sexta-feira, 4 de abril de 2014

VENANCIO E CURUMBA, UMA DAS MAIORES DUPLAS DO BRASIL, CONHEÇAM E ESCUTEM.


VENANCIO E CURUMBA, UMA DAS MAIORES DUPLAS DO BRASIL, CONHEÇAM E ESCUTEM.
CONHEÇAM MESMO.
Iderval Reginaldo Tenório


Marcos Cavalcanti de Albuquerque, o Venâncio, nasceu em Recife-PE no dia 07/10/1909 e faleceu no dia 18/09/1981. Manuel José do Espírito Santo, o Curumba, também nasceu em Recife-PE no dia 11/06/1914.

Venâncio iniciou sua carreira artística cantando Cocos em festas de São João, Santana e São Pedro. Até que um dia recebeu um convite para substituir um Ator numa apresentação teatral. Gostou da experiência de tal forma que decidiu fazer Curso de Teatro no Círculo Operário. E o Grupo de Teatro do Círculo Operário chegou a ter Venâncio como Diretor Teatral.
Foi no ano de 1928 que Marcos conheceu Manoel José e ambos formaram a dupla "Venâncio e Curumba", que veio a ser não somente uma das mais longas parcerias da Música Sertaneja Nordestina, mas também uma raríssima "Dupla Nordestina Caipira à Moda Sulista", que mesclou a Moda de Viola com o Repente e o Desafio típicos da Região Nordeste do Brasil.

A Dupla de início começou a se apresentar na Rádio Clube de Pernambuco, na qual permaneceu por onze anos, apresentando programas musicais e humorísticos diversos.

E, no início da década de 1940, Venâncio e Curumba trocaram Recife-PE pelo Rio de Janeiro-RJ, onde atuaram na Rádio Tupi e na Rádio Tamoio.

Foi em Dezembro de 1950 que a Dupla gravou pela Sinter o primeiro Disco 78 RPM (Nº 020), tendo no Lado A a Batucada "Sai Da Frente" (Clementino Barreto - Enedino Silva - Edgard Amaral) e no Lado B a Marcha "O Doido" (Edgard Amaral - Enedino Silva).

No mesmo ano, Venâncio e Curumba fizeram parte do Elenco da Peça Teatral "As Rolhas Vão Rolar" e, com esse espetáculo, realizaram uma temporada em São Paulo-SP, cidade na qual decidiram se fixar.

Na Capital Paulista, a dupla foi contratada pela Rádio Nacional (hoje Globo). Venâncio e Curumba passaram também a empresariar Artistas (especialmente os oriundos da Região Nordeste do Brasil) através da "Venca Promoções", empresa por eles criada.

Venâncio foi, por sinal, uma das pessoas do Meio Artístico que mais trabalharam para melhorar o "status" do Nordestino na Paulicéia Desvairada, tendo sido inclusive Presidente da Associação de Repentistas, Poetas e Folcloristas do Brasil, na década de 1970.

Em 1953, Venâncio e Curumba gravaram pela Todamérica o Disco 78 RPM (Nº TA-5.310), tendo, no Lado A, uma das Músicas com que mais fizeram sucesso, que foi a Toada "O Boi Na Cajarana" (Venâncio - Corumba), e no Lado B, a Valsa "Saudades De Brejão" (Corumba - Venâncio).

Em Janeiro de 1956 a dupla gravou na Odeon o Disco 78 RPM (Nº 14.019), tendo no Lado A "Último Pau-De-Arara" (José Guimarães - Corumba - Venâncio) e no Lado B a Toada "Saudade De Você" (Williams Martins da Silva - Rogério Lucas).

O inesquecível Baião "Último Pau-De-Arara" (José Guimarães - Corumba - Venâncio) (a Música cujo trecho o Apreciador ouve ao acessar essa página) foi um dos maiores sucessos da Dupla e tornou-se um Clássico da Música Popular Brasileira, tendo sido gravado também por diversos grandes Intérpretes do quilate de Ari Lobo, Catulo de Paula, Quinteto Violado, Clara Nunes, Fagner, Maria Bethânia, Vanuque, Jair Rodrigues,
Sérgio Reis, Zé Ramalho, Gilberto Gil, Teca Calazans, Caju e Castanha, Heraldo do Monte e Carmélia Alves, apenas para citar alguns.

