domingo, 21 de setembro de 2014

CRIME NA SERRA DO ARARIPE






CRIME NA SERRA DO ARARIPE
Era noite do dia 23 de junho de 1928, o estrategista desconhecido chegou sorrateiramente e sem nenhuma dúvida ou remorso metralhou toda uma família de dezoitos componentes, do mais velho ao mais novo dos Pereiras e alguns serviçais, vasculhou todos os aposentos, conferiu cada um dos corpos, montou no seu alazão, arrumou a sua geringonça noutro animal e sumiu estrada afora.
No nascer do sol os caseiros da fazenda,  que moravam nos recantos mais distantes da sede,  jamais imaginariam , que aqueles estrondos de bombas de artifícios juninos fossem balas da mais afamada metralhadora nordestina,  apelidada de costureira,  dizimando toda a família patronal, o autor não deixou pistas, não deixou um único rastro da autoria do crime , em nada mexeu, a mesa continuo posta, cadeiras caídas no chão, sangue salpicados nas paredes, alguns corpos debruçados sobre a mesa, animais domésticos circulando pelo ambiente à procura de restos, panelas no fogão  a  lenha, algumas com os alimentos esturricados, todos os potes e barricas aos cacos, água ensopando os corpos e estes com vários orifícios transpassando os tórax na altura dos peitos, todos, todos sem vida.
O AMANHÃ
Na Serra do Araripe,  não ficou um só cristão que não tomasse conhecimento da fatídica tragédia, quem era aquele forasteiro, porque aniquilou toda uma família que até aqueles dias se mostrava pacata, trabalhadora e honesta, não se conheciam inimigos num raio de 50 quilômetros, os Pereiras eram respeitados naquela redondeza, era o ano de  1928 , Lampião e o seu bando  já se encontravam pelos lados da Bahia, naquele arrebol já reinava a paz, muitos núcleos familiares se expandiam com os casamentos consanguíneos  e moravam em casas equidistantes desde quando uma avistasse a frente ,a lateral e a saída da outra, era uma maneira de um proteger o outro.  A dúvida tomou conta da pequena população, quem foi o forasteiro que cometeu tão sanguinário crime.
 Os familiares distantes apareceram, os corpos foram contados, muitos não possuíam documentos, os serviçais só tinham apelidos, todos foram sepultados em covas rasas enfileiradas nos aceiros da velha estrada , fincado uma cruz na cabeceira de cada monte de terra, primeiro o chefe , depois os outros por ordem de importância.
 A polícia foi informada, compareceu timidamente e pelo pequeno contingente três soldados, dois cabos, um sargento , pouca munição e seis mulas esquálidas foi a primeira a fugir com receio de ser atacada de surpresa pelo o assassino ou os assassinos dos Pereiras, nunca mais apareceu ou tomou conhecimento dos fatos.
A sede da Fazenda ficou abandonada por pouco tempo, os moradores mais antigos aos poucos foram se acostumando com o acontecido, os parentes mais distantes voltaram para os seus distritos, ficando apenas as indagações sobre o horrendo crime, quem teria motivos para tal desventura, roubo não foi, só poderia ter sido vingança, a melhor maneira de cobrar dos desafetos os males cometidos em datas anteriores, só poderia ser vingança, não haveria outra explicação, só poderia ser vingança.
O PASSADO
Conta o velho Malaquias do altos dos seus 90 anos,  que tempos atrás, lá pelos meados de 1871,  quando um jovem padre de 27 anos de idade assumiu a capela do povoado Tabuleiro Grande no Sul do Ceará, hoje Juazeiro do Norte, duas famílias de Alagoanos foram morar nesta região para ajudar este jovem missionário. Com as duas famílias completas,  o jovem Padre aconselhou aos amiguinhos que fossem morar na Serra do Araripe plantar feijão de pau, conhecido como o serial ANDÚ muito apreciado naquele mundo. As famílias se deslocaram e começaram a habitar a mesma gleba de terra por manterem parentesco , viviam em paz até o dia em que,  o governo de Pernambuco resolveu legalizar a posse e criar uma escritura, houve desentendimento entre os líderes de cada família e numa noite escura do dia 23 de junho de 1897,  ano em nasceu Virgolino Ferreira Lampião , uma das famílias aniquilou todos os componentes adultos da outra família, todavia, cometeu um grande pecado, não vistoriou todos os aposentos da pequena casa e lá deixou vivo um criança de 09 meses que engatinhava por debaixo da cama do infeliz casal aniquilado .
A criança familiares foi assumida por tropeiros  que cruzavam a velha serra Pernambucana com destino à mais nova vila Nordestina no sul do Ceará, a famosa vila do Juazeiro que crescia com muitos fanáticos religiosos  devido o milagre da Beata Maria de Araújo em 1889, quando na comunhão,  a hóstia saída das mãos do Padre Cícero se transformava em sangue e derramava-se pelos cantos da boca da jovem negra e beata de 28 anos de idade. A criança foi criada no mais diferente mundo que deveria ser criado, não tinha paradeiros, não tinha endereço fixo e à proporção que crescia tomava conhecimento da grande chacina que aniquilou uma determinada família,  no topo da Serra do Araripe nos idos de 1897, a criança cresceu, virou homem . Naquela redondeza não se conhecia o seu destino ou paradeiro.  A família que cometera a esquecida e distante chacina se encontrava bem instalada e próspera no cume daquela abençoada Serra , o cangaço que reinava na região estava em baixa devido acordos feitos pelos governadores da época dando total poderes à polícia a entrar no território do outro à caça de qualquer desordeiro.  Grassava no arrebol o sentimento de congraçamento e descontração devido o grande número de parentes casados entre si, existia calmaria.
A VINGANÇA
O Jovem morava num pequeno sítio distrito da então e próspera cidade de Juazeiro do Norte , conhecia muito bem a grande Chapada do Araripe , divisa do Ceará com Pernambuco  celeiro fóssil das Américas , hoje fazendo parte do Geoparque do Araripe.
O jovem procurou se familiarizar com os moradores do distrito , aos poucos foi mapeando o fatídico acontecimento de 1897 e localizando os familiares que junto com os seus pais se mudaram para a velha serra a pedido do jovem padre em 1871, ficou claro e ciente de cada componente, colheu a história da época , como mercante compareceu à sede da fazenda e conheceu cada membro. Voltou aos seus afazeres de almocreve e  numa noite de são João , quando os fogos de artifícios pipocavam nos ares da silenciosa serra, o jovem estrategista,  na sorrelfa executou o seu vingativo e mirabolante plano, eliminando de uma só vez todos os descendentes dos criminosos da noite de São João do século passado , tomando o cuidado de vistoriar exaustivamente todos os aposentos, todos os ambientes e arredores para não cometer os mesmos erros dos autores da chacina de 1897, com esta atitude fechou o ciclo do grande ditado do povo nordestino: quem comete um mal um dia será vingado pela vitima, pelo filho da vítima, pelo neto ou bisneto da vítima, um dia o crime será vingado.
E foi assim que se desenrolou a grande chacina de 1897.
Vingança, pura vingança.
Iderval Reginaldo Tenório
Salvador,12 de Janeiro de 2008


