sexta-feira, 22 de outubro de 2010

SISTEMA PENITENCIARIO

                                                             


                                       










 




                



                          
   NOVO SISTEMA PENITENCIÁRIO

              Há muito tempo que os contribuintes sustentam os que estão presos cumprindo pena por delitos cometidos contra estes mesmos contribuintes, isto quer dizer que o indivíduo comete um crime contra um determinado   cidadão  e é este mesmo cidadão quando não morre quem paga as suas despesas, a sua estada, a sua alimentação, os seus advogados e ainda indeniza a sua família com um salário superior ao mínimo para que não fique desamparada(Salário  Reclusão).

             Muitas pessoas e até mesmo autoridades baseados nos conhecimentos religiosos e nos direitos humanos enxergam  como solução o emprego dos detentos fora dos presídios ou a abertura de industrias nas penitenciárias com o intuito de ocupar a  ociosidade, com estas medidas os detentos teriam trabalhos e poderiam diminuir as suas penas além do salário que é de direito como trabalhador. De imediato qualquer cidadão que não concorde com estas medidas seria chamado de louco ou até mesmo de imbecil para não taxá-lo de desumano, pois o argumento é que estas medidas seriam uma das maneiras de recuperá-los.

            Fazendo uma reflexão minuciosa do quadro, estas medidas tidas como importante o que poderiam gerar?o que de bom trariam e o que de ruim poderia acontecer?

                                             Ao assunto:

           1-Ao priorizar os detentos nas vagas das indústrias,do comércio e dos serviços inclusive dando incentivos aos empregadores, onde iriam trabalhar os contribuintes ,os  desempregados e os cidadãos que não cometeram crime contra a sociedade?  Se os empregos seriam gerados dentro dos presídios e exclusivamente para os presos?

           2- Ao abrir indústrias dentro dos presídios para o emprego dos detentos não seria um prêmio a quem cometeu delitos em desfavor dos que não cometeram  e se encontram honestamente à procura de uma ocupação, estas vagas que deveriam surgir para os que precisam e estão fora do sistema presidiário não seriam um incentivo ao delito? uma vez que lá dentro seria mais fácil uma ocupação?

         3-Não seria uma afronta à sociedade a geração de múltiplos empregos dentro dos presídios quando fora existe um batalhão de desempregados precisando destes mesmos empregos?

           Farei alguns comentários, darei algumas sugestões e acredito que trariam bons resultados.

           Existem varias atividades que ocupariam os detentos sem prejudicar a sociedade, sem trazer prejuízo e gerando riqueza para a nação. Das principais atividades e de suma importância lembro duas de magnífica necessidade: a produção de energia elétrica e a captação da água. Estas atividades seriam desempenhadas pelos detentos utilizando a força dos seus músculos em diversos equipamentos manuais em vez de serem gastas em atividades supérfluas como práticas esportivas , nas academias ou acumuladas  na forma de gorduras.

            Os presídios seriam verdadeiras usinas para a produção de energia elétrica e grandes bombas para a retirada de água do subsolo. Caberia ao Governo tornar públicas estas medidas para o bem da nação, como também tornar público para a população e principalmente ao jovem como é a vida dentro de um presídio, mostrando que é mais vantajoso o estudo,  mais proveitoso ser honesto, como  mais valioso a conquista com o seu suor do que a vida fácil ,valorizando a cidadania e desmotivando a delinqüência ,  com esta atitude poderia se criar um sistema penitenciário mais humano e mais justo para todos.

                                   Veja o que proponho:

           1-Que todos os cidadãos tomem conhecimento através de cartilhas,jornais e mídia em geral como é valiosa a vida em liberdade e como é triste a vida dentro de um presídio,para quando se um dia forem presos não tomarem como novidades os tratamentos recebidos e as suas tarefas como detentos .
            Antes do indivíduo ser preso ,que seja lembrado ao mesmo  e à sua família como funciona uma penitenciária,quais serão os seus afazeres,  os seus direitos e as suas obrigações.

           2-Os aposentos serão os mais simples possíveis desde quando não provoquem rebeldias entre os detentos,iguais aos aposentos  da maioria esmagadora dos trabalhadores que vivem na honestidade.

           3-A alimentação apenas o básico, puramente para alimentar, sem variedades,sem mudanças de cardápios,não se oferecendo sobremesas ou quaisquer outros agrados

           4-Visitas íntimas anualmente, não privando de visitas familiares mensais.