Venâncio e Curumba também brilharam como Compositores e diversas Músicas de autoria da Dupla foram gravadas também por renomados Intérpretes tais como Zito Borborema e Seus Cabras-da-Peste, Gilvan Chaves, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino,
Rolando Boldrin, Luís Wanderley, Nerino Silva, Chico Anísio, Arnaud Rodrigues, Ednaldo Queiroz, Anastácia e Banda Mantiqueira, apenas para citar alguns. Isso tudo sem mencionar os diversos excelentes intérpretes que gravaram "Último Pau-De-Arara" (José Guimarães - Corumba - Venâncio), conforme citado logo acima!

A dupla, no entanto, se desfez no ano de 1968. Curumba seguiu em frente como Empresário, enquanto que Venâncio continuou atuando como Compositor, tendo sempre como "carro-chefe" os Aspectos Folclóricos da riquíssima Música da Região Nordeste do Brasil.

Venâncio chegou a formar o Grupo "Venâncio e os Baianos de Aracaju", com o qual gravou em 1977 pela Premier/RGE o LP "Brasil Com S" (Nº 307.3328), o qual foi bem aceito pela crítica. Ao que consta, esse foi o último LP gravado por Venâncio.

Venâncio também chegou a criar a gravadora "Crazy", a qual, apesar do "nome maluco", foi especializada em Música Brasileira.

Curumba, por sua vez, chegou a residir juntamente com a família de Jair Rodrigues e chegou a participar do LP "Violeiro" (Nº 308.6022) gravado por
Rolando Boldrin na RGE, LP no qual o excelente Cantador gravou as diversas faixas em Dupla com Ranchinho, Bentinho, Cascatinha, Brioso, Leili Boldrin e José Bento de Oliveira (Nhô Bento), além do próprio Curumba, que interpretou "Balagulá" (Venâncio - Curumba), juntamente com Rolando Boldrin.

Importante lembrar que os Intérpretes que cantaram juntamente com
Rolando Boldrin na gravação desse disco já não contavam mais com seus companheiros de Dupla Alvarenga, Xerêm, Inhana e Brinquinho, os quais já haviam "partido para o Andar de Cima".

A Discografia deixada por Venâncio e Curumba é composta por 14 Discos 78 RPM e apenas um LP (Nº AFLP-2006), gravado em 1964 pela gravadora Áudio Fidelity. Consta também o já mencionado LP "Brasil Com S" (Nº 307.3328) gravado na Premier/RGE, no entanto, o Curumba não participou desse Disco.

E, ao que consta, lamentavelmente, nada do que foi produzido por Venâncio e Curumba como intérpretes foi remasterizado em CD, restando somente o "consolo" de belíssimas Composições do quilate de "Último Pau-De-Arara" (José Guimarães - Corumba - Venâncio) que continuam sendo gravadas por excelentes Músicos inclusive na atualidade.



Obs.: As informações contidas no texto dessa página são originárias do Livro de Ayrton Mugnaini Jr. "Enciclopédia das Músicas Sertanejas" e também dos sites

Último Pau-de-arara (Venâncio / Corumba / J. Guimarães) - YouTube

www.youtube.com/watch?v=xbIySm1HIRg
20/07/2008 - Vídeo enviado por apenascris
Subscribe 1,059. 6:03 MEDLEY (Sabiá / O Último Pau de Arara / ABC do Sertão) - Fagner by Angelo ...
  • Venâncio & Corumba Navio De Valença - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=91TnGVhnico
    29/06/2012 - Vídeo enviado por djfredboi
    Venâncio & Corumba Navio De Valença - YouTube. Subscribe 6. 8:12 Balagulá, por Vésper Vocal - Sr ...
  • Carolina vem aí (Venâncio e Corumba) Carlos Antunes 1959 Xote - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=WTzhbZnkeLI
    02/07/2012 - Vídeo enviado por Ao Chiado Brasileiro
    Acervo: AO CHIADO BRASILEIRO Visite o acervo (clique abaixo): http://musicachiado.webs.com ...


     


  • Parto Humanizado feito pela Enfermeira Obstetra.





