O blog foi criado para a cultura. Mostra o quanto é importante o conhecimento.Basta um click no artigo. Centro Médico Iguatemi,310.CLINICA SÃO GABRIEL LTDA- 33419630 33425331Participe ,comente, seja seguidor. DR IDERVAL REGINALDO TENÓRIO , 1954 , JUAZEIRO DO NORTE -CEARÁ. 08041988lgvi.1984 CHEGOU EM SALVADOR COM 18 ANOS , MEDICINA NA UFBA. CIRURGIÃO GERAL. driderval@bol.com.br
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Paulo Freire- (Recife, 19 de setembro de 1921 — São Paulo, 2 de maio de 1997)
Um pernambucano de fibra e visão . Pensava na coletividade e de como retirar os brasileiros do fosso no qual se encontravam. A única solução era com educação plena para todos e com a mudança de muitos paradigmas sociais.
Hoje com a divisão do Brasil Político em tribos, as elites extremistas de cada grupo tribal, direita e esquerda, procuram plantar o ódio entre a população com métodos alheios aos pensamentos do grande Paulo Freire. Muitos falam sem saber o que estão falando, falam o que os seus lideres ordenam.
O homem queria apenas que cada cidadão fosse cidadão, cada brasileiro tivesse a mesma chance na educação.
O homem não mexeu com as materias concretas, as matérias do imaginario humano: Português, Matemática, Fisica, Biologia ,Geografia e História. Foi claro quando disse que , sem estes estudos não haverá conhecimentos , o pedagogo mexeu com a mente das pessoas e com as atitudes dos gestores da época.
O Filósofo atiçou a filosofia, a sociologia e a política de formação da cidadania , mexeu com a mente, com a consciência .
Pregou a igualdade em todos os vieses da educação. O Paulo queria criar uma sociedade sem opressores e sem oprimidos. Sem as extremas direita e nem esquerda, queria implantar as mesmas chances educacionais para todos os brasileiros.
Pregou que cada cidadão de uma sociedade tem os seus direitos e deveres independente da classe social que ocupe, pregou a educação com isonomia até os dezoito anos para todos. Não priorizou o curso superior de qualidade duvidosa como acontece hoje no país. Não criou a mercantilização do ensino, o que traz privivilégios para os mais apaniguados . O filósofo virou o vetor educacional para os oprimidos das periferias , para o homem do campo e para os desprotegidos pelas leis do pais.
Paulo Freire pregou a esperança e a revolução na formação dos cidadãos brasileiros, pensou nas classes abafadas sem educção , sem escolas , sem a chance de properar e sair da base da pirâmide social, pensou num cidadão com a mente aberta e sem subserviencia, pensou num Brasil melhor para todos.
Pensou em quebrar os paradigams seissentistas que grassavam no país. Paulo foi criado dos 10 aos 25anos na maior ditadura que o país passou( 1930/1945), dos 25 aos 39anos nos piores governos das elites( 1945 /1963), dos 39 aos 58anos nos governos Militares(1964/1985). O homem viu muita coisa e queria mudanças , assim foi o filósofo e pensador Paulo Freire.
Laklãnõ-Xokleng: O povo dizimado por pistoleiros que está no centro de julgamento histórico no STF
Por William Helal Filho
A luz do dia rompia aquela madrugada em abril de 1904,
quando cerca de dez bugreiros, como eram chamados os matadores de
indígenas no Vale do Itajaí, avançaram sobre um acampamento do povo Laklãnõ-Xokleng perto de Aquidaban, atual município de Apiúna, em Santa Catarina.
Segundo o "Jornal Novidades", de Itajaí, em sua edição de 4 de junho
daquele ano, "havia perto de 230 almas, a maior parte mulheres e
crianças". Os pistoleiros surpreenderam os indígenas enquanto eles
dormiam e, depois de inutilizar seus arcos, começaram a disparar sem
fazer pausa. Ninguém ficou vivo na comunidade.
