quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CURIOSIDADE SOBRE LUIZ GONZAGA

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CURIOSIDADE SOBRE LUIZ GONZAGA

CURIOSIDADES DA VIDA E DA CARREIRA DE LUIZ GONZAGA
QUE ACHO IMPORTANTE  QUE TODOS CONHEÇAM.
POR DANIEL BUENO

O REI DO BAIÃO


· Vamos começar pelo começo: Luiz Gonzaga do Nascimento, segundo filho de Januário dos Santos e de Ana Batista de Jesus, neto de José Moreira Franca de Alencar, NASCEU na Fazenda Caiçara, município de Exu/PE, no dia 13 de dezembro de 1912.


· Luiz Gonzaga foi batizado na matriz de Exu no dia 5 de janeiro de 1913 pelo padre José Fernandes de Medeiros, que sugeriu chamar o menino de Luiz por ter nascido no dia de Santa Luzia, e Gonzaga, porque o nome completo de São Luiz era Luiz Gonzaga; Nascimento, porque dezembro era o mês de nascimento do Menino Jesus.



· E por que Luiz não recebeu o sobrenome da família, Januário dos Santos, como se chamaram os oito irmãos e irmãs dele? NINGUÉM SABE ATÉ HOJE!



· A mãe de Gonzaga, Santana, teve nove filhos; a irmã dela, Nova, também teve nove; Baía teve sete e Vicença, oito. As irmãs criaram os filhos todos juntos. Uma molecada só.





Foto: Luiz Gonzaga



· Certa vez, Januário que era tocador e consertava sanfonas, pediu a Gonzaga, ainda menino, para ajudá-lo na afinação e nos consertos do instrumento. Januário percebeu que Gonzaga não tinha lá muito jeito para a roça, e sim, para a sanfona. Daí então passou a chamar Gonzaga para se revezar com ele nos bailes.


· Com a grande cheia de 1924, o riacho do Brígida inundou os arredores e encheu a casa de Januário de água. A família foi obrigada a se mudar para o povoado do Araripe, na Fazenda Várzea Grande.



· O coronel Manoel Aires foi quem ajudou Gonzaga a comprar sua primeira sanfona, que custou 120 milréis. Foi numa loja da cidade de Ouricuri, em 1926, ano em que Luiz Gonzaga passou a tocar sozinho (sem a companhia do pai) e se tornar um sanfoneiro profissional.



· Gonzaga participou durante três meses de um grupo de escoteiros em Exu e foi ali que ele aprendeu a ler e escrever. Mas como precisava ajudar os pais na roça, teve que voltar para casa.



· A iniciação sexual de Luiz Gonzaga foi com uma prostituta da região chamada Maria dos Lajes. Pegou logo uma blenorragia e foi tratado pela mãe, Santana, com remédios caseiros.



· O primeiro grande amor de Gonzaga, segundo ele mesmo declarou, foi uma moça chamada Nazarena, que pertencia à família Olindo, branca e importante na cidade de Exu.



· O pai da moça, seu Raimundo, quando soube do namoro, ficou furioso e disse que não queria sua filha namorando com um sanfoneirinho sem futuro e, ainda por cima, negro. Gonzaga sabendo disso, foi num sábado de feira tirar satisfações com o velho. Tomou uma lapada de cana, comprou uma faca pequena e encarou seu Raimundo. Este, percebendo que Gonzaga estava meio bêbado, desconversou e contou o atrevimento do negrinho para Santana. Chegando em casa, Luiz tomou uma surra da mãe.



· Por causa dessa surra, Gonzaga resolveu sair de casa. Disse aos pais que ia tocar no interior do Ceará e, com a ajuda do tangedor José de Elvira, foi s'imbora pro Crato. Chegando lá, separou-se do amigo, vendeu a sanfona e foi para Fortaleza, onde chegou em julho de 1930. Faria 18 anos só em dezembro. 



· Gonzaga se alistou no Exército porque mentiu a idade. A lei só permitia depois dos 21 anos e como não exigiram a certidão, Gonzaga se alistou no 23o Batalhão de Caçadores e já no mês seguinte (agosto) estava participando da Revolução de 30 no interior da Paraíba.



· Quando completou 1 ano de Exército, Gonzaga foi mandado para servir no Sul do país e embarcou para o Rio de Janeiro em dezembro de 1931. Depois foi para Belo Horizonte em agosto de 1932 e integrou o 12o regimento da Infantaria. Foi lá que ele ficou sabendo que Nazarena, sua paixão de Exu, havia se casado.



· Em janeiro de 1933, Gonzaga fez um concurso para corneteiro e passou. Adquiriu algumas noções de harmonia, aprendeu a tocar corneta e foi elevado a tambor-corneteiro da 1a classe. Foi quando recebeu o apelido de Bico de Aço.



· Durante o serviço militar, Gonzaga aprendeu a tocar violão. Mas não tomou gosto pelo instrumento.



· Em 1936 era ouvinte da Rádio Tupi e admirava um baiano que começava a fazer sucesso: Dorival Caymmi. Conheceu naquele mesmo ano um colega soldado que tinha uma sanfona. Tomou gosto novamente pelo instrumento e pediu a Carlos Alemão, fabricante de sanfonas, que lhe fizesse uma. Demorou três meses. Tinha 48 baixos.









· Passou a tocar nas festas de Juiz de Fora e, depois, em Ouro Fino, para onde se transferiu em 1937. Nessa cidade, havia um advogado, o dr. Raul Apocalipse, que organizava espetáculos no clube Éden, e chamou Gonzaga para tocar lá. Foi a primeira vez que o exuense cantou num palco de verdade. Tocava músicas de Almirante, Antenógenes Silva e Augusto Calheiros.


· Completados dez anos de Exército, Gonzaga teve que sair por força da lei. Então, no dia 27 de março de 1939, Gonzaga embarcou num trem para o Rio de Janeiro e, na mala, uma passagem de volta para o Recife (de navio) e daí até Exu. 



· MAS Gonzaga resolveu dar uma esticada ao bairro do Mangue, no Rio, onde havia muitos bares, verdadeiros "inferninhos" cariocas, e por ali passava muita gente.



· Passou a tocar no meio da rua, juntando gente, passando o prato, e chamou a atenção dos donos de bares. Conheceu o músico baiano Xavier Pinheiro e foi morar com ele, no Morro de São Carlos.



· Gonzaga se apresentou no programa Calouros em Desfile, de Ary Barroso, tocando valsa e tango e só recebia nota 3. No dia em que tocou "Vira e Mexe", recebeu nota 5. E foi muito aplaudido. Percebeu, então, que o negócio era tocar a música nordestina.