    MAIS UM IMBRÓGLIO A SER RESOLVIDO. QUEM DORME MUITO,  PERDE A VIAGEM.
    PARTOS , MATERNIDADES, MÉDICOS E ENFERMEIRAS. BRIGÃO OU BRIGONA.
    A obstetrícia é uma das áreas que brevemente só atuará em procedimentos cirúrgicos, uma vez que todos os outros procedimentos serão executados por outros profissionais, as Enfermeiras Obstétricas.
     Programas Federais, Estaduais e Municipais de prevenção de uma maneira em geral, partos simples sem distorcias nas maternidades e outros procedimentos já são dos seus domínios, urge olhar pelas maternidades Públicas do Brasil, os residentes de obstetrícia sairão sem saber fazer um parto. 
    O médico só será chamado nas complicações, acredito que por enquanto, pois brevemente  a  farmacologia completa, a fisiologia profunda  e a clinica cirúrgica  farão parte da grade de ensino destes profissionais.
     Não existe a menor dúvida que,  em sendo a  maioria mulheres, mães, tias e avós, e por permanecerem presas o dia todo nas maternidades estas dominarão esta especialidade com facilidade.
    Leiam com atenção este artigo das grandes enfermeiras Paranaenses.
    Iderval Reginaldo Tenório
     MÉDICO CIRURGIÃO

    Parto Humanizado feito pela Enfermeira Obstetra.


    Conselho Regional de Enfermagem do Paraná, que conseguiu na justiça uma liminar, garantindo a este profissional o livre exercício das suas atividades.

    O enfermeiro obstétrico realiza o parto humanizado com a atuação direta na assistência materno-infantil, desde a sua internação até a sua alta. O atendimento inicia-se com o exame clínico e levantamento de problemas. No pré- parto a paciente tem a informação constante da evolução de seu trabalho de parto, tipo de anestesia( caso seja necessário).

    Neste tipo de parto, segundo a enfermeira obstétrica Izabel Christina de Mello de Brito, o acompanhamento à paciente é constante e são realizados exercícios de estimulação, como massagem e respiração adequada, orientação quanto ao aleitamento materno e informações ao acompanhante do quarto. Já para a enfermeira obstétrica Rosa Sato, a prática da humanização do parto não tem nenhuma receita, depende de cada paciente, qual sua história de vida, seus anseios, vitórias e frustrações, problemas sociais e financeiros. " Nós enfermeiras precisamos focar nosso trabalho, na dedicação, humanização e combate a mortalidade materno-infantil",enfatiza Sato.

    As enfermeiras obstétricas são reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde, como profissionais mais apropriadas para o acompanhamento ao parto normal sem distócia (sem complicações). Os motivos pela preferência das enfermeiras são claros. Elas permanecem o tempo todo nos hospitais e maternidades, podem acompanhar as gestantes tempo integral, fazendo com que o parto e o nascimento de seu filho seja uma experiência positiva, representando um milagre da vida, não um salto no escuro, acrescenta Izabel.

    A humanização no parto deve começar nas primeiras consultas aos postos de saúde, hospitais onde os enfermeiros orientam sobre o período pré, durante e pós gestacional, estimulando o parto normal. "Toda usuária do sistema de saúde público também necessita ser orientada sobre seus direitos e ser bem tratada, este enfoque também humaniza o parto", concluiu Izabel.

    A focalizar a maternidade como um processo que integra a vivência reprodutiva de homens e mulheres, no contexto social, devemos lembrar um pouco da história sobre a assistência obstétrica, pois assim pode-se entender melhor a preocupação da mudança em programas nesta área.

    A história do amor materno descrito por MALDONADO mostra a importância de examinar duas figuras cristã. Eva, a mulher tentadora erotizada que simboliza as forças perigosas e pecaminosas , é raramente pensada como símbolo da maternidade, embora seja a primeira mulher , mãe de todas nós. Ao contrário, a idéia do erótico se associa à noção de castigo, da expulsão do paraíso, tornou-se símbolo do mal, frívola e fraca. O aspecto histórico considerou Maria ligada a imagem materna, pois concebeu sem pecado, ou seja sem sexo, imagem considerada como pureza, da caridade, da humildade e da obediência.

    A assistência obstétrica não avançou muito de sua real finalidade e importância, pois ainda demonstra que está ligada a hegemonia de interesses sociais.A assistência à mulher parturiente era considerada assunto de mulheres, onde os homens realizavam assistência ao nascimento de animais e as parteiras eram nomeadas pelos sacerdotes ou pelas assembléias de mulheres, que com suas experiências práticas ajudavam a criar um clima emocional favorável para a parturiente com suas crenças, talismãs, orações e receitas mágica para aliviar a dor das contrações. Deve-se ressaltar que o índice de mortalidade materno e infantil era muito alto. E na própria literatura infantil é fato marcante como podemos avaliar histórias infantis descritas por autores antigos que relatam sobre um rei viúvo ao nascimento da primeira filha a procura de uma mãe para sua filha órfã.