Luiz Gonzaga - Juazeiro - YouTube

www.youtube.com/watch?v=NGkdAtUy1u4
11/03/2013 - Vídeo enviado por Crisforroots
Autoria: Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. ... cantava muito a musica juazeiro, e o meu pai cantava ...

  • 03- JUAZEIRO - Luiz Gonzaga - 50 anos de chão - disco 2 ...

    www.youtube.com/watch?v=7VupcnZJVSg
    09/05/2011 - Vídeo enviado por forrobodologia
    Luiz Gonzaga - 50 anos de chão - disco 2 FONTE: http://www.forroemvinil.com Esta música faz parte do ...
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    JOÃO SERTÃO- Agreste Pernambucano 1970


    JOÃO SERTÃO

    Agreste  Pernambucano 1970

    Saia da velha rede se espreguiçava no meio da sala do Coração de Jesus e do Padre Cícero, dois quadros pendurados na parede, ia direto para um capão de mato  deliberadamente preservado nos fundos das casas  para servir de privada, está aí a premissa do caipira,  quando precisa  verter água ao chegar à cidade  na casa dos que se acham grã-finos, pergunta
     ” ONDE FICA O MATO DESTA CASA?” .
     Adentrava a pequena capoeira, fazia as necessidades e como gato cobria com areia. Voltava pelo mesmo caminho, lavava o rosto na mesma bacia que todos usavam, muitas vezes utilizava a mesma água, devido à escassez do precioso líquido naquelas plagas, este costume fazia com que as doenças oculares e palpebrais se espalhassem com facilidades pelos sertões nordestinos, era O TRACOMA o mais beneficiado e tome pomada de tetraciclina nos cantos dos olhos.
    Uma xícara de café pelando com resto de pó, revigorante feito numa amassada lata de flande,  pendurada por um grosso arame ao telhado e que descansava na trempe do fogão  a lenha, vasilhame este  comprado na feira com óleo de caroço de algodão e aproveitado como chaleira depois de vazia, nada era jogado no lixo, tudo era reciclado e servia como utensílio doméstico.
    Enxada  nas costas, cabaça d’ água a tiracolo, bornal  com meio quilo de farinha grossa e três tacos de rapadura, tomava o caminho da roça e de roçado adentro lá se ia o sertanejo puxando cobra para os pés, pés chatos, barba rala por tirar, pele grossa e ensebada , cigarro de fumo grosso, chapéu de palha, cabeça baixa, coluna curva, braços indo e vindo no manejo da enxada, empurrada pela mão  direita, deslizava na esquerda   e  puxada pelas duas, era a dança da capinagem.
    O sol começa a se pôr, a barra surgia no horizonte e os pássaros iniciavam o movimento de se aninharem nas peladas copas da caatinga , olhava para trás e via de 10 a12 carreiras de matos ceifados pelo fio da ferramenta, olhava para o céu, tirava e botava o suado e fedido chapéu, limpava a enxada com a faca peixeira que saia de uma trabalhada bainha de couro escanchada entre a calça e o cinturão de couro cru, jogava nas costas e tomava o caminho de casa, armado de uma soca-soca abatia alguns nambus ou preás neste percurso.
    Chegava em casa, enxada detrás da porta, entregava a caça para a mulher, enchia o bucho com farinha e feijão, tomava uma talagada de café, mais tarde lavava as canelas e os pés, despojado sentava num tronco do terreiro, contava as estrelas, acompanhava os movimentos da lua e caía moído na mesma e emolambada rede velha, quando menos se esperava, já era cinco da manhã , o mesmo tinido , os mesmos costumes e lá se ia a vida passando.
