João Valadares
Julia Chaib - i
Publicação: 14/02/2014 06:00 Atualização:
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Ramona Rodríguez abandonou o programa após saber que recebia menos de 10% do valor integral da bolsa |
Depois do desgaste sofrido pela denúncia de que os cubanos do Mais Médicos recebem, no Brasil, menos de 10% dos R$ 10 mil pagos pelo governo brasileiro como bolsa aos integrantes do programa, o Ministério da Saúde elaborou uma proposta para aumentar em mais de R$ 1,5 mil o salário dos profissionais da ilha caribenha. A pasta quer que o repasse fique entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil. O aumento já foi discutido com os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para ser levado a presidente Dilma Rousseff. Agora, cabe a ela e ao governo de Cuba definir se é possível alterar o valor. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que intermedeia o contrato do Brasil com a ilha, também participará da negociação.
A medida vem com a intenção de melhorar a imagem do governo, desgastada com as críticas de que a mão de obra cubana estariam sendo explorada. O receio nem é pelo risco de aumento do número de desertores — a expectativa do governo é que as desistências fiquem em torno de 3% do total de participantes do programa —, mas que isso prejudique a vitrine eleitoral do PT no pleito de outubro. Pela proposta, a bolsa de R$ 10 mil repassada à Opas para pagamento de cada cubano inscrito no Mais Médicos fica mantida. A parcela que vai para os cofres do governo dos irmãos Castro é que seria reduzida.
O convênio com Cuba foi bastante criticado por entidades médicas assim que o programa foi lançado, em junho do ano passado, e voltou à pauta após a revelação de que médicos do país caribenho estão aproveitando a presença no Brasil para desertar. O primeiro caso a se tornar público foi o de Ramona Matos Rodríguez, que diz ter deixado o programa por se sentir enganada, após descobrir que outros colegas recebiam a bolsa integral de R$ 10 mil. Ela saiu de Pacajá (PA) em 1º de fevereiro e viajou para Brasília, onde foi acolhida por parlamentares do DEM. O contrato assinado por Ramona com uma estatal cubana previa pagamento mensal de US$ 1 mil (US$ 400 pagos em reais no Brasil, cerca de R$ 950, e US$ 600 depositados em conta em Cuba), para serem sacados apenas quando ela voltasse à ilha.
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