    Atualmente ainda, observa-se parteiras em exercício ilegal da profissão, tanto em âmbito domiciliar como hospitalar, em regiões de baixo desenvolvimento econômico.

    A imensa mortalidade materna e perinatal começou então a preocupar a esfera pública por ser uma necessidade política e econômica, pois era de garantir exército e trabalhadores e passou a firmar-se como matéria médica e ocorreram as primeiras ações voltadas a disciplinar o nascimento. A partir daí, o parto acabou sendo caracterizado como evento médico, cujos significados científicos aparentemente viriam a ser privado, íntimo e feminino, e passa a ser vivido de maneira pública com a presença de outros atores sociais.

    No século XX mulheres que pariam com a ajuda de outras mulheres, por não ser nobre ou classe maior de renda, passou a ser de interesse médico e ter seus partos observados por profissional legalmente preparados como enfermeiras obstétricas, parteiras e médicos, e iniciou a institucionalização do parto com objetivo de reduzir a mortalidade materna e infantil.
    Segundo o Ministério da Saúde na década de 80 ocorreram iniciativas locais voltadas para a redução da mortalidade materna, cujo projeto desenvolvido por Galba de Araújo no Ceará, cujo objetivo era integrar as parteiras leigas ao sistema local de modo a melhorar a assistência, reduzindo riscos e respeitando a cultura local.
    Para Paiva, no II Seminário Estadual "Qualidade da assistência ao parto: Contribuições da Enfermagem", em 1992 a 1996 foram adotados, avaliados e discutidos as resoluções sobre o fortalecimento da enfermeira e parteira. Nessas resoluções a Organização Mundial de Saúde reconhece o potencial das enfermeiras para melhorar a qualidade e a eficácia dos serviços de saúde.
    Atualmente, o COREN-PR não encontra número suficiente de profissionais para suprir a necessidade da assistência obstétrica, pois a enfermeira atua predominantemente na esfera administrativa e em programas de saúde, deixando a desejar quanti e qualitativamente a assistência obstétrica e neonatal.
    Visto que, administração de provedores de saúde desconhece a competência legal ética dos profissionais a realizarem assistência materno e infantil, deve-se ressaltar que muitas vezes a oferta de serviços qualificados onera a instituição e compromete o profissional médico e enfermeira, ao determinar competência que exige habilidade técnica e científica a outros profissionais, colocando em risco a vida da mulher e ser concepto.
    Martins (1999), ao delinear sobre "A ótica de enfermagem" relata que necessário retomar a prática do parto humanizado com a redescoberto do paradigma da integridade, holístico tendo o parto como evento fisiológico, o qual deve ser acompanhado por profissional devidamente capacitado para que a intervenção, especialmente, a cesárea ocorra quando necessário e não enquanto rotina.
    Mediante portarias, resoluções e leis vigentes na assistência obstétrica ocorre grande procura de enfermeiras obstétricas para atuarem na equipe responsável pela humanização da assistência materno e infantil, cuja finalidade é baixar o índice de morbimortalidade e o número de cesáreas, conforme preconiza o Ministério da Saúde.

    DRA. ROSA SATO
    Enfermeira Obstetra
    DRA. IZABEL P.M. BRITO
    Enfermeira Obstetra

    pesquisa

    1. Renato Teixeira - Amanheceu, Peguei a Viola - YouTube

      www.youtube.com/watch?v=s-k1b-QhQe8
      21/01/2010 - Vídeo enviado por bedocosta
      Abertura do show de Renato Teixeira no Auditório Ibirapuera, gravado em 2007.
    2. AMANHECEU, PEGUEI A VIOLA (letra e vídeo) com RENATO TEIXEIRA, vídeo MOACIR SILVEIRA - YouTube

      www.youtube.com/watch?v=Fe4Lprpthgo
      03/02/2013 - Vídeo enviado por Moacir Silveira
      Renato Teixeira de Oliveira (Santos, 20 de maio de 1945) é um compositor e cantor brasileiro

    Homem que doou sêmen para casal de lésbicas é obrigado a pagar pensão

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    Homem que doou sêmen para casal de lésbicas é obrigado a pagar pensão

