sábado, 4 de setembro de 2010

NÃO PRECISA DE MUITO,JÁ É DEMAIS.



Um velho amigo num belo e frio dia de chuva me fez um relato que muito me tocou e que trouxe à tona o conceito de felicidade e de bom viver.

Cotou-me o velho amigo que muitas vezes se depara com tantas alegrias,com tantas surpresas que, pára,matuta e procura entender o motivo de tantos momentos de tranqüilidade e de realização.Acordou numa noite, numa noite onde o sono lhe pregou uma pausa , lhe jogou fora da cama, foi até a sua varanda,varanda esta iluminada pelos raios solares que batia na lua e de ricochete pegavam em cheio a fachada de sua casa.Diante de tanta beleza não se conteve e viajou no tempo, fez uma viagem e regressou às suas raízes na tentativa de buscar a fundamentação de tantos momentos felizes,de tantos momentos de descontração e de tanta alegria. Olhou para a prateada lua,contou diversas nuvens que de quando em vez a camuflava, mirou os dois olhos no infinito e numa penetração imaginária mergulhou no tempo e conseguiu enxergar um grande motivo que poderia fundamentar a razão de viver tão bem com todos e com o mundo.Na sua mente veio o seguinte pensamento:

Como não pode ser feliz e viver num processo de realização um homem que nasceu nas brenhas de um penhasco nordestino divisa do Ceará com Pernambuco hoje considerado o maior celeiro fóssil do país ou das Américas, A CHAPADA DO ARARIPE. Um homem que veio dos bagos de um alagoano ainda vivo com 95 anos e que germinou na matriz uterina de uma guerreira também alagoana de 95 anos ainda cheia de vida.!que juntos somam quase dois séculos e 75 anos de convivência matrimonial,fora os 5 de namoro e 15 de primos do primeiro grau. Um homem que se criou numa terra santa -JUAZEIRO DO NORTE-CEARÁ-fundada pelo Cearense do Século o Padre Cícero Romão Batista vendo e convivendo com a sua vida e com a sua história , dela fazendo parte de quando em vez e de formação educacional Salesiana. Um homem que muitas vezes teve o prazer de abraçar e tirar algumas prosas com o imortal poeta e também cearense Antonio Gonçalves,conhecido como Patativa do Assaré eleito como um dos mais importantes homens deste país , considerado por muitos como: O CEARENSE DO SÉCULO por desbravar com pouca leitura e infinita cultura, o perfil do passado ,do presente e do futuro de um povo bravo e resistente.Como não pode ser aspirante a ser feliz um homem que teve o prestígio de conviver com o grande Frei Damião de Bozano, frade Franciscano oriundo da Itália que peregrinou por este árido e sofrido Nordeste pregando a verdade,pregando a simplicidade ,mostrando a grandiosidade da vida,hoje em fase de beatificação, exemplo maior de humildade e compaixão.Como não pode ser feliz um homem que foi do ciclo de amizade e da convivência do rei do baião considerado o Pernambucano do Século ,o mestre da Asa Branca e imortal Luiz Lua Gonzaga, filho do velho Januário,Lua esse que muitas felicidades trouxe ao povo do Exu resgatando a saga de uma nação.Como complemento, este mesmo homem buscou guarida e achou nas terras de irmã Dulce,do grande Ruy Barbosa,do incomparável Dorival Cayme,do condoreiro Castro Alves, dos imortais Jorge Amado e Adonias Filho, dos não menos importantes ,contemporâneos e gênios Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Complementando, este Homem ingressou e concluiu o curso Medico na Escola de Medicina da Universidade Federal da Bahia,a mais antiga Escola de Medicina do Brasil, oficializada no dia 18 de Fevereiro de 1808. Homem que devido os grandes mestres e seus pais conseguiu entender o quanto é importante a ética,a cultura,o respeito e o exercício da cidadania. Homem este que ingressou nas entidades de classe e com muita humildade conseguiu que mestres como os Professores Antonio Jesuíno dos Santos Netto,Prof.Augusto Marcio Coimbra Teixeira,Prof Jose dos Santos Pereira,Prof.Maria Tereza de Medeiros Pacheco,Prof.Aníbal Silvany.Prof.Zilton Andrade,Prof.Bernardo Viana, ,Prof.RodolfoTeixeira,Prof.Sumaia Boaventura André o chamem de colega . Homem este que com muita dificuldade consegue manter diversos amigos que o procuram para serem os seus pacientes.Homem este que matem vivo a chama familiar,com bons amigos e importantes contemporâneos que não citarei para não olvidar algumas centenas deles e que Deus os mantenham vivos e amigos. Homem este que por adoção é considerado filho por diversos dos seus bondosos pacientes,principalmente os mais velhos, aqueles que conhecem de perto e acreditam no amor e no calor humano.Como não enxergar neste homem motivo mais do que suficiente para não pleitear o diploma da felicidade, faculdade essa almejada por todos os seres racionais ou irracionais.Diploma este que sem dúvida coroará o grande final de uma longa vida.Terminou o seu relato e ficou à espera dos comentários.



De imediato , estático pelo belo e contagiante relato fiz uma ressalva.

