quinta-feira, 2 de março de 2017

O Amanhecer no meu sertão, A SERRA DO ARARIPE.




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O Amanhecer no meu sertão, A SERRA DO ARARIPE.
Cantava o galo Chulipa três vezes antes do sol nascer, isto,  para informar aos outros animais , inclusive para  os outros galos,   quem era o verdadeiro dono do terreiro, quem era o senhor daquele arrebol, na outra extremidade , zurrava o jumento Jericó por três vezes, isto  com a finalidade de mostrar aos seus companheiros e companheiras  a sua localização num raio de quatro a cinco quilômetros  e que chegara a hora de transportar a água para encher os potes da casa. 

 É o asinino  um animal de origem desértica, possui uma grande cabeça, olhos laterais , para proteção ,  duas longas  orelhas forradas com pelos macios, ouvidos atentos e de bocas grandes que se afunilam ao chegar à sua inserção,  o cume da cabeça,  como se fossem um par de chifres ou duas antenas de  abas  largas   tais quais    dois radares em movimentos rotativos, numa varredura de  280º, ora para cima , ora para baixo , para frente e para trás com a finalidade de captar longínquos sons . É o Jumento um animal inteligente, cheio de manhas , pantins,  manias,  mistérios e superstições, é um bicho de grande adaptação, come de tudo, de camisas nas cercas a sola de sapatos encontrada nos monturos , precisa de pouca água , é resistente as intempéries da natureza,  chova ou faça sol,   lá está o asno a sobreviver, num raio de cinco mil metros é quem manda na caatinga, é um animal testosterônico em demasia, enfeitiçado pelo hormonio feminino é um perigo.   Foi ele quem ajudou o menino Jesus  a escapar em Belém das garras do Rei Herodes, quando este autorizou o maior infanticídio da face da terra, o Jumento é nosso irmão.

Neste cenário bucólico, a brisa fria batia  nas gramíneas, nas babujas  e nos arbustos, o orvalho da noite, que se  precipitava sobre as folhagens da caatinga,   molhava o rosto e as vestes  de algodão grosseiro  que protegia a pele áspera do  homem serrano, quando este Corema caminhava em direção ao curral   em busca do necta branco da vida,  oriundo do ubre  das pacientes e abençoadas  vacas.  

Com o cheiro contagiante vindo da terra orvalhada , com os cantos dos pássaros e o zoar dos sons  de dezenas de chocalhos   os viventes do arraial despertavam.

O vaqueiro com a sua corda de croá e o seu balde a tiracolo chegava ao curral, a vaca diligentemente chamava  a sua cria, abriam-se as porteiras e o bezerro logo ia até as  edemaciadas tetas , cabeça junto ao ubre ,  peia nas pernas da vaca leiteira  , para contê-las, mãos grossas do  sitiante a amaciar o túrgido alforje natural  repleto de leite,     neste momento a cuidadosa e desconfiada mãe liberava o proteico líquido. 

Enquanto a vaca  mugia,   mungia o vaqueiro, e entre um mugido e outro , o vaqueiro ia mungindo, ia mungindo até o momento em que o bezerro faminto berrava, era um  alerta , era um pedido de socorro, informava  que o  leite não estava lhe sendo entregue, estava sendo desviado para outro mamador, a sua mãe estava sendo enganada,  de imediato a vaca segurava o necta  da vida ,  só liberava para a boca faminta de sua cria,  este com muita sede   ordenhava as  tetas com a sua língua de lixa, beiços grossos lubrificados  e duas ou três marradas  no  ubre pseudovazio , num aforismo nordestino que diz , bezerro que não berra não mama, daquele momento em diante  só o bezerro poderia mamar,   terminada esta ordenha, partia o vaqueiro para outra  vaca que mugia a procura do seu rebento ,  enquanto a vaca mugia, o vaqueiro mungia, mungia de uma a uma, de teta em teta, era assim o amanhecer na minha querida Serra do Araripe, o vaqueiro mungido e a vaca mugir.

O galo  cantava, o Jumento Zurrava, as vacas mugiam, os bezerros berravam, os pássaros cantavam, os chocalhos zoavam e o vaqueiro mungia, nascia o sol, abriam-se as porteiras, os animais corriam, enchiam os pastos e as mangas  ,  o tilintar dos chocalhos preenchiam sonoricamente os espaços, estes com   cheiros de flores, jasmins, cedros, cidreiras, capins, estercos e urinas espumantes cobertas por milhares de borboletas de asas grandes e amareladas.
Mesa posta, aroma de café em toda a casa, queijos de coalho e de manteiga na mesa,   prato fundo com leite fresco, espumante e fervendo de quente, farinha de milho ou de mandioca, sal, carne do sol, tigelas de qualhadas, um prato de macaxeira cozida, bule vermelho  esmaltado  cheio de   café  torrado e pilado em casa,  tapioca untada com muita manteiga de garrafa , ovos estrelados na banha de porco, que na maioria das vezes  a gordura caia  pelos cantos da boca, era assim o amanhecer na minha querida Serra do Araripe e haja saudades e haja.

