terça-feira, 7 de abril de 2015

O VELHO CAVALO- CONTO


   O VELHO CAVALO
                                        .
                                Foi no meado de 1915 no sertão do Ceará quando das chuvas, nem prenúncios.
                              
                               Relata minha avó , que nos sertões do Ceará havia um almocreve de meia idade, negociava nos cafundós e nos grotões da esturricada Serra do Araripe,  divisa do Ceará com o Estado de Pernambuco, para o ganho do pão de cada dia utilizava como meio de transporte uma parelha de animais, um belo eqüino e um musculoso muar.

                              Grandes eram as distancias a percorrer e belos os lugares visitados, o muar para as cargas , o eqüino para os passeios junto ao patrono, sempre nas festas, nos namoros, nas comemorações e nas grandes corridas, era com orgulho que o belo animal desfilava naqueles sertões, bem tratado, bem alimentado, bom capim, boa alfafa, excelente milho  e muitas vezes tortas de resíduos de caroços de algodão, era uma vida de rei, cheio de arreios e ornamentos, manta vermelha, sela nova, peitoral de couro com uma bela estrela de metal no centro, rédeas do puro couro curtido, alforjes do macio couro de carneiro, rabicho trançado  com fio de seda, boqueira do melhor metal, estribos de pura prata, polidos, encerados e bem conservados, vivia época de glórias, se orgulhava ,  quando nas paragens recebia preços e apreços, recebia avaliação, elogios  e jamais o seu dono pendia para negociação, era um animal orgulhoso  e  cheio de brios, na sua garupa as mais belas donzelas, as mais macias das nádegas, era  motivo de festas onde chegava com o seu baixo, com o seu galope, trotando, chispando ou com os seus admiráveis  passos sempre a esquipar demonstrando a sua bela marcha, qualidades estas , que lhe credenciavam a cruzar semanalmente com uma diferente e bela égua, com uma formosa e elegante asinina, todo faceiro, todo pabo. 

                             O muar, coitadinho, a subir ladeiras, a cortar caminhos, dois a três sacos na pesada cangalha encastoada no lombo, cabresto de cordas de croá, rabicho de agave e umas puídas viseiras laterais de couro cru, impedindo, tapando, obstruindo, abortando, escurecendo a visão lateral, pendurado no pescoço o seu crachá: um pesado chocalho bovino para a sua identificação, nos fins de semana , os sacos eram substituídos   por quatro cambitos  para o carregamento de lenhas e à noite por dois caçoas no transporte  de  frutas , garrafas ou feixes de canas caiana, muito apreciadas naquela redondeza, como pastagem ,  capim seco, algumas relvas nos arredores e monturos das casas, não sabia se vivia para comer e trabalhar ou só teria comida se trabalhasse.

                             Longas eram as conversas  entre os dois animais nos seus encontros, um peado nas duas patas direitas, as vezes triste a lamentar  , mas sempre conformado por lhes sobrar a vida e o trabalho ; o outro , solto pelos terreiros, falante, garboso, risonho; discutiam as suas vidas, as injustiças e quão ingrata era a vida para um deles, a diferença era exorbitante, era de fazer pena e foi assim durante muitos anos, foi assim, um sempre  sorrindo, a gargalhar; e o outro... o outro só Deus.

                             Como o tempo  é o pai, o aconselhador e o diluidor dos sofrimentos como a água é diluidor  universal e a esperança a mãe de todos os animais,  uma década se passou ,  os dois viventes sempre a dialogar, com a falta de chuvas foram escasseando as vendas, os compradores cotidianamente caindo, motivo mais do que suficiente para o almocreve diminuir os momentos de festas e de alegrias, primeiro se desfez dos belos arreios, diminuiu as compras de alimentos  especiais e necessitava  aumentar o volume das cargas para suprir as suas despesas azeitando a sua sobrevivência. O belo e orgulhoso eqüino passou a andar na vala comum lado a lado com o muar, a sela foi substituída por uma cangalha e  dois sacos, um de  cada  lado e  por ser um exímio esquipador o dono escanchado no meio, desta vez subindo e descendo ladeiras, pulando grotas, na  ida produtos da lavoura para a venda , na volta , especiarias para abastecer as bodegas da região: querosenes, peixes salgados, açúcar, café e outros mantimentos, com a idade desapareceram as belas éguas, as formosas asininas e os manjares nos terreiros dos esturricados sertões.