"O pavor e a consternação produzidas pelo assalto foi tal que os bugres (termo racista usado na época para se referir a indígenas)
nem pensaram em defender-se", conta o jornal, no trecho reproduzido
pelo livro "Índios e brancos no Sul do Brasil: A dramática experiência dos Xokleng" (1973), do antropólogo Silvio Coelho dos Santos.
"A unica coisa que fizeram foi procurar abrigar com o proprio corpo a
vida das mulheres e crianças (...) Os inimigos não pouparam vida
nenhuma. Depois de terem iniciado sua obra com balas, a finalizaram com
facas. Nem se comoveram com os gemidos e gritos das crianças agarradas
ao corpo prostado das mães".
- A história desse massacre terrível é contada de geração em geração no nosso povo - diz Brasílio Priprá, de 63 anos, líder dos Laklãnõ-Xokleng, que hoje habitam o Território Indígena (TI) Ibirama-Laklãnô,
ao longo dos rios Hercílio e Plate. - Vivemos na região Sul há 5 mil
anos, ocupando uma área de milhões de hectares. Mas, com a chegada dos
colonos europeus, o Estado assumiu o compromisso de nos eliminar. Eles
achavam que a gente atrapalhava o progresso. Mas resistimos,
sobrevivemos apesar de nosso território ter sido reduzido e muito
invadido mesmo após a demarcação, já no século XX.
Quem cruza a BR-116 no trecho de Santa Catarina não imagina o tanto
de sangue indígena derramado na região. A partir do século XIX, aquele
se tornou um território disputado entre os povos da floresta e colonos
assentados ao longo do Caminho das Tropas, como era chamado o corredor
entre São Paulo e Rio Grande do Sul aberto no século XVIII e que
antecedeu a atual rodovia. Mas a expulsão e a matança da etnia
Laklãnõ-Xokleng, que vivia de caçar antas e colher pinhões no planalto
serrano, não apagaram sua ligação com a terra. Cerca de 150 anos após a
chegada dos migrantes, são os remanescentes daquela etnia que
reivindicam no Supremo Tribunal Federal (STF) a garantia de seu território.
Líder indígena ameaçado por defender território no STF
Num julgamento a ser retomado nesta quarta-feira, a Corte decidirá se
a TI Ibirama-LaKlãnõ, onde vivem os Xokleng, os Kaingang e os Guarani,
deve ou não incorporar áreas já reconhecidas pelo governo federal como
parte da terra indígena, mas que são reivindicadas pelo executivo
catarinense e por produtores rurais. A ação movida pelo governo estadual
se baseia na polêmica tese do marco temporalpara alegar que os Xokleng não têm direito à área em disputa porque não estavam ali em 1988, quando foi promulgada a Constituição Federal,
cujo Artigo 231 garante a esses povos o direto sobre suas áreas
tradicionais. Se prevalecer esse argumento, o marco temporal servirá
para todos os processos de demarcação de terras.
- O marco temporal ignora a violência e a pressão que forçaram nosso
povo a se deslocar do território original - diz Priprá, que vem sendo
ameaçado por defender os interesses de sua etnia na Justiça. - Eu estava
em Brasília acompanhando o julgamento, semana passada, quando me
ligaram para avisar que uma família ouviu um homem me ameaçar de morte.
Vou ter que me abrigar em alguma parte do Brasil até as coisas se
acalmarem. Mas não vamos desistir dos nossos direitos.
Para defensores da causa indígena, a tese do marco temporal
oficializa a violência da qual foram vítimas os povos do país que não
estavam nos seus territórios em 1988 porque tinham sido expulsos. Os Lakãnõ-Xokleng
são exemplo disso. A etnia foi dizimada por mercenários a mando de
autoridades públicas, fazendeiros e comerciantes que firmaram
assentamento na região a partir do século XIX. Cidades como Lages e
Blumenau cresceram a partir dessa ocupação. Hoje, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), restam cerca de 2 mil indivíduos da etnia, cuja padrão de vida foi totalmente transformado pelos conflitos.