· A primeira participação de Gonzaga num disco aconteceu no dia 5 de março de 1941. Foi chamado, então, para fazer o acompanhamento na música "A Viagem do Genésio", na Victor (depois, RCA). O disco saiu em maio.



· Mas o primeiro disco com Luiz Gonzaga artista individual nasceu no dia 14 de março de 1941 quando foi chamado não mais para acompanhar outro artista, mas ele próprio sendo a figura principal. Seu primeiro disco, portanto, saiu em maio. Era um 78 rotações com a mazurca "Véspera de São João" e a valsa "Numa serenata". Em junho, Gonzaga foi lançado com o xamego "Vira e Mexe" e a valsa "Saudades de São João del=Rei".



· A primeira reportagem com Luiz Gonzaga saiu na revista Vitrine e tinha por título: "Luiz Gonzaga, o virtuoso do acordeon". Era assinada por Aldo Cabral, jornalista e compositor.



· Ainda em 1941, Gonzaga lançou mais dois 78 rotações. No primeiro, gravou "Nós queremos uma valsa" e o chorinho "Arrancando caroá", de sua autoria. No segundo disco, gravou "Farolito" (Augustin Lara) e "Segura a polca" (Xavier Pinheiro).



· Em meados de 1943, Luiz assinou o seu primeiro contrato para se apresentar fora do Rio de Janeiro. Era uma temporada no Cassino Ahú, em Curitiba. A imprensa local o chamou de "o maior acordeonista brasileiro". Lá, Luiz se apresentou durante 45 dias e se revelou também intérprete de suas canções. Luiz tornou-se cantor.



· Mas, ao chegar na Rádio Tamoio, da qual era contratado, Gonzaga viu o seguinte aviso: "Luiz Gonzaga está terminantemente proibido de cantar, por ter sido contratado como sanfoneiro". O aviso era assinado por Fernando Lobo, que anos depois se arrependeu da besteira que fez com Luiz.



· Aí Luiz foi tentar a sorte na Victor (depois RCA Victor)_. E lá, a obstinação era a mesma. Todo mundo só admitia Gonzaga como sanfoneiro, nunca como cantor. Gonzaga passou a acompanhar Bob Nélson em várias temporadas e tornaram-se amigos.



· Como Gonzaga não conseguia cantar, passou a dar suas músicas para outros artistas cantarem. Sua primeira intérprete foi Carmem Costa, que gravou "Xamego" em fevereiro de 1944.



· Alguns anos depois, Carmem Costa negou que tivesse sido um dos "casos" de Luiz Gonzaga. 



· Ainda em 1944, Carmém gravou "A mulher do Lino", de Luiz Gonzaga e Miguel Lima (este, o primeiro grande parceiro de Gonzaga) e, no ano seguinte, gravou "Bilu, Bilu" e "Sarapaté".



· Aí Luiz conheceu Manezinho Araújo, pernambucano como ele, embolador já de nome. No dia 12 de fevereiro de 1945, Manezinho gravou "O xamego de Guiomar", com música de Gonzaga e letra de Miguel Lima. Depois veio "Dezessete e Setecentos".



· Gonzaga só conseguiu cantar num disco quando mentiu dizendo que ia gravar na Odeon como cantor. Aí Vitório Latari, seu diretor, se rendeu e perguntou: "O que você tem aí pra gravar?"



· Gonzaga tinha um bocado de músicas. Naquele dia, ele contou: participara de 25 discos como sanfoneiro. E pela primeira vez, realizaria seu sonho de ser cantor.

· No dia 11 de abril de 1945 Gonzaga entrou no estúdio da Victor para gravar sua primeira música como cantor: "Dança Mariquinha", uma mazurca de sua autoria, com letra de Miguel Lima. No lado B gravou a instrumental "Impertinente". 





· O lançamento não teve nenhuma repercussão. Mas em junho, Gonzaga voltou ao estúdio da Victor para gravar seu segundo disco como cantor. Gravou o xamego "Penerô Xerém" (parceria com Miguel Lima) e "Sanfona Dourada", um instrumental.




· Em setembro, vai Luiz de novo para o estúdio e grava a mazurca "Cortando o pano", com letra de Miguel Lima e Jeová Portella. Em novembro, a música foi lançada e estourou nas paradas. Aí Luiz se fez cantor de verdade.



· Em setembro, Luiz já assinara contrato com a Rádio Nacional, e realizou assim seu grande sonho, que era cantar na emissora dos maiores talentos.



· Nessa época, Gonzaga tinha como companheira Odaléia Guedes (que conhecera em 44), mais conhecida como Léa, que tornou-se mãe de LUIZ GONZAGA DO NASCIMENTO JÚNIOR. O Gonzaguinha nasceu no dia 22 de setembro de 1945.



· Gonzaga disse certa vez à sua última mulher, Edelzuíta Rabelo, que só hospedou Odaléia na sua casa porque ela estava sozinha e grávida, sem ninguém que lhe socorresse. Por isso, sabe-se hoje, que Gonzaguinha não era filho biológico do Rei do Baião.



· Gonzaga também nunca negou que era estéril.



· Uns diziam, na época, que Gonzaguinha era filho de Armando, violonista da Nacional, e outros asseguravam que o menino era filho de Nelsinho do Trombone.



· A relação de Gonzaga e Odaléia foi muito agitada, com muitas brigas. Gonzaga chegou a levar uma surra dos irmãos dela. E foi morar com o irmão José Januário na casa de uma cafetina. 



· Mas Gonzaga queria cantar as coisas do Nordeste e procurou um parceiro que lhe desse as letras falando de sua origem. Até que encontrou HUMBERTO TEIXEIRA, um cearense de Iguatu nascido em 1915 e que vivia no Rio desde 1930. Humberto começou estudando Medicina, mas se decidiu mesmo por Direito.



· Os dois se conheceram em agosto de 1945 e, em dez minutos, fizeram, juntos, "No meu pé de serra" e se emocionaram quando concluíram a música, porque afinal os dois eram nordestinos e sentiam a mesma saudade da terra natal.



· Mas a música só seria gravada em novembro do ano seguinte (1946). 



· A segunda música que fizeram juntos colocou Gonzaga nas paradas e fez surgir um novo gênero na música popular brasileira. "Baião" (Eu vou mostrar pra vocês como se dança o baião) era o nome da música e tornou-se também o ritmo que faria sucesso dali em diante.



· "Baião" foi lançada de forma planejada, para levar o gênero ao Nordeste partindo do Sul, sempre chegando às capitais, para que a música nordestina fosse urbanizada. O lançamento foi em outubro de 1946.



· Mas, para surpresa de todos, Gonzaga deu a música para que o grupo os Quatro Ases e um Coringa gravasse e a fizesse conhecida pelo país todo.