                               O muar continuou a sua batalha, agora como coadjuvante,  apenas como complemento de carga, quando o produto era pouco ficava a pastar, a perambular pelas capoeiras à procura de uma relva  mais hidratada pensando na sua atual e inútil vida, costas batidas, boca mucha, dentes amarelos, desgastados, bicheiras nos ombros, espinhaço pelado, cascos rachados, juntas calcificadas, perambulando caatinga adentro. E lá ia o velho eqüino, dois sacos, o dono escanchado no meio da cangalha, o filho na garupa, subia e descia os penhascos do Araripe, já não possuía belas boqueiras, o rabicho de cordas a cortar a borda anal, as cilhas de couro cru com suas grosseiras fivelas a lhes causar mossas na barriga caindo pelo vazio e a traumatizar os bagos aposentados, força era agora a sua maior virtude, força para não sofrer com as esporas que tangenciavam os órgãos genitais, muitas vezes ferindo-os quando desacertava os passos, a vida endureceu, e trouxe à memória os momentos vividos ao lado do amigo muar nos tempos das bonanzas, das vacas gordas, das grandes chuvas, das farturas e dos grandes bailes, olhava para os lados e não mais enxergava os pomares verdejantes do caminho, pois os tapa olhos laterais do muar agora se encontravam na sua cabeça, vedando os seus olhos, a visão agora era limitada, uma visão de subserviência, não mais participava dos acontecimentos, agora, apenas um animal de cargas, vivia puramente para comer e para o trabalho, não tinha direito a pensar, seguia a dura e pétrea regra, para viver só lhes restava a obediência sem contestação, seguia os puxavancos do puído e velho cabresto que dava duas voltas na focinheira,  cortando a pele entre os dois orifícios de sua moída  venta, vivenciava a mais espúria entidade criada pelo dominador, o mais baixo golpe sofrido por um ser vivo, obedecer sem contestar, simplesmente a mais velada forma de escravidão.

                             Os três entes aos poucos foram minguando, o muar sem trabalho foi sumindo, esquecido, menosprezado,esquálido e abandonado, até o dia em que foi  requisitado pelos  produtores de charque. O belo eqüino agora não mais belo, sem a força da juventude, com a estima em baixa,  caiu na desconfiança, calda imóvel a proteger o fim dos intestinos com compressões periódicas ao menor grito do seu condutor, olhos sempre para o chão, dentes puídos,  rentes  às gengivas, desgastados, musculatura minguada, pelos ásperos, relinchos abafados; sem força, sem brio e  sem pernas foi substituído por sangue novo, mergulhou na solidão, não mais requisitados ao trabalho  se embrenhou nos carrascos das matas que ainda existiam e nunca mais soube do seu paradeiro.

                           O dono caiu numa crise de desgraça, envelheceu sem os seus maiores amigos, engolido pelo bafo do progresso trazidos pelos bulidos dos motores de dois tempos nos velhos aviamentos e nos transportes  das poucas mercadorias, mergulhou no esquecimento, no solitarismo da vida, os dias ficaram mais longos, a falta de afazeres lhe consumiram os brios e de resto os deseducados  filhos, os sofridos netos e sobrinhos alimentando as grandes metrópoles com a sua prole , descendentes estes  utilizados na construção e desconstrução de uma nação que continua sem rumo, sem prumo e sem um paradeiro ou porto seguro para os que nela batalham e lutam.

Os três se foram, continua a condescendência e as condutas sem uma instituição sustentada, sem nenhuma criação institucional que traga garantias futuras para um povo sofrido,  que trabalha até os setenta e depois vaga pelos valados da vida, basta vê os liberais e autônomos de ontem, hoje  abandonados, como os de hoje os abandonados do futuro.  