Bugreiros arrancavam orelhas dos indígenas mortos
Estudos arqueológicos sugerem que indígenas ocupam o Sul do Brasil há
pelo menos 4 mil anos, quando a Europa ainda entrava na Idade do
Bronze. Sua área cobria de Porto Alegre a Curitiba. De acordo com "A
dramática experiência Xokleng", de Silvio Coelho dos Santos,
as disputas começaram a se intensificar na segunda metade do século
XIX, à medida que mais colonos ocupavam as margens do Caminho das Tropas
e suprimiam o território dos antigos habitantes. O livro de Santos
reproduz correspondências entre autoridades dialogando sobre o envio de
recursos públicos para combater os "silvícolas", que não aceitavam
passivamente a invasão. Como todo povo indígena, os Laklãnõ-Xokleng têm
uma ligação social e espiritual com sua terra. Há diversos relatos de
ataques dos "selvagens" a fazendas da região.
Foi aí que surgiram os "bugreiros", mercenários contratados por
governos locais ou fazendeiros para matar os Xoklengs, cujas orelhas
eram arrancadas como prova do número de vítimas. Entre esses assassinos,
nenhum era mais cruel que o pequeno criador de gado Martinho Marcelino
de Jesus, o Martim Brugreiro. Nascido em 1876, ele era jovem quando
começou a atender a pedidos para caçar indígenas na mata como se fossem
animais. Comandou várias expedições com dezenas de homens, que, segundo
descrições, agiam sempre da mesma maneira.
"Surpreendem os índios quando entregues ao sono. Não levam cães.
Seguem a picada dos índios, descobrem os ranchos e, sem conversarem,
aguardam. É quando o dia está para nascer que dão o assalto. O primeiro
cuidado é cortar as cordas dos arcos. Depois, praticam o morticínio.
Compreende-se que os índios, acordados a tiros e facão, nem procuram
defender-se, e toda heroicidade dos assaltantes consiste em cortar carne
inerme de homens acordados de surpresa. Depois, dividem-se os despojos,
entre eles os troféus de combate e as crianças apresadas".
O parágrafo acima está num relatório escrito no início do século XX por Eduardo Hoerhann. Sobrinho-neto do Duque de Caxias, ele era funcionário do Serviço de Proteção ao Índio (SPI),
órgão federal criado em 1910, após o XVI Congresso de Americanistas, em
Viena, onde o Brasil ficou sob pressão internacional para proteger seus
povos originários. Hoerhann tinha só 18 anos quando foi enviado do Rio a
Santa Catarina para lidar com a situação no Vale do Itajaí. Em 1914,
ele conduziu o primeiro contato pacífico entre o homem branco e os
Laklãnõ-Xokleng.
- No Congresso de Americanistas, as denúncias sobre o genocídio
indígena que vinha ocorrendo motivaram a criação do SPI. Em 1914, os
Laklãnõ-Xokleng já haviam sido tão reduzidos pela matança sistemática
que eles se viram obrigados a fazer o contato para sobreviver - explica o
antropólogo Alexandro Machado Namem, professor da
Universidade Federal de Roraima (UFRR) e autor do livro "Os botocudo no
Vale do Itajaí" (2020). - Foi um período trágico da História do Brasil.
Uma terra indígena invadida por colonos, madeireiros e uma barragem
Depois do contato, foi instalado no Vale do Itajaí o Posto Indígena
Duque de Caxias, o que contribuiu para o fim das matanças. Uma outra
forma de opressão, porém, teve início. Em seu livro, Namem conta que a
TI Ibirama foi criada em 1926, com pouco mais de 20 mil hectares,
tamanho ínfimo perto da vastidão que eram as terras Laklãnõ-Xokleng no
passado. Em 1965, o governo federal homologou o território com uma
dimensão ainda menor: 14 mil hectares. Ainda assim, a partir dessa
década, houve muitas invasões por colonos e madeireiras, o que levou à
extração predatória de árvores nobres e de palmito, hoje praticamente
extinto na região.
