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Brasília dopada
A banalização dos psicotrópicos na capital federal e em todo o Brasil
Observar o avanço desses tipos de enfermidades, entender os efeitos nocivos provocados pelo alto consumo desses remédios e analisar os reflexos na sociedade é um desafio complexo que o Correio aborda, a partir de hoje, na série Brasília dopada.
São dramas revelados a cada laudo médico. Uma ponte difícil de cruzar na história de milhares de famílias. Rotina duramente afetada pelo tabu, pela discriminação, pelo autoconhecimento e pelo sonho de cura. Enquanto isso, muitos desses pacientes sobrevivem dia após dia com soluções passageiras, vindas de caixas compradas nas farmácias.
Apesar da banalização, há quem precise do uso contínuo de psicotrópico. Muitos pacientes resistem em admitir doenças como a depressão. Eles têm vergonha do diagnóstico e vivem entre o tabu e o preconceito.
Cresce o uso de medicamentos para controlar emoções
No ano passado, Secretaria de Saúde distribuiu 7,2 milhões de doses de antidepressivos.
O mundo moderno cada vez mais impõe efeitos colaterais à
condição humana. O estresse do dia a dia cobra seu preço e sentimentos
como agitação, melancolia e depressão atingem a população
independentemente da condição social. O consumo de remédios para
controlar ou estabilizar essas sensações, os psicotrópicos, tem crescido
na capital federal. Para se ter dimensão da quantidade desse tipo de
medicamento ingerida pelo brasiliense, é como se todos os 2,9 milhões de
habitantes do Distrito Federal tivessem tomado mais de duas doses de
antidepressivo no ano passado. Somente a Secretaria de Saúde distribuiu
7,2 milhões de comprimidos em 2016, como revela levantamento realizado a
pedido do Correio.
Psicólogos, psiquiatras e terapeutas
são unânimes: o alto consumo e a banalização desses medicamentos podem
se tornar um grave problema de saúde pública. O uso, para os estudiosos,
está acima do que seria aceitável. Eles consideram que somente os casos
graves deveriam ser submetidos a tratamento medicamentoso prolongado.
Não saber lidar com emoções, fracassos e dilemas do cotidiano revela
como a sociedade tem tratado com negligência as perspectivas da mente.
Relatório divulgado em abril pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
mostra a expansão da depressão, por exemplo. O documento diz que 6% da
população com mais de 18 anos no DF já recebeu o diagnóstico da doença —
percentual inédito até então.
Um detalhe acende o sinal de alerta.
Entre 2015 e 2016, o consumo de medicamentos antipsicóticos em Brasília
cresceu 53,4%. O cálculo é ancorado na lista dos 10 remédios
psicotrópicos mais distribuídos pela Secretaria de Saúde. Essas drogas
são usadas para o controle de colapsos e perturbações extremas da mente,
como alucinações. Elas são mais fortes que os antidepressivos, por
exemplo.
Preconceito
Os problemas mentais, geralmente, são socialmente considerados menos grave. Um erro que acentua o embaraço provocado por essas doenças. Os custos desse tipo de enfermidade são altos para quem sofre — constantemente alvo de preconceito e assédio moral — e até mesmo para a economia. Segundo levantamento da Universidade de Brasília (UnB), com dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), 48,8% dos trabalhadores que se afastam por mais de 15 dias do emprego sofrem algum transtorno mental, sendo a depressão o principal deles.
A banalização desses tipos de medicamentos separa, de um lado, pessoas que vendem psicotrópicos sem capacitação. De outro, aqueles que consomem indiscriminadamente. É o caso de um estudante contabilidade de 27 anos. Ele não quis ter a identidade revelada por receio da reação da família. “O medicamento melhora minha concentração e me deixa mais focado. A primeira vez que tive contato com alguém que vende sem ser médico foi em uma festa no Park Way. Isso deve ter uns dois anos. Desde então, sempre tenho alguns comprimidos de ritalina para focar nos estudos”, conta o morador de Águas Claras. Ritalina é um tranquilizante, indicado para o controle do transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH), muito consumido por estudantes e concurseiros para aumentar a concentração.