Iderval Reginaldo Tenório


"O Menino da Porteira" - Daniel - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=OEoBWYVmT8o
13 de mar de 2009 - Vídeo enviado por Marcia Cozendey
Toda vez que eu viajava pela Estrada de Ouro Fino de longe eu avistava a figura de um menino que ...

O Menino da Porteira - Filme Completo - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=mlwjuJmXE5s
6 de nov de 2012 - Vídeo enviado por Celia Morais
Refilmagem de 'O Menino da Porteira', filme de 1977 que levou mais de 4 milhões de pessoas aos ...

Menino da Porteira - Daniel (Legendado) HD - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=42iRLcMm-cQ
14 de set de 2016 - Vídeo enviado por Dalmo Arten
A música "Menino da Porteira" é um ícone da música sertaneja, recomendo a todos assistir ao filme ...

O Amanhecer no meu sertão



                                                                            

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O Amanhecer no meu sertão

Cantava o galo Chulipa três vezes antes do sol nascer, isto  para informar aos outros animais , inclusive para  os outros galos,   quem era o verdadeiro dono do terreiro, quem era o senhor daquele arrebol, na outra extremidade  zurrava o jumento Jericó por três vezes, isto  com a finalidade de mostrar aos seus companheiros e companheiras  a sua localização num raio de quatro a cinco quilômetros  e que chegara a hora de transportar a água para encher os potes da casa. 


 É o asinino  um animal de origem desértica, possui uma grande cabeça, olhos laterais  para proteção ,  duas longas  orelhas forradas com pelos macios, ouvidos atentos e de boca grande que se afunila ao chegar à sua inserção,  o cume da cabeça,  como se fossem um par de chifres ou duas antenas de  abas  largas,    tais quais    dois radares em movimentos rotativos numa varredura de  280º, ora para cima , ora para baixo , para frente e para trás com a finalidade de captar longínquos sons . 

É o Jumento um animal inteligente, cheio de manhas , pantins,  manias,  mistérios e superstições, é um bicho de grande adaptação, come de tudo, de camisas nas cercas a solas de sapatos encontradas nos monturos , precisa de pouca água , é resistente as intempéries da natureza,  chova ou faça sol   lá está o asno a sobreviver, num raio de cinco mil metros é quem manda na caatinga, é um animal testosterônico em demasia, enfeitiçado pelo hormonio feminino é um perigo.   Foi ele quem ajudou o menino Jesus  a escapar em Belém das garras do Rei Herodes, quando este autorizou o maior infanticídio da face da terra, o Jumento é nosso irmão.


Neste cenário bucólico, a brisa fria batia  nas gramíneas, nas babujas  e nos arbustos, o orvalho da noite, que se  precipitava sobre as folhagens da caatinga,   molhava o rosto e as vestes  de algodão grosseiro  que protegia a pele áspera do  homem serrano.  

Quando este Corema caminhava em direção ao curral   em busca do necta branco da vida, o leite  oriundo do ubre  das pacientes e abençoadas  vacas,  era gratificante o banho de orvalho a umidificar as suas  poídas vestes. 


Com o cheiro contagiante vindo da terra orvalhada , com os cantos dos pássaros e o zoar dos sons  de dezenas de chocalhos   todos os viventes do arraial despertavam.


O vaqueiro com a sua corda de croá e o seu balde a tiracolo chegava ao curral, a vaca diligentemente chamava  a sua cria, abriam-se as porteiras e o bezerro logo ia até as  edemaciadas tetas , cabeça junto ao ubre ,  peia nas pernas da vaca leiteira  , para contê-las, mãos grossas do  sitiante a amaciar o túrgido alforje natural  repleto de leite,     neste momento a cuidadosa e desconfiada mãe liberava o proteico líquido. 


Enquanto a vaca  mugia,   mungia o vaqueiro, e entre um mugido e outro , o vaqueiro ia mungindo, ia mungindo até o momento em que o bezerro faminto berrava, era um  alerta , era um pedido de socorro, informava  que o  leite não estava lhe sendo entregue, estava sendo desviado para outro mamador, a sua mãe estava sendo enganada,  de imediato a vaca segurava o necta  da vida ,  só liberava para a boca faminta de sua cria,  este com muita sede   ordenhava as  tetas com a sua língua de lixa, beiços grossos lubrificados  e duas ou três marradas  no  ubre pseudovazio , num aforismo nordestino que diz , bezerro que não berra não mama, daquele momento em diante  só o bezerro poderia mamar,   terminada esta ordenha, partia o vaqueiro para outra  vaca que mugia a procura do seu rebento ,  enquanto a vaca mugia, o vaqueiro mungia, mungia de uma a uma, de teta em teta, era assim o amanhecer na minha querida Serra do Araripe, o vaqueiro mungido e a vaca mugir.


O galo  cantava, o Jumento Zurrava, as vacas mugiam, os bezerros berravam, os pássaros cantavam, os chocalhos zoavam e o vaqueiro mungia, nascia o sol, abriam-se as porteiras, os animais corriam, enchiam os pastos e as mangas  ,  o tilintar dos chocalhos preenchiam sonoricamente os espaços, estes com   cheiros de flores, jasmins, cedros, cidreiras, capins, estercos e urinas espumantes cobertas por milhares de borboletas de asas grandes e amareladas.