    Chegava o domingo, calça e alpercatas novas, tomava o único banho da semana, brilhantina na cabeleira , os couros de ratos no bolso, lá se ia o João Sertão,  sem lenço e sem documentos para a feira na vila mais próxima, ia comprar o fósforo, o fumo, o sabão, o querosene, os bregueços da casa como pratos, colheres, panelas, canecos e a munição de boca, o café, o açúcar, o alho, o feijão, o toucinho, a farinha da grossa, a rapadura, o sal e quando dava um naco de carne de charque, era duro, era assim a vida do sertanejo  , era trabalho, muito trabalho e abandono, mais abandono e muito trabalho.

    Iderval Reginaldo Tenório

    PATATIVA DO ASSARÉ - SENHOR DOUTOR - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=RTEfYnMNNpc
    06/06/2011 - Vídeo enviado por shosta18
    Festival Massafeira 1979, Patativa do Assaré obteve no evento: "o festival foi responsável pelo ...

    Goiano e Paranaense - O Doutor e o Caipira - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=i62iMbLhL0Q
    28/10/2010 - Vídeo enviado por Carlos Albano Filho
    Música Boa,Nunca enjoa!! Moda sertaneja sempre será eterna,pelo menos até quando existir a ...

    sábado, 20 de setembro de 2014

    Conheçam o mais importante Município do Estado do Ceará depois da Capital, a Cidade do Crato.




    Conheçam o mais importante Município do Estado do Ceará depois da Capital, a Cidade do Crato.

    O Crato é o pai e a mãe do Cariri Cearense, Juazeiro do Norte é o seu principal filho, no passado se extranhavam, hoje vivem em harmonia. Eu nasci em Juazeiro do Norte , mas não sou ingrato e nem mal agradecido, acho que,  com todo o progresso da maior cidade do Interior Cearense, o meu Juazeiro, é o Crato o maior patrimônio do Ceará, todos os outros sairam dos seus bagos.
    Foi no Crato que toda a juventude Caririense sorveu cultura e entretenimento com as suas escolas e as suas artes. 
    O Crato é tão importante que os maiores ícones do Ceará adotaram o Crato como as suas casas, foi no Crato que nasceu o cearense do Século, o Padre Cícero Romão Batista, o fundador e pai de Juazeiro do Norte.
    O Luiz Gonzaga, o Pernambucano do Século , nascido na cidade do Exu que dista 50 km do Crato e o Patativa do Assaré, o outro cearense do século, nascido na cidade do Assaré que dista também 50 km do Crato, os dois   o adotaram como sua, tanto que ambos a homenageiam por diversas vezes, o Luiz Gonzaga cantou , CRATINHO DE AÇÚCAR e o Patativa do Assaré fez diversas poesias com o nome da cidade e vivia praticamente no município.
     Foi no Crato que peregrinou o Padre Ibiapina, o precursor do Padre Cícero, do Frei Damião e do Antônio Conselheiro.
    Foi também  o Crato o município que socorria os Brasileiros  nos grandes movimentos políticos a defender a honra e a economia do Brasil contra os seus exploradores , cito a INCONFIDENCIA MINEIRA E O MOVIMENTO DO FAMIGERADO "O QUINTO".
    Viva o Crato.
    Eu sou prova viva destes episódios. Quem não saboreou os programas do Eloi Teles de Moraes, quem não vibrava com o Colégio  Diocesano, quem não se deliciava com a Radio Araripe do Crato, quem ainda não sente o cheiro e o sabor do PEQUI, o Lameiro, a Batateira  e ás Aguas Minerais do Pé da Serra, o Crato é de todos nós, o Crato é Cultura, é da safona do Luiz aos irmãos Anicetos, a mais importante banda de Pífano do País, é o Índio reverberando para o mundo.
    EU SOU CRATO E NÃO ABRO.

