade, com fardas escolares, sapatos pretos, bolsas de couro  a  tiracolo e sacolas coloridas com pães, sucos,  doces, bananas e biscoitos para a merenda , todas saltitantes a caminho da escola, enquanto ele com a mesma idade  já ajudava os pais na lida da roça, lutava sujeito  a  todos os maltratados da lavoura, ora   no cabo da enxada, na irrigação das plantas , na colheita  e ora na contagem dos ovos, pois  em matéria de fazer contas , na sua idade, era um gigante. No campo o que possuía de  bom era a  natureza , a liberdade e os animais , estes para Zezinho eram os seus verdadeiros amigos. 

O menino  era tão pensativo que sabia muitas coisas sobre o tempo, quando era lua nova, lua cheia, quarto crescente, quarto minguante, quando ia chover, sabia das horas pela inclinação do sol , sabia a idade de um cavalo examinando os seus dentes , sabia pelo cantar dos pássaros se haveria inverno ou seca.   Conhecia muitas constelações e o nome de algumas estrelas, pois quando chegava a noite todos iam para o alpendre da casa e os mais velhos contavam todas as histórias que sabiam, muitas eram  antigas, dos tempos dos grandes Reis, principalmente as contadas pelos seus avós.

IV

Ficou tão impressionado com a situação , com as dificuldades dos seus pais   que um dia sem sentir, sem querer e sem saber o porquê as lágrimas caíram no rosto e molharam a sua face, o Zezinho não entendia tamanha injustiça e imaginou só para si, para ninguém saber, só para si.

 “Aquilo era uma injustiça, aquilo estava errado, não poderia continuar assim” 

E passava o dia pensando, já falei que o menino era um pensador.

O estopim foi quando o Zezinho soube de outras coisas que lhes soaram  muito estranhas.

Soube que todos os anos os moradores da cidade recebiam um salário a mais e passavam 30 dias sem trabalhar, isto  é , sem fazer nada e por cima recebiam os salários sem faltar um centavo. Depois de pesquisar  soube que eram o 13º salário e as férias remuneradas, os seus pais nem de longe sonhavam com este verdadeiro milagre, aquilo não lhe conformava, lhe deixava impaciente e pensativo, achava tudo muito estranho. 

 Matutou mais uma vez ,  era um pensador , não queria que  ninguém soubesse dos seus pensamentos , com os olhos a  marejar pensou: 

"Se todos são trabalhadores , todos deveriam receber estes benefícios, não existia dúvidas, deveria ser assim. Queria saber quem pagava estes benefícios e como pode receber sem trabalhar.

Na roça até os animais trabalham, as vacas dão leite, as plantas dão frutos, as galinhas põe  ovos e os burros carregam os produtos nas costas, a vida é dura, até ele, que ainda era uma criança,  tinha que ajudar em vez de ir para a escola e brincar, uma vez que todas as crianças têm que brincar, é brincando e estudando  que se aprende, já dizia vovó  DIDI”.

Neste dia o menino não dormiu, veio à mente que no futuro a força motora iria perder totalmente o valor , tudo seria produzido e transportado por máquinas, até mesmo os animais iriam ficar sem os seus empregos, como iriam sobreviver? , a vida seria mais fácil para os cidadãos que tivessem estudado, que possuíssem uma profissão e utilizassem o cérebro para ganhar o pão, enquanto mais estudasse maiores seriam as chances de uma vida melhor. 

Concluiu que o homem do futuro para ganhar a vida só precisaria do cérebro, mesmo  com deficiência física, porém  possuindo um cérebro sadio poderia crescer na vida,  pois ganharia a vida sentado  numa carteira, dando palestras, escrevendo, ensinando , comandando um grupo de pessoas ou operando uma máquina  , sedimentou na sua cabeça que o homem é o cérebro e as outras partes são acessórios, o importante é o cérebro. 

V

O pensador  teve uma ideia e  achava que era muito boa, ele queria justiça entre os povos, não podia continuar assim.

Na cidade o povo tem tudo e não precisa trabalhar com a terra, com a lavoura ,  com os animais e nem com o perigo dos animais peçonhentos   para ganhar o pão, muitos ganham a vida  sentados numa carteira, mexem com papeis, canetas, lápis e relatórios, trabalham na sombra e com todas as garantias,  inclusive com este tal de 13º salário e com férias remuneradas. Na cidade   todas as crianças  vão para a escola, particular ou publica , porém vão para a escola e vestem-se bem, comem  bem e brincam muito, enquanto no campo com a  mesma idade tinha que  trabalhar para ajudar a família. 

 

Não saiam  de sua cabeça algumas perguntas: quem pagava este 13º, estas férias que os grã-finos tem direito? era uma injustiça com os homens da lavoura, outro entrave eram os preços das mercadorias, se o agricultor  é quem planta e colhe, por que não dita os preços? isto não estava certo, era uma injustiça com quem trabalha na terra com todos os sacrifícios que existem, era sim uma grande injustiça, o menino não parava de pensar. Já informei que era o Zezinho um pensador.