· Com esse grupo, mais estilizado, Gonzaga achou que a música chegaria mais longe, sem preconceitos. E chegou mesmo. É tanto, que Luiz só a gravaria de verdade três anos depois.



· A mãe de Gonzaga, dona Santana, esperou 16 anos para ver o filho de volta a Exu e, como ele não voltava, resolveu visitá-lo em meados de 1946. Santana viajou com a filha Geni num navio a vapor, durante 17 dias, até chegar ao Rio.



· Gonzaga tirou férias da Rádio Nacional e quis visitar Exu. Foi quando viajou de avião pela primeira vez. A mãe e a irmã voltaram de vapor.



· No Araripe, Gonzaga ficou 12 dias. Foram doze dias de festas, de bailes, de alegria na família do rei.



· Passando nessa viagem por Recife, Gonzaga gravou um comercial para as Casas Pernambucanas. Ganhou muitos tecidos e mandou para a família em Exu. Com o cachê, Gonzaga comprou seu primeiro carro zero quilômetro, uma Nash, que despachou de navio para o Rio de Janeiro.



· Foi aí que Gonzaga conheceu ZÉ DANTAS, filho de Carnaíba, estudante de Medicina e conhecedor das coisas sertanejas. Gonzaga estava hospedado no Grande Hotel e Zé Dantas foi lá para conhecê-lo, levando uma música pela qual Gonzaga logo de apaixonou: "Vem Morena".



· A amizade de Luiz e Zé Dantas só se consolidaria em 1950, quando o médico/compositor foi morar no Rio de Janeiro para estagiar no Hospital dos Servidores.



· Mas, voltando à viagem de Gonzaga: quando ele retornou ao Rio em 1947, depois das férias em Exu, gravou "A moda da mula preta", de Raul Torres. 



· Em março, Lua gravou um 78 rotações que tinha, no lado A, "Vou pra Roça" e, no lado B, "Asa branca".



· Pronto: Asa branca! Mas era uma música que ele e Humberto Teixeira fizeram sem muita expectativa, sem alarde, porque achavam que seria mais uma.



· E não foi. Asa branca seria o marco principal na carreira e na vida de Luiz Gonzaga. Foi cantando essa música que Gonzaga participou do seu primeiro filme, Esse Mundo é um Pandeiro, de Watson Macedo, o rei das chanchadas.



· Helena das Neves Cavalcanti: esse era o nome de uma contadora e tiete de Gonzaga que ele conheceu no vigésimo-segundo andar da Rádio Nacional em julho de 1947. Helena era pernambucana de Recife e havia perdido o pai, farmacêutico em Gravatá, aos 5 anos de idade. 



· Helena fora morar no Rio em 1944. Depois que conheceu Gonzaga, para quem escrevera a fim de conhecê-lo, tornou-se sua secretária. Afinal, também era contadora e poderia administrar a fortuna de Gonzaga.



· Na temporada que Gonzaga fez na Rádio Clube, em Recife, no final de 1947 (era 15 de dezembro, quando desembarcou no Aeroporto dos Guararapes), trouxe Helena com ele e mandou chamar sua mãe, Santana, para conhecê-la. Aí a velha se engraçou muito de Helena e aprovou o casamento. 



· As irmãs de Gonzaga dizem hoje que Gonzaga não parecia muito empolgado com o casamento. A verdade é que em fevereiro de 48, já noivo de Helena, Gonzaga mantinha um caso com Elza Laranjeira, cantora na Record em São Paulo.



· No dia 16 de junho de 1948, Gonzaga se casou com Helena no Rio de Janeiro, na Igreja de Nossa Senhora de Aparecida, no bairro de Cachamby. Os padrinhos de Gonzaga foram Miguel Lima e esposa; e os de Helena foram Mário Reis (que não era o cantor) e esposa.



· Ao se casarem, Gonzaga ia completar 36 anos (no dia 13/12) e Helena tinha 22.



· O casal e a mãe de Helena, dona Marieta, foram morar na rua Vereador Jansen Muller, 425, no bairro de Cachamby. (Naquela época se escrevia com y)



· Em 1948, a RCA Victor não tinha onde prensar seus discos porque havia rompido com a firma inglesa responsável pela prensagem. 



· Só em 1949 é que Gonzaga voltou a fazer sucesso com "Légua Tirana", uma toada triste. 


· Em junho daquele ano, Gonzaga inaugurou a prensa "zero quilômetro" da RCA com a música "Mangaratiba" de um lado do disco, e "Lorota Boa" do outro.



· No mesmo dia, Gonzaga deixou gravada "Juazeiro", cuja melodia o velho Januário já tocava quando Gonzaga era menino, e Humberto botou uma nova letra.



· Uma curiosidade: "Juazeiro" chegou a ser gravada pela cantora americana Peggy Lee, numa versão dos compositores Harold Steves e Irving Taylor.



· O cantor Francisco Carlos chegou a fazer sucesso com duas músicas de Gonzaga/Humberto Teixeira: "Me deixa em paz" e "Meu brotinho". 



· Quando Gonzaga resolveu levar toda a família para o Rio de Janeiro, bateu de frente com um impasse: Santana não iria de barco porque queria levar toda a mudança; e Januário não viajaria de avião porque, segundo o velho, não era urubu para voar no céu. Aí Gonzaga alugou um caminhão pra pegar todo mundo. Era o dia 1o de novembro de 1949 quando a família de Gonzaga se mudou para o Sul.



· Em janeiro de 1950, o médico Zé Dantas deixou Recife para também morar no Rio de Janeiro.



· A música "Vem Morena" tem a parceria de Luiz Gonzaga, mas na verdade é toda de Zé Dantas. É que Gonzaga botou seu nome pra ver se amenizava qualquer polêmica que surgisse entre Zé Dantas e seu pai, que poderia suspender sua mesada e proibir seus estudos por ter se tornado compositor. O pai não queria isso.



· Zé Dantas foi recebido no Rio por Gonzaga, Humberto e Péricles. 



· Um dia, Humberto Teixeira, que era um bom orador, recebeu incentivo para se candidatar a deputado federal. E acabou entrando para a política, deixando uma brecha providencial para Zé Dantas como compositor.



· Zé Dantas era obstetra e trabalhava no Hospital dos Servidores, do Rio de Janeiro. Gonzaga sempre achou Zé Dantas mais sertanejo, mais telúrico do que Humberto Teixeira, embora este compusesse em qualquer tema.



· A primeira banda que Gonzaga formou para acompanhá-lo tinha dois componentes: Zequinha, no triângulo, à sua esquerda, e João André Gomes, vulgo Catamilho, na zabumba, à sua direita.