Mesa posta, aroma de café em toda a casa, queijos de coalho e de manteiga na mesa,   prato fundo com leite fresco, espumante e fervendo de quente, farinha de milho ou de mandioca, sal, carne do sol, tigelas de qualhadas, um prato de macaxeira cozida, bule vermelho  esmaltado  cheio de   café  torrado e pilado em casa,  tapióca untada com muita manteiga de garrafa , ovos estrelados na banha de porco, que na maioria das vezes  a gordura caia  pelos cantos da boca, era assim o amanhecer na minha querida Serra do Araripe e haja saudades e haja.

Iderval Reginaldo Tenório


"O Menino da Porteira" - Daniel - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=OEoBWYVmT8o
13 de mar de 2009 - Vídeo enviado por Marcia Cozendey
Toda vez que eu viajava pela Estrada de Ouro Fino de longe eu avistava a figura de um menino que ...

O Menino da Porteira - Filme Completo - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=mlwjuJmXE5s
6 de nov de 2012 - Vídeo enviado por Celia Morais
Refilmagem de 'O Menino da Porteira', filme de 1977 que levou mais de 4 milhões de pessoas aos ...

Menino da Porteira - Daniel (Legendado) HD - YouTube

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A música "Menino da Porteira" é um ícone da música sertaneja, recomendo a todos assistir ao filme ...


terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

A LEGALIZAÇÃO DO ABORTO - SÓ EM PAÍSES DESENVOLVIDOS? O QUE ACHA?


         
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As clínicas de aborto na Holanda

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Alunos:
Ana Balbachevsky Guilhon Albuquerque
Henrique Affonso Rizzo
Julia Barcha

Aborto: O Papel Social do Direito à Escolha

1.Informações Gerais.


Breve histórico do aborto:

O aborto pode ser traçado até os tempos antigos. Hoje sabemos de mil maneiras de como se abortava naquela época, de exercícios (como por exemplo montar a cavalo ou carregar coisas pesadas) e até alguns chás medicinais, além do desesperado método que consiste em introduzir algum objeto pontudo (como cabides, arames ou agulhas de tricô) pela genitália para arrancar o feto - um método infelizmente ainda muito utilizado nos dias de hoje.

Na era vitoriana, nos Estados Unidos e Inglaterra, foi proibido o aborto; mas mesmo assim, as clínicas continuaram existindo e fazendo propaganda (ainda que disfarçada).

No século XX alguns países legalizaram o aborto, como a Holanda, a URSS e a Suécia. A Alemanha nazista também legalizou o aborto para as mulheres que eram consideradas "hereditariamente doentes"; mulheres germânicas eram, no entanto, proibidas da prática.

O aborto foi legalizado na Holanda em 1981, através da lei "Wet Afbreking Zwangerschap" - que quer dizer "Lei Para o Término da Gravidez". Desde então foram criadas clínicas que vem contando com aparelhos de primeira qualidade e os melhores profissionais na área. As clínicas da StiSAN (Fundação das Clínicas de Aborto Holandesas), têm licença e supervisão do próprio governo: o serviço é gratuito para mulheres residentes na Holanda, graças ao AWBZ (Algemene Wet Bijzondere Ziektekosten), um seguro que cobre custos de bem-estar social excessivamente caros dos cidadãos (algo parecido com a iniciativa do governo brasileiro de dar certos remédios de graça). Estrangeiras também podem ser aceitas nas clínicas, mas terão de arcar pessoalmente com os custos do processo.

A clínica que escolhemos para análise foi a situada em Zwolle, cidade de porte mediano que fica na província Overijsel. Essa clínica começou em 1972, criada e financiada por um grupo esquerdista, um ano após a primeira clínica na holanda ser aberta. É verdade que na época não existiam leis favoráveis ao aborto na Holanda, mas também não haviam leis contra. A legislação vigente foi aprovada no congresso com um voto de vantagem, e a partir daí foi possível o aprimoramento de métodos e tecnologias.

2.Conhecendo a Proposta

Em seu site oficial, é possivel encontrar as seguintes palavras sobre a clínica:
"Nossa clínica ajuda mulheres inteligentes que acreditam ter uma gravidez indesejada. Com mais de 3 anos de prática, as mulheres que aqui vêm tem uma maneira profissonal para terminar sua gravidez. Cada caso é tratado particularmente, tendo um atendimento especial. O cuidado com a mulher é nossa principal preocupação, antes durante e depois do procedimento."

A mulher pode procurar ajuda da clínica até a 13ª semana após sua última menstruação. Lá, ela recebe atendimento médico clínico e psicológico, além um atencioso aconselhamento que está presente em todas as etapas do processo. Não existe nenhuma pressão para que o aborto aconteça, e a paciente também tem acesso a um grupo de ajuda para mulheres que estão com uma gravidez que não sabem se é bem-vinda ou não. A consulta de checagem acontece em geral em menos de três semanas depois do procedimento. As informações dos clientes são completamente confidenciais. Existem, porém, alguns protocolos: menores de 16 anos não podem comparecer sozinhas à clínica para abortarem, mas podem ir para uma consulta sobre anteconcepcionais e sexualidade em geral.