Ficou mais indignado quando soube que muitos  não trabalhavam mais e recebiam os seus salários, queria saber este mistério, seria milagre?. 

Foi até a Prefeitura falar com o Prefeito e disseram a ele que estes recebiam o nome de aposentados. Pessoas que trabalhavam até certa idade e depois ficavam em repouso para o resto da vida, era uma garantia para quem trabalhou até a velhice,  veio na sua cabeça o seu avô, que apesar de velho ainda ajudava na lavoura, nunca deixou de trabalhar. 

O Zezinho entrou em parafuso, quem paga se ninguém trabalha com  a terra que dá os frutos que alimenta o homem ? pois quem sustentava os seus avós ,  os seus pais  e toda  a sua prole  era   o pequeno terreno da família.

 Dizia o seu avô que aquele sítio era herança do seu pai, o meu bisavô, que há muito tempo vivia daquela terra plantando e criando alguns animais , veio à tona o pensamento da escola:

" Será que o meu bisavô frequentou a escola? será? tudo indica que não" 

 VI

Ao chegar ao sítio convocou todas crianças filhas dos lavradores, contou tudo que viu, o que pesquisou e como funcionava a vida na cidade, foi um alvoroço total.  Os pais não estavam entendendo tantos encontros e tantas reuniões secretas entre as crianças da roça, era muito estranho, o que estavam articulando?  sabiam que quando muitas crianças se reúnem estão planejando alguma travessura, pois as crianças são cheias de artes e sabem de muitas coisas que os adultos nem imaginam.  As crianças raciocinam e muito, as crianças são cheias de ideias, tem a mente limpa e nova, aprendem tudo com muita facilidade, são atentas e antenadas  em tudo, as crianças são muito inteligentes, deveriam ser mais escutadas pelos adultos.

                                                                      VII

Noventa  dias depois,  após muitas idas e vindas à cidade, os meninos constituíram uma comissão, foram  ao Prefeito, ao Juiz, aos Vereadores, aos Professores , ao Padre e por último aos pais, falaram que tinham tomado uma decisão e  estavam convocando todos para uma grande assembleia na qual apresentariam  um plano desenvolvido nestes noventa dias .

Todos gostaram dos comunicados, das sugestões  e das medidas que proporcionassem justiça,  principalmente para o trabalhador do campo, para os mais pobres e para os mais necessitados.

 As crianças chegaram à conclusão que o  mundo é de todos e não deveria existir castas muito distantes uma das outras, os  salários dependerão da capacidade, dos esforços e  da escolaridade de cada um, desde que todos  tivessem  as  mesmas oportunidades e ensino com  isonomia,  tudo  iria depender das ações dos gestores públicos, daqueles que estão com as rédeas do poder e das exigencias da população. 

Quanto aos ganhos sem trabalhar  13° , férias e aposentadoria   entenderam que os benefícios são pagos  pela  força de todos os trabalhadores , cada um, durante a vida  de luta ,  recolhe uma parcela  proporcional aos ganhos,  para depois passar a receber   um benefício.  Muitas foram as ideias, sugestões  e soluções.

Foi da mente do menino Zezinho que, muitas medidas foram tomadas para melhorar a vida  de muitos seres humanos, foram elaboradas as leis trabalhistas e férias remuneradas para todos. 

 Os pequenos agricultores foram orientados a  formarem grupos que tinham poderes sobre as plantações, o transporte e os seus preços.

  Os homens do campo passaram a figurar nas estatísticas como importantes cidadãos e  para as  crianças a escola passou a ser obrigatória , todas passaram a frequentar  diversos cursos,  passaram a alimentar o cérebro,  entendiam que só a escola , só a educação era capaz de proporcionar a igualdade social. 

VIII

Para uma pessoa  trabalhar numa  fazenda, loja  ou na casa de outra pessoa   foi criado a carteira profissional , todos passaram a ter direito a saúde e aposentadoria por um sistema de seguridade público.

Graças ao Zezinho o mundo dos agricultores  melhorou, as  pessoas passaram a  ser chamadas de cidadãos e  ficaram sabendo de onde vem o dinheiro para o  13º salário, férias remuneradas e aposentadoria, graça ao seu esforço todos passaram a ter os mesmos direitos , no campo ou na cidade, o importante era trabalhar dignamente .

O Zezinho continua  plantando justiça e formando  milhares de Zezinhos , pensando    num  mundo melhor . Afirma que  sem esta interação a vida não tem sentido, diz em voz alta que o remédio é crescer sem destruir , crescer  com cidadania e respeito .  

Crescer preservando e recuperando  a natureza, o caminho  é lutar.

Iderval Reginaldo Tenório

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