Hoje na mesma serra do Araripe, nos mesmos grotões do Nordeste ainda vagam muitos Três Entes à espera do mesmo futuro.    

                        O Mundo gira e com ele a repetição, mostrando que na natureza nada se constrói, tudo se transforma, apenas o tempo como diluidor  universal é quem dita e conduz o destino de cada um, pedindo  que   viva a vida como o seu único patrimônio.

                         Iderval Reginaldo Tenório   2010

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21 de mar de 2014 - Vídeo enviado por luciano hortencio
Paulo Diniz - E AGORA JOSÉ - poema de Carlos Drummond de Andrade, musicado por Paulo Diniz ..

O FILHO QUE PROSPEROU



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O FILHO QUE NÃO PROSPEROU

O FILHO QUE NÃO PROSPEROU




Numa roda de amigos foi abordado o quanto era importante o olhar,o cheiro ,os conselhos e a presença dos pais.



Num caloroso e contagiante momento contou um dos amigos a seguinte história 



Contou Que na sua cidade havia um bom senhor oriundo de classe social baixa  e que,  apesar do seu analfabetismo, com a sua vasta cultura e o suor do seu próprio rosto conseguiu educar os seus 14 filhos.



O tempo passou,os filhos cresceram, alguns galgaram postos importantes na sua nação e o bom senhor à proporção que ganhava conhecimentos foi envelhecendo.

Envelhecendo com saúde, com dignidade, com cidadania e com o respeito de todos os que lhe rodeavam. Como é peculiar à família, aquela não fugira a regra e anos após anos procurava através de encontros familiares lembrar ao velho carvalho o seu incalculável valor , a sua importância e o quanto era cabal a sua existência para a sua prole. 

De todos os seus filhos , um havia voado mais alto e galgado postos estratégicos na sua República. O tempo passava e de todos os filhos , aquele nunca estava presente devido a sua importância perante a nação e muitas vezes nomeava irmãos e até mesmo amigos para lhe substituir nos encontros familiares, jamais negara ajuda financeira quando solicitado e sempre influente nas questões decisórias da família.


O tempo passou. O ancião foi perdendo as forças, os músculos foram minguando, os cabelos ficaram ralos , a mente foi ficando curta, murchando e o bom homem foi paulatinamente perdendo a memória. Perguntava onde estava, muitas vezes perguntava até mesmo quem ele era.  E a grande e tradicional família continuava as suas comemorações, anos após anos; e anos após anos o filho que prosperou era substituído por outro irmão ou por um dos seus amigos, até o dia em que foi convocado, até o dia em que foi intimado a comparecer ao 99o- aniversário do patriarca por todos os componentes daquela feliz e honesta família.

Ao chegar, entrou no quarto do seu genitor, se aproximou e disse : 


__A bença pai. O velho imobilizado nada respondeu, Repetiu mais alto:



__ A bença pai ,a  bença pai,  o  velho abriu os olhos, mexeu com o pescoço de um lado para o outro, fez esforço para levantar a cabeça , mirou o rosto do seu filho e com a voz trêmula balbuciou:



__Quem é você? DE ONDE VOCÊ VEIO ? ONDE VOCÊ MORA´? QUEM É O SEU PAI? .
O filho parou, pensou, baixou a cabeça e disse :


__ A BENÇA PAI, EU SOU O SEU FILHO, o seu filho do meio, é que faz mais de 20 anos que não vejo o senhor, faz mais de 20 anos que não venho na nossa terra. O pai mais uma vez falou:



__quem é você, de onde você veio, onde você mora, você é filho de quem, quem é o seu pai? Eu te abençou mas não sei quem é você, se você diz que é meu filho é porque é o meu filho,  porém eu não me lembro de você. 



