quarta-feira, 24 de setembro de 2014

EU TENHO PENA DA MULHER DO MEU PATRÃO- LUIZ GONZAGA.Veja o que diz o velho Lula sobre a sua nega e sobre a mulher do seu patrão. Veja que diferença entre elas



Luiz Gonzaga pode ter nome no Livro dos Heróis da Pátria — Senado ...
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A Mulher do Meu Patrão
de Nelson Valença na voz do Luiz Gonzaga


Eu tenho pena da mulher do meu patrão.
Muito rica, tão bonita ai meu Deus que mulherão.
Não tem meninos para não envelhecer.
Mais nervosa sofre muito por não ter o que fazer.

No atiço da panela, no batuque do pilão
Tem somente quinze filhos mais o xaxo do feijão
Sarampo catapora, mais roupa pra lavar
Resfriado, tosse braba, lenha para carregar
Pote na cabeça, tem xerém pra cozinhar
Tira o leite da cabrinha, tem o bode pra soltar
Vivo com minha nega num ranchinho que eu fiz
Não se queixa não diz nada e se acha bem feliz

Com tudo isso ainda sobra um tempinho
Um agrado, um carinho, eu não quero nem dizer

Com tudo isso ainda sobra um tempinho
E um moleque sambudinho todo ano é pra nascer
Nelson Valença – GONZAGÃO ONLINE
PROFESSOR NELSON VALENÇA


OUVIR A MÚSICA  ENCARCAR EM BAIXO.  ISTO É DÊ UM CLICK.
    Música A Mulher do Meu Patrão com Luiz Gonzaga.
    23 de mar. de 2012 - Vídeo enviado por Pedro Macêdo
    Targino Gondim- A Mulher do Meu Patrão - Mais Canções de Luiz com ... Eu tenho pena, da mulher do ...
    19 de jun. de 2017 - Vídeo enviado por Atração Divulga
    Tom: A (intro) E D A E D A Eu tenho pena da mulher do meu patrao Gbm Bm E A Muito rica tao bonita ...
    2 de jun. de 2017 - Vídeo enviado por Pedro Macêdo

    This feature is not available right now. Please try again later. Published on Apr 28, 2010. Musica a mulher do ...28 de abr. de 2010 - Víd


  1. PROFESSOR NELSON VALENÇA

     

    Nelson Valença – GONZAGÃO ONLINE
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    O dia 22 de agosto merece uma comemoração especial por parte dos pesqueirenses. Nesta data, há 91 anos, nasceu Nelson Antônio de Souza Valença.

    Além de cidadão exemplar em todos os sentidos, e professor aposentado, seu Nelson é compositor, maestro, arranjador e teatrólogo.

    Viveu a sua infância e parte da juventude, na aconchegante e boêmia cidade de São Bento do Uma, onde tirou proveito das noites enluaradas para realizar grandes e memoráveis serenatas, por ser um grande seresteiro e possuidor de uma voz afinadíssima.

    Depois de prestar serviço militar, foi residir no Recife e lá, sob a orientação do consagrado maestro Nelson Ferreira, iniciou a sua carreira como cantor na Rádio Clube de Pernambuco. Infelizmente, uma cirurgia na garganta, interrompeu prematuramente essa atividade, pois segundo ele, a sua voz ficou alterada por causa da operação.
    Voltou para Pesqueira e logo foi admitido para trabalhar como caixa da Fábrica Peixe. Foi também funcionário do Banco do Povo.
    Depois, foi gerente da Rádio Difusora de Pesqueira. Suas aptidões musicais levaram a direção da empresa a transferi-lo para o Recife a fim atuar como orquestrador e arranjador na Rádio Jornal.

    Foi ao Rio de Janeiro duas vezes a convite de Luiz Gonzaga, que por sinal, queria que seu Nelson fixasse residência na cidade maravilhosa, garantindo que lá ele teria como desenvolver o seu talento.
    O nosso compositor maior recusou o chamado, alegando que no Rio de Janeiro, estaria impedido de realizar as caçadas de nambu que tanto apreciava.