Falei_ Amigo,velho amigo, o Amigo é abençoado, o amigo é um homem que caminha para a felicidade.O amigo é um Homem do Bem.Acho que poucos neste universo tiveram e terão a felicidade de tão rica convivência, de tão cristalina vida e de tão belos ensinamentos.O tempo foi passando, a lua aos poucos mergulhava na linha do horizonte e do outro lado a barra surgia amarelada com o clarão do sol. O amigo foi sumindo ,foi abrindo a boca e voltou para os braços de Morfeu Fiquei só,também pensativo,esperei a lua sumir por debaixo de umas nuvens que pareciam algodão doce ,lá no encontro do céu com a terra, onde mora Deus e também fui dormir. Pela manhã fui despertado pelos raios solares que adentravam no meu aposento pela greta de uma grossa porta de madeira que me serve de relógio como a dizer:.Bom dia. E voltei à vida em busca de concretizar a tão almejada felicidade,pensando na noite por intermédio da lua e no dia tendo como representante o astro sol.

Já na realidade da vida procuro saber se este homem existe, se é verdade esta dádiva e se caso verdadeiro ,é muita belezura para um homem só,é demais,fico imaginando :três homens do século,dou uma pausa e penso novamente sempre dando uma pequena pausa,três em fase de beatificação,meia dúzia de imortais,filho de Zé Migué e dona Tonha,95anos,serra do Araripe,Faculdade de Medicina,Frei Damião de Bozano,Prof.Silvany e Prof.Jesuíno,Bahia de Dorival,de Gil e de Caetano,Bahia de Ruy Barbosa e Jorge Amado,de Castro Alves,exercício da cidadania,ética,respeito.Olha ! é demais!este homem caminha a passos largos para a paz, este homem indubitavelmente é um ser abençoado.

Me belisque! Me belisque para vê se é verdade, vá,me belisque!!!

Salvador, 03 de Fevereiro de 2007

Iderval Reginaldo Tenório

O FILHO QUE DESANDOU


HISTÓRIA QUE MINHA MÃE CONTA

Conta a minha mãe, que numa delegacia encontrava-se preso um jovem de 18anos de idade e que este levava surras diariamente, diziam os seus algozes que eram surras corretivas, surras necessárias para aqueles que se apoderam do que é dos outros.
 
Certa manhã após a mais nova leva de surras, chamou o delegado e pediu encarecidamente , suplicante , a presença de seus pais, principalmente da sua mãe. O delegado após relutância resolveu atender o seu pedido, providenciou e fez chegar até o presidiário os seus genitores.
 
Chegaram, foram até à sala do delegado, houve a identificação e por último adentraram à cela do infeliz adolescente.
 
A mãe na cabeça  um lenço florido, um pacote de frutas, um de biscoitos e uma garrafa de mel, o pai de mãos vazias.
 
 Em respeito aos pais , o delegado informou que se retiraria para um melhor diálogo familiar, quando de repente, num rompante incompreensível disse o jovem ao delegado que aquela atitude não era a desejada, inclusive queria que o delegado convocasse todos os seus algozes para ouvir e presenciar aquela visita,  assim foi procedido.
 
Quando todos se encontravam na sala, o presidiário começou o seu relato
 
Sentado , voz trêmula e baixa, os olhos em lágrimas, moralmente abatido, lamentou a sua atual situação, o seu estado educacional, a sua personalidade , os conceitos sedimentados em sua mente aprendidos e praticados durante toda a sua existência.
 
Quando de repente, mais do que de repente, se levantou , arregalou os grandes olhos, trancou a cara e com o dedo em riste apontado para os pais, vociferou:
__ Velhos moleques, velhos safados, descarados, desonestos, irresponsáveis, vejam como me encontro hoje.
O delegado fez menção de intervir, o jovem retrucou.
 
__Não seu delegado, não senhores soldados, eu preciso falar, eu preciso dizer alguma coisa. Vejam o filho que os senhores botaram no mundo e como criaram, vejam como hoje me encontro, preso como se fosse um bicho selvagem e alheio à socialização.
__Velhos levianos , o que os senhores faziam quando eu chegava em casa com carrinhos e brinquedos não comprados pelos senhores? com bolas que o senhores nem sabiam de onde vinham?
 
__ O que faziam quando eu saía e dizia que ia estudar e os senhores nunca, nunca foram até a minha escola, não queriam saber como estavam as minhas notas, nunca foram conversar com os professores, nem sabiam onde eu estudava, aliás nunca se sentaram para me orientar.
 
__Depois  com 14 anos, quando não dormia em casa , dizia que dormia nas casas dos amigos e os senhores nunca questionaram quem eram, onde moravam, o que faziam, quem eram os seus pais. Comecei a trazer para casa bicicletas, relógios , roupas bonitas e produtos alimentícios que os senhores comiam satisfeitos, enchiam as panças e não perguntavam de onde vinham, como eram adquiridos.
 
__Assistiam tudo quanto era porcarias na televisão e achavam que eram corretos, filmes de assaltos, roubos, sexos e falcatruas , votavam em homens conhecidamente desonestos , muitas vezes desmascarados pela mídia e também achavam que este comportamento era normal.
 
__Quantas e quantas vezes chegavam os cobradores e os senhores diziam:
 
__ diga que não estamos, que estamos trabalhando, que não sabe a hora que chegaremos.

___Seu delegado eu nunca esqueço de um fato muito vergonhoso: um dia cheguei em casa já com os meus 14 anos, quando minha mãe me disse.