· Depois de dois anos de casados, e sem ter menino em casa, Gonzaga fez um exame médico e descobriu que era estéril. Aí o casal adotou uma menina de nome Rosa Maria, mais conhecida como Rosinha, que Helena sempre tentava apresentar como filha legítima do casal.



· Uma vez correu o boato que Gonzaga havia matado Helena porque havia encontrado a mulher atrás de um piano agarrada com Assis Chateubriand. O boato depois é que teria só cortado a orelha de Helena. Quando Helena mostrou a orelha, disseram que era de plástico. Quem contou isso foi a própria Helena.



· O irmão mais novo de Luiz, José Januário, sempre teve o apoio de Gonzaga no Rio de Janeiro. Foi o Rei do Baião que sugeriu a Januário que mudasse o nome dele para Zé Gonzaga, pra todo mundo saber que ele era seu irmão e, assim, dar-lhe oportunidade de fazer sucesso.



· Em maio de 1951, Luiz Gonzaga sofreu um acidente de carro e quase morre. Zequinha estava dirigindo e, em vez de seguir para a Via Dutra, entrou na avenida Brasil. Como Zequinha estava com sono, Gonzaga pediu o volante com raiva e, dentro de quinze minutos, bateu com o carro e caiu de uma altura de 15 metros. Eram 5 horas da manhã.



· Saldo do acidente: Gonzaga quebrou seis costelas e a clavícula; Zequinha quebrou o queixo e Catamilho arrebentou as costas.



· Ainda em 1951, Gonzaga sofreu outro acidente de carro, mas nada sério com ele e os músicos. Dona Santana foi quem mais sofreu: perdeu um dedo, porque a mão dela estava pra fora. O acidente foi provocado por uma roda que saltou do carro.



· Zé Dantas, Humberto Teixeira e Gonzaga faziam o programa No Mundo do Baião, na Rádio Nacional. O compositor e médico Zé Dantas era também produtor do Cancioneiro Rayol. O sertanejo sabia contar estórias, imitar as vozes dos animais e falar feito matuto.



· Zé Dantas e Humberto Teixeira apenas se aturavam. Até que um dia os dois brigaram feio e se intrigaram de verdade. Gonzaga também se aborreceu com Humberto e os dois brigaram. 



· Dizem que Humberto Teixeira achava que, na parceria, ele deveria ganhar mais do que Gonzaga porque sua participação era mais importante. Helena se metia achando que não. A família de Gonzaga, por outro lado, reclamava dizendo que Asa Branca, Juazeiro e No Meu Pé de Serra eram músicas feitas pelo velho Januário, e era ele que deveria receber os direitos autorais. Nessa época, os sucesso fazia todos brigarem entre si. 



· Gonzaga então declarou abertamente que sua nova paixão musical era Zé Dantas. E mais ninguém. Essa decisão de Gonzaga foi ruim, porque Humberto era o homem dos direitos autorais, homem de conhecimentos, que impediu Gonzaga de receber corretamente seus direitos.



· Mesmo assim, Gonzaga preferiu ficar com Zé Dantas.



· Dona Iolanda, viúva de Zé Dantas revela hoje que muitos sucessos da parceria Gonzaga/Zé Dantas eram na verdade só de Zé Dantas, que as gravava num gravador enorme e mostrava para Luiz quando este passava pelo Rio.



· E Zé Dantas dava a parceria sem reclamar. Pelo menos para Gonzaga, porque para os amigos o médico chegou a lamentar essa situação.



· Helena, muito sabida, e percebendo a fisionomia contrariada de Zé Dantas, chegava a dizer a este: "Ô doutor, o senhor não acha que fica mais bonito quando se bota no disco Luiz Gonzaga e Zé Dantas?" Afinal, era ela que controlava o dinheiro que entrava dos direitos autorais.



· Tanto que, em 1952, Gonzaga só gravou duas músicas com a participação de Zé Dantas: Imbalança e São João na Roça. Naquele ano, Gonzaga arrumou um novo parceiro: Hervê Cordovil, que era maestro da Record. Foi Carmélia Alves que apresentou um ao outro.



· No final de 1951, os Laboratórios Moura Brasil contrataram Luiz Gonzaga para fazer uma excursão pelo país todo, de Porto Alegre a Belém. E tudo isso de caminhonete. A turnê durou um ano.



· Na passagem pelo Recife, Gonzaga estreou na Rádio Tamandaré e bateu o recorde de bilheteria. Teve que fazer mais dois shows, o que valeu uma renda fabulosa de 80 mil cruzeiros.



· Além do cachê, Gonzaga recebeu do Moura Brasil um Jipe, quando o prometido era um Cadillac.



· Zé Dantas se reconciliou com Gonzaga e passou a freqüentar a casa de Januário e Santana que Gonzaga lhes deu de presente em Santa Cruz da Serra, no Rio. Foi ali que Zé Dantas, ao lado da família de Gonzaga, num ambiente sulista que mais parecia roça nordestina, que ele voltou a compor.



· Quem fez a introdução da música "São João na Roça" foi o velho Januário. Gonzaga e Zé Dantas pelejaram e não acharam um jeito de dar uma boa introdução à música. Januário fez isso em poucos minutos na sua safoninha de oito baixos.



· Uma vez, Gonzaga juntou o velho Januário e mais cinco irmãos e fez um grupo chamado Os Sete Gonzaga para se apresentar na Rádio Tamoio. O sucesso foi tanto que a temporada se prolongou por dois meses.



· Em 1953, Catamilho, que bebia muito, foi posto pra fora do grupo e até surgiu um boato de que Gonzaga havia matado o músico por causa de Helena. Os boatos foram tantos que Gonzaga se viu obrigado a contratar Catamilho de novo só para provar ao povo que o homem estava vivo!



· Mas Catamilho continuou bebendo muito e acabou saindo de vez. No seu lugar entrou o anão Osvaldo Nunes Pereira, que Gonzaga conheceu trabalhando num posto de gasolina, em Jequié, na Bahia.



· Zequinha, solidário com Catamilho, também pediu pra sair do grupo em plena excursão pelo Ceará. Gonzaga se viu de repente sem acompanhantes. Mandou buscar um engraxate engraçado de nome Juraí Miranda, que morava no Piauí. Antes de um show em Santo Antonio de Jesus, Gonzaga parou num riacho para ensaiar com os dois novos componentes que nem de música entendiam.



· Aquele era o dia 23 de outubro de 1953. Luiz botou nome artístico nos dois recém-formados músicos. Osvaldo, o anão, iria ser chamado de Xaxado. E Juraci seria chamado de Cacau.