    O Rei do Baião gravou doze composições dele. Dentre elas, O Fole Roncou foi a que fez maior sucesso, chegando a ser gravada por outros renomados intérpretes, gravou também,   A MULHER DO MEU PATRÃO .

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

POLÍTICOS SÃO POLÍTICOS E QUASE TODOS REZAM NA MESMA CARTILHA



   
OS POLÍTICOS , OS ELEITORES E AS ELEIÇÕES.

Amigos eu não entendo o que está acontecendo, parece que,  para ser político o importante é ser desonesto. A situação diz escancaradamente que a oposição é desonesta e diz que prova, a oposição fala o contrário, publica  matérias, mostra documentos e depois recua, recua porque a situação ameaça  mostrar  os podres de todos , uma vez que no passado andavam juntos na mesma facção política e em voz alta, um fala para o outro :
QUEM TEM RABO DE PALHA OU PRESO NÃO PODE FALAR MAL DE NINGUÉM E  QUEM TEM TELHADO DE VIDRO NÃO PODE JOGAR PEDRA NO TELHADO DE VIDRO  DO OUTRO”.
 Nós os eleitores ficamos entre as duas facções, entre a cruz e a  espada, entre o mar e a rocha, entre a mentira e a verdade, entre a razão e a emoção, entre o falso e o verdadeiro, ou entre o FALSO E O FALSO, entre  A MENTIRA E A MENTIRA, entre o MEDO E O PÂNICO,  eu apenas  sei  que na verdade eles pertencem ao mesmo time e ficam rindo dos que estão aqui em baixo. A falsidade tem início no foto shop de cada um, todos já entram maquiados, bonitos e sorridentes, tem mais de 70% de mudanças, todas as caras são polidas, todos recebem um  bom acabamento, fazem verdadeiras reformas.
Ganhará o grupo  que for mais  agressivo, o grupo que falar mais , que  mostrar mais falcatruas do concorrente , não precisa prová-las, basta atiçar e embaralhar a mente dos incautos eleitores, o grupo que provar que o oponente roubou mais, conseqüentemente angariará mais votos,  por ter pecado menos contra o povo, por ter faltado menos com a verdade com a população, por ter desviado menos  recursos públicos, dito em verso e prosa por todos os candidatos, acusando-os mutuamente,  pior é que   ainda existem os cegos defensores.
  Hoje não existem mais partidos, os números dos candidatos confundem os eleitores, as cores mais ainda, antigamente cada partido tinha a sua cor, hoje elas se misturam, é o azul, o amarelo  e o vermelho mudando de bandeiras,  as roupas tipo Paletós foram substituídas por camisas de mangas e sem gravatas para parecerem  e se confundirem com o povo , eles rezam na mesma cartilha e ficam os inocentes brigando, digladiando,  alimentando inimizade com os seus pares  por este ou aquele candidato, inclusive elegendo literalmente alguns palhaços.
Escutem o velho Patativa quando escreveu Cunversa de Matuto em 1960 e que hoje é real, é valido e atual.
Está aí a minha resposta  e contribuição a todos os meus amigos que conheço e que  assustadoramente tem provocado arranhões nos seus ciclos de amizades por puras discussões políticas.
Escutem o mestre e boa leitura. Leiam a poesia toda , é um bálsamo para a alma e para a cultura, leiam para os seus filhos, para os seus amigos , parentes e funcionários, vale a apena conhecer.
O Antônio Gonçalves, O PATATIVA DO ASSARÉ  do meu Ceará,  está para o Brasil como o Bertold Brecht está para a Alemanha.
 Seja mais pelo Brasil.
Iderval Reginaldo Tenório

CEARENSE DE JUAZEIRO DO NORTE

Escutem principalmente as respostas do João Moiriço ao  Zé Fulô, é de impressionar.