___Filho, pule o muro de seu Idelfonso, o vizinho e pegue aquela galinha.

___O Velho logo retrucou: cuidado, bote uma mão no bico e a outra nas asas para não fazer zoada

___E eu seu delegado, tirei a minha sandália , pulei aquele muro como se fosse um gato, peguei a galinha silenciosamente para não perturbar as outras, voltei para casa, mãe e pai já estavam com a água no fogo para pelarem a galinha,  pelaram , botaram as penas num saco e mandaram jogar lá do outro lado da rua, lá embaixo, bem longe, para que não houvesse nenhuma desconfiança por parte do vizinho, comemos a galinha e no outro dia, seu Idelfono foi até a minha casa, estava eu, meu pai e minha mãe, indagou se haviam visto uma galinha e eles de imediato, na bucha foram logo dizendo.
 
___Nem de galinha nós gostamos, aqui há muito não se come galinha,  eu fiquei impressionado com tamanha mentira, fiquei de boca aberta e achava que era certo.
 
___Seu delegado, eu mereço apanhar, eu mereço surras e mais surras, pois naquela época se os meus pais tivessem boas atitudes, me corrigido,  puxado as minhas orelhas, me dado umas boas correções, corretivas surras, se falassem a verdade tenho certeza que não seria o indivíduo que sou hoje. 
 
__Hoje eu sou um moleque, um safado, ninguém me respeita, hoje não compreendo o que é ética, vivo à margem. Seu delegado pode bater, eu mereço e  aos senhores velhos desequilibrados, vou perdoar , porém sumam de minhas vistas, desapareçam, puxem de minha vida velhos irresponsáveis.

O delgado e os soldados após este relato, foram abaixando as cabeças, foram diminuindo de tamanho, atônitos e pálidos levaram os lenços até os olhos, enxugaram os prantos, alguns foram saindo e o delegado em voz trêmula disse:

___Soldados, o homem tem cura, o homem não é tão ruim como se pensava, o garoto tem jeito, não foi bem orientado, o problema foi no seio familiar e no seio governamental, foi criado sem pais e sem uma boa escola.
 
__Menino a partir de hoje tu terás um pai, uma mãe, irmãos e uma família, terás um lar.

Esta história foi minha mãe que me contou para justificar muitas vezes os tratamentos duros que muitos pais dão aos seus filhos na formação de um  homem, principalmente no seio familiar e para que os pais não fiquem traumatizados diante dos modernos conceitos psicológicos impostos aos pais e que muitas vezes são insuficientes , proporcionando o desvio de comportamentos, condutas e éticas do jovem de hoje.
 
Enfatiza minha mãe, que ´único caminho para o pobre é a escola, principalmente proporcionada pelos poderes públicos e para uma boa formação nos conflitos familiares primeiro o diálogo, depois o dialogo, por último o diálogo outra vez , na sua ausência , o amor dos genitores : corretivos mais duros.
 
Um dia os filhos agradecerão e como agradecerão.

Iderval Reginaldo Tenório

ESCUTEM O MEU AMIGO ISRAEL FILHO 
 cantando Sebastião  Dias 
grande compositor

CONSELHO AO FILHO ADULTO.flv - YouTube

www.youtube.com/watch?v=BsWt1nw3u98

23/07/2010 - Vídeo enviado por JEOVAJSANTOS
ISRAEL FILHO NO TEATRO DO PARQUE EM UMA INTERPRETAÇÃO QUE DISPENSA
HISTÓRIAS DE TIA ZIZINHA


Inicío contando uma das facetas de tia Zizinha. Apesar de franzina, baixinha e de semblante calmo, era uma setentona valente, uma setentona de voz firme, de olhar seguro que impunha respeito, por isso nem só os seus sobrinhos, mas todos da cidade a chamavam de tia Zizinha. Era tia Zizinha quem organizava as quermesses, era tia Zizinha quem planejava as partidas de futebol, as torcidas organizadas e as festas do milho, inclusive quando jovem ,ganhou muitos concursos de Rainha da Paróquia, tia Zizinha apesar de pequena e sequinha era um verdadeiro furacão,era um vulcão em atividade..



Era Dezembro de 1978, a cidade em chamas, a população duplicada devido os visitantes para a maior vaquejada da região.Cavalos por todos os recantos e baixios, bois espraiados pelos currais, caminhões e caminhonetes enchiam as ruas de chão batido, os carros de sons martelando os ouvidos , os sertanejos aproximando os apaixonados, rodas gigantes, canoas, tiro ao alvo e muita comida regional, tudo idealizado, organizado e executado por tia Zizinha.



O relógio marcava 12 hora, a conversa rodeava a mesa farta, o papo solto campeava na imensa sala da amada tia. Eu, sempre tirado a conversador iniciei uma discussão sobre a vida,sobre a grandeza do universo,sobre a importância do ser humano e o quanto de orgulho possui uma certa classe social apesar da insignificância, depois de uma longa prosa filosófica, em tom de deboche falei para tia ZIZINHA..

___Tia, a senhora não vê este mundão de meu Deus, estes indivíduos que se dizem importantes, bonitos, orgulhosos, cheios de soberbas e etc e etc? Eles e todos nós somos uns bostas tia Zizinha, somos uns merdas, aliás, tia Zizinha, nós e bosta somos a mesma coisa, basta um mosquito, uma bactéria, um vírus e lá estão todos e nós debaixo do chão, veja tia, nós não somos nada, basta um dia sem um banho e lá está a inhaca. Tia Zizinha parou, pensou e de imediato falou.

____Nós não meu filho, me tire dessa, vocês sim, vocês que estudaram, que se diplomaram, moraram na capital e são doutores podem se considerar bostas, podem se achar uns merdas, porque eu ainda sou um pum, um pum silencioso, um pum sem odor, isso é um pum fajuto, escondido e que não tem direito a voz, pra você vê nem zoada o coitado faz, eu sou um projeto de bosta, ainda falta muito e nem sei se um dia serei bosta, acho que sempre serei um prenúncio. Eram assim as tiradas de tia Zizinha. .