Forma de contato:

Local: Stimezo Zwolle, Oosterlaan 14, 8011 GC Zwolle, Holanda.
Duração: 36 anos
Contato: 00XX 31 384217000, Email: vragen@stimezo-zwolle.nl


3.Discussão

Anticoncepcionais adequados e eficazes (preservativos, implantes hormonais, DIUs, cirurgias como vasectomia e ligadura de trompas, etc.) são disponibilizados gratuitamente (ou ao menos com baixo custo, no caso das cirurgias) pelo governo, e seu uso e funcionamento deve ser claro para todos; a educação sexual livre de preconceitos e direcionada às reais necessidades da natureza humana deve atingir todo cidadão. Espera-se com isso reduzir a incidência de abortos como método anticoncepcional, mantendo-os como medida estritamente emergencial (apesar de não limitada às costumeiras circunstâncias de risco de vida da mãe ou estupro). 

Deve ser fornecida à mãe a opção de ceder seu filho para adoção, regulamentada por instituições capazes e humanitárias, governamentais ou não. Caso se opte por realizar o aborto, este ocorrerá como qualquer outra operação médica: com procedimentos limpos e seguros.

De modo a reforçar a preocupação com o mau uso que possa se fazer do aborto descriminalizado, um esquema de regras torna-se necessário. Julgamos adequado o seguinte sistema:

  • Caso se saiba quem é o pai, este deve estar presente durante todo o processo. Se a paciente possuir um parceiro fixo, este também deve estar presente, ainda que não assuma ou não tenha responsabilidade pela paternidade.
  •  
  • O procedimento só pode ser feito de 8 em 8 anos.
  •  
  • Caso não tenha atingido a maioridade, a paciente precisa da autorização de ambos os pais ou responsáveis.
  •  
  • A paciente pode participar de sessões de análise psicológica antes de realizar o aborto, onde terá a oportunidade de elaborar seus motivos e mudar de idéia caso tenha tomado uma decisão precipitada. Grupos de apoio também são opções.
  •  
  • O aborto só pode ser realizado até o terceiro mês de gestação. Após este período, apenas em casos de má formação fetal, risco de vida da paciente ou situação de estupro (é necessário apresentar o B.O. ao psiquiatra ou psicólogo, pessoa de confiança da paciente).
  • Após o procedimento, a paciente deverá usar um DIU que a impedirá de engravidar por cinco anos.
  •  
  • A clínica deve continuar acompanhando a paciente pelos seis meses subseqüentes à operação, no mínimo.
  •  
  • Dá autonomia à mulher e diminui as chances de crianças indesejadas nascerem, limitando uma vida ruim para crianças que seriam abandonadas por não estarem nos planos de suas progenitoras ou simplesmente geradas em circunstâncias pessoalmente humilhantes, apesar de normais aos olhos da lei.
Mas ao mesmo tempo existem debates sobre danos que o aborto pode causar em mulheres, como o aumento do risco de câncer de mama. E ainda existe o fator da dor que o feto pode ou não sentir no aborto, o que é discutido por razões óbvias: por mais que a mulher tenha direito sobre seu corpo, o feto é um organismo independente que também tem direito à vida e um tratamento adequado. Um argumento mais prático contra o aborto é o financeiro: seria extremamente dispendioso manter um tratamento desta complexidade disponível à população geral.

É inegável que uma criança indesejada pode nascer com uma série de graves problemas que facilitam a e entrada na criminalidade. São estes alguns dos traumas sofridos por uma criança que nasce em um ambiente onde não é querida:

  • doença e morte prematura
  • pobreza
  • problemas de desenvolvimento
  • abandono escolar
  • delinqüência juvenil
  • abuso de menores
  • instabilidade familiar e divórcio
  • necessidade de apoio psiquiátrico
  • falta de auto-estima
Existem milhões de questões envolvendo o aborto, e cada uma delas é polêmica. O que vemos de imprescindível em sua legalização é que, apesar da legislação, o desespero sempre levará muitas mulheres a terminarem uma gravidez forma clandestina e perigosa - e vão fazê-lo de qualquer maneira. Com a descriminalização do aborto, essas pessoas teriam um atendimento decente, sem envolver cabides, agulhas e muito menos facas e remédios. Sem falar que, ao oficializar o processo, seria possível obter dados e mobilizar-se para que as circunstâncias que levaram a mulher a tal estado de vulnerabilidade fossem combatidas.

E, logicamente, a laicidade do estado deve ser respeitada. O aborto descriminalizado é uma questão de escolha, e não é ético e nem inteligente passar por cima de minorias que não vêem problemas no assunto, e que portanto teriam o direito de dispor da operação. A questão fundamental aqui é a hipocrisia, pois a maioria das pessoas que se opõem ao aborto têm acesso seguro à ele através de contatos e propinas.

As clínicas de aborto na Holanda


                                            

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As clínicas de aborto na Holanda

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Alunos:
Ana Balbachevsky Guilhon Albuquerque
Henrique Affonso Rizzo
Julia Barcha

Aborto: O Papel Social do Direito à Escolha

1.Informações Gerais.