O rapaz diz que vai parar assim que for
aprovado em um concurso público. A compra é sempre com um mesmo
vendedor. Um colega de um conhecido da faculdade. O “reforço” custa caro
e ele não sabe a origem do remédio. “Já gastei R$ 200 com menos de 20
comprimidos. Uso pouco, só em casos que preciso estudar muito. Sei que
isso mexe com meu organismo, mas é só por um período”, minimiza. Quem
conhece o estudante não desconfia do uso desregrado de psicotrópico. O
porte atlético, conquistado nas academias de Brasília, a alimentação
equilibrada e o estilo de vida saudável disfarçam esse terrível hábito.
Os efeitos colaterais são perigosos, como ansiedade, aumento da pressão
arterial e taquicardia.
A banalização dos medicamentos
psicotrópicos criou um mercado ilegal de compra e venda que despertou a
atenção da polícia. Nos últimos 10 dias, pelo menos dois casos ganharam
repercussão na capital federal. Em uma única apreensão, em Ceilândia,
Jonathan Cordeiro Santos, 28 anos (foto), acabou preso com 497
comprimidos de rohypnol — um ansiolítico de uso restrito —, 165 folhas
de receituário médico e carimbos com inscrições dos conselhos regionais
de medicina do DF e de Goiás. Ele vendia, segundo as investigações da
23ª Delegacia de Polícia (P-Sul), o medicamento a pessoas sem qualquer
diagnóstico. Agora, a polícia investiga se há participação de
profissionais da saúde no crime e onde o remédio era conseguido. Dois
dias depois, um homem de 20 anos também acabou preso pela Polícia
Militar. Ele ofereceu, no Riacho Fundo 2, comprimidos de rohypnol a
quatro meninas entre 12 e 17 anos.
Diante do significativo aumento do uso de medicamentos psiquiátricos ao longo dos últimos anos, precisamos ressaltar a real necessidade do consumo de tais remédios. Infelizmente, devido à escassez de informações acerca do assunto, as pessoas confundem a doença psiquiátrica com o sofrimento mental. O sofrimento não caracteriza a doença em si, não necessita de acompanhamento médico ou tratamento medicamentoso para tal. No que concerne aos transtornos mentais, necessitamos de tratamento, cuidado e atenção específica.
No Brasil e no mundo, há uma
severa desigualdade relacionada a esse assunto: ao mesmo tempo em que o
número de consumo de psicotrópicos cresce, apenas um terço das pessoas
que sofrem de depressão grave são tratadas. Encontramos então, um
paradoxo que nos dá um panorama da sociedade atual, em que muitos
consomem psicotrópicos sem necessidade e as pessoas que realmente
precisam não recebem o tratamento adequado.
Defendemos o devido acompanhamento periódico com médico psiquiatra, para identificação do tempo de uso específico para cada substância, possíveis interações medicamentosas e efeitos colaterais, que é fundamental para o sucesso de qualquer tratamento, psiquiátrico ou não.
Outro ponto a ser debatido é a questão do aumento do número de diagnósticos de transtornos psiquiátricos. O consumo de medicamentos tem crescido de forma proporcional a transtornos como depressão, ansiedade, bipolaridade, esquizofrenia e demais doenças mentais? Toda vez em que falamos do excesso de medicamentos, precisamos analisar os dados de maneira criteriosa e responsável.
Em nosso país, por exemplo, há um subtratamento das doenças psiquiátricas, com grande quantidade dos doentes mentais nas cadeias, nas ruas, cercados de muito preconceito e descaso em relação a esses pacientes. A assistência pública em saúde mental no Brasil é vítima de um descaso significativo dos gestores das últimas duas décadas, com esperança de modificação a partir deste ano.