Após gostosas e efusivas gargalhadas retruquei: é tia, eu não sei porque tanto orgulho, tanto orgulho besta, pois todo mundo do mundo tem por trás uma bunda, umas batidas, outras avantajadas, mas todos têm, todos, todo mundo do mundo tia , tem uma bunda, a tia não contou conversas, com o dedo em riste,abriu a boca e em voz alta falou:

__E ainda por cima meu filho , ainda por cima furada.

Tia Zizinha era uma filósofa,tinha solução e resposta para tudo..

Outro dia foi ao médico com queixas de tosse ,e febre ,respirava com dificuldades, o médico colocou o estetoscópio e pediu para a mesma respirar fundo e ordenou:

____Respire fundo Tia Zizinha.Respire fundo.

Ela de imediato retrucou:

____Respirar por onde doutor? Por onde?.olhe minha idade,o senhor me respeite.



Voltando a vaquejada, era noite e tudo pronto para o início da grande festa, tia Zizinha no comando, vestido vermelho-rodado, flor amarela na cabeça, chicote de couro cru na mão direita, chapéu de massa na esquerda, de bota e tudo, era uma verdadeira Amazonas, pista iluminada, rapazolas pendurados nos mourões da cerca de madeira, moças de mini-saias saboreando maçã do amor ,velhos e crianças sentados nas arquibancadas de tábuas agrestes ,cancelas e portões fechados,tudo pronto para a abertura do evento .











Entra a anfitriã sob os aplausos da platéia, sozinha, descontraída e embasbacada com as salvas de palmas, naquele momento era a toda poderosa, era a rainha da noite, ali era a Tia Zizinha em carne, osso e outros predicados. A platéia começou a gritar tia Zizinha,tia Zizinha, em côro e sincronizado, TIA ZIZINHA,TIA ZIZINHA....,era um dia de glória,era a coroação de um ano de preparo,de labuta,de dedicação, quando de repente não se sabe de onde, surgiu um boi preto de mais de metro e meio de altura,um boi de ancas largas e pontudo,bem pontudo,com um aro de cobre nas narinas,uma cinta de couro apertada no seu vazio,olhos avermelhados ,bufando que só uma Maria fumaça, com os cascos dianteiros queriam furar o chão,as patadas sobre o solo e o poeirão que subia chamou a atenção do respeitável público, não contou conversas e nem gritaria,mirou e partiu pra cima de Tia Zizinha, ela procurou o portão, todos lacrados , não titubeou, com os seus finos gravetos quis fazer bonito,levantou os braços,mostrou o belo chapéu de massa e rodou o chicote de couro cru trezentos e sessenta graus,quis parecer que tudo fora programado, quis parecer que aquilo fazia parte do espetáculo,corria para um lado, pulava para o outro,gritava como um vaqueiro,vai boi mandingueiro,boi marruá,boi bufão, procurava enganar o valente bizão, conseguiu chegar até a cerca, chegou tarde, sentiu na sua traseira uma cravinetada dupla,um impulso veloz, compacto, agudo e muito forte nos atrofiados glúteos, os chifres lhes acertaram em cheio, decolou como um teco-teco, a manobra arrancou-lhe a saia , as anáguas e combinação, de quebra trouxe como troféu a sua vermelha calçola de brim , fundo duplo de forro grosso e acinturada com cordões de rêde.

Com a setentona jogada contra a cerca , as saias cobrindo-lhes as enfurecidas narinas , as vistas vedadas pela íntima e encharcada peça da Tia Zizinha e talvez pelo seu odor ,o boi se sentia acuado, perdeu o rumo, rodava como um peão à procura de sua presa,o povo gritava:__boi bufão,boi bufão,ficou desorientado. Apesar do ataque o boi perdeu a batalha,a tia não teve outra escolha, teve que desfilar só de califon e com as vestes de cima três dedos abaixo dos murchos maracujás. Com a traseira batida e dois vergalhões vermelhos indo até as costas tia Zizinha corria elegantemente para escapar do esbaforido boi, foi o espetáculo do ano, a platéia foi ao chão, os gritos ensurdecedores contagiavam os presentes, o povo foi ao delírio, a tia Zizinha chegou ao estrelato, foi um dia de glória e de inglória, os narradores com os microfones em punho. Muitos ficaram roucos de tanta emoção,. foi o maior espetáculo da terra

Nos jornais a manchete : A CALÇOLA VERMELHA DE TIA ZIZINHA E O BOI QUE PERDEU O RUMO.



Daquele dia em diante, nunca mais a tia organizou festas, passou a detestar vaquejadas e como vingança, comprou o boi bufão, realizou o maior churrasco aberto de minha terra, lá não compareceu. Como troféu,guarda na dita sala a cabeça do boi bobão.



Ainda hoje todo boi bravo que aparece nas vaquejadas o locutor brada em voz alta: ___E lá vai o boi que tirou as calçolas de tia Zizinha, o boi dos chifres certeiros, o boi que aposentou tia Zizinha. Complementa a narração com diversas trovas.



MENINA ME DA UM BEIJO , SÓ NÃO QUERO DO PESCOÇO, QUERO NO BICO DO PEITO ,NUM LUGAR QUE NÃO TEM OSSO, QUE É PRA QUANDO EU FICÁ VELHO, ME ALEMBRAR QUE JÁ FUI MOÇO.