CONVERSA DE MATUTO - Patativa do Assaré (POESIA E ÁUDIO)









CONVERSA DE MATUTO - Patativa do Assaré
  Cearesne da Cidade do Assaré.



Zé Fulo e João Moiriço

Zé Fulo:

Meu amigo João Moiriço,
Eu agora fiquei certo
Que nóis já tamo bem perto
De saí do sacrifico.
Eu onte uvi um comiço
De um doto que é candidato.
Home sero e munto isato
E ele garantiu que agora
Vai havê grande miora
Para o pessoa do mato.

No comiço ele falou
Que depois que ele vence,
Vai com gosto potregê
A cada um inleitô.
O povo trabaiadô
Que padece no roçado,
Pode votá sem coidado
Que depois das inleição,
Com a sua potreção
Vai tudo recompensado.

Aquele é home de bem,
Quando desceu do palanco,
Falou com preto, com branco,
Com rico e pobre também;
Ali não ficou ninguém
Pra ele não abraça,
Veve sempre a conversa,
É alegre e sastifeito,
Num home daquele jeito
Faz gosto a gente votá.

Do palanco ele desceu
Alegre dizendo graça
E mais tarde lá na praça
Palestrando apareceu,
Se assentou pertinho deu
Lá num banco da venida,
Perguntou por minha vida
E disse na mesma hora
Que a sua grande vitora
Já tá quage dicidida.

E pediu que eu precurasse
Com munta dilicadeza
Aqui nesta redondeza
Gente que nele votasse
Que depois que ele ganhasse
Ia as coisa resorvê.
A premera era fazê
Aqui no nosso lugá
Um grande grupo escola
Pra nossos fio aprende.

Depois, um mioramento
Pra nóis pode trabaiá,
Semente pra nóis prantá
Sem precisa pagamento,
Quarqué coisa no momento
É nóis querê e pedi
E depois de consegui
Esta premera vantaje,
Vem uma bela rodage
Da cidade até aqui.

Eu tenho isperança e fé
Nas promessa do doto
E pedi a ele eu vou
Um imprego pra José.
Mais tarde, se Deus quisé,
O meu fio faz figura,
Saindo da agricurtura,
Este cansado chamego
E arranjando um bom imprego
Lá dentro da Prefeitura.

E tanto, que vou caça
Argum voto por aqui;
Já cunversei com Davi,
Com Vicente e Vardemá,
Fuloriano, Mozá,
Mané Chico e Zé Lavô,
Dona Suzana e Lindo,
Napoleão e Romeu,
E tudo me prometeu
Que vai votá no dotô.

João Moiriço, meu amigo,
Sei que você acredita,
Não venho fazê visita
Hoje aqui no seu abrigo;
Oiça bem o que lhe digo
Você nunca me faltou
E a ocausião chegou
De pedi seu voto isato
Para o dotô candidato
De prestijo e de valo.

Isto que eu tou lhe falando
É bom pra nosso futuro,
Nóis tamo num grande escuro
E uma estrela vem briando;
Veja que você votando
Neste home de tanto brio,
Em quem com gosto confio,
É um negoço importante
Vai havê de agora em deante
Escola pra nossos fio!

João Moiriço:

Meu amigo Zé Fulô,
Vou lhe dizê a verdade:
É veia a nossa amizade
Porém você se enganou.
Pode pedi, que eu lhe dou
Uma quarta de fejão
Uma arroba de argodão
E cinco metro de fumo,
Tudo com gosto lhe arrumo,
Porém o meu voto, não!

Lhe dou, se você quisé,
Minha boa lazarina
E o meu galo de campina
Que eu amo com muita fé,
Dou minha porca Baié
E o meu cachorro Sultão,
Maria dá um capão
E o Chico dá um cabrito,
Isto tudo eu admito
Porém o meu voto, não!