Antônio Geraldo da Silva é presidente eleito da Associação Psiquiátrica da América Latina (Apal) e superintendente técnico da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)
Preconceito
Os problemas mentais, geralmente, são socialmente considerados menos grave. Um erro que acentua o embaraço provocado por essas doenças. Os custos desse tipo de enfermidade são altos para quem sofre — constantemente alvo de preconceito e assédio moral — e até mesmo para a economia. Segundo levantamento da Universidade de Brasília (UnB), com dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), 48,8% dos trabalhadores que se afastam por mais de 15 dias do emprego sofrem algum transtorno mental, sendo a depressão o principal deles.
A banalização desses tipos de medicamentos separa, de um lado, pessoas que vendem psicotrópicos sem capacitação. De outro, aqueles que consomem indiscriminadamente. É o caso de um estudante contabilidade de 27 anos. Ele não quis ter a identidade revelada por receio da reação da família. “O medicamento melhora minha concentração e me deixa mais focado. A primeira vez que tive contato com alguém que vende sem ser médico foi em uma festa no Park Way. Isso deve ter uns dois anos. Desde então, sempre tenho alguns comprimidos de ritalina para focar nos estudos”, conta o morador de Águas Claras. Ritalina é um tranquilizante, indicado para o controle do transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH), muito consumido por estudantes e concurseiros para aumentar a concentração.
O crime da venda ilegal
ARTIGO |
Diagnóstico e consumo de remédio adequados
Antônio Geraldo da SilvaDiante do significativo aumento do uso de medicamentos psiquiátricos ao longo dos últimos anos, precisamos ressaltar a real necessidade do consumo de tais remédios. Infelizmente, devido à escassez de informações acerca do assunto, as pessoas confundem a doença psiquiátrica com o sofrimento mental. O sofrimento não caracteriza a doença em si, não necessita de acompanhamento médico ou tratamento medicamentoso para tal. No que concerne aos transtornos mentais, necessitamos de tratamento, cuidado e atenção específica.
Defendemos o devido acompanhamento periódico com médico psiquiatra, para identificação do tempo de uso específico para cada substância, possíveis interações medicamentosas e efeitos colaterais, que é fundamental para o sucesso de qualquer tratamento, psiquiátrico ou não.
Outro ponto a ser debatido é a questão do aumento do número de diagnósticos de transtornos psiquiátricos. O consumo de medicamentos tem crescido de forma proporcional a transtornos como depressão, ansiedade, bipolaridade, esquizofrenia e demais doenças mentais? Toda vez em que falamos do excesso de medicamentos, precisamos analisar os dados de maneira criteriosa e responsável.
Em nosso país, por exemplo, há um subtratamento das doenças psiquiátricas, com grande quantidade dos doentes mentais nas cadeias, nas ruas, cercados de muito preconceito e descaso em relação a esses pacientes. A assistência pública em saúde mental no Brasil é vítima de um descaso significativo dos gestores das últimas duas décadas, com esperança de modificação a partir deste ano.
Antônio Geraldo da Silva é presidente eleito da Associação Psiquiátrica da América Latina (Apal) e superintendente técnico da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)
Bezerra da Silva - Malandragem dá um Tempo - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=1sCKEAmL6xI
7 de mai de 2015 - Vídeo enviado por Samba e Pagode S&P
Bezerra da Silva - Malandragem dá um Tempo Bezerra da Silva - Malandragem dá um Tempo Vou ...Vou apertar mas não vou acender agora - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=nl431lUuMzM
31 de jul de 2012 - Vídeo enviado por Alessandra Gonçalves Achiamé
Tia Laura - Vou apertar mas não vou acender agora... (fumo de rolo) - Duration: 0Vou apertar, mas não vou acender agora! - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=vHLJV0gZeHc
21 de abr de 2007 - Vídeo enviado por rickldk
vou aperta - Duration: 3:36. jccp22psico 59,590 views · 3:36. Tia Laura - Vou apertar mas não vou ...Vou Apertar Mas Nao Vou Acender Agora... - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=v1-ztf8aBjc
15 de ago de 2011 - Vídeo enviado por Brasil Loves
2:57 · Tia Laura - Vou apertar mas não vou acender agora... (fumo de rolo) - Duration: 0:43 ...
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