Confesso que não gostei da inusitada cena e nem do inesperado espetáculo, porém vibro,vibro,pois não tenho culpa de ser parente de gente famosa e sobrinho da minha querida,amada e inesquecível tia Zizinha.

Não perco a oportunidade de anualmente participar da maior festa do interior do Ceará, realizado no Parque de Exposição e Vaquejada Tia Zizinha, cujo símbolo é uma cabeça de boi com uma calcinha vermelha nas pontas, cravada com o magestoso TZ maiúsculo. O TZ de TIA ZIZINHA. Salvador, 20 de Fevereiro de 2008. Iderval Reginaldo Tenório ACESSE O SITIO acesse o sitio. http://www.iderval.com.br

AS GARGALHADAS DE SEU MOCIM

As Gargalhadas de seu Mocim.


Ao adentrar não agüentou a decoração, os enfeites da estante , os diversos quadros mostrando a família, os painéis de informações e nem mesmo as estátuas do Padre Cícero e do Frei Damião escaparam , se desmanchou em risos, não conseguia olhar nos olhos do médico, era um olhar de realização, de superioridade, da desforra, do esvaziamento das mágoas, era o olhar da vitória. A cada detalhe, mais risos, ficou exausto de tanto riso.



__Doutor há muito tempo que não tenho dado um único riso, só sofrimentos, só mesmo o senhor para me fazer rir, obrigado doutor e mais uma vez se desmanchou em intermináveis gargalhadas.

Se refez, olhou para o médico, perguntou qual era seu interior e onde havia se formado. Começou a fazer comentários da inusitada sala. Falou que o ambiente estava mais para museu do que para consultório, mais para o passado do que para o presente ou futuro, perguntou se aquele rádio de 1930 funcionava, lembrou muito do seu avô , do seu pai e ficou assombrado quando no toque de um dos botões surgiu um som grave de uma viola pantaneira, depois um som aconchegante do velho Gonzagão, não se conteve, se levantou enconstou as orelhas na parte frontal do aparelho, abaixou e elevou o som, ficou impressionado,era igualzinho ao do seu avô .

__Doutor me lembro até da voz do meu avô:



Não conseguiu se calar, pegou um candieiro que estava sobre o rádio e pronunciou o nome de sua vó, riu ao avistar uma máquina de costura e veio na mente a sua tia Cotinha, tão boa, tão caridosa, tão atenciosa, era a mais velha , inclusive Deus já levou. Não conseguiu calar quando avistou um fruto nordestino, um jatobá; vieram as lágrimas, pois no seu sertão quando menino, era o único bocado a lhe matar a fome quando perambulava à caça de alguns nambus , preás e juritis. Caiu em prantos

__Ah! doutor como era bom , tudo era alegria.

Os risos foram desaparecendo e aos poucos a razão foi se aproximando e junto com a emoção o homem começou a falar de sua vida, a explicar à filha como foi a sua infância nos cafundós da Paraíba, a raridade da água, a seca de 32, os conselhos do Pe Cícero e o quanto importante foram os seus antepassados e que há muito não se lembrava das pessoas como também do seu velho torrão. Contemplando o ambiente, sentou na cadeira do paciente,pregou os olhos num quadro 100 X 150 mostrando uma velha estação, uma serra lá no fundo, os trilhos envelhecidos,  um trem cambaleante e uma criança esquálida no batente de uma choupana, olhou, balançou a cabeça, mirou a face do médico .

___Doutor: valeu, só esta visita valeu, mesmo que não fique bom de minha doença, valeu, mas valeu mesmo.Viajei no tempo e no espaço. Valeu.

Iniciei a consulta, perguntei por suas origens, do seu Estado natal, profissão, dos seus pais,avós, das brincadeiras na infância,  das namoradas,das festas juninas e de fim de ano, se havia tomado banho de rio, se morou em casa de sopapo, se falou e andou na época certa, se já teve sarampo ou catapora , falei dos seus filhos do seu trajeto como ser humano, e da dureza de hoje se encontrar com 85 anos , vivo,l utando, brigando , muitas vezes desvalorizado, incompreendido e injustiçado uma vez que na vida só fez mesmo foi trabalhar, trabalhar para educar os filhos.

Neste momento notei mudanças no seu semblante.

Após este preâmbulo indaguei por sua saúde detalhe por detalhe, ponto por ponto, sintomas por sintomas.Olhei todos os seus exames, trazia na lapela um diagnóstico sombrio de péssimo prognóstico, era uma doença maligna em avançado estado, inclusive com ascite e disseminação para outros órgãos, não agüentava mais procurar médicos e sem solução.De posse dos seus dados esbocei um rascunho do aparelho digestório, localizei a origem do seu problema, martelei didaticamente órgão por órgão,para que servem, o que fazem e como se encontravam,explanei a sua evolução. Expliquei que o homem no país vive em média até os 68anos e ele com 85 já havia ultrapassado 17 anos, mandei que o mesmo relembrasse os seus amigos de infância, coloque em uma única mão contando nos dedos quantos estavam vivos, quantos ainda saboreavam um feijão com toucinho e farinha. Ele não se conteve e disse:

___E bem vividos doutor, bem vividos, o senhor esqueceu da rapadura .

Completei:

___vividos no trabalho,no respeito,na honestidade e com seriedade, não como muitos que se dizem importantes e só servem para subtrair o pouco dinheirinho do povo.