Meu amigo Zé Fulô,
Não siga por esta tria,
Você ainda confia
Em premeça de dotô?
Aquilo que ele falou
É somente imbromação.
Quando é tempo de inleição
Esse home se prepara
Trazendo um santo na cara
E o diabo no coração.

Você não dê confiança,
Pois quando a campanha vem,
Com ela chega tombem
A pabulage e a lembrança.
As vez os matuto dança
Com as fia do dotô,
É aquele grolôlô,
Tudo alegre e sastifeito,
Ante do dia do preito
Tudo é prefume e fulô.

Mas depois que passa o preito,
O desmantelo renova,
Palavriado não prova
A bondade do sujeito.
Pra garrafa deste jeito
Não iziste sacarrôia.
Não quera fazê iscôia
Se não você sai perdendo,
Este doto tá inchendo
As suas venta de fôia.

Isto já vem do passado
E a pisada ainda é essa,
Por causa dessas premessa
Meu avô foi inganado,
O meu pobre pai, coitado!
Foi inganado tombem
E eu, que já conheço bem,
Pra votá sou munto franco,
Mas porém só voto em branco,
E não confio em ninguém.

Em branco eu tenho votado,
Pois só assim me convém
Proquê votando em arguém,
Traz o mesmo risurtado,
Com certos palavreado
Ninguém pode me inludí,
Vivo trabaiando aqui
Nesta vida aperreada,
Mas, não sou dregau de escada
Pra seu fulano subi.

Zé Fulo, repare bem,
As premessa é só na hora,
Porém, depois da vitóra,
Premessa valô não tem
E espera por quem não vem
Matrata, dói e acabrunha,
Digo e tenho testemunha,
Quage todos candidato
Tem a mamparra do gato,
Dá um bote e esconde a unha.

Na campanha eleitora
Quando eles incronta agente,
Chama de amigo e parente,
Naquele parrapapá,
Mas, depois de eles ganha
E recebe posição,
A ninguém presta tenção,
Assim que a gente repara,
Vê logo a cara do cara
Como cara de lião.

Zé Fulô, não seja bruto
Seja mais inteligente,
Repare que aquela gente
Não faz conta de matuto.
Não dou crença e nem escuto
Premessa desses doto,
Pra não passa o que passou
Sendo inganado e ínludido,
O meu pobre pai querido
E o finado meu avô.

Tome esta boa lição,
Dêxe logo esta veneta,
Seja sero, não se meta
Com fuxico de inleição;
Este doto sabidão
Que agora lhe apareceu
E tudo lhe prometeu,
Depois da vitóra pronta,
Fica fazendo de conta
Que nunca lhe conheceu.

E se você se afoba
E pega com lerolero,
Zangado, falando sero,
Querendo se revortá,
Pedindo pra lhe pagá
Todas premessa que fez,
Ele, com estupidez,
Fica cheio de maliça,
Dá logo parte à puliça
E lhe mete no xadrez.

Portanto, vá se aquetá
Não entre neste curtiço,
Não vá dexá seu serviço
Pra sê cabo eleitora.
Vá sua casa zela,
Vá cuida do seu trabaio,
Não pegue neste baraio,
Se não você perde o jogo.
Água é água e fogo é fogo
Cada macaco em seu gaio.


ESCUTEM O BELCHIOR OUTRO CEARENSE

Belchior - Populus - YouTube

www.youtube.com/watch?v=RWOOxFEnOR4
02/10/2010 - Vídeo enviado por Alfredo Pessoa
Populus! Que saudade do meu amigo de infância. Read moreShow less ... Populus, penúltima faixa do ...

O VELHO CAVALO

 

O VELHO CAVALO



Foi no meado de 1915 no sertão do Ceará quando das chuvas nem  prenúncios .

 Relatos de minha avó.

Relata que nos sertões do Ceará havia um almocreve de meia idade, que negociava nos cafundós e nos grotões da esturricada serra do Araripe, divisa do Ceará com o Estado de Pernambuco, para o ganho do pão de cada dia utilizava como meio de transporte uma parelha de animais, um belo eqüino e um musculoso muar.