O pior ainda estava por vir. Em 1975, o governo federal declarou
parte da reserva como área de utilidade pública para construir um
complexo de barragens para contenção de enchentes, com objetivo de
proteger municípios próximos. Como estávamos em meio a uma ditadura
militar, não havia margem nenhuma para contestação. As obras, concluídas
na década de 1980, causaram enorme impacto na vida dos Laklãnõ-Xokleng,
que ficaram ser ter onde plantar ou morar e foram obrigados a se
deslocar dentro do território.
- O governo construiu o lago de contenção da barragem norte dentro da
reserva, sem que houvesse consulta da população indígena - critica
Namem. - Aquilo agravou muito a situação de um povo que já vinha
sofrendo com invasões por décadas.
Nos anos 90, os próprios indígenas começaram um processo de retomada
das terras invadidas que culminou com um grupo de trabalho que, após
muita análise, concluiu que o território Laklãnõ-Xokleng tem, na
verdade, 37 mil hectares. A partir de então, ficou claro que a própria
criação da reserva, em 1926, com 20 mil hectares, foi a primeira
expropriação realizada pelo governo contra seus habitantes originários.
Em 1999, a Funai reconheceu, após muito "vai e volta", os 37 mil
hectares da TI Ibirama, demarcada com essa dimensão pelo governo federal
em 2003, o que gerou novas contestações judiciais da parte de
agricultores e do próprio governo estadual. Na prática, então, o STF
precisa decidir se reserva dos Xokleng tem apenas os 14 mil hectares
demarcados em 1965 ou os 37 mil definidos pela pesquisa posterior.
Ao longo do século XX, o Estado deixou de patrocinar matanças de
Xoklengs, ainda que tenha continuado a negar o direito desse povo a suas
terras. Mas isso não significa que nunca mais houve assassinatos. Em
1954, o indígena Brasílio Priprá foi ao Rio denunciar invasões das
terras e crueldades cometidas por Eduardo Hoerhann, o funcionário do SPI
que conduzira o contato pacífico em 1914. Chefe do Posto Duque de
Caxias, instalado na reserva, ele era acusado de violentar mulheres
Xokleng e obrigar moradores do território a trabalhar para ele sem
remuneração. Ao voltar do Rio, Priprá foi assassinado por capangas de
Hoerhann, que chegou a ficar preso depois daquele crime. Nascido três
anos depois, o Brasílio Priprá que hoje lidera os Xokleng recebeu seu
nome daquele indígena morto.
- Eu seria o irmão dele, então recebi seu nome como homenagem - conta
Priprá, que está de novo em Brasília para acompanhar o julgamento da
ação no STF. - Resistimos até hoje e não vamos parar de lutar, mesmo com
todas as ameaças que continuamos a sofrer.
O
glioblastoma multiforme é um tipo de câncer cerebral, do grupo dos
gliomas, pois atinge um grupo específico de células chamadas de “células
da glia”, que auxiliam na composição do cérebro e nas funções dos
neurônios. É um tipo de câncer raro e, na maioria dos casos, é
esporádico, sendo mais frequente em pessoas que estiveram em exposição
prévia à radiação ionizante.
Este é um tipo de tumor agressivo,
classificado como grau IV, pois tem uma grande capacidade de se
infiltrar e crescer ao longo do tecido cerebral, e pode causar sintomas
como dor de cabeça, vômitos ou convulsões, por exemplo.