Breve histórico do aborto:

O aborto pode ser traçado até os tempos antigos. Hoje sabemos de mil maneiras de como se abortava naquela época, de exercícios (como por exemplo montar a cavalo ou carregar coisas pesadas) e até alguns chás medicinais, além do desesperado método que consiste em introduzir algum objeto pontudo (como cabides, arames ou agulhas de tricô) pela genitália para arrancar o feto - um método infelizmente ainda muito utilizado nos dias de hoje.

Na era vitoriana, nos Estados Unidos e Inglaterra, foi proibido o aborto; mas mesmo assim, as clínicas continuaram existindo e fazendo propaganda (ainda que disfarçada).

No século XX alguns países legalizaram o aborto, como a Holanda, a URSS e a Suécia. A Alemanha nazista também legalizou o aborto para as mulheres que eram consideradas "hereditariamente doentes"; mulheres germânicas eram, no entanto, proibidas da prática.

O aborto foi legalizado na Holanda em 1981, através da lei "Wet Afbreking Zwangerschap" - que quer dizer "Lei Para o Término da Gravidez". Desde então foram criadas clínicas que vem contando com aparelhos de primeira qualidade e os melhores profissionais na área. As clínicas da StiSAN (Fundação das Clínicas de Aborto Holandesas), têm licença e supervisão do próprio governo: o serviço é gratuito para mulheres residentes na Holanda, graças ao AWBZ (Algemene Wet Bijzondere Ziektekosten), um seguro que cobre custos de bem-estar social excessivamente caros dos cidadãos (algo parecido com a iniciativa do governo brasileiro de dar certos remédios de graça). Estrangeiras também podem ser aceitas nas clínicas, mas terão de arcar pessoalmente com os custos do processo.

A clínica que escolhemos para análise foi a situada em Zwolle, cidade de porte mediano que fica na província Overijsel. Essa clínica começou em 1972, criada e financiada por um grupo esquerdista, um ano após a primeira clínica na holanda ser aberta. É verdade que na época não existiam leis favoráveis ao aborto na Holanda, mas também não haviam leis contra. A legislação vigente foi aprovada no congresso com um voto de vantagem, e a partir daí foi possível o aprimoramento de métodos e tecnologias.

2.Conhecendo a Proposta

Em seu site oficial, é possivel encontrar as seguintes palavras sobre a clínica:
"Nossa clínica ajuda mulheres inteligentes que acreditam ter uma gravidez indesejada. Com mais de 3 anos de prática, as mulheres que aqui vêm tem uma maneira profissonal para terminar sua gravidez. Cada caso é tratado particularmente, tendo um atendimento especial. O cuidado com a mulher é nossa principal preocupação, antes durante e depois do procedimento."

A mulher pode procurar ajuda da clínica até a 13ª semana após sua última menstruação. Lá, ela recebe atendimento médico clínico e psicológico, além um atencioso aconselhamento que está presente em todas as etapas do processo. Não existe nenhuma pressão para que o aborto aconteça, e a paciente também tem acesso a um grupo de ajuda para mulheres que estão com uma gravidez que não sabem se é bem-vinda ou não. A consulta de checagem acontece em geral em menos de três semanas depois do procedimento. As informações dos clientes são completamente confidenciais. Existem, porém, alguns protocolos: menores de 16 anos não podem comparecer sozinhas à clínica para abortarem, mas podem ir para uma consulta sobre anteconcepcionais e sexualidade em geral.

Forma de contato:

Local: Stimezo Zwolle, Oosterlaan 14, 8011 GC Zwolle, Holanda.
Duração: 36 anos
Contato: 00XX 31 384217000, Email: vragen@stimezo-zwolle.nl

3.Discussão

Anticoncepcionais adequados e eficazes (preservativos, implantes hormonais, DIUs, cirurgias como vasectomia e ligadura de trompas, etc.) são disponibilizados gratuitamente (ou ao menos com baixo custo, no caso das cirurgias) pelo governo, e seu uso e funcionamento deve ser claro para todos; a educação sexual livre de preconceitos e direcionada às reais necessidades da natureza humana deve atingir todo cidadão. Espera-se com isso reduzir a incidência de abortos como método anticoncepcional, mantendo-os como medida estritamente emergencial (apesar de não limitada às costumeiras circunstâncias de risco de vida da mãe ou estupro). 

Deve ser fornecida à mãe a opção de ceder seu filho para adoção, regulamentada por instituições capazes e humanitárias, governamentais ou não. Caso se opte por realizar o aborto, este ocorrerá como qualquer outra operação médica: com procedimentos limpos e seguros.