· O anão Xaxado depois ficou sendo chamado de Salário Mínimo.



· Gonzaga, nessa época, viajava demais. Não parava em casa. Helena é que ia se encontrar com ele nos locais onde fazia show.



· Foi, por isso, que Hervê Cordovil fez a música "Vida de Viajante".



· Ainda em 1953, Gonzaga e Zé Dantas fizeram o Xote das Meninas, A letra I, ABC do Sertão, Algodão e Vozes da Seca. A música A Letra I era uma referência à noiva de Zé Dantas, Iolanda, com quem ele viria se casar no dia 26 de junho de 1954.



· Durante uma segunda excursão da Moura Brasil, Gonzaga cantou em Garanhuns/PE e conheceu o sanfoneiro Dominguinhos, de 14 anos, fazendo parte de um trio chamado Os Três Pingüins. O da sanfona era Nenén, que depois seria conhecido por Dominguinhos.



· Em 1955, Gonzaga tomou conhecimento de uma tal Patrulha de Choque de Luiz Gonzaga, um trio de imitadores de Luiz Gonzaga formado por Marinês, que cantava e tocava triângulo; Abdias, seu marido, na sanfona, e Chiquinho, o cunhado, na zabumba.



· Em 1955, numa festa em Propriá, o prefeito Pedro Chaves promoveu o encontro de Marinês com Gonzaga. 



· Em março de 56, a convite de Gonzaga, Marinês e Abdias desembarcaram no Rio de Janeiro e ficaram hospedados na casa do rei do baião, que coroou Marinês a Rainha do Xaxado, numa apresentação na Rádio Mayrink Veiga.



· Por fim, Gonzaga formou um grupo para acompanhá-lo, com Marinês, Abdias, Zito Borborema e Miudinho. Era chamado de Luiz Gonzaga e seus Cabras da Peste.



· Por conta do ciúme que Helena tinha de Marinês, o grupo logo se desfez no final daquele mesmo ano.



· Aí a cantora formou um grupo chamado Marinês e sua Gente, com Abdias e Cacau, e conseguiu fazer sucesso nos palcos brasileiros. Ela ainda hoje diz que foi a primeira mulher a cantar forró. Gravou seu primeiro disco pela Sinter, em 1957.



· Nesse mesmo ano, Helena idealizou a criação de um novo grupo inspirado no trabalho de Gonzaga. Aí juntou Zito Borborema, Miudinho e Dominguinhos, que aquela altura já estava morando no Rio, tentando gravar um disco. O grupo passou a se chamar Trio Nordestino e era empresariado por Helena, a mulher de Gonzaga.



· No final dos anos 50, Gonzaga entrou numa fase de declínio, com a chegada da bossa-nova e do rock and roll tupiniquim. A classe média e as elites deixaram Luiz Gonzaga de lado e quiseram sepultar o baião. Foi então que Gonzaga passou a cantar mais no interior, onde sempre foi e seria eterno ídolo. Contratou o anão Oswaldo, de novo, para tocar triângulo, e mais Azulão na zabumba, e fez muitos shows pelo interior do Brasil.



· Foi numa dessas andanças, em Mato Grosso, que ele reencontrou-se com Nazarena, seu primeiro amor, já casada e mãe de família.



· Helena, a mulher de Gonzaga, foi ficando cada vez mais ciumenta e disposta a tomar conta da carreira do marido. Diziam que ela era autoritária e vivia criticando os amigos mais próximos de Gonzaga.



· Ela também queria ser popular. Em 1958, Helena entrou na política e, pela UDN, elegeu-se vereadora de Miguel Pereira, no estado do Rio.



· A partir de 1958, Gonzaga gravou pouca coisa de Zé Dantas, que, por sua vez, passou a registrar suas criações apenas em seu nome, não dando mais a parceria a Gonzaga. 



· Santana, a mãe de Gonzaga, sofria do Mal de Chagas e faleceu no dia 11 de junho de 1960 no Rio de Janeiro, onde foi enterrada. Depois, seus restos mortais foram transferidos para o cemitério de Exu.



· Ainda em novembro de 1960, o velho Januário voltou a casar. Conheceu Maria Raimunda de Jesus, de 32 anos e, no dia 5 daquele mês, selou sua segunda união na Igreja de Exu, mas só depois do consentimento de Gonzaga.



· Esse casamento de Januário e Maria Raimunda durou 18 anos.



· Gonzaga já não vendia tantos discos como antes, e, para continuar sustentando a família, vendeu seu palacete e comprou um apartamento pequeno, na rua Pereira Alves, 255, em Cocotá, na Ilha do Governador.



· Em 1961, Gonzaguinha, com 16 anos de idade, passou a morar com o pai em Cocotá.



· O anão Osvaldo, que tocava triângulo no grupo de Gonzaga, contou que o patrão trabalhou na campanha de Jânio Quadros de graça! Só os músicos recebiam o cachê.



· Em 1961, na cidade de Sumé, na Paraíba, Gonzaga conheceu o compositor José Marcolino, com muitas músicas prontas. Aí Gonzaga mandou buscá-lo depois para, no Rio de Janeiro, prepararem o repertório do LP daquele ano.



· Gonzaga sofreria um outro acidente de carro em 1961. Andando num carro velho, a porta se abriu, Gonzaga bateu com a cabeça no chão, sofreu uma fratura no crânio e teve o olho direito gravemente ferido. A sorte dele foi que havia uma farmácia por perto, onde recebeu os primeiros socorros, ou, segundo dizem, teria morrido.



· Nesse acidente, Gonzaguinha e Osvaldo sofreram leves arranhões. Mas Gonzaga ficou um mês internado. Isso fez com que o disco ficasse para ser gravado em janeiro de 1962.



· Era o LP Véio Macho, que tinha seis parcerias dele com José Marcolino, duas músicas de Zé Dantas, uma de Onildo Almeida, outra de Rosil Cavalcanti e uma parceria de João do Vale com Helena, que na verdade só entrou porque João era de uma sociedade autoral diferente e teve que colocar o nome de Helena, em vez do nome de Gonzaga.



· Zé Dantas não chegou a ouvir esse disco. Morreu no dia 11 de março de 1962, após longa doença na coluna vertebral que o mantivera hospitalizado durante quase um ano. Morreu aos 41 anos de idade. Gonzaga não compareceu ao enterro, em Pernambuco, porque ainda estava se recuperando do acidente de carro. Diziam até que a família de Zé Dantas ficou magoada com a ausência de Gonzaga.



· Ainda nesse ano em que perdia Zé Dantas, Gonzaga conheceu um parceiro importante na sua carreira: João Silva.


· Gonzaga acabou sendo contratado pela Mayrink Veiga para uma temporada entre 62 e 63, com sucesso.