           5-Assistência Médica e Odontológica o básico, a mesma  que a sociedade recebe, nada de tratamento médico-odontológico sofisticados ou privilégios, seria feito uma proporcionalidade nos mesmos padrões que recebem os cidadãos que trabalham honestamente. Atenção maior para as pragas do século: AIDS e as doenças infecto-contagiosas.

           6-As custas seriam pagas pelos familiares dos detentos de acordo com o padrão de cada um e complementado pelos serviços prestados dentro das penitenciárias.
          
          7-Terminantemente proibido qualquer meio de comunicação com o exterior da casa,seria criado um serviço de auto-falante interno que funcionaria durante 24 horas por dia com músicas,cultos religiosos de todas as correntes e ensinamentos de boas maneiras,tal qual as grande fábricas do mundo que não param.

          8-Proibida qualquer prática de esporte, pois seria um privilégio e um desperdício de energia muscular, uma vez que esta energia deveria puramente ser utilizada no trabalho braçal nas suas ocupações deliberada pela direção,que alem das oito horas normais seriam acrescentadas mais  quatro como medida para recuperação do indivíduo,não se configurando castigo,pois quase todos os profissionais livres trabalham mais do que isso.

         9-Não se faz necessárias surras e nem castigos desumanos como também não é cabível nenhuma mordomia, basta que sejam tratados como seres humanos,basta que o trabalho exaustivo,o custeio de suas despesas e a perda da liberdade sejam os principais castigos.

                                            Ocupação:

            A)Toda a energia elétrica utilizada no presídio seria produzida pelos detentos através de grandes geradores movido a  força humana, como era gerado tempos atrás, cada bloco ou grupo  cuidaria deste setor movimentando moinhos conectados a múltiplos geradores, o excedente seria jogado na rede, com esta medida seriam ocupados milhares de homens produzindo a tão sonhada e necessária energia para a nação.

           B)A água consumida seria produzida por diversas bombas manuais movidas pelos detentos tal qual era 30 anos atrás e ainda é em diversas localidades desta nação, o excedente que seria muito, seria jogado na rede para o consumo das cidades.

           C)Cada presidiário receberia um determinado valor ,que seria proporcional à sua carga de trabalho  depois de retirados os custos dos equipamentos, do imóvel e das suas despesas tal qual os contribuintes fora dos presídios.

            D)Dentre os presidiários existem aqueles que não são periculosos, estes trabalhariam no ensino, na catequese e nas diversas atividades que dominam. Seriam criadas escolas de todos os  tipos como também o incentivo às artes(poesia, música,teatro,leituras, treinamento na escrita e na produção literária ) todas as atividades encabeçadas por detentos de melhor padrão educacional.

           E) Os detentos de alta periculosidade seja intelectual ou por desumanidade seriam tratados com mais severidade e com rigoroso isolamento social, sendo as custas destes presidiários de sua total responsabilidade e dos seus familiares linearmente, um custodiaria o outro sem nenhum centavo do erário público.

          Ao ser transportado um presidiário de alta periculosidade de um presídio para outro seria comunicado ao departamento de direitos humanos que acompanharia este transporte, seria sem informação à mídia, não seria destacado diversos veículos fazendo alarde, seria uma transferência silenciosa e só algumas autoridades saberiam para onde o mesmo foi transferido.

          Todo o exposto neste artigo teria que ser amplamente debatido com a sociedade e divulgada nos veículos de comunicação da nação a preço de custo para que os jovens, os pais, os professores, as autoridades de uma maneira em geral ficassem cientes do que vai passar aquele que cometer um delito contra a sociedade.   O dinheiro empregado na construção de penitenciarias seria aplicado em escolas básicas, escolas técnicas e no preparo de professores para ocupar as milhares de vagas tão sonhadas pela sociedade, dando condições para que o cidadão que atinge a idade adulta encontre um mercado de trabalho que absorva a  mão de obra que domina, com estas medidas  seriam cortadas os bolsões que alimentam o caminho da marginalidade em todos os níveis da sociedade . Outro fato de relevante  importância seria a liberação de   todos os cidadãos que  ocupam parte do seu tempo  na luta incessante pelos direitos humanos para se ocuparem agora com os descamisados, com os desdentados, com os desapadrinhados que apesar da extrema honestidade vivem  pendurados nos morros, nos lixões , nas sarjetas e nos becos deste mundão afora . Que a Sociedade seja mais justa com os justos.