O
tratamento consiste na retirada total do tumor concomitantemente com
realização de radioterapia e quimioterapia, entretanto, devido a sua
agressividade e rapidez de crescimento, dificilmente é possível haver
uma cura deste câncer, que tem, em média, uma sobrevida de 14 meses, o
que não é uma regra e é variável de acordo com a gravidade, o tamanho e
localização do tumor, além das condições clínicas do paciente.
Deve-se
lembrar que a medicina tem avançado, cada vez mais, na busca de
tratamentos tanto para aumentar a sobrevivência como para melhorar a
qualidade de vida das pessoas portadoras deste câncer.
Principais sintomas
Apesar
de raro, o glioblastoma multiforme é a causa mais comum de tumores
cerebrais malignos com origem cerebral, e é mais frequente em pessoas
acima dos 45 anos. Os sintomas variam de leves a intensos, dependendo da
sua localização no cérebro e tamanho, e alguns dos mais comuns incluem:
Dor de cabeça;
Alterações da motricidade, como perda da força ou alteração do caminhar;
Alterações visuais;
Alterações da fala;
Dificuldades cognitivas, como de raciocínio ou atenção;
Alterações da personalidade, como apatia ou evitação social;
Vômitos;
Crises convulsivas.
À
medida que a doença atinge fases mais avançadas, ou terminais, os
sintomas podem se intensificar e comprometer a capacidade de realizações
das atividades e cuidados diários.
Na
presença de sintomas que indiquem este câncer, o médico poderá
solicitar exames de imagem cerebral, como ressonância magnética, que irá
visualizar o tumor, entretanto, a confirmação somente é feita após
biópsia e análise de um pequeno pedaço do tecido tumoral.
Como é feito o tratamento
O
tratamento do glioblastoma multiforme deve ser feito o mais
precocemente possível após o diagnóstico, com o acompanhamento do
oncologista e neurologista, e é feito com:
Cirurgia:
consiste da retirada de todo o tumor visível no exame de imagem,
evitando-se deixar tecidos comprometidos, sendo a primeira etapa do
tratamento;
Radioterapia: que é feita com emissão de radiação como tentativa de eliminação das células tumorais restantes no cérebro;
Além
disso, o uso de remédios, como corticosteróides ou anticonvulsivantes
podem ser utilizados para aliviar alguns sintomas da doença.
Como
se trata de um tumor muito agressivo, o tratamento é complexo, e na
maioria das vezes há recidiva, o que torna difícil as chances de cura.
Assim, as decisões sobre o tratamento devem ser individualizadas para
cada caso, levando em consideração o quadro clínico ou a existência de
tratamentos prévios, devendo-se priorizar sempre a qualidade de vida do
paciente.
Também é importante
lembrar que têm-se buscado desenvolver novos fármacos para melhorar a
eficácia do tratamento do glioblastoma, como terapia gênica,
imunoterapia e terapias moleculares, de forma a atingir melhor o tumor e
facilitar a recuperação.
Com todas as dificuldades, muitos homens, filhos da abençoada Serra do Araripe saíram
das cinzas para todo o Brasil. Naquele cafundó de belos arrebóis , as águas dos barreiros, a seiva da vida, matavam a sede e a fome de
todos os animais, inclusive os humanos, tornando-os resistentes às intempéries
da vida .
Sem filtros e sem decantadores a água era bebida
in natura. Barrenta, alaranjada, café com leite, suco de acerola ou de cajá, consumida com toda a sua turbidez, muitas
vezes com alguns girinos e tudo que fosse pertinente à natureza: urinas , estercos de animais, penas, esqueletos de pássaros e outras prendas arrastadas das estradas nas épocas das cheias,
porém era água, a única que os serranos dispunham para beber, era a fonte
da vida.
A Serra do Araripe, nos sertões de Pernambuco
/Ceará , com baixo índice pluviométrico, grandes ventanias ,
fortes redemoinhos , causticante sol , solo poroso e vastas
capoeiras não possuía outras maneiras de armazenar a água, só lhes sobravam
os milagrosos BARREIROS .