    Uma juíza do Kansas determinou que um homem (foto), de 46 anos, que doara sêmen para um casal de lésbicas pague pensão alimentícia, apesar de as partes terem assinado um documento que aliviava William Marotta das obrigações legais como pai biológico da criança que seria gerada.
    Segundo a juíza Mary Mattivi, William e o casal não cumpriram a lei estadual, que exigia a presença de um médico licenciado durante a inseminação artificial. Essa violação, afirmou a magistrada, mantém todos os deveres de William como pai, segundo o “Topeka-Capital Journal”.
    Em 2009, William respondeu a um anúncio de Jennifer Schreiner e Angela Bauer no site de classificados Craigslist. Um ano depois da doação de sêmen, Jennifer deu à luz.
    Só que, pouco depois do nascimento da criança, o casal se separou. Após dois ano, Angela sofreu uma lesão e ficou impossibilitada de trabalhar. Jennifer entrou, então, com pedido de pensão do governo. O pedido foi negado.
    O estado do Kansas resolveu recorrer ao pai biológico, pedindo na Justiça que William pagasse pensão para a criança do filho que ele gerara. Venceu a batalha.
    Fonte: O Globo

    Mais Médicos: cubanos vivem sob vigilância em São Paulo


    Mais Médicos: cubanos vivem sob vigilância em São Paulo

    • Em hotel, profissionais são cerceados por monitores do programa e viram alvo de aliciadores
    PAULO CELSO PEREIRA E THIAGO HERDY (OGLOBO)


    
Médicos cubanos deixam o Hotel Excelsior, em São Paulo, onde estão hospedados
Foto: O Globo / Michel Filho