                               Salvador, 20 de Março de 2001
                            

                                Iderval Reginaldo Tenório

sábado, 16 de outubro de 2010

HISTORIA DE UMA GUERREIRA

                                                    

                                             
          

                               
                                                     

                                                 


                                    
                                           
                                            A INTERIONA.
                                   Adolfo Ricart(SOBRAMES)

Dormiu sob  as marquises por duas semanas, chegara do interior sem lenço e sem documentos, não possuía um naco de carne, faltavam-lhes músculos, faltava-lhes brilho na face. Cabelos castanhos enfubazados, quebrados de tantos pentes com azougue, pele porosa e gordurosa a mostrar finas cicatrizes provenientes da lida diária no campo. O sol causticante maltratara a sua juventude, duas semanas no relento, duas semanas comendo não se sabe o que.

No desespero bate pela vigésima vez noutra porta, batedor de metal , cabeça de leão amarela que produz um som estridente. A fechadura, da pesada porta verde de madeira lei,  tem o seu trinco atado a um longo cadarço que da sala é destravado. Dos fundos da casa aos gritos  surge uma voz:

___Pode entrar.


Sem ouvir uma única palavra, a senhora sentada numa cadeira de balanço logo, entendeu o motivo da visita. Não agiu com compaixão, estava precisando de mais um serviçal.

___ Não tenha medo, se não sabe lavar, passar ou cozinhar, será empregada só para serviços diversos. O dia começa às 6 da manhã e só termina quando o último hóspede deixar a sala da televisão.

Cabisbaixa, introspecta, olhar para o futuro, palavras atritadas e pensativa a garota responde:

___Aceito sim senhora, aceito sim, onde fica o meu quarto?


___Que quarto? Nos fundos onde se guarda as tralhas, arma-se uma rede, bate-se a porta e só se abre às 5 da manhã. Banho tomado, inhaca fora e logo-logo ajudando a Maria na lida do café, só se come após recolher a mesa depois do último hóspede.


___Aceito sim senhora, já posso começar?

A velha dona e futura patroa pede atenção, voz ríspida, fácie mumificada, dedo em riste e de olhos arregalados detalha vociferando:

___Outra coisa, roupas limpas e bem comportadas, também com este corpo pode até assombrar a hospedaria; toma este sabão, dá uma geral, desgrenha esta moita da cabeça e veste este conjunto, foi da última que despedi na semana passada, emprenhou e mandei de volta para os pais, por isso tome cuidado e nada de trela com os vadios da rua.

Passa para a desvalida dois conjuntos de roupas velhas, surradas, número maior  do que o seu manequim e exige pressa.  Neste dia após o banho a interiorana mata a fome e não deixa um único naco de pão para a farinha de rosca, da sopa rapou até o tacho e foi assim durante o primeiro mês quando começou a perder o medo da cidade grande. Acostumou com o rabugento jeito da patroa, tomou coragem e lhe dirigiu a palavra:


___Dona Gertrudes daria para a senhora me arrumar um sabonete? não precisa ser do bom, basta que seja cheiroso e eu queria também um pente com os dentes mais afastados para não danificar os meus já ressecados cabelos.

A velha retrucou na mesma hora com um olhar reprovador, com uma mão na cintura e a outra a gesticular. Foi dura com a neófita aprendiz, desdenhando do seu atrevimento a reeprendeu:

___Sabonete? pente grosso? Olha menina, vai trabalhar que é melhor, para onde tu vais com esta arrumação? Para onde tu vais? Tu não tens parentes aqui na cidade, namorado não arranjas, para que diabo esta invenção? Cuida do teu serviço e pronto, faz uma touca, cobre estes cabelos e sabão de côco não falta nesta casa, o que vou arrumar é um desodorante para acabar com esta inhaca dos sovacos.


A menina não insistiu, também não procurou se desviar do bom caminho, juntava as sobras  dos sabonetes usados pelos hóspedes, colava um no outro e tomava banho com diversas essências. Do seu pente arrancou-lhe os dentes pulando um, arrancado o outro, pulando e arrancando, com este engenho penteava  os encaracolados e finos fios. Com a farta alimentação, evidente sobras, a menina foi ganhando umas carnes, a ausência causticante do sol, banhos diários e a cicatrização definitiva dos finos arranhões mostrava uma delicada pele. De bom trouxe os belos dentes, enfileirados, que após trinta dias de escovação passaram a causar inveja.

A garota foi vista por dona Gertrudes, a menina tomava jeito de gente, mostrava-se  preocupada com o trabalho e não apresentava nenhuma amofinação, tinha jeito para as coisas, desenvolvia bem, tinha futuro..


___Menina, vou te vestir com roupas mais compostas, vi que já aprendestes a fazer o café e pôr a mesa pela manhã, o que também me impressiona é a tua rapidez nos serviços e sem reclamar, mas sempre reivindicando, me diga uma coisa, tu estudastes até que ano?