Grandes eram as distancias a percorrer e belos os lugares visitados, o muar para as cargas e o eqüino para os passeios junto ao dono, sempre nas festas, nos namoros , nas comemorações e nas grandes corridas, era com orgulho que o belo animal desfilava naqueles sertões, bem tratado, bem alimentado , bom capim, boa alfafa , excelente milho e muitas vezes tortas de resíduos de caroços de algodão, era uma vida de rei, cheio de arreios e ornamentos, manta vermelha, sela nova, dois alforjes do puro e macio couro de carneiro, rédeas de couro curtido, rabicho trançado com fio de seda, boqueira do melhor metal, estribos de pura prata, polidos, encerados e bem conservados, vivia época de glórias, se orgulhava quando nas paragens recebia preço, recebia avaliação, elogios e jamais o seu dono pendia para negociação, era um animal orgulhoso e cheio de brios, na sua garupa as mais belas donzelas, as mais macias das nádegas, era motivo de festas onde chegava com o seu baixo , com o seu galope, trotando, chispando ou com os seus admiráveis passos sempre a esquipar demonstrando a sua bela marcha , qualidades estas que lhe credenciava a cruzar semanalmente com uma diferente e bela égua, com uma formosa e elegante asinina, todo faceiro, todo pabo .

O muar , coitadinho, a subir ladeiras, a cortar caminhos, dois a três sacos na pesada cangalha, cabresto de cordas de croá, rabicho de agave e uns puídos tapa olhos laterais de couro cru impedindo, tapando, obstruindo, abortando, escurecendo a visão lateral, um pesado chocalho bovino pendurado no pescoço, festas só para carregar frutas para as vendas, garrafas de bebidas ou feixes de canas caiana muito apreciadas naquela redondeza, como pastagem capim seco, algumas relvas nos arredores e monturos das casas, não sabia se vivia para comer e trabalhar ou só teria comida se trabalhasse.

Longas eram as conversas entre os dois animais nos seus encontros , um peado nas duas patas direitas e o outro solto pelos terreiros, discutiam as suas vidas, as injustiças e quão ingrata era a vida para um deles, a diferença era exorbitante, era de fazer pena e foi assim durante muitos anos, foi assim, um sempre sorrindo , a gargalhar ; e o outro... o outro só Deus.

Como o tempo é o pai ,o aconselhador e o diluidor dos sofrimentos como a água é diluidor universal e a esperança a mãe de todos os animais,  uma década se passou e os dois viventes sempre a dialogar, com a falta de chuvas foram escasseando as vendas, os compradores cotidianamente caindo , motivo mais do que suficiente para o almocreve diminuir os momentos de festas e de alegrias , primeiro se desfez dos belos arreios, diminuiu as compras de alimentos especiais e necessitava aumentar o volume das cargas para suprir as suas despesas azeitando a sua sobrevivência.

O belo e orgulho eqüino passou a andar na vala comum, a sela foi substituída por uma cangalha, dois sacos , um de cada lado e por ser um exímio esquipador,  o dono escanchado no meio, desta vez subindo e descendo ladeiras, pulando grotas, na ida produtos da lavoura para a venda e na volta especiarias para abastecer as bodegas da região :como querosenes, peixes salgados, açúcar, café e outros mantimentos, com a idade desapareceram as belas éguas, as formosas asininas e os manjares nos terreiros dos esturricados sertões.