    Iderval Reginaldo Tenório


    O Crato é um município brasileiro do interior do estado do Ceará. Localiza-se no sopé da Chapada do Araripe no extremo-sul do estado e na Microrregião do Cariri, integrante da Região Metropolitana do Cariri e, em 2013, tinha cerca de 126.591 Habitantes(IBGE 2013).

    Divisa com o estado de Pernambuco, constituindo também um entroncamento rodoviário que a interliga ao Piauí, Paraíba e Pernambuco, além da capital do Ceará, Fortaleza. A cidade situa-se no Cariri cearense, conhecido por muitos como o "Oásis do Sertão" pelas características climáticas mais úmidas e favoráveis à agropecuária. É uma das cidades mais importantes e antigas do Ceará, situando-se atualmente como a sexta cidade mais populosa[4] , a 3ª mais desenvolvida[5] e o 9ª maior PIB do Estado.[7]

    Etimologia

    O topônimo Crato vem do latim curatus, que significa padre ou designação de lugares com condições de tornar-se paróquia, podendo ser uma alusão a:


    Já o topônimo Miarada é uma alusão ao um dos chefes da tribo do Kariri, batizado com esse nome.

    Sua denominação original era Missão do Miranda, depois Missão dos Cariris Novos, Aldeia do Brejo Grande e Vila Real do Crato e, desde 1842, Crato.[8]

    História

    As terras as margens do rio Jaguaribe-Mirim (e seus afluentes) e da Chapada do Araripe eram habitadas por diversas etnias indígenas, dentre elas os Kariri, Aquijiró, Guariú, Xocó, Quipapaú e tantas outras,[9] [10] antes da chegada das entradas e/ou missões religiosas dos portugueses, italianos, baianos, paraibanos e sergipanos.

    Entradas dos Sertões de Dentro e a Missão Capuchinha

    Com a expulsão dos neerlandeses do nordeste brasileiro, os portugueses e outros brasileiros puderam adentrar e explorar melhor a terra do Siará Grande.

    Acredita-se que primeira penetração no território do Cariri aconteceu durante século XVII, com a bandeira dos irmãos Lobato Lira. Desta bandeira, participaram dois religiosos: um padre secular e um frade capuchinho, que ganharam a confiança dos índios cariris e conseguiram aldeá-los. Estes exploradores subiram o leito do Jaguaribe-Mirim e instalaram nos arredores da cachoeira dos Cariris (cachoeira de Missão Velha).[8]

    Tempos depois, o frade capuchinho Carlos Maria de Ferrara organizou, às margens do rio Itaitera (água que corre entre pedras), o maior e mais importante aldeamento de silvícolas na região. Este recebeu o nome de "Missão do Miranda", em homenagem a um dos chefes da tribo batizado com esse nome. Mais tarde, também aparecem as denominações "Miranda" e "Cariris Novos". A Missão do Miranda, sob a administração dos capuchinhos, prosperou, devido à fertilidade do solo e abundância de água, que possibilitaram o cultivo da cana-de-açúcar, mandioca e cereais. Manuel Carneiro da Cunha e Manuel Rodrigues Ariosto requereram, através da lei de sesmaria, a posse das terras adjacentes ao Rio Salgado, fato que culminou na elevação da missão a povoação.



    A Praça da Sé, no centro comercial da cidade, com a catedral ao fundo.

    A primeira manifestação de apoio eclesiástico aconteceu em terras doadas pelo capitão-mor Domingos Álvares de Matos e sua mulher, Maria Ferreira da Silva. Essa doação localizava-se, inicialmente, em terras encravadas a dois quilômetros a sudeste da povoação, transferindo-se, em data posterior, para a margem direita do rio Granjeiro. Os trabalhos da primitiva Igreja, dedicada a Nossa Senhora da Penha de França, tiveram início em 1745, tendo como responsável, o frei Carlos Maria de Ferrara e seu companheiro frei Fidélis de Sigmaringa. Em 1762, foi criada a Paróquia, na aldeia do Miranda, sob a invocação de Nossa Senhora da Penha.

    A edificação desse primitivo templo revela o atraso de sua época, considerando sua estrutura como as paredes de taipa, piso de barro batido e coberta de palhas, tendo ainda os caibros e ripas trançados de cipós. A permanência desses religiosos, no que se chamou de Missão do Miranda, estendeu-se por espaço de dez anos.

