domingo, 20 de abril de 2025

NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS- UM CEARENSE DE FIBRA.




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Barragem do açude do Cedro. – Foto de Açude Cedro, Quixadá - Tripadvisor



O AÇUDE DE ORÓS NA CIDADE DO CEDRO.

               NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS- UM CEARENSE  DE FIBRA.

                      Publicou em São Paulo mais um trabalho, o livro:

                                    Entre Cicatrizes e Conquistas

Scortecci Editora 

                                     Todo o Cedro deveria apoiar

Nos meados dos anos 50, na zona rural da cidade de Cedro,  Estado do Ceará, no centro do polígono das secas, da esturricada caatinga,  nascia o menino Natanael Vieira dos Santos, muito comemorado pelos pais, parentes e amigos.

A profecia de todos é que seria um homem de fibra e um dos orgulho da família, veio ao mundo para tocar a sofrida vida de lavrador, mais um a contribuir e defender o pão de cada naquelas plagas, debaixo do sol causticante. 

O menino crescia e observava a dura vida do seu clã. Por falta  de escola na zona rural, por conta própria entendeu de aprender a ler, escrever e contar. Logo na primeira fase da vida, era visto pelos familiares que não seria adepto do cabo da enxada, nem da cria de galinhas, guinés, perus, porcos e cabras; a cabeça da criança já viajava pelo mundo das letras, tanto que aprendeu as quatros operações matemática, a leitura e a escrever aos 6 anos de idade, por conta própria, era um autodidata. 

Aos 11anos   foi morar na zona urbana do município de Cedro, sedimentando a sua alfabetização. O primeiro ato foi quebrar o freio do preconceito educacional e emplacar um dispositivo de aprendizado justo, seguro, eficaz, democrático e i de inclusão cultural.

Tal qual o Fernão Capelo Gaivota, do escritor americano Richard Bach, não se conformava com o aprendizado primário, corriqueiro, limitado, amarrado e sem perspectivas do pequeno município, migrou aos 15 anos de idade para um centro mais evoluído, a cidade de Juazeiro do Norte-Ceará, a terra do Padre Cicero Romão Batista.

Nesta cidade morava o seu avô, um homem sério, simples que morava na Rua da União, Bairro do Socorro, possuía uma pequena bodega(mercearia) na rua da Conceição esquina com a Rua Santa Cecília, era chamado Seu Zé da Bodega, um homem de bem, exemplar e admirado por todos do bairro do Socorro e do Salgadinho. 

Neste bairro encontram-se a Igreja do Perpetuo do Socorro, a Sede do tiro de Guerra, o Clube Treze, o Grupo Escolar Padre Cícero, a principal praça religiosa da cidade e o cemitério onde encontram-se sepultados os grandes homens da cidade, inclusive o Padre Cicero Romão Batista, para onde convergem todos os romeiros no feriado de finado, 02 de novembro para chorar a morte  o Santo do Nordeste.

Neste período  matriculou-se no Ginásio Municipal Antônio Xavier de Oliveira e foi nesta escola que tive como colega de turma, no curso noturno.

Aluno dedicado, pontual, perguntador e interativo, coisa rara naquelas épocas. Era dono de uma carteira da primeira  linha e da fileira  do meio, ficava frente a frente com os professores. Todos os docentes ministravam as suas aulas olhando para o aluno Natanael Vieira dos Santos, o mais atento e aceso da turma, o indagador dos professores. Este seu comportamento transformou  o Ginásio Municipal numa das escola mais respeitadas da região Sul do Ceará, o Cariri cearense, mesmo porque  ali lecionavam muitos mestres  do primeiro time de educadores  da cidade, os melhores em cada matéria.

Ao termino das aulas, descíamos  dialogando sobre as coisas do mundo, as suas demandas, a diversidade, os problemas e  como solucioná-los. O Natanael Vieira dos Santos sempre apresentava  o caminho para cada situação, o menino sabia de tudo. 