__Pura verdade doutor, pura verdade ,eduquei todos os meus filhos com o salário da leste, com o suor do meu próprio rosto, eu só tenho o ABC, mas conseguir educar os meus filhos: hoje um é engenheiro da Petrobrás, outro é Professor e o outro é Medico, médico numa cidade do interior, muito procurado pelos seus pacientes, não é porque é meu filho não doutor, mas é um bom médico, todo mundo gosta dele, desde pequeno que é muito estudioso, toda semana me telefona e ainda manda uma coisinha todo mês. Sei que está difícil, mas não esquece de mim e nem da sua velha mãe.Esta que é a caçula, estudou para Assistente Social.

Complementei:

___ Seu Mocim é de pessoas como o senhor que o Brasil precisa, aliás foi o senhor quem construiu este país,naquela época sem estrada, sem luz, sem telefone. Nem geladeira existia e se existia só os ricos, só os mangangões, só aqueles que mandavam, só os coronéis possuiam, o resto era sofrimento, existindo a comida já estava bom demais.

__Êta que doutor danado, era isso mesmo doutor, era assim mesmo.

E mais uma vez os olhos marejaram.

Foi realizado um minucioso exame físico o que confirmou a gravidade do caso,explicado ao paciente que se tratava de uma doença que não necessitaria de cirurgia, que ele poderia comer o que quisesse desde quando não prejudicasse a sua saúde,que poderia passear, ir à praia ,visitar os seus parentes na Paraíba, trazer um bom queijo coalho para o seu médico e que não deixasse de comparecer à clínica nestes próximos 15 dias. Aos familiares informado que se tratava de um caso inoperável devido as metástases .

De pronto a filha disse:

___Doutor , nós queríamos ouvir mais uma opinião e pai disse que se fosse para operar ele não aceitaria.

A conversa continuou por mais alguns instantes, o abraço da despedida foi mais efusivo do que o da chegada,foi um abraço mais forte, do desprendimento,da conquista, o abraço de dois velhos amigos que há muitos anos não se viam, o abraço da compaixão e da liberdade.

Termino informando que o paciente passou a ser um grande amigo, o consultório começou a fazer parte de sua vida sempre que necessário, muitos foram os momentos de alegrias, de puro entretenimento e muitas histórias recuperadas, passei a freqüentar a sua casa e conhecer todos os familiares.

Usufruir de bons papos , enriquecedoras prosas e saborosas relíquias da culinária brasileira passaram a ser rotina, seus filhos me consideram irmão.

Como o tempo não perdoa e o criador sabe o que faz o amigo foi se familiarizando com seu quadro, tomou conhecimento da sua enfermidade, comentava que o homem é um ser mortal e que todos tem o seu dia para falar mais de perto com Deus e alegre como um menino foi plantando alegria , foi aproximando os familiares com as suas mensagens até o dia de sua audiência maior com o Criador. E exatamente 360 dias depois foi realizado a missa de 7º dia em homenagem ao o meu querido amigo que muito riu,dançou, cantou e me abraçou no humilde, simples e singelo consultório que muitas alegrias trouxe. Nos seus últimos dias, na cabeceira do leito, ou melhor, na cabeceira de sua cama, rodeado de familiares e amigos, olhava e dizia:

___Amigo, valeu, valeu e como valeu.



Convicto de que daqui há muitos e muitos anos, quando me encontrar quase que irreconhecível pelos janeiros acumulados e ao chegar onde muitos já estão não serei um estranho no ninho, contente e cônscio da missão cumprida , sinto que lá, LÁ, ONDE DEUS MORA e se for merecedor, serei muito bem recepcionado. Foi assim que ganhei mais um amigo e foi assim que aumentei a minha família.

Salvador, 30 de julho de 2006

Iderval Reginaldo Tenório

ACESSEM O SITE http://www.iderval.com.br SOBRAMES- Ba

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

HISTÓRIA DE UM VERDADEIRO PAI


No inicio de minha vida profissional fui plantonista de um sério pronto atendimento.

Nestes plantões eram lotados dois médicos , os atendimentos eram para pacientes emergenciais, os casos mais graves , eram transferidos e recebidos com todo prazer pelos plantonistas da unidade Hospitalar que davam suporte a este pronto atendimento.

Era discutido naquela época como nos dias atuais, o que é um atendimento de urgência,o que deve o médico atender, até que ponto é ético o médico dizer este caso não é emergência e não deve ser atendido nesta casa e sim por outra unidade, unidade esta que neste complexo existia e muitas vezes com especialistas.

Era domingo,03h30min da manhã,chovia e a cidade estava deserta, não me recordo o motivo, a pediatria se encontrava desativada , recomendado cautela.Os pacientes eram atendidos alternadamente .Até a meia noite era intenso o movimento,depois caia consideravelmente. Chegou um senhor de uns 40 anos de idade,trazia embalado nos braços envolto num grosso lençol uma crianças de 4 a 5 anos , foi até a recepção , disse que o filho estava com febre e dor na garganta .A recepcionista explicou que não se tratava de uma emergência e que deveria procurar o outro serviço logo que o dia clareasse .Humildemente o senhor sentou numa cadeira defronte a televisão que passava a noite ligada,pensou,refletiu ,voltou para a recepcionista,tentou explicar e sem sucesso. Solicitou que lhe mostrasse quem eram os médicos, queria falar e solicitar pelo o amor de Deus que atendessem o seu filho,o médico da vez respondeu que aquele caso não configurava uma emergência e poderia muito bem esperar até o amanhecer.Pensou: amigdalite às 3:30h da manhã, era brincadeira,porque não levou o garoto durante o dia no ambulatório apropriado, resmungou para si,amigdalite às 3 e 30,é demais .