___Fiz o fundamental dona Gertrudes, o fundamental, não aprendi mais devido a distância da escola, na roça é comum deixar a escola na época das  plantações, nas limpas e nas colheitas, primeiro o enche buxo para matar a fome e nos sábados vende-se o restante para comprar o querosene e outras necessidades. Come-se de tudo, até xingó assado é banquete no meu interior, depois a educação, depois o conhecimento cultural. Como  na minha região só existia o primário tomei rumo à capital para completar os meus estudos, deixei a minha família chorosa. Pai morreu e mãe vive cuidando da roça, prometi a mãe que um dia ela vai se orgulhar de mim, um dia ela vai receber o meu retrato vestido de uma formatura.

A velha não botou fé, não levou a sério o diálogo com a nova empregada, mesmo assim a promoveu e pela honestidade demonstrada,  além do café e serviços grosseiros   entregou os quartos para arrumação.


A menina passou a acordar mais cedo, a cozinheira não morava na hospedaria, quando chegava tudo já estava pronto. Quintal lavado e varrido, feijão catado e de molho, carnes cortadas e temperadas, a mesa posta e algumas novas guloseimas a enriquecer a mesa da tradicional pensão. Os hóspedes cada dia mais satisfeitos, principalmente com a organização dos seus quartos, com a limpeza dos sanitários e com a impecável honestidade da funcionária. Vezes facilitavam, moedas sobre as mesas, cédulas dentro dos livros, com as pontas à mostra, mesmo assim nada a reclamar, a moça foi ganhando confiança e com ela pequenos agrados dos hóspedes: roupas, sapatos, produtos de  beleza,  aos poucos foi se revelando e mostrando a grande mulher que existia dentro daquela interiorana.

Passado seis meses já circulava na sala da televisão, com muito respeito a todos, vezes para servir um suco, uma água, para socorrer alguns com dor de cabeça, servindo um analgésico e até mesmo participando de conversas após os telejornais. A esta altura já procurara vaga numa escola pública para completar os seus estudos, não conseguiu devido a idade e entrou numa escola de aceleração, concluiu  em 18 meses de estudo os três anos do colegial.

Dona Gertrudes  já se orgulhava da sua  caipira, já acreditava nas suas palavras e podia deslumbrar um futuro melhor. Nenhuma desavença com os hóspedes, nenhuma notícia que arranhasse a sua reputação como mulher, não dava atenção às tentações dos moradores, exigia reciprocidade no respeito. Do trabalho para a escola, tudo nos conformes. A honestidade e o trabalho eram as suas marcas prediletas. A velha patroa vivia  e dormia em paz.


___Dona Gertrudes preciso falar com a senhora, fui convidada para cuidar de um ancião, mora num bairro nobre, mora com a filha mais velha e só trabalharei até às 17 horas, poderei estudar à noite e terei carteira  assinada, o que a senhora acha?

A velha não gostou, como perder uma funcionária de tão boa índole, uma funcionaria de tão bom perfil, tão cheia de força de  vontade? Como perder? Quis botar gosto ruim, mas o senso de responsabilidade falou mais alto, não só apoiou como também deu alguns conselhos e uma pequena ajuda financeira, passou a ser uma orientadora, a partir daquele dia saía mais um cidadão da informalidade.


A menina sinalizou e foi  ao encontro do novo emprego. Uma mansão abandonada  em um bairro nobre, nela morava um viúvo na sétima década da vida, sofrera injúrias na saúde e necessitava de ajuda para os afazeres primários. Casa fria e escura, o limo caia pelos muros e os móveis encruados mostravam sinais de saudosismo.


____Meu pai é um velho muito culto, é professor aposentado, tem muito ciúme dos seus livros, tenha muito cuidado, não esqueça dos seus remédios, de sua alimentação e de sua higiene, chegarei mais cedo.

Esta era a ladainha diária. O velho era um sujeito de posses materiais  e de pouca renda, vivia de alguns alugueis e de uma pequena aposentadoria, por isso morava com a filha solteira funcionária da prefeitura nesta casa mal cuidada  e sem manutenção, motivos deste casarão quase que abandonado. Apesar das posses não existia renda. A menina trabalhava até às 17 horas, conversava muito com o ancião, aprendia o que não existe nos livros, o trabalho era  um verdadeiro aprendizado, recolhia-se ao seu aposento  e à noite freqüentava novos cursos preparativos para o futuro.