    A freguesia criou-se por provisão de março do ano de 1762 e inaugurou-se a 4 de janeiro de 1768, tendo como seu primeiro vigário o padre Manuel Teixeira de Morais. Com o desgaste do tempo, a estrutura física entra em deterioração, situação que levou o padre Antônio Lopes de Macedo Júnior, pároco da Freguesia de Nossa Senhora da Penha, a endereçar requerimento à Junta do Real Erário, solicitando fundos necessários à construção da capela-mor ou igreja matriz. Atendido o seu pedido, iniciaram-se os trabalhos cuja conclusão data de 1817, constando os atos inaugurais de 3 de maio do mesmo ano.

    A povoação de Miranda elevou-se à categoria de vila em 16 de dezembro de 1762, tendo sido instalada em 21 de junho de 1764 como Vila Real do Crato, no século XVIII, constituindo um dos mais importantes núcleos de povoamento na época colonial no interior do Nordeste. Foi tornada cidade pela Lei Provincial nº 628, de 17 de outubro de 1853.

    Século XIX: influências de Pernambuco



    Seminário São José, no bairro Seminário.

    No século XIX, já habitavam na vila do Crato famílias que enviavam seus filhos para estudar em Recife, capital da província de Pernambuco. Foi por lá que muitos entraram em contato com os ideais de independência e adoção do regime republicano no país. Assim, José Martiniano de Alencar, subdiácono e estudante do Seminário de Olinda, deflagrou o movimento republicano no conservador Vale do Cariri, a ter o Crato como palco principal. Repercutindo os ideais da Revolução Pernambucana de 1817, Martiniano "proclama" a independência do Brasil no púlpito da matriz da cidade em 3 de maio de 1817. Com isso, a cidade do Crato foi considerada um país por um dia. O proprietário Leandro Bezerra Monteiro, o mais importante proprietário rural do Cariri, católico e monarquista, pôs fim ao intento republicano. Os revolucionários foram presos e enviados para as masmorras de Fortaleza e posteriormente para as de Salvador, na Bahia. Entre os prisioneiros estavam Tristão Gonçalves de Alencar Araripe e Dona Bárbara de Alencar, irmão e mãe de José Martiniano. Recebem a anistia pela autoridade real posteriormente.

    Em 1824 eclode em Pernambuco a Confederação do Equador. Tristão Gonçalves de Alencar Araripe mais uma vez adere ao movimento e é aclamado pelos rebeldes Presidente da Província do Ceará. Em 31 de outubro de 1825 morre em combate com forças contrárias ao movimento. Após tais acontecimentos, em Crato, assim como no Cariri, muitos se dividem entre monarquistas e republicanos. Entre os primeiros estava Joaquim Pinto Madeira, chefe político da Vila de Jardim e Capitão de Ordença que prendera os revolucionários, entre eles Tristão Gonçalves de Alencar Araripe . Com a renúncia de D. Pedro I, inimigos do monarquista aproveitam para se vingar e Pinto Madeira em sua defesa arma dois mil jagunços com a ajuda do vigário de Jardim, padre Antônio Manuel de Sousa. Invadem o Crato em 1832 para derrotar os inimigos políticos. Apesar de vitoriosos no começo, Pinto Madeira e Antônio Manuel sofrem reveses e, finalmente presos, são enviados ao Recife e Maranhão. Retorna ao Crato em 1834 e é condenado a forca, sentença posteriormente comutada para fuzilamento, em face do réu ter alegado sua patente militar de coronel. Tanto Tristão Gonçalves quanto Pinto Madeira dão nome a rua e bairro, respectivamente, na cidade nos dias de hoje.

    Segunda metade do século XIX: Criação da Diocese, Caldeirão e outras mudanças

    No início do século XX, a cidade dividiu com o recém criado município de Juazeiro do Norte a liderança política do vale do Cariri. Joaseiro, como era conhecido, era uma localidade pertencente à Crato e seu processo de autonomia política seria encabeçado por, entre outros, padre Cícero Romão Batista.

    Em 20 de outubro de 1914, é criada a Diocese do Crato pelo papa Bento XV através da Bula "Catholicae Ecclesiae". A Igreja Católica foi responsável pelo progresso material e social de Crato inicialmente, pois aí fundou o Seminário menor de São José (primeiro do Interior cearense), a pioneira cooperativa de crédito (Banco do Cariri), escolas, hospitais e a Faculdade de Filosofia de Crato, embrião da atual Universidade Regional do Cariri fundada no ano de 1986. Ainda em 1914, Crato foi palco de confrontos da Sedição de Juazeiro, levante que levaria à deposição do Governador Marcos Franco Rabelo.