Desencantado pelo vasto tempo que havia visto o seu pai , com a amnésia paterna e decepcionado com o que presenciara não conseguira entender o que se passava, quando mais tarde  , soube por intermédio dos outros irmãos, que o seu pai num processo fisiológico fora perdendo paulatinamente a capacidade de memorizar, de verbalizar e de locomoção, passando a lembrar apenas dos fatos repetitivos, dos rostos do seu cotidiano, do seu cachorro e das pessoas que de mais perto convivera nos últimos dias..



E numa onda de culpa e de irresponsabilidade entendeu , que o pai devido a sua ausência , havia apagado da mente quaisquer resquícios ou lembranças de sua existência, havia apagado de sua mente até mesmo a legitimidade paterna. Entendeu também que foi a sua ausência , a sua distância e o seu descaso para com o velho e bondoso pai que apagara toda a sua existência como filho.



Desconfiado, deprimido e solitário partiu para a conquista, para luta, para a briga, se esforçou, porém, o velho e bondoso senhor aos poucos foi apagando da mente os dados e imagens cerebrais , aos poucos foi esquecendo ,esquecendo,esquecendo... até o dia em que não mais lembrava nem de si, até o dia em que entrou em vegetação.

Com os fatos presenciados o filho passou a entender que o seu pai precisava era de abraços, de carinho, de respeito e de sua presença e não de ajuda financeira. Foi-se o velho,com ele foi sepultado todas as suas memórias e conhecimentos, restando as boas lembranças e os seus ensinamentos.


Para o filho ficou a certeza que foi 20 anos atrás o ultimo dia em que o seu pai lhe viu, ficou gravado na sua memória que os seus filhos não eram netos do seu pai e mais claro ainda que o homem é a mente, o homem é a comunicação , o homem é fruto de sua raiz. . E que o núcleo familiar jamais perderá a sua importância, jamais será substituída e por mais longe que o homem vá, as suas raízes serão mais fortes. Seja pai dos seus pais. 

24 de Janeiro de 1989 Iderval Reginaldo Tenório


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AS GARGALHADAS DE SEU MOCIM


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 As Gargalhadas de seu Mocim.

                                    Ao adentrar  não agüentou a decoração, os enfeites da estante , os diversos quadros mostrando a família,   os painéis de informações e nem mesmo as estátuas do Padre Cícero e do Frei Damião escaparam ,  desmanchou-se em risos, não conseguia olhar nos olhos do médico, era um olhar de realização, de superioridade, da desforra, do esvaziamento das mágoas, era o olhar da vitória. A cada detalhe, mais risos, ficou exausto de tanto riso.
                                
                               __Doutor há muito tempo que não tenho dado um único riso, só sofrimentos, só mesmo o senhor para me fazer rir, obrigado doutor e mais uma vez se desmanchou em intermináveis gargalhadas.
                                 Se refez, olhou para o médico, perguntou   qual era seu interior  e onde havia se formado. Começou a fazer comentários da inusitada sala. Falou que o ambiente estava mais para museu do que para consultório, mais para o passado do que para o presente ou futuro, perguntou se aquele rádio de 1930  funcionava, lembrou muito do seu avô , do seu pai e ficou assombrado quando no toque de um dos botões surgiu um som grave de uma viola pantaneira, depois um som aconchegante do velho Gonzagão, não se conteve,  levantou-se encostou as orelhas na parte frontal do aparelho, abaixou e elevou o som, ficou impressionado, era igualzinho ao do seu avô .

                               __Doutor me lembro até da voz do meu avô:

                                 Não conseguiu ficar em silencio, pegou um candieiro  que estava sobre o rádio e pronunciou o nome de sua vó, riu ao avistar uma máquina de costura  e veio na  mente a sua tia Cotinha, tão boa, tão caridosa, tão atenciosa, era a  mais velha , inclusive Deus já levou. Não conseguiu calar  quando avistou um fruto nordestino, um jatobá; vieram as lágrimas, pois no seu sertão quando meninoera o único bocado a lhe matar a fome quando perambulava à caça de alguns nambus , preás e juritis. Caiu em prantos

                                __Ah! doutor como era bom , tudo  era alegria.

                                 Os risos foram desaparecendo e aos poucos a razão foi se aproximando e junto com a emoção o homem começou a falar de sua vida, a explicar à filha como foi a sua infância nos cafundós da Paraíbaa raridade da água, a seca de 32os conselhos do Pe Cícero e o quanto importante foram os seus antepassados e que há muito não se lembrava das pessoas como também do seu velho torrão. 