Estes reservatórios eram construídos pelos
próprios sertanejos nos cabos das enxadas, enxadecos,
cavadores, picaretas, pás , caixas de madeiras nos lombos do jumentos e muito suor. Depois batido o solo com os cascos dos bovinos pé duro, estacas e batedores de madeira com a finalidade de impermiabiliza-lo , dificultando a absorção das águas acumuladas nas épocas de chuvas . Os grandes formigueiros eram as maiores pragas nos fundos dos barreiros, muitos dormiam cheios e amanheciam vazios, a labuta para estancar o vazamento era hercúleo, porém para os sertanejos tudo tem solução, o nordestino é antes de tudo um forte.
Eram os barreiros conectados às estradas por onde circulavam todos os tipos de vidas: animais domésticos, silvestres, tropeiros, almocreves, caminhões, carroças e todos os que viviam na região para o ganho da vida. As águas que caiam no seu solo, durante
as chuvas de inverno, eram drenadas para dentro destes poços artificiais e armazenadas
para os períodos seguintes. Enquanto maiores, compactadas , mais largas e levementes inclinadas fossem as estradas , como uma grande calha em declive, maiores os volumes d'água drenados para os barreiros .
Os pequenos
secavam em menos de cinco meses devido o consumo animal , a absorção pelo solo e a evaporação pelos fortes ventos e os raios do sol. Para matar
a sede nas longas estiagens utilizavam-se jumentos, ancoretas,
latas e muitas léguas em busca do precioso líquido em nome de Deus, São José e do Padre Cicero do Juazeiro do Norte .
O consumo per capta
na parte mais alta da serra , não suplantava o consumo da Etiópia ou Haiti, menos de 15 litros por pessoa, os que viviam no pé da serra não conheciam estas dificuldades, eram provilegiados por fontes naturais de água cristalina.
Só quem viveu no topo naquela serra e bebeu
daquelas águas sabe o que significa o que é viver em plagas
encapoeiradas de jiquiris, canafistas, mulungus, rabo de raposas, fumo brabo, madacarus,
juazeiros, umbuzeiros, cajueiros, jatobás, maniçobas , avelozes e outros
vegetais rasteiros.
A rainha deste e de todos os biomas era a
água, quando existia inverno era fartura , barreiros cheios, vidas e mais vidas a sorrir, cantar e comemorar a volta da Asa Branca.
Viva a
Chapada do Araripe, celeiro fóssil mundial, patrimônio da humanidade, hoje o Geopak do Araripe, a mãe de muitos homens distribuídos por este grande
Brasil .
Os resilientes, resistentes , carajosos e fortes serranos continuam por lá, das cinzas estão reconstruindo, povoando e
fazendo a Serra se destacar para o mundo.
Hoje, poucos são os barreiros naquela região para consumo humano, pras bandas de lá já se
bebe a verdadeira água condizente com a vida animal, água das cistenas, de poços profundos muito profundos, dos carros pipas e das águas minerais oriundas dos pés da mesma Serra.
O Topo da Chapada do Araripe de hoje é outro, a vida de outrora era bem melhor, apesar das dificudades. O que melhorou , e muito, foi a água , com ela o indice de desenvolvimento, da qualidade de vida, da educação e da saúde, porém a velha Serra ainda deixa repletas de saudades as pessoas que nasceram e viveram naqueles confins nordestinos, não interessa onde se encontrem e como vivem, a Serra do Araripe está viva dentro deles, ainda pulsa como se lá estivessem .
Só quem
morou naquele torrão sabe o que é viver no topo da Chapada do Araripe . Sabe
o que é viver com as diversidades da vida e o quanto é
importante a escola e a formação cultural para os mais pobres.
Viva a Educação e viva a juventude brasileira, esta espera por dias melhores .
Viva o meu Cariri, o meu Exu e o meu querido Bodocó.
Viva o bode, a Asa Branca , os barreiros e os autênticos Serranos