    Estação da RFFSA, Desativada e hoje Centro Cultural em Crato.

    Em 1926, o Crato ligou-se a Fortaleza, através da inauguração da estação de trem do Crato, o ponto final da extensão da Estrada de Ferro de Baturité, que teve início a partir de 1910.[11]

    Durante a seca de 1932, o Crato é um dos locais onde é instalado pelo governo estadual um dos Campos de Concentração no Ceará ou mais conhecido como os Currais do Governo. Os flagelados da seca que procuravam a ajuda do padre Cícero foram então alojados no sítio da localidade de Buriti. O campo do concentração do Crato foi um episódio marcante na História do Ceará.

    Com o fim de canudos, o beato José Lourenço Gomes da Silva vem morar em Crato e, com o aval do Padre Cícero, funda a irmandade da Santa Cruz do Deserto. A primeira base desta comunidade localizava-se no Sítio Baixa Dantas. Em 1926 a irmandade sai deste sítio e vai para o Caldeirão dos Jesuítas. O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, um experimento sociorreligioso que incomodou as principais forças regionais da época, teve o seu fim em 1937 e entrou para a História do Ceará como um massacre no qual, pela primeira vez História do Brasil, aviões foram usados como objetos de arma.

    O município, atualmente, mantém um padrão de vida significativo se comparado com algumas cidades não muito distantes da região do Cariri. Seu último e atual bispo, o ítalo-brasileiro Dom Fernando Panico, deu início ao processo de reabilitação do Padre Cícero, abrindo, assim, uma possibilidade para que o sacerdote seja oficialmente beatificado e, futuramente, canonizado pela Igreja Católica.

    Clima

    A pluviosidade no município é de 1090,9 mm anuais com chuvas concentradas de janeiro a maio. As temperaturas médias ao longo do ano variam entre 24ºC e 26ºC[12] , com médias mínimas de 18º até médias máxima de 33ºC. Nas zonas altas da cidade, no topo da Chapada do Araripe, as temperaturas costumam ser mais frias devido à altitude. Na vizinha Barbalha, situada em altitude similar, a estação meteorológica local demonstra que, da região do Araripe, as mínimas absolutas (no período 1961-1990) variaram entre 10ºC e 18ºC, enquanto as máximas absolutas foram de 34ºC a 37ºC, conforme o mês do ano.[13]

    As principais fontes de água fazem parte da bacia do rio Salgado, sendo seus afluentes os rios: Carás e das Batateiras riachos: Correntinho, Carão, dos Carneiros, São José e outros tantos. Existem ainda diversos açudes, sendo os de maior porte o Açude dos Gonçalves e o Açude Tomaz Osterne,[16] [17]

    Relevo

    As terras do Crato fazem parte da Depressão Sertaneja, com um relevo que é constituído ao norte por formas suaves, pouco dissecadas, com maciços residuais, e a sul pela uniformidade da Chapada do Araripe. Por estar localizada no sopé de uma chapada de altitudes consideráveis (chegando a até 920m) em meio a uma área semiárida. Os solos da região são solos podzólicos, latossolos, litólicos e solos aluviais.

    Geologicamente, o substrato compõe-se de xistos, quartzitos, gnaisses e migmatitos do Pré-Cambriano indiviso, conglomerados, arenitos, grauvacas e argilitos do Eocambriano, arenitos e calcários do Paleozóico.[16]



    Vista parcial do Vale do Cariri a partir do Clube Serrano, na vertente da Chapada do Araripe.

    Vegetação

    O Crato possui uma grande variedade de paisagens naturais, incluindo áreas de mata seca floresta subcaducifólia tropical pluvial, cerrado, caatinga arbórea (floresta caducifólia espinhosa), mata úmida (floresta subperenifólia tropical plúvio-nebular) e carrasco (vegetação de transição presente em algumas regiões do Ceará). De acordo com dados oficiais do governo, reconhecem-se as seguintes vegetações no território do Crato: carrasco, floresta caducifólia espinhosa, floresta subcaducifólia tropical pluvial, floresta subperenifólia tropical pluvio-nebular e floresta subcaducifólia tropical xeromorfa.[18]

    Dada a variedade de paisagens, a cidade do Crato possui grande biodiversidade, que está relativamente bem preservada graças à Floresta Nacional do Araripe, que foi a primeira floresta nacional estabelecida no Brasil, em 1946, e abrange parte do território de Santana do Cariri, Crato, Barbalha e Jardim, totalizando 39.262,326 hectares. Por sua riqueza biológica, o Crato é um dos locais mais importantes para a preservação do degradado patrimônio ecológico no Ceará e para a preservação dos resquícios de mata atlântica, vegetação que quase desapareceu em todo o Nordeste.