                                Contemplando o ambiente, sentou na cadeira do paciente, pregou os  olhos num quadro 100 X150 mostrando uma velha estação, uma serra lá no fundo, os trilhos envelhecidos, ,um trem cambaleante e uma criança esquálida no batente de uma choupana,olhou,balançou a cabeça, mirou a face do médico .

                             ___Doutor: valeu, só esta visita valeu, mesmo que não fique bom de minha doença, valeu, mas valeu mesmo.Viajei no tempo e no espaço. Valeu.
                              Iniciei a consulta, perguntei por  suas origens, do seu Estado natal, profissão, dos seus pais, avós, das brincadeiras na infância, , das namoradas, das festas juninas e de fim de ano, se havia tomado banho de rio, se morou em casa de sopapo,   se falou e andou  na época certa, se já teve sarampo ou catapora , falei dos   seus filhos do seu trajeto como ser humano, e da dureza  de hoje se encontrar com 85 anos , vivo, lutando, brigando , muitas vezes desvalorizado, incompreendido e injustiçado uma vez que na vida só fez mesmo foi trabalhar, trabalhar para educar os filhos.

                             Neste momento notei  mudanças no seu semblante.

                             Após este preâmbulo,  indaguei por sua saúde detalhe por detalhe, ponto por ponto, sintomas por sintomas. Olhei todos os seus exames, trazia na lapela um diagnóstico sombrio de  péssimo prognóstico, era uma doença maligna em avançado estado, inclusive com  ascite e disseminação para outros órgãos, não agüentava mais procurar médicos e sem solução. 

                             De posse dos seus dados esbocei um rascunho  do aparelho digestório, localizei a origem do seu problema, martelei didaticamente órgão por órgão,  para que servem, o que fazem e como se encontravam, explanei a sua evolução. Expliquei que o homem no país vive em média até os 68anos e ele com 85 já havia ultrapassado 17 anos, mandei que o mesmo relembrasse os seus amigos de infância, coloque em uma única mão contando nos dedos quantos estavam vivos, quantos ainda saboreavam um feijão com toucinho e farinha. Ele não se conteve e disse:

                   ___E bem vividos doutor, bem vividos, o senhor esqueceu da rapadura  .

                      Completei:

                       ___vividos no trabalho, no respeito, na honestidade e com seriedade, não como muitos que se dizem importantes e só servem para subtrair o pouco dinheirinho do povo.

                        __Pura verdade doutor, pura verdade , eduquei todos os meus filhos com o salário da leste, com o suor do meu próprio rosto, eu só tenho o ABC, mas conseguir educar os meus filhos: hoje um é engenheiro da Petrobrás, outro é Professor  e o outro é Medico, médico numa cidade do interior, muito procurado pelos seus pacientes, não é porque é meu filho não doutor, mas é um bom médico, todo mundo gosta dele, desde pequeno que é muito estudioso, toda semana me telefona e ainda manda uma coisinha todo mês. Sei que  está difícil, mas não esquece de mim e nem da sua velha mãe. Esta que é a caçula, estudou para Assistente Social.

                      Complementei:

                       ___ Seu Mocim é de pessoas como o senhor que o Brasil precisa, aliás,  foi o senhor quem construiu  este país, naquela época sem estrada, sem luz, sem telefone, nem geladeira existia e se existia só os ricos, só os mangangões, só aqueles que mandavam, só os coronéis possuíam, o resto  era  sofrimento, existindo a comida já estava bom demais.