    Médicos cubanos deixam o Hotel Excelsior, em São Paulo, onde estão hospedados O Globo / Michel Filho
    BRASÍLIA e SÃO PAULO — Regidos por um contrato pouco transparente com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), médicos cubanos participantes do programa Mais Médicos, do governo federal, são submetidos, logo que chegam ao Brasil, a condições que remetem às que vivem na ilha. Além de receberem cerca de 30% do salário pago aos demais participantes do programa, eles estão sob permanente vigilância, conforme constatou O GLOBO em conversas nas últimas semanas com médicos do programa e pessoas que estão em contato direto com eles.
    Mas também há, no momento, uma ofensiva de um grupo de pessoas de fora do programa para tentar localizar médicos insatisfeitos, com o intuito de oferecer-lhes asilo ou refúgio e um emprego. A iniciativa conta com o apoio da Associação Médica Brasileira (AMB), que critica o Mais Médicos, e criou um programa de suporte ao médico estrangeiro.
    O objetivo não é convencer os cubanos a seguir o caminho de Ramona Rodriguez — que depois de deixar o programa se mudou para os Estados Unidos —, mas sugerir que vivam e trabalhem como médicos no Brasil, depois de passar por formação mais rigorosa e aulas de português. Quando ainda participava do programa, Ramona reclamava que se sentia vigiada e sem liberdade para viajar a outras cidades do país.
    Na semana passada, O GLOBO se hospedou no Hotel Excelsior, do Centro de São Paulo, que serve como primeira moradia para boa parte dos médicos que chegam ao país, e constatou que a vigilância é realizada em caráter permanente. Desde o segundo semestre do ano passado, cubanos ocupam a maior parte dos quartos do hotel, localizado ao lado de um antigo cinema que foi transformado em auditório para que eles recebam aulas de português e sobre a organização do sistema de saúde brasileiro.
    Aulas de manhã e de tarde
    Até que sejam enviados para cidades escolhidas pelo Ministério da Saúde, os médicos ficam confinados no hotel, tendo aulas nos períodos da manhã e da tarde. Só saem de lá quando estão na companhia de professores ou agentes do programa. Costumam estender a jornada de estudos até altas horas da noite.
    — O chefe deles fica o tempo todo em cima, e eles ficam o dia todo aí. É como se fosse uma prisão, né? Já chegam sabendo qual é a regra, não são de reclamar. Parece que no país deles é tudo muito rígido também — conta uma camareira do hotel, onde atualmente estão hospedados cerca de 550 médicos.
    O “chefe” a que se refere a camareira é o médico Roilder Romero Frometa. Apresentado formalmente como consultor da Opas, Frometa já se encontrou com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, na condição de “representante dos médicos cubanos”. Em Cuba, ele já era influente. Em outubro de 2011, como diretor de Saúde no município de Guantánamo, foi entrevistado pelo jornal oficial do Partido Comunista na cidade. Segundo funcionários, desde o ano passado Frometa está hospedado no hotel.
    Na semana passada, enquanto conversava como hóspede com os médicos, na recepção, o repórter do GLOBO foi interpelado diretamente por Frometa. Sem saber se tratar de um jornalista, o cubano quis saber o que ele havia conversado com os médicos do programa. Ao ser indagado pelo jornalista sobre qual papel desempenhava no local, Frometa tentou evitar ser fotografado e reagiu:
    — Você está mexendo com coisa perigosa.
    Ele não é o único a monitorar os cubanos. O vai-e-vem de pessoas dentro e fora do prédio é acompanhado também por seguranças do hotel e por pessoas que usam crachás do programa, como observou o GLOBO no período em que esteve no local. Apesar de o hotel ser privado, Opas e Ministério da Saúde tiveram acesso à ficha cadastral preenchida pelo repórter ao se hospedar.
    A Associação Médica Brasileira criou há dois meses um programa de apoio ao médico estrangeiro, cujo objetivo é atender médicos de Cuba e de outras nacionalidades insatisfeitos com as condições do Mais Médicos. Dos 22 profissionais que já procuraram a associação, 16 são cubanos.
    — Todos que nos procuraram se queixaram da vigilância. Precisam dizer a todo momento para onde vão, com quem se relacionam. Cada grupo tem um superior hierárquico, a quem têm que dar satisfação — diz o presidente da AMB, Florentino Cardoso. Segundo ele, o objetivo do programa é “mostrar que não existe queixa ou trauma em relação à presença do médico estrangeiro no Brasil, desde que se cumpra a legislação”.
    No início do ano, um grupo de cinco médicos insatisfeitos esteve reunido com um deputado da oposição para pedir ajuda para abandonar o programa federal. Reclamavam da baixa remuneração, de US$ 400 por mês no Brasil (outros U$ 600 eram depositados em Cuba), e da diferença de salário em relação ao recebido pelos médicos de outras nacionalidades, que recebem R$ 10,4 mil mensais. Duas semanas depois, o governo brasileiro anunciou um aumento no salário dos cubanos, para US$ 1.245 (R$ 2,9 mil), agora integralmente pagos no Brasil. Os cinco pediram, então, mais tempo para pensar sobre a deserção.
    A saída do programa não é simples. Além do temor de serem deportados antes de conseguirem formalizar o pedido de asilo, os médicos temem eventuais represálias a seu familiares e consideram real o risco de nunca mais verem os filhos, os pais e os amigos que estão na ilha.
    “Não existe nenhum tipo de limitação”
    De acordo com o governo brasileiro, atualmente estão no país 10.687 médicos vindos da ilha governada por Raúl Castro e ao menos sete deles já deixaram o programa. Há duas semanas o ministro da Saúde, Arthur Chioro, negou em audiência da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara que cubanos fossem perseguidos no Brasil. “Não posso dizer quanto à situação em Cuba, mas aqui eles estão livres”, afirmou, na ocasião. O Ministério Público Federal abriu um inquérito para apurar eventuais violações de direitos humanos, mas ainda não encontrou indícios.
    Procurado, o Ministério da Saúde divulgou nota em que confirma haver um grupo de funcionários contratados pela Opas responsável pelo “acompanhamento” dos médicos cubanos: “O termo firmado com o governo brasileiro prevê que a organização internacional monte, para melhor gerenciamento do programa, equipe de apoio administrativo e logístico, responsável pelo acompanhamento aos médicos servidores do governo de Cuba que estão em missão internacional no Brasil”. É nesse grupo, segundo a pasta, que se encontra Roilder Frometa.
    O ministério nega, no entanto, que haja qualquer restrição ou monitoramento direto dos cubanos: “Não existe nenhum tipo de limitação imposta pelo governo brasileiro aos participantes do programa, sejam brasileiros ou estrangeiros de qualquer nacionalidade. Todos os participantes estão sujeitos às leis do Brasil, não havendo qualquer tipo de restrição de ir e vir. (...) O termo firmado entre o governo brasileiro e a Opas não estabelece nenhum tipo de monitoramento, acompanhamento ou coerção aos médicos participantes, que recebem o mesmo tratamento que qualquer outro estrangeiro que obtenha visto de permanência no país em condições semelhantes”, diz a nota.
    Atualmente, a venda de serviços médicos é a principal fonte de receita na economia cubana, rendendo US$ 6 bilhões ao ano (R$ 14 bilhões), seguida do turismo, que gera US$ 2,5 bilhões (R$ 5,8 bilhões), segundo dados oficiais.O GLOBO