Ao ver a cena e sentir naquele pai um semblante de diminuição,de inferioridade e de desvalorização como cidadão,chamei o colega,solicitei que atendesse , foi irredutível.Não pensei duas vezes,mandei fazer a ficha ,solicitei que colocasse o pai e o filho no consultório,chamei o colega e frente a frente,iniciei a consulta,não uma consulta médico-clínico,mas uma consulta médico-social. O pai revelou que morava na periferia,que saíra de casa às 06horas da manhã,trabalhava numa empresa encostada noutra,nem mais era terceirizada, o transporte era uma casinha adaptada sobre a carroceria de um caminhão,não tinha alimentação,nem garantia de emprego e era o último a chegar em casa no subúrbio ferroviário,depois de uma peregrinação por toda a cidade,devido o despejo dos seus pares que moravam em pontos diversos.

Naquele dia havia deixado a fábrica às 22 hora,rodara por mais de 150 quilômetros , ao chegar em casa,sem almoço e sem jantar,sem banho e possuído pelo cansaço,foi avisado pela esposa que o menino estava com febre e esperava o pai para levá-lo ao médico , matou a sede,encostou a mochila e a marmita,embalou a criança e debaixo de chuva,andou a pé três mil metros,pegou o trem suburbano que se conectava com o ultimo ônibus e depois de rodar 30 quilômetros atingiu o fim de linha,um turístico logradouro,desceu a pé um íngreme ,enladeirado ,longo e deserto percurso da grande praça ao longínquo serviço de urgência.Na solidão do caminho,na escuridão da noite,sob o frio da úmida e torrencial chuva,arriscando as suas vidas,mergulhou na realidade .Na cabeça um turbilhão de pensamentos,todos de baixa estima:pobre,não bonito,suburbano,pertencente a uma categoria sem valor,afro descente,cansado,naquele dia sem se alimentar,foi tomado pelo desânimo,porém,tinha um filho,possuía um rei,possuía uma das razões que justificava viver,que justificava todo e qualquer sacrifício,aliás,levar o seu filho a um médico,não era sacrifício,era um prazer e pensava no seu trabalho,na sua família, no seu pai,via e sentia naquela hora,naquele momento como era difícil a vida,como era dura,como era insignificante diante do mundo, ainda bem que existia o médico,este sim me compreendia,este sim era homem de coração bom,este sim atendia a toda hora,atendia em todos os momentos, nos momentos de necessidades e sempre alegre,sempre rindo,ainda bem que existia o médico, deste mundo só o médico,somente o médico era verdadeiramente humano,quem era ele para ser atendido,para receber a atenção daquela espécie de homem,homem estudado e importante,inclusive por ele ser um simples operário era condição suficiente para não ser atendido, ainda assim ,o médico atendia,.Atendia porque era humano, porque era bom,porque era gente ,apesar de médico era gente e foi assim que veio pensando em todo o seu longo e difícil trajeto,imaginava encontrar um amigo,um amigo que lhe escutasse,que lhe desse atenção,que lhe desse socorro,ainda bem que existe o médico.Disse também que saiu preocupado como voltaria,com que carro, com qual dinheiro e para ir ao trabalho no outro dia,sem dormir,sem comer ,sem condições de faltar e se fosse demitido?porém,nada disso era mais importante do que aquele filho,nada tinha mais importância do que a saúde do seu filho. O colega frente a frente ,escutava silenciosamente .Aquele depoimento era mais um desabafo, um desabafo social,um desabafo para com ele mesmo,um desabafo quem sabe,talvez para com DEUS, e o colega escutava calado, silencioso,olhar perdido,o colega estava noutro mundo bem distante,não sei aonde,num lugar longínquo;cabisbaixo. Repentinamente,com os olhos marejados , voz trêmula, rompeu o silencio ,abraçou o guerreiro pai e balbuciou:PAI,AH SE TODOS OS PAIS FOSSEM ASSIM! COMO SERIA DIFERENTE.

Pegou as rédeas do atendimento,arranjou energia não sei aonde,atendeu,conversou,riu,ofereceu o seu lanche noturno e o café da manhã para aquele pai exemplar ,alimentou a criança ,pediu-me que passasse o plantão pela manhã e com a criança medicada,a bolsa cheia de amostras e muita disposição foi conhecer na periferia onde morava um homem, onde morava um cidadão ,onde morava um verdadeiro pai e saíram os três na mesma condução .

Ainda hoje, nos encontros da vida escuto do nobre e gentil colega:__meu amigo, muito obrigado, a medicina não é só conhecimentos técnicos é muito mais. A medicina é o social,é o humanismo, é a ética,é o altruísmo,a medicina é a essência da cidadania ,a medicina é uma das representantes fiel de Deus.Ser médico enfim, é ser um misto de tudo quanto é de bom,ser médico é ser provedor,acolhedor e compreender os encontros e os desencontros do homem ,ser médico é apenas ser Médico.APENAS. Iderval Reginaldo Tenório
IDERVAL TENÓRIO MEDICO CIRURGIÃO



LOGO DA CLINICA DR IDERVAL ETC ETC.





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APELO DE UM BRASILEIRO

Iderval Reginaldo Tenório



Apelo de um brasileiro preocupado com o baixo índice de leitura da literatura brasileira ora substituída pelos dejetos literários de outras nações. As livrarias, as bancas e os mercados estão abarrotados de obras estrangeiras deseducadoras.