O muar continuou a sua batalha, agora como coadjuvante, apenas como complemento de carga, quando o produto era pouco ficava a pastar, a perambular pelas capoeiras à procura de uma relva mais hidratada pensando na sua atual e inútil vida , costas batidas, boca mucha , dentes amarelos, desgastados, bicheiras nos ombros, espinhaço pelado ,cascos rachados , juntas calcificadas, perambulando caatinga adentro..  E lá ia o velho eqüino, dois sacos , o dono escanchado no meio da cangalha , o filho na garupa , subia e descia,  já não possuía belas boqueiras, o rabicho de cordas como afiadas facas a cortar a borda anal ao menor grito do patrão, as cilhas de couro apertadas na barriga caindo pelo vazio a traumatizar os bagos aposentados, força era agora a sua maior virtude, força para não sofrer com as esporas que tangenciavam os órgãos genitais, muitas vezes ferindo-os quando desacertava os passos, a vida endureceu e trouxe à memória os momentos vividos ao lado do amigo muar nos tempos das bonanzas, das vacas gordas, das grandes chuvas, das farturas e dos grandes bailes. Olhava para os lados e não mais enxergava,  pois as viseiras laterais do muar agora se encontravam na sua cabeça  tapando os seus olhos, a visão agora era limitada, era uma visão de subserviência, não mais participava dos acontecimentos, agora era apenas um animal de cargas, vivia apenas para comer e para o trabalho, não tinha direito a pensar, seguia a dura e pétrea regra, para viver só lhe restava a obediência sem contestação, seguia os puxavancos do puído e velho cabresto que dava duas voltas na funcieira , vivenciava a mais espúria entidade criada pelo dominador, o mais baixo golpe sofrido por um ser vivo, obedecer sem contestar ,simplesmente a mais velada escravidão.

Os três entes aos poucos foram minguando, o muar sem trabalho foi sumindo , esquecido ,menosprezado e abandonado até o dia em que foi requisitado pelos produtores de charques.

 O belo eqüino agora não mais belo, sem a força da juventude, com a estima em baixa  caiu na desconfiança, calda caída, olhos sempre para o chão, dentes puídos , rentes às gengivas, desgastados, musculatura minguada, pelos ásperos, relinchos abafados; sem força , sem brio , sem pernas foi substituído por sangue novo, mergulhou na solidão e se perdeu nos carrascos das matas que ainda existiam e nunca mais soube do seu paradeiro.
 O dono caiu numa crise de desgraça , envelheceu sem os seus maiores amigos, engolido pelo bafo do progresso trazidos pelos bulidos dos motores de dois tempos  nos velhos aviamentos e nos transportes das poucas mercadorias, mergulhou no esquecimento, mergulhou no solitarismo da vida, conheceu o êxodo,  com o abandono foi alimentando as grandes metrópoles com a sua prole na construção e reconstrução de uma nação que continua sem rumo, sem prumo e sem um paradeiro ou porto seguro para os que nela batalham e lutam.

Os três se foram, continua a condescendência e as condutas sem uma instituição sustentada, sem nenhuma criação institucional que traga garantias futuras para um povo sofrido , que trabalha até os setenta e depois vaga pelos valados da vida, basta vê os liberais e autônomos de ontem, hoje abandonados , como os de hoje os abandonados do futuro.

Hoje na mesma serra do Araripe, nos mesmos grotões do Nordeste ainda vagam muitos Três Entes Amigos à espera do mesmo futuro.

O Mundo gira e com ele a repetição, mostrando que na natureza nada se constrói , tudo se transforma, apenas o tempo é o senhor que dita e conduz o destino de cada um, pedindo que viva a vida como o único patrimônio .


Iderval Reginaldo Tenório 2010


  • Zé Ramalho - Admirável Gado Novo - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=eRgqsY50ggU

    10/04/2013 - Vídeo enviado por Ninaionara
    Admirável Gado Novo Zé Ramalho Vocês que fazem parte dessa massa Que passa nos projetos do ...
  • ADMIRAVEL GADO NOVO (VIDA DE GADO) - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=d5gu8FlDhfs

    28/04/2009 - Vídeo enviado por lucio carlos
    ADMIRAVEL GADO NOVO (VIDA DE GADO) Vocês que fazem parte dessa massa, Que passa nos ...