· Em 1963, Gonzaga lançou "A Morte do Vaqueiro", uma música de protesto e de homenagem a seu primo legítimo Raimundo Jacó, que fora assassinado em 1954. Essa música foi composta na rua Vidal de Negreiros, número 11, no Recife. Gonzaga deu o mote a Nelson Barbalho e a música saiu ligeiro, nos acordes de Luiz e nos versos de Barbalho.



· Gonzaga entrou para a maçonaria, no Rio, e chegou ao terceiro grau. Ficou sem tempo para continuar.



· Em 1964, Gonzaga comprou um terreno em Exu. Naquele ano gravou dois LPs. Lançou Sanfona do Povo, um lamento pela sanfona roubada no Rio, e cuja história todo mundo ficou sabendo. Luiz Guimarães fez a letra e tornou-se o novo parceiro de Gonzaga.



· O segundo LP trouxe uma das músicas mais conhecidas do seu repertório: A Triste Partida, uma mistura de lamento e de protesto escrita por Antonio Gonçalves da Silva, o popular Patativa do Assaré. A música tem 152 versos. 



· Gonzaga ainda pediu a parceria da música a Patativa, que, indignado, mandou o sanfoneiro "plantar feijão". Assim mesmo, Gonzaga gravou e fez sucesso. Depois, não gravou mais nada do compositor cearense.



· Em 1966 saiu um livro com a biografia de Luiz Gonzaga escrito por Sinval Sá. O livro não foi às livrarias. Era Gonzaga mesmo quem vendia.



· Em 1967, Gonzaga andava meio esquecido. A Jovem Guarda estava na onda. Aí, junto com José Clementino, fez o Xote dos Cabeludos, um protesto gravado no disco Ói Eu Aqui de Novo, que trazia a participação de João Silva, compositor que o acompanharia pelos próximos 20 anos.



· É bom registrar que, em 1965, Geraldo Vandré, esquerdista convicto, gravara Asa Branca, de um Luiz Gonzaga chamado de direitista. Aí Gonzaga retribuiu gravando, em 1968, um compacto simples com a música Caminhando, grande sucesso de Vandré.



· Gonzaguinha se formou em Economia para atender a um desejo do pai. Mas nem sequer foi buscar o anel da formatura. Queria mesmo era ser músico, sobretudo letrista. Em 1968, Gonzagão gravou quatro músicas do filho.



· Nesse disco entrou também o pernambucano Rildo Hora, que teria grande importância na carreira de Gonzaga.



· Ainda em 1968, Luiz fez as pazes com Humberto Teixeira, que o trouxe de volta à UBC (União Brasileira de Compositores). Saiu logo um disco intitulado Meus Sucessos com Humberto Teixeira.



· Um dia, Carlos Imperial criou um boato dizendo que os Beatles iriam gravar Asa Branca. Aí a imprensa começou a procurar Luiz Gonzaga, fazer entrevistas, gravar programas, pagando cachê, um rebuliço geral. E então Luiz voltou a ser notícia, ainda mais depois de Gil e Caetano terem dito que suas influências teriam sido as músicas de Luiz Gonzaga.



· A partir de 1969, Dominguinhos já fora do Trio Nordestino (agora com Lindu) passou a acompanhar Gonzaga em seus shows. Era a segunda sanfona e também seu chofer. Numa dessas andanças, Dominguinhos conheceu Anastácia, e aí começou uma relação de amor e música.



· Com padre João Câncio, Gonzaga criou a Missa do Vaqueiro, em homenagem a Raimundo Jacó, o vaqueiro assassinado em 1954, e que era seu primo legítimo. A missa tinha a participação dos irmãos Bandeira e dos vaqueiros da região.



· Um disco de Caetano Veloso, gravado no exílio, era cantado todo em inglês, menos uma música: Asa Branca. Ao ouvir a música pela primeira vez, numa loja de disco, Gonzaga chorou.



· Gonzaga gravou um disco produzido por Rildo Hora chamado O Canto Jovem de Luiz Gonzaga, interpretando só músicas de Caetano, Gil, Antonio Carlos e Jocafi, Edu Lobo, Vandré, Dori Caymmi e Gonzaguinha. A moçada da MPB estava redescobrindo o velho Lua.



· Em agosto de 1971, Luiz Gonzaga deu uma entrevista ao Pasquim, que o chamou de "a figura mais importante da música popular brasileira".



· Em março de 1972, Gonzaga se apresentou no Teatro Teresa Raquel num show chamado Luiz Gonzaga Volta Pra Curtir, produzido por Capinam. Os estudantes foram sua platéia.



· Mas Gonzaga não estava cantando mais o que queria, do que realmente gostava. E queria voltar às suas raízes.



· Em 1972, pediu à RCA um adiantamento para comprar uma Veraneio, para usar em suas andanças pelo país. A RCA negou o dinheiro e Gonzaga se afobou: rompeu um contrato de 32 anos e foi bater na Odeon, onde Fernando Lobo o esperava com o dinheiro do carro Veraneio.



· Na Odeon, Luiz ficou dois anos. Lá, gravou cinco discos, mas apenas 26 músicas inéditas. O único grande sucesso pela odeon foi Samarica Parteira, do LP Sangue Nordestino (1974), uma obra escrita por Zé Dantas que Gonzaga cantava em seus shows mas nunca havia gravado.



· Em 1973, Gonzaga recebeu o título de Cidadão Paulista.



· Ainda naquele ano, recebeu uma missão das mãos do governador de Pernambuco, Eraldo Gueiros: como mediador, Gonzaga tentaria pacificar a cidade de Exu, onde imperava a violência entre as famílias Sampaio e Alencar.



· Para isso, Gonzaga inventou de se candidatar a deputado federal pelo MDB. Foi salvo por um conselho do amigo Padre Câncio, que o fez ver da besteira que poderia ser aquela decisão. Padre Câncio disse a ele que Gonzaga era o cantor, o sanfoneiro consagrado; que, se eleito, seria só mais um deputado. E nem votaria nele! Aí Gonzaga despertou e desistiu de ser candidato.



· Gonzaga era, bem declarado, adepto dos militares. Cantava para eles, era querido por eles, e vivia perto deles, sempre. Já o filho Gonzaguinha era da esquerda, andava com os universitários que repudiavam a ditadura, e, por isso, os dois a partir de certo momento ficaram de relações cortadas.



· Gonzaga, o pai, chegou a defender a Censura e deixou seus seguidores meio atordoados. Ele chegou a dizer que "essa coisa de tortura é jogada dos comunistas".