    Subdivisão

    O município também é dividido em dez distritos: Crato (sede), Baixio das Palmeiras, Belmonte, Campo Alegre, Dom Quintino, Monte Alverne, Bela Vista, Ponta da Serra, Santa Fé e Santa Rosa.[19]

    Estrutura socioeconômica



    Uma das muitas praças da cidade. Praça Alexandre Arraes.

    A vasta maioria da população cratense, 83,11%, mora na zona urbana. A maior parte dos moradores urbanos dispõe de serviços de água encanada (90,03%), energia elétrica (99,70%) e coleta de lixo (92,23%), representando um significativo progresso em relação a 1991, quando esses serviços estavam disponíveis para 52,59%, 77,77% e 50,22% dos cratenses, respectivamente.[5] Outros serviços largamente disponíveis na cidade são transporte público, serviço telefônico, internet, correios e telégrafos, serviços bancários, hospitais e educação pública e privada do fundamental ao nível superior. Em relação ao resto do Ceará, o Crato se destaca como o 3º município com maior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), composto por índices de longevidade, educação e renda, quesitos nos quais o Crato está também em 3º lugar.

    A cidade apresenta altíssima desigualdade de renda, porém esta diminuiu razoavelmente ao longo da década de 2000, reduzindo o nível de concentração da riqueza de 0,64 em 2000 para 0,57 em 2010. Apesar disso, 8,61% dos cratenses ainda são extremamente pobres e outros 24,54% sofrem com a pobreza, o que, entretanto, demonstra grande avanço em relação à pobreza extrema de 38,42% e à pobreza de 65,85% em 1991.[5] O Crato enfrenta problemas de ordem ambiental, em decorrência da ocupação desordenada nos bairros mais altos da cidade, a exemplo no Parque Grangeiro, onde se verifica uma explosão imobiliária ao longo do leito do rio Grangeiro, que atravessa o centro da cidade, na área mais baixa. Tal ocupação ocasionou o assoreamento e a destruição da mata ciliar do rio, o que veio a causar, nos últimos anos, violentas inundações durante a quadra invernosa (muito intensa em Crato nos meses de janeiro a abril).

    Saúde

    O Crato possui expectativa de vida de 74,3 anos e mortalidade infantil (até 1 ano de idade) de 16,5 por mil nascidos vivos, ambos ligeiramente melhores que a média nacional. Houve significativa melhoria nos índices básicos de saúde do cratense desde 1991: a longevidade subiu de 61,8 para 74,3 anos (+20,2%), enquanto a mortalidade infantil caiu de 61,4 para 16,5 por mil (-73,1%). Paralelamente, houve significativa queda na taxa de fecundidade da mulher cratense, passando de 3,7 em 1991 para apenas 2,2 em 2010.[5]

    A rede hospitalar do município possui cinco hospitais (Hospital e Maternidade São Francisco de Assis, Hospital São Miguel, Casa de Saúde Joaquim Bezerra de Farias, Hospital Manuel de Abreu e Casa de Saúde Santa Teresa, sendo este último hospital psiquiátrico) além de diversas clínicas especializadas e postos de saúde dispersados em vários pontos do município, atraindo uma grande demanda de cidades vizinhas bem como de outros estados limítrofes.

    Educação



    Centro de ciências agrárias e da biodiversidade UFCA

    A cidade conta com extensa rede educacional, tanto pública como privada, nos três níveis de ensino. Sua rede de ensino superior é formada pelas seguintes instituições: Universidade Regional do Cariri (URCA), Universidade Vale do Acaraú - Unidade Crato, Universidade Federal do Cariri com o Centro de ciências agrárias e da biodiversidade UFCA , Faculdade Católica do Cariri e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Campus Crato. Frequentam-se também as faculdades e universidades localizadas nas cidades vizinhas de Juazeiro do Norte e Barbalha, conurbadas ao Crato.

    O Crato experimentou largo avanço educacional entre 1991 e 2010, subindo do IDHM-Educação de 0,267 para 0,673. Contribuíram para isso os fortes aumentos na escolarização média da população: hoje 56,82% dos cratenses de 18 anos ou mais têm o ensino fundamental completo (eram 29,27% em 1991), enquanto 48,25% dos jovens de 18 a 20 anos têm ensino médio completo (face a 11,40% em 1991). Dentre os adultos de 25 ou mais anos, 10,8% completaram o ensino superior, porém 19,3% ainda são analfabetos. Como um todo, os habitantes do Crato têm 10,47 anos esperados de estudo, acima da média cearense de 9,82 e uma marcante melhoria em relação aos 6,96 anos de estudo em 1991.[5]

    Transporte público e intermunicipal[

    Inaugurado em 1 de dezembro de 2009[20] , o Metrô do Cariri é um veículo leve sobre trilhos que liga Crato ao município vizinho Juazeiro do Norte. Iniciativa do Governo do estado em parceria com as prefeituras dos municípios envolvidos, o VLT foi construído pela empresa Bom Sinal Indústria e Comércio Ltda.

    http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/82/Janela2Bdo2Bcrato2B2b.jpg/200px-Janela2Bdo2Bcrato2B2b.jpg

    Vista da rua Pres. Kennedy.