O seu quarto ficava nos fundos, era um quarto pequeno, mas era só seu, tinha um pequeno banheiro, ficava colado à cozinha e a área de serviço, dava para os fundos da rua, avistava os carros enfileirados e outros lado a lado, não era um quarto descente para a casa que morava, era o normal, geralmente os quartos dos funcionários  sempre são minúsculos, uma cama, um banheiro comum e uma pequena mesa, mas era um quarto só seu, para uma orelha seca já era uma vitória.

A menina vivia como merecia, o sol não mais queimava a sua pele, as roupas soltas e finas a lhes mostrar o perfil. Busto cheio, macio e brilhoso, não necessitava de apetrechos para sustentá-los, cintura fina, nádegas dura e levantada, pernas torneadas com toda a  beleza da mocidade, panturrilhas de causar inveja e pés delicados, a garota no passado era maltratada.

Cuidou do ancião até o dia em que o mesmo olhando para os belos seios da pequena quis massageá-los, a câmara mostrou a sua delicadeza, a sua reação foi com urbanismo e com muita dureza o chamou  atenção. De imediato comunicou à patroa sobre o ocorrido e com a voz segura e equilibrada falou:.


___Dona Glória  me desculpe, mas não posso mais trabalhar nesta casa, seu pai já está recuperado, corado, com bom raciocínio e não mais precisa de uma ajudante, ele precisa de uma cuidadora mais idosa, apenas para companhia, seguirei o meu caminho.

Dona  Glória de tudo fez para amenizar, sem sucesso. E a bela menina partiu para o mercado. Jornal à mão, dedo ao telefone e logo se encontrava sentada na  sala à espera do futuro patrão. Cabelos penteados, blusa branca, blazer e saia quadriculadas, sapatos pretos de salto médio. Os olhos bateram com os olhos de um jovem senhor que adentrou a sala.
 
A moça pensou:  "quem seria aquele moço?Quem seria?"
 
   O mesmo sumiu  e só quatro horas depois foi revelado a sua identidade, tratava-se do  seu futuro empregador.


___Nunca trabalhei neste tipo de serviço, só trabalhei em casa de família, se ficar estou realizando o meu sonho, comunicarei primeiro à minha mãe, ela ficará orgulhosa de mim, será a porta de entrada para uma nova vida, farei de tudo para dá certo, farei de tudo.

O jovem empregador sentiu no olhar da donzela um futuro promissor, sentiu que aquele encontro seria um elo importante nas duas vidas, aquele emprego apesar de simples seria o ponta pé inicial para uma bela e independente carreira, seria o início do orgulho profissional esperado por sua cuidadosa  e humilde mãe que de longe rogava a Deus por dias melhores.

___Menina o emprego é seu, começa amanhã e faça tudo para aprender, são três meses de experiência, depois contrato definitivo, lembre-se também  que não deverá encará-lo como emprego para o resto da vida, trata-se de mais uma etapa, como mais uma etapa da sua vitoriosa trajetória. Enquanto aqui permanecer tem que ser com muita competência e responsabilidade.


A menina tomou conta do ambiente. Rápida, dinâmica, amiga, interessada, limpa  e inteligente, tinha muita identidade com o jovem patrão. Fez curso diversos, fez preparo para o vestibular, passou a ser enxergada e a enxergar o padrão como fazendo parte de sua vida. Difícil o relacionamento, mesmo assim conseguiram conviver por um bom tempo. Dias felizese  de alegrias, até quando numa cilada premeditada  se despede do emprego, não se desligando  do  jovem senhor. Continuou os seus estudos e procurou novos rumos, encontrou um novo relacionamento e honrosamente se afastou definitivamente do seu primeiro emprego  formal, começou uma nova e longa aventura. Ingressou na Escola Superior colando grau 04 anos depois, sempre se superando. Com a enxurrada constante de conhecimentos foi perdendo o elã pelo novo companheiro que parou no tempo, no espaço, de pensamentos mesquinhos e arcaicos. A menina  foi sentimentalmente se desinteressando  até o afastamento dos corpos, da pele e do diálogo. 


Parte sozinha para novas conquistas, voa para outras plagas à procura de melhores dias, sempre foi e sempre será assim a luta dos vitoriosos.

Da sua  boca sempre se escuta: O CEU É O LIMITE, depende da  força,  garra e da sua vontade.  Num futuro, não muito distante, o seu sonho com certeza será realizado. A vida com alforria  já é uma conquista, a guerreira ainda consquistará muitos trofeis para o orgulho de toda a sua familia.
 
Iderval Reginaldo Tenório 2001







Animação de O Pequeno Burguês

solo de trombone!!! O Pequeno Burguês - Martinho da Vila Felicidadepassei no vestibular