· Durante o Governo Médici, Gonzaga recebeu a notificação que haviam sido censuradas três músicas dele: Asa Branca, Vozes da Seca e Paulo Afonso. Helena defendeu Gonzaga na Censura e conseguiu reverter a situação.



· Em 1972, Gonzaga criou a casa Forró Asa Branca, na Ilha do Governador, onde fez muitos shows até 1974, quando Helena e as cunhadas brigaram e puseram tudo a perder.



· Em 1975 não foi lançado nenhum disco inédito.



· Helena, como empresária, lançou naquele ano Os Novos Gonzaga (com os sobrinhos de Lua) e As Januárias (as sobrinhas).



· Saiu Dominguinhos e entrou Joca, seu sobrinho, para acompanhar Gonzaga. Ficou 1 ano ao lado do tio e depois, com o nome de Joquinha Gonzaga, seguiu sua própria carreira.



· Numa viagem que fez do Recife para Brasília, em 1975, Gonzaga conheceu Edelzuíta Rabelo, que seria sua última companheira.



· Edelzuíta já conhecera Gonzaga em Caruaru, onde, nessa ocasião, estava noiva do radialista Ludogério, que acabou morrendo num desastre de avião três anos antes do segundo encontro de Gonzaga e Edelzuíta.



· De volta à RCA, Gonzaga lançou em 1976 o LP Capim Novo. A música que dizia "Certo mesmo é o ditado do povo: pra cavalo velho o remédio é capim novo" retratava o momento que ele vivia ao lado da namorada Edelzuíta, então com apenas 35 anos, e ele já com 63.



· Capim Novo acabou entrando na trilha sonora da novela Saramandaia e Luiz entrou também nas paradas de sucesso. Nesse mesmo ano, a TV Globo fez um especial com ele. Foi exibido em duas partes, nos dias 13 e 20 de agosto de 1976.



· Em 1977, Gonzaga fez o projeto Seis e Meia ao lado de Carmélia Alves, no Teatro João Caetano. Foi lançado um LP com os dois em agosto daquele ano.



· Em abril de 77 já havia sido lançado o LP Chá Cutuba, na mesma veia de Capim Novo e Ovo de Codorna. Nesse disco, Gonzaga gravou uma música de gratidão a Benito di Paula, que havia citado seu nome em Charlie Brown e feito a bela Sanfona Branca em homenagem a Luiz.



· Nesse LP, uma curiosidade: duas músicas assinadas por Humberto Teixeira, sozinho, sem a parceria de Gonzaga.



· Gonzaga entrou em 1977 na versão brasileira da famosa Enciclopédia Universal Britânica.



· No dia 11 de junho de 1978 morreu o velho Januário, pai de Gonzaga, exatamente 18 anos depois da morte da mulher, Santana. No ano seguinte, Gonzaga gravou o disco Eu e Meu Pai em homenagem ao velho.



· Ainda nesse disco foi gravada a última música que Humberto Teixeira compôs para Gonzaga: Orélia. 



· Também nesse ano morria Humberto Teixeira, seu grande parceiro.



· Nessa mesma época, Gonzaga e Gonzaguinha fizeram as pazes e gravaram juntos Vida de Viajante.



· Uma vez, Gonzaga teve um encontro com o general João Figueiredo e este lhe perguntou: "Cadê seu filho? Por que ele não gosta de mim? Diga a ele que me deixe em paz".



· Gonzaga falou certa vez em lançar Helena, a esposa, candidata a prefeita de Exu. Helena não quis.



· No início de 1980 participou da temporada Sabor Brasil, promovida pela Souza Cruz, ao lado de Clara Nunes, Altamiro Carrilho, Waldir Azevedo, João Nogueira e João Bosco.



· Nesse ano foi lançado o disco Homem da Terra, sem grandes novidades, a não ser os dispensáveis violinos, sem contar que a faixa título era um comercial para o Bamerindus.



· Mas em 1981 veio um LP bonito, intitulado A Festa, com a participação de Gonzaguinha, Emilinha Borba, Dominguinhos e Milton Nascimento, este último em dueto com Gonzaga na música Luar do Sertão.



· Foi nesse ano que Gonzaga passou a ser chamado de Gonzagão. Ele viu numa faixa de um de seus shows em São Paulo esta legenda: Gonzaguinha e Gonzagão a maior dupla sertaneja do Brasil.



· Aos 70 anos de idade, Gonzaga resolveu fazer uma cirurgia plástica no olho arrebentado pelo acidente sofrido em 1961.



· Um acidente urinário durante a operação revelou câncer na próstata, doença que Helena preferiu esconder do marido.



· O LP Danado de Bom, lançado em fevereiro de 84, lhe deu O PRIMEIRO DISCO DE OURO DA SUA CARREIRA. O disco ainda lhe daria um segundo disco de ouro.









· Foi uma orientação de Onildo Almeida à RCA que botou Gonzaga pra vender discos. Onildo disse ao pessoal da gravadora que a música de Gonzaga não precisava de sofisticação, que o disco tinha que ser bem produzido mas com poucos arranjos, e bem originais, para o preço ser bem popular. Aí Gonzaga passou a vender não mais 25 mil discos a cada lançamento, mas 200 mil.


· Ganhou um novo produtor: Oséas Lopes, conhecido também como Carlos André, cantor popular.



· A música Forrofiar, João Silva e Gonzaga fizeram em menos de 10 minutos. João Silva passou a ser parceiro cada vez mais presente na obra de Gonzagão.



· Sanfoninha Choradeira, com Elba Ramalho, se tornou um grande sucesso. O pot porrui com Fagner também foi outro sucesso enorme.



· Em 1984 ganhou o prêmio Shell e parou de segurar a sanfona, porque não agüentava mais o peso. Gonzaga achava que estava com gota, mas era o câncer que já lhe abalava a saúde.



· Agora se apresentava no palco acompanhado de dois sanfoneiros: Joquinha, seu sobrinho, e Mauro, um jovem de Exu que tocava no coral da Igreja.



· Em 1985, ganhou mais dois discos de ouro com o LP Sanfoneiro Macho, que tinha a participação de Dominguinhos, Gonzaguinha, Sivuca, Gal Costa e Elba Ramalho. Havia oito músicas de João Silva.



· O disco de 86, Forró de Cabo a Rabo, deu mais um disco de ouro a Luiz Gonzaga. A música-título era uma parceria dele e João Silva. Os dois compuseram a música num quarto de hotel. E João Silva com a cara cheia de uísque.



· No disco de 87, De Fia Pavi, a música que estourou mesmo foi "Nem se despediu de Mim", outro grande sucesso do velho Lua.