É verdade que a literatura estrangeira é muito rica, do teatro à poesia é inegável o seu valor, porém a fatia que chega aos tupiniquins, aos subservientes periféricos é uma vergonha. Se faz necessário uma sacudidela. O Brasil espera por todos. Não esqueçam que o futuro já chegou.

Não deixem a cultura Brasileira morrer. Reproduzam as histórias das vovós para os seus filhos e amigos, falem da bravura do homem brasileiro para que os jovens se orgulhem dos seus heróis, dos seus caipiras e de suas ocupações, para que esses mesmos jovens não se envergonhem do seu povo, principalmente dos antepassados. Enalteçam as batalhas, as lutas e esclareçam quem são os verdadeiros heróis da nação. Não deixem a televisão atropelar, matar e sepultar a cultura do seu povo e que não sejam massificados pela cultura contaminada do além mar que enchem os lares por intermédio da Internet, livros, cds, DVDs e a industria cinematográfica.

Tenho notado que os jovens vêem se inteirando de uma literatura vazia insípida e que mostra o que de pior existe do besteirol do mundo civilizado. Esta literatura invade os lares, as escolas, os cinemas, as livrarias e a mídia simplesmente pelo mercantilismo, publica, vende e espalha por todos os recantos.

O apelo que faço é que as escolas, os pais, e os homens de uma maneira em geral, passem aos brasileiros a necessidade de conhecer a sua literatura. Através dela o ser humano passa a conviver com cada região do seu país e entender a diferença brutal entre os seres que habitam a mesma nação. Existem autores que descrevem a nação do nascedouro aos dias atuais, uns os pampas do sul brasileiro, outros pormenorizam o centro oeste e um grande grupo o Norte e Nordeste. Falam das secas,das florestas,dos cerrados,da caatinga,dos animais ,do cangaço,do clima e dos costumes, fundamentando as diferenças, demonstrando a diversidade de cada comunidade.

Lendo os autores brasileiros se faz um passeio vivo irmanados com a história, será contaminado pelos costumes e passará a entender a formação deste povo batalhador, só com esta atitude os brasileiros poderão resgatar a auto-estima, só desta maneira tornar-se-ão verdadeiramente brasileiros, sem sentir vergonha ou menosprezo por qualquer que seja a nação que procura de uma maneira ou de outra substituir da mente a cultura raiz. Os brasileiros deveriam fazer uma campanha de valorização dos seus ícones, sua cultura, sua música, sua literatura, seu povo, seus artistas, seus poetas, seus escritores, seus caipiras e seus trabalhadores.

Leiam José de Alencar,Machado de Assis,José Lins do Rego,Graciliano Ramos,Euclides da Cunha,Guimarães Rosas,Patativa do Assaré,Zé da Luz, Drumond de Andrade,Josué Montello , Castro Alves,Augusto dos Anjos,Lima Barreto,Darcy Ribeiro,Fernando Henrique ,Walfrido Moraes,João Cabral de Mello,Gilberto Freie,João Ubaldo e outros de igual valor.Escutem Luiz Gonzaga,Gilberto Gil,Caetano Veloso,Chico Buarque,Dona Ivone Lara,Clementina de Jesus, Belchior,Luiz Vieira ,Vila-Lobos e outros ícones.

PROCUREM SABER SOBRE-TIRADENTES, FELIPE CAMARÃO, PADRE CÍCERO, FLORESTAN FERNANDES, ANTONIO CONSELHEIRO, FREI DAMIÃO, DOM HELDER CÂMARA. PROCUEREM LÊ SOBRE AS DIVERSAS GUERRAS SOCIAIS E ANTROPOLÓGICAS COMO-A GUERRA DO CONTESTADO, O CANGAÇO NO NORDESTE, GUERRA DOS FARRAPOS, REVOLTA DOS ALFAIATES, GUERRA DOS MASCATES E DEZENAS DELAS QUE ACONTECERAM NESTE PAÍS. PROCUREM SABER A VERDADE SOBRE A ESCRAVIDÃO DO INDIO, DO NEGRO E DO BRANCO NO BRASIL.

Após passarem por estas cabeças, acreditem, nada poderá desvirtuar o sentimento de brasilidade, pois, quando as raízes são fincadas e penetram no solo pátrio, todas as outras culturas independentes de suas origens virão para somar e jamais para substituir a cultura mãe, e mais, sempre com o crivo da consciência e da razão. Neste caso só ficará a de boa procedência e não os dejetos que contaminam as pueris e desprotegias mentes. .

Leiam as publicações diárias e semanais da imprensa brasileira, acessem os grandes debates, participem do cotidiano da nação, sejam fiscais dos dirigentes, procurem eleger homens comprometidos com ideais democráticos e comunitários, que pensem no coletivo, façam cobranças aos seus representantes, lutem por justiça nas aplicações das verbas públicas. Vejam que tem muito para se aprender e com certeza mudarão os seus pensamentos, o jeito passivo de aceitar as coisas que permeiam a entregação do país, eu disse entregação

Tenham orgulho do torrão brasileiro, gritem bem alto os nomes dos antepassados, neles se encontram as armas da sabedoria popular, as raízes para a soberania e o sonho de toda a nação, a independência de um povo. Viva a plural e rica cultura brasileira. Tenham orgulho dos seus pais.

Iderval Reginaldo Tenório autor. 1998 http://www.iderval.com.br driderval@bol.Com.br