De modo a reforçar a preocupação com o mau uso que possa se fazer do aborto descriminalizado, um esquema de regras torna-se necessário. Julgamos adequado o seguinte sistema:
  • Caso se saiba quem é o pai, este deve estar presente durante todo o processo. Se a paciente possuir um parceiro fixo, este também deve estar presente, ainda que não assuma ou não tenha responsabilidade pela paternidade.
  •  
  • O procedimento só pode ser feito de 8 em 8 anos.
  •  
  • Caso não tenha atingido a maioridade, a paciente precisa da autorização de ambos os pais ou responsáveis.
  •  
  • A paciente pode participar de sessões de análise psicológica antes de realizar o aborto, onde terá a oportunidade de elaborar seus motivos e mudar de idéia caso tenha tomado uma decisão precipitada. Grupos de apoio também são opções.
  •  
  • O aborto só pode ser realizado até o terceiro mês de gestação. Após este período, apenas em casos de má formação fetal, risco de vida da paciente ou situação de estupro (é necessário apresentar o B.O. ao psiquiatra ou psicólogo, pessoa de confiança da paciente).
  • Após o procedimento, a paciente deverá usar um DIU que a impedirá de engravidar por cinco anos.
  •  
  • A clínica deve continuar acompanhando a paciente pelos seis meses subseqüentes à operação, no mínimo.
  •  
  • Dá autonomia à mulher e diminui as chances de crianças indesejadas nascerem, limitando uma vida ruim para crianças que seriam abandonadas por não estarem nos planos de suas progenitoras ou simplesmente geradas em circunstâncias pessoalmente humilhantes, apesar de normais aos olhos da lei.
Mas ao mesmo tempo existem debates sobre danos que o aborto pode causar em mulheres, como o aumento do risco de câncer de mama. E ainda existe o fator da dor que o feto pode ou não sentir no aborto, o que é discutido por razões óbvias: por mais que a mulher tenha direito sobre seu corpo, o feto é um organismo independente que também tem direito à vida e um tratamento adequado. Um argumento mais prático contra o aborto é o financeiro: seria extremamente dispendioso manter um tratamento desta complexidade disponível à população geral.

É inegável que uma criança indesejada pode nascer com uma série de graves problemas que facilitam a e entrada na criminalidade. São estes alguns dos traumas sofridos por uma criança que nasce em um ambiente onde não é querida:
  • doença e morte prematura
  • pobreza
  • problemas de desenvolvimento
  • abandono escolar
  • delinqüência juvenil
  • abuso de menores
  • instabilidade familiar e divórcio
  • necessidade de apoio psiquiátrico
  • falta de auto-estima
Existem milhões de questões envolvendo o aborto, e cada uma delas é polêmica. O que vemos de imprescindível em sua legalização é que, apesar da legislação, o desespero sempre levará muitas mulheres a terminarem uma gravidez forma clandestina e perigosa - e vão fazê-lo de qualquer maneira. Com a descriminalização do aborto, essas pessoas teriam um atendimento decente, sem envolver cabides, agulhas e muito menos facas e remédios. Sem falar que, ao oficializar o processo, seria possível obter dados e mobilizar-se para que as circunstâncias que levaram a mulher a tal estado de vulnerabilidade fossem combatidas.

E, logicamente, a laicidade do estado deve ser respeitada. O aborto descriminalizado é uma questão de escolha, e não é ético e nem inteligente passar por cima de minorias que não vêem problemas no assunto, e que portanto teriam o direito de dispor da operação. A questão fundamental aqui é a hipocrisia, pois a maioria das pessoas que se opõem ao aborto têm acesso seguro à ele através de contatos e propinas.

A LEGALIZAÇÃO DA PROSTITUIÇÃO NA HOLANDA- UMA PROFISSÃO LEGAL. HOLANADA RESSUCITA A MAIS ANTIGA PROFISSÃO DO MUNDO.



A vida por trás das vitrines de Amsterdã

As gêmeas Louise e Martine Fokkens compartilham seus genes e uma história classificada como ‘X’

Prostitutas há quase meio século, aos 72 anos preferem contar o lado agradável de sua profissão

Depois de um documentário e dois livros, já escrevem o terceiro



Louise e Martine Fokkens, em 2012, durante um passeio pelo bairro vermelho de Amsterdã.

Louise e Martine Fokkens parecem duas idosas típicas. De cabelos loiros quase brancos e sorriso cativante, sempre se vestem igual e normalmente com tons de vermelho porque, para elas, parecem mais jovens. Mas essas gêmeas holandesas, com 72 anos completados no começo de maio, somam 100 exercendo a prostituição. Juntas, conheceram 350.000 homens. “Ou talvez mais”, diz Martine, sorrindo. São a memória viva do Bairro da Luz Vermelha de Amsterdã.

“O Bairro da Luz Vermelha mudou muito nestas décadas. Agora as holandesas quase não trabalham lá. São todas estrangeiras e não há solidariedade. Com a mudança das leis [a Holanda legalizou a prostituição em bordéis em 2000], é preciso ter muitos documentos e pagar por tudo antes de ter clientes, já que você tem que pagar o Governo. Transformaram a zona em um parque temático”, lamenta, do outro lado do telefone, Louise.

Ela foi a primeira das irmãs Fokkens a chegar ao famoso bairro das vitrines. Tinha 20 anos, um marido desde os 17 e três filhos. Praticamente foi arrastada pelo esposo. Depois de abandoná-la, colocou como condição para voltar para ela e para os seus três filhos que ganhasse dinheiro, embora Louise na época trabalhasse há alguns dias em uma fabrica de lâmpadas. Ela aceitou. O amava. “Me disse que seriam apenas dois anos, pelo bem dos filhos”, conta dando risada, meio século mais tarde. Quando chegou, encontrou o apoio de suas companheiras de cabine: “Foram as putas mais velhas que me ensinaram o que podia ou não fazer e que me ensinaram que não é tão fácil que um homem esteja preparado”, diz em um inglês mesclado com holandês, mas sem papas na língua.