· No final de 87, Gonzaga já sentia fortes dores, provocadas pelo câncer de próstata. Já havia metástase nos ossos. Gonzaga chegou a dizer, um dia, que se mataria se soubesse que tinha câncer. Diziam-lhe que tinha osteoporose.



· No começo de 88, Gonzaga resolveu que viveria definitivamente ao lado de Edelzuíta Rabelo e deixaria Helena, sua esposa. Estava com 75 anos de idade. Essa decisão deixou-o até mais disposto, mais saudável.



· Nesse ano, gravou o disco Aí Tem Gonzagão. A voz de Gonzaga já não era a mesma. Estava diferente, cansada. Ainda em 88, a RCA lançou 50 Anos de Chão, uma caixa com cinco LPs, uma obra de despedida da gravadora com o seu cantor de 47 anos de trabalho.



· Gonzaga ainda chegou a gravar o LP Vou te Matar de Cheiro, na Copacabana. O último da sua vida.



· Em 1989, já bastante doente, Gonzaga ainda tinha na agenda vários shows marcados para o São João daquele ano. 


· Mas, no dia 21 de junho, o velho Lua foi internado no Hospital Santa Joana, no Recife.



· No dia 16 de julho seria feito o divórcio de Gonzaga e Helena, que não aconteceu a pedido da família. Gonzaga pediria o divórcio alegando maus-tratos.



· Mas chegou o dia. Em 2 de agosto de 1989, Gonzaga faleceu no Hospital Santa Joana.



· Dizem as enfermeiras que ele sentia tantas dores, que, muitas vezes, soltava gemidos que mais pareciam aboios, aquelas toadas cantadas pelos vaqueiros em tom de lamento.



· No seu enterro, com a presença de muita gente, a música mais cantada foi "Nem se Despediu de Mim".






  





EUNICE OLIVEIRA POSTOU NO SEU MURAL, EU POSTO PARA TODOS, COM A PERMISSÃO DA MESMA.

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Foto: mãe é assim mesmo.............


  1. Miniatura

    Rick & Renner - Mãe

    de aleildoferreira4 anos atrás 1886776 views
    Adoro Essa Música, Lembro Muito Da Pessoa Que Mais Amo No Mundo... A Minha Mãe, Que Sempre Me Apoia E Cuida De Mim... TE AMO MÃE

  2. CRISTINA MEL - OBRIGADO MÃE

    de Bella Donna2 anos atrás 602765 views
    "Sua benção mãe, Deus te abençoe minha filha Te amo muito Deus te abençoe Sabe mãe, hoje eu

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O DESMONTE DA MÁQUINA ADMINISTRA PÓS PLEITO

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Nas  capitais e em todo o interior do Brasil começou o desmonte da máquina administrativa, começou a dança dos cargos, teve inicio a caça aos pseudos opositores . Digo pseudos , uma vez que na política tudo pode acontecer, aqueles que se encontram de um lado hoje , amanhã poderão mudar. 

O que se vê é o desmantelamento de todos os departamentos, hospitais, secretarias , escolas e tudo que tem ligação com a nova administração. 

As pessoas amigas ficam inimigas, as famílias se  esfacelam, os vizinhos se olham com desdém, os colegas de trabalho se degladeiam com a ciranda dos cargos, os conchavos pecuniários e os leilões dos cargos se concretizam pós pleito, é o famigaredo acerto de contas . Os articuladores, os  cabeças ganhadores e perdedores continuam no mesmo diapasão, juntos para uma nova  jornada. 

No decorrer da administração  haverá uma mistura de todos num só bloco, os vencedores e os perdedores se mesclam para o bem da classe política . Para o próximo pleito, novos conchavos, novas adesões e tudo continua como céu de brigadeiro. Entre eles, tudo permanece limpo, sem mágoas, sem nódoas e sem rancor. Isto faz parte do politicamente correto. 

Em todas as eleições tem que ter um vencedor, apenas um assume o cargo majoritário, depois do pleito tudo se ajusta, é questão de tempo. 

Ao povo cabe apenas votar hierarquicamente .
Vota  no seu irmão, no seu primo, no seu cabo eleitoral, no seu vizinho, no seu colega, no seu pároco, no seu patrão, no seu médico, naquele que lhes prestou um serviço constitucional como se fosse um favor  , aquele serviço  que o povo já teria direito como: aposentadoria,  assistência médica, a matricula na escola,   um bolsa escola, um bolsa família  , um bolsa alimentação ou um outro tipo de benefício.  O povo  vota e não sabe em quem está votando, vota no nome, apenas no nome daquele indicado pelos seus favorecedores, que também  mais tardes serão favorecidos pelos cabeças de chapa.   Nesta batalha todos os participantes da cúpula saem ganhando, perde o povo , a constituição e   cidadania.

Brasileiros pensem no que foi escrito .

Iderval Reginaldo Tenório


LEIAM BERTOLD BRECHT-  SE OS TUBARÕES FOSSEM HOMENS






















Se os tubarões fossem homens

por Bertold Brecht

Se os tubarões fossem homens, perguntou a filha de sua senhoria ao senhor K., seriam eles mais amáveis para com os peixinhos? 

Certamente, respondeu o Sr. K. Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos, com todo tipo de alimento, tanto animal quanto vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adoptariam todas as medidas sanitárias adequadas. Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, ser-lhe-ia imediatamente aplicado um curativo para que não morresse antes do tempo. 

Para que os peixinhos não ficassem melancólicos haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes. Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas os peixinhos aprenderiam como nadar alegremente em direcção à goela dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar. 

O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam rejeitar toda tendência baixa, materialista, egoísta e marxista, e denunciar imediatamente aos tubarões aqueles que apresentassem tais tendências. 

Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões. Os peixinhos, proclamariam, são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não se podem entender entre si. Cada peixinho que matasse alguns outros na guerra, os inimigos que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de sargaço e receberia uma comenda de herói. 

Se os tubarões fossem homens também haveria arte entre eles, naturalmente. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores magníficas, e as suas goelas como jardins onde se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos a nadarem com entusiasmo rumo às gargantas dos tubarões. E a música seria tão bela que, sob os seus acordes, todos os peixinhos, como orquestra afinada, a sonhar, embalados nos pensamentos mais sublimes, precipitar-se-iam nas goelas dos tubarões. 

Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa no paraíso, ou seja, na barriga dos tubarões. 

Se os tubarões fossem homens também acabaria a ideia de que todos os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores até poderiam comer os menores. Isso seria agradável para os tubarões, pois eles, mais frequentemente, teriam bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores detentores de cargos, cuidariam da ordem interna entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, polícias, construtores de gaiolas, etc. 

Em suma, se os tubarões fossem homens haveria uma civilização no mar. 



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IDERVAL REGINALDO TENÓRIO