    O sistema público de transportes é deficitário, sendo feito por "lotações", usando-se "vans" e caminhonetes que fazem linhas para os diversos bairros e distritos do município. Existe uma pequena empresa de ônibus (Transfreire), que liga o Centro ao bairro do Granjeiro, e duas linhas intermunicipais (Crato-Juazeiro), operadas pela empresa Via Metro. Porém a cidade carece de um transporte público que interligue os outros bairros mais distantes ao centro. O terminal intermunicipal de passageiros é considerado pequeno para o movimento da cidade, de onde saem várias linhas de ônibus que ligam o Crato a quase todas as Regiões brasileiras.

    A partir de Fortaleza o acesso ao município pode ser feito por via terrestre através da rodovia Fortaleza/Crato (BR-122). As demais vilas, lugarejos, sítios e fazendas são acessíveis (com franco acesso durante todo o ano) através de estradas estaduais, algumas asfaltadas.[21]

    Economia


    Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcanti.

    A economia local é baseada na agricultura de feijão, milho, mandioca, arroz, monocultura de algodão, cana-de-açúcar, castanha de caju, hortaliças, banana, abacate e diversas frutas. Na pecuária extensiva destaca-se criação de bovinos, ovinos, caprinos, suínos e de aves. O extrativismo vegetal também estimula a economia local com a extração de madeiras diversas para lenha e construção de cercas, uso em padarias e fabricação de carvão vegetal; atividades com babaçu, oiticica e carnaúba. O artesanato, também é uma outra fonte de renda, de redes e bordados é bastante difundido no município. Já a piscicultura desenvolve-se nos córregos e açudes.[18]

    A mineração gera fonte de renda através da extração de rochas ornamentais, rochas para cantaria, brita, fachadas e usos diversos na construção civil. Bem com a extração da areia, argila (utilizada no fábrico de telhas e tijolos) e de rocha calcária (calcinada para obtenção de cal e gipsita). Registram-se ainda nas terras do Crato a ocorrência de gipsita, utilizado na fabricação de cimento Portland, gesso e na correção de solos salinos, e chumbo.

    No parque industrial do Crato localizam-se 95 indústrias.[22]



    Centro comercial de Crato.

    A cidade do Crato tem expressiva importância econômica regional. Destaca-se na tradicional função de comercialização de produtos rurais, provenientes do desenvolvimento da agricultura no sopé dos vales irrigados da região do Cariri. Nessa área, destaca-se a famosa Expocrato, feira agropecuária que inclui também shows com bandas e cantores famosos e da qual participam cerca de 500 mil pessoas todos os anos incluindo milhares de visitantes de fora da cidade, em todo mês de julho.[23] A cidade também comercializa produtos industriais, tais como (alumínio, calçados, cerâmica e aguardente, para os demais centros urbanos do Ceará.

    A cidade conta com várias agências bancárias e, conforme o IBGE, o PIB da cidade era de 846,429 milhões de reais em 2010, o que lhe valia um PIB per capita relativamente baixo de R$ 6.968,67. A principal atividade econômica da cidade é o setor de comércio, cerâmica vermelha e serviços, que, segundo dados de 2002, é responsável por 68,8% do PIB municipal. Ainda pelos mesmos dados, a indústria responde por 27,6% do PIB e o setor agropecuário, embora bastante destacado na cidade graças à famosa feira agropecuária da Expocrato, é responsável por apenas 3,6%. Em 2005 o PIB de Crato foi R$ 116.122.000 maior que no ano anterior, totalizando o valor de R$ 459 764 000. O setor de comércio e serviços continua a ser o maior empregador da cidade, a verificar-se a presença de lojas de rede regional e nacional.

    Uma parcela significativa da população dedica-se à prestação de serviços.

    Turismo

    O turismo também é uma importante fonte de renda para o município: a Chapada do Araripe e as suas belezas naturais e a arquitetura do Centro Histórico do Crato, que é datada do século XVIII.
     

    Luiz Gonzaga - Eu vou pro Crato - YouTube


    www.youtube.com/watch?v=Xleqgl0-yZQ
    21/06/2011 - Vídeo enviado por vitrolanoberro
    Cratinho de açucar. Bom d+. E a cervejinha gelada, na Siqueira Campos? E as gatas malhando na ...