Um ano mais tarde, seria ela quem ensinaria o ofício mais antigo do mundo à irmã gêmea, nada como o amor de uma irmã. O marido de Martine não tinha trabalho e Louise lhe ofereceu trabalhar no bordel limpando cabines. Passados alguns meses, depois de despertar o interesse de alguns clientes, acabou entrando. “Meu marido continuava sem trabalho e lhe disse que queria tentar. Conversamos muito sobre isso e concordou”, lembra.

“Durante muitos anos tivemos muitos, muitíssimos clientes”. Graças a esse sucesso e cansadas de prestar contas a outros, nos anos 80 abriram seu próprio bordel. Chegaram a ganhar tanto dinheiro que puderam comprar um carro em poucos meses, orgulha-se Louise. Os problemas com a Administração lhes levou a fundar The Little Red, o primeiro sindicato independente de prostitutas. Mas o momento amargo para as Fokkens foi quanto tiveram que fechar seu negócio por problemas com grandes empresários da indústria do sexo e com o Governo, disse Louise. Mas não deixaram de trabalhar.

Mais de um cliente pediu Martine em casamento. Louise lembra que alguns a levaram para viajar a Israel, Itália e Espanha, embora fale um pouco de castelhano devido ao seu segundo marido, nascido em Barcelona e com quem teve sua quarta filha (María Conchita). “O que pedem na cama? Muitos querem o jogo da sedução. Quase nunca é ir direto ao ponto desde o começo”, analisa. “Há tantas coisas... As pessoas pensam que só se fazem coisas estranhas, mas muitas vezes é mais normal do que pensam. Eu me divirto”, responde Martine. Talvez por isso e, apesar de ter se aposentado há um ano, quando a chamam ainda têm ânimo para trabalhar. O número 69 marcou a idade com a qual sua irmã se aposentou, já que a artrite impedia alguns movimentos. Se não fosse por isso, ainda hoje continuaria em sua vitrine. “Eu gosto, faz com que eu me sinta jovem”.

Agora são proprietárias de uma pequena loja no centro da cidade na qual vendem postais, quadros próprios e também livros de sua autoria. Muitos aproximam-se para conhecer as gêmeas e tirar fotos com elas. Em 2011, o documentário sobre suas vidas Meet the Fokkens (Conheça as Fokkens, em tradução livre) as tornou famosas fora da cidade e foi exibido em vários canais do mundo. E, depois de publicar On Travel with the Fokkens e The Ladies of Amsterdam — que chegou a ser o número um em vendas de livros de não ficção na Holanda e hoje está em negociações com editoras espanholas, russas e brasileiras —, dedicam seu tempo a escrever um terceiro livro sobre suas vidas.

Depois de ter exposto seu corpo e contado sua história, Louise disse ter notado um maior respeito das pessoas. Ambas suportaram chacotas, provocações, insultos, e seus filhos souberam de sua profissão pelos vizinhos, antes que encontrassem o momento adequado para lhes contar. “Se eu estivesse em sua situação, seria a última a dizer que jamais faria o que minha mãe teve que fazer”, conta uma filha, de um total de quatro de Louise, no documentário. Sem recriminações, afirma sentada ao lado de sua mãe que, apesar de passar vários anos de sua infância em uma casa de abrigo, foi uma criança feliz. Parece seguir a filosofia dos avós. “Depois da desaprovação inicial, meus pais ficaram do meu lado”. “Você é minha filha, não importa o que os outros digam, deixe que eles cuidem de suas próprias vidas”, disseram a ela.

Convencidas de que sempre se ressalta o lado ruim de sua profissão, elas preferem buscar o aspecto agradável. As duas, além de compartilham genes e uma história, concordam que nunca foi o sonho delas serem classificadas como “X”. “Você fez o trabalho, foi uma puta. E nunca se livrará desse nome. Eles sempre dizem isso pra você de muitas maneiras. Que assim seja”. Conselho de irmã para irmã.

A vida por trás das vitrines de Amsterdã As gêmeas Louise e Martine Fokkens compartilham seus genes e uma história classificada como ‘X’






A vida por trás das vitrines de Amsterdã

As gêmeas Louise e Martine Fokkens compartilham seus genes e uma história classificada como ‘X’

Prostitutas há quase meio século, aos 72 anos preferem contar o lado agradável de sua profissão

Depois de um documentário e dois livros, já escrevem o terceiro



Louise e Martine Fokkens, em 2012, durante um passeio pelo bairro vermelho de Amsterdã.

Louise e Martine Fokkens parecem duas idosas típicas. De cabelos loiros quase brancos e sorriso cativante, sempre se vestem igual e normalmente com tons de vermelho porque, para elas, parecem mais jovens. Mas essas gêmeas holandesas, com 72 anos completados no começo de maio, somam 100 exercendo a prostituição. Juntas, conheceram 350.000 homens. “Ou talvez mais”, diz Martine, sorrindo. São a memória viva do Bairro da Luz Vermelha de Amsterdã.