Parávamos na Praça do Cinquentenário, defronte a igreja do Socorro, íamos até a casa da senhora Irene, filha  e herdeira de dona Laura, a  da maior doceira do Cariri, e lá saboreávamos o melhor bolo de batata doce  do mundo.  

A dona Irene era tão especial par nós, como nós éramos para ela, o respeito era tão visível que ela só cortava o saboroso e concorrido bolo quando chegava a dupla Iderval de dona Tonha  e Natanael de seu Zé. 

A Irene possuía um galo branco de quase um metro, crista vermelho sangue, olhar aceso e atento, bico longo e afiado, pernas e pescoço longos, esporões salientes e amolados, era o dono da casa e selecionava os frequentadores do café da quituteira. Muitos ao botar os pés no batente da porta, olhavam com atenção a atitude do galo branco. Os grandes olhos amarelados com o centro preto e o mexer das pernas acusavam a aprovação, ao serem desaprovados  muitos corriam com o galo atrás e só paravam 20 a 30 metros de distância, poucos cães possuem a destreza desta ave guardiã. Os slogan era: "CUIDADO COM O GALO DA IRENE"

Terminado um grande diálogo,  não escolar, com todos os presentes ao recinto da quituteira   sob a tutela do Natanael Vieira dos Santos, o mesmo descia  três casas e chegava à casa do seu avô, SEU ZÉ DA BODEGA, eu dava meia volta, pegava a rua da Conceição e descia na rua Praça do Cinquentenário, hoje Rua Maria Gonçalves, em homenagem a mãe de Seu Manoel Balbino, um dos menestréis do Juazeiro do Norte e adentrava a casa 55. Estudava os assuntos das aulas do dia, isto é da noite, armava a rede no corredor e dormia até o sol entrar pelas frestas das janelas, era a hora do café e de comprar os pães com o dinheiro dado pelo meu irmão João Reginaldo Tenório, hoje mais um Santo no céu.

Brasil tricampeão do mundo, Juazeiro do Norte campeão do intermunicipal do Ceará e o Icasa Eneacampeão Municipal de Futebol, o Fernão Capelo Gaivota  do Cedro entendeu de voar mais alto e numa madrugada de céu estrelado de 1975 entrou num ônibus e depois de dois dias e 14 horas  de viagem, aos solavancos,  desembarcou na nova rodoviária de São Paulo, Terminal Rodoviário Governador Carvalho Pinto (Tietê), hoje considerada a velha Rodoviária. 

Em São Paulo depois de lutas, quedas, solavancos, foco, destreza e muito trabalho, em vez de aboletar-se  num ônibus como cobrador ou motorista, vendedor de rifas ou vendedor de guloseimas, caixas de farmácias, padarias ou  supermercados, o Natanael Vieira dos Santos, com nome e sobrenomes, cumpriu a sua missão. Enveredou pelos labirintos dos conhecimentos, diplomou-se em direito, contabilidade e outras áreas nas renomadas Escolas Paulistas, atuou com com dignidade, ética e afinco assessorando diversas empresas brasileiras até a aposentadoria. Hoje circula com respeito e admiração no campo das letras como assessor, palestrante, escritor e orientador, com o seu intelecto tem feito muito por este sofrido Brasil, mora em São Paulo, porém não arreda os pés do seu Ceará. 

Dr. Natanael Vieira dos Santos, um cearense de valor. Homem oriundo da Caatinga do Cedro, conhecedor da lida com a lavoura até os 11 anos de idade, conhecedor da religiosidade de Juazeiro do Norte, a metrópole do Cariri,  A CAPITAL DA FÉ, absorvedor dos ensinamentos da nata do professorado do Sul do Ceará e do suprassumo da intelectualidade paulista. É um homem de valor. Conseguiu constituir uma bela  família nas terras da garoa, do progresso, da indústria e da cultura brasileira, o país de São Paulo. 

Mestre, todos nós, principalmente a família, temos orgulho de falar em voz alta: NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS,  UM CIDADÃO EXEMPLAR.

Salvador, 20 de abril de 2025

Iderval Reginaldo Tenório


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