“O Bairro da Luz Vermelha mudou muito nestas décadas. Agora as holandesas quase não trabalham lá. São todas estrangeiras e não há solidariedade. Com a mudança das leis [a Holanda legalizou a prostituição em bordéis em 2000], é preciso ter muitos documentos e pagar por tudo antes de ter clientes, já que você tem que pagar o Governo. Transformaram a zona em um parque temático”, lamenta, do outro lado do telefone, Louise.

Ela foi a primeira das irmãs Fokkens a chegar ao famoso bairro das vitrines. Tinha 20 anos, um marido desde os 17 e três filhos. Praticamente foi arrastada pelo esposo. Depois de abandoná-la, colocou como condição para voltar para ela e para os seus três filhos que ganhasse dinheiro, embora Louise na época trabalhasse há alguns dias em uma fabrica de lâmpadas. Ela aceitou. O amava. “Me disse que seriam apenas dois anos, pelo bem dos filhos”, conta dando risada, meio século mais tarde. Quando chegou, encontrou o apoio de suas companheiras de cabine: “Foram as putas mais velhas que me ensinaram o que podia ou não fazer e que me ensinaram que não é tão fácil que um homem esteja preparado”, diz em um inglês mesclado com holandês, mas sem papas na língua.

Um ano mais tarde, seria ela quem ensinaria o ofício mais antigo do mundo à irmã gêmea, nada como o amor de uma irmã. O marido de Martine não tinha trabalho e Louise lhe ofereceu trabalhar no bordel limpando cabines. Passados alguns meses, depois de despertar o interesse de alguns clientes, acabou entrando. “Meu marido continuava sem trabalho e lhe disse que queria tentar. Conversamos muito sobre isso e concordou”, lembra.

“Durante muitos anos tivemos muitos, muitíssimos clientes”. Graças a esse sucesso e cansadas de prestar contas a outros, nos anos 80 abriram seu próprio bordel. Chegaram a ganhar tanto dinheiro que puderam comprar um carro em poucos meses, orgulha-se Louise. Os problemas com a Administração lhes levou a fundar The Little Red, o primeiro sindicato independente de prostitutas. Mas o momento amargo para as Fokkens foi quanto tiveram que fechar seu negócio por problemas com grandes empresários da indústria do sexo e com o Governo, disse Louise. Mas não deixaram de trabalhar.

Mais de um cliente pediu Martine em casamento. Louise lembra que alguns a levaram para viajar a Israel, Itália e Espanha, embora fale um pouco de castelhano devido ao seu segundo marido, nascido em Barcelona e com quem teve sua quarta filha (María Conchita). “O que pedem na cama? Muitos querem o jogo da sedução. Quase nunca é ir direto ao ponto desde o começo”, analisa. “Há tantas coisas... As pessoas pensam que só se fazem coisas estranhas, mas muitas vezes é mais normal do que pensam. Eu me divirto”, responde Martine. Talvez por isso e, apesar de ter se aposentado há um ano, quando a chamam ainda têm ânimo para trabalhar. O número 69 marcou a idade com a qual sua irmã se aposentou, já que a artrite impedia alguns movimentos. Se não fosse por isso, ainda hoje continuaria em sua vitrine. “Eu gosto, faz com que eu me sinta jovem”.

Agora são proprietárias de uma pequena loja no centro da cidade na qual vendem postais, quadros próprios e também livros de sua autoria. Muitos aproximam-se para conhecer as gêmeas e tirar fotos com elas. Em 2011, o documentário sobre suas vidas Meet the Fokkens (Conheça as Fokkens, em tradução livre) as tornou famosas fora da cidade e foi exibido em vários canais do mundo. E, depois de publicar On Travel with the Fokkens e The Ladies of Amsterdam — que chegou a ser o número um em vendas de livros de não ficção na Holanda e hoje está em negociações com editoras espanholas, russas e brasileiras —, dedicam seu tempo a escrever um terceiro livro sobre suas vidas.

Depois de ter exposto seu corpo e contado sua história, Louise disse ter notado um maior respeito das pessoas. Ambas suportaram chacotas, provocações, insultos, e seus filhos souberam de sua profissão pelos vizinhos, antes que encontrassem o momento adequado para lhes contar. “Se eu estivesse em sua situação, seria a última a dizer que jamais faria o que minha mãe teve que fazer”, conta uma filha, de um total de quatro de Louise, no documentário. Sem recriminações, afirma sentada ao lado de sua mãe que, apesar de passar vários anos de sua infância em uma casa de abrigo, foi uma criança feliz. Parece seguir a filosofia dos avós. “Depois da desaprovação inicial, meus pais ficaram do meu lado”. “Você é minha filha, não importa o que os outros digam, deixe que eles cuidem de suas próprias vidas”, disseram a ela.

Convencidas de que sempre se ressalta o lado ruim de sua profissão, elas preferem buscar o aspecto agradável. As duas, além de compartilham genes e uma história, concordam que nunca foi o sonho delas serem classificadas como “X”. “Você fez o trabalho, foi uma puta. E nunca se livrará desse nome. Eles sempre dizem isso pra você de muitas maneiras. Que assim seja”. Conselho de irmã para irmã.