                      __Êita que doutor danado, era  isso mesmo doutor, era assim mesmo.
                          E mais uma vez os olhos marejaram.
                          Foi realizado um minucioso exame físico, o que confirmou a gravidade do caso, explicado ao paciente que se tratava de uma doença que não necessitaria de cirurgia, que ele poderia comer o que quisesse desde quando não prejudicasse a sua saúde, que poderia passear, ir à praia , visitar os seus parentes na Paraíba, trazer um bom queijo  coalho para o seu médico e que não deixasse de comparecer à clínica nestes próximos 15 dias.
 Aos familiares informado que se tratava de um caso inoperável devido as metástases .

                          De pronto a filha disse:

                    ___Doutor ,nós queríamos ouvir mais uma opinião e pai disse que se fosse para operar ele não aceitaria.

                       A conversa continuou por mais alguns instantes, o abraço da despedida foi mais efusivo do que o da chegada, foi um abraço mais forte, do desprendimento, da conquista, o abraço de dois velhos amigos que há muitos anos não se viam, o abraço da compaixão e  da liberdade.

                    Termino informando que o paciente passou a ser um grande amigo, o consultório começou a fazer parte de sua vida sempre que necessário, muitos foram os momentos de alegrias, de puro entretenimento e muitas histórias recuperadas, passei a freqüentar a sua casa  e conhecer todos os familiares.

                   Usufruir de bons papos , enriquecedoras prosas e saborosas relíquias da culinária brasileira passaram a ser rotina, seus filhos me consideram irmão.

                  Como o tempo não perdoa  e o criador sabe o que faz,  o  amigo foi se familiarizando com seu quadro, tomou conhecimento da sua enfermidade, comentava que o homem é um ser mortal e que todos tem o seu dia para falar mais de perto com Deus . Alegre como  um menino foi plantando alegria , foi aproximando os familiares com as suas mensagens,  até o dia de sua audiência maior com o Criador. E exatamente 360 dias depois foi realizado a missa de 7º  dia em homenagem ao o meu querido amigo , que muito riu, dançou, cantou e me abraçou no  humilde, simples e singelo consultório que muitas alegrias trouxe. Nos seus últimos dias, na cabeceira do leito, ou melhor, na cabeceira de sua cama, rodeado de familiares e amigos, olhava e dizia:

                  ___Amigo doutor, valeu, valeu e como valeu.
                
                  Convicto de que  daqui há muitos e muitos anos, quando me encontrar quase que irreconhecível pelos janeiros acumulados e  ao chegar onde muitos já estão,  não serei um estranho no ninho, contente e cônscio da missão cumprida  ,  sinto que lá, LÁ, ONDE  DEUS MORA e se for merecedor, serei muito bem recepcionado.
Foi assim que ganhei mais um amigo e foi assim que aumentei a minha família.           
                  Salvador, 30 de julho de 2006
                  Iderval Reginaldo Tenório
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segunda-feira, 6 de abril de 2015

LULA SUGERE A DILMA A SAIDA DE MERCADANTE

Preocupado com os novos protestos previstos para o dia 12, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou as cobranças sobre o governo e quer que Dilma Rousseff mude com urgência a articulação política do Palácio do Planalto, sob pena de trilhar um caminho sem volta. Para ele, a presidente não pode mais esperar e precisa mexer nos interlocutores com o Congresso, que se transformou em uma trincheira contra o governo após a Operação Lava Jato.
"Mercadante vive falando de rating para cá, rating para lá. Que rating que nada! A crise é política e o governo tem que resgatar a confiança. O resto acontece naturalmente", disse Lula, em recente conversa com um senador do PT, numa referência ao ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
 
Nos últimos dias, tanto Mercadante como o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmaram que o ajuste fiscal é necessário para manter o grau de investimento no País, com uma nota de crédito (rating) elevada. Lula, porém, escolheu Mercadante como alvo das críticas.
O ex-presidente não esconde a contrariedade com o fato de Dilma manter o chefe da Casa Civil no comando da articulação com o Congresso. No varejo das negociações com os parlamentares está Pepe Vargas, titular da Secretaria de Relações Institucionais, mas é Mercadante quem dá a linha política.
 
 
Rearranjo
Em mais de uma ocasião, Lula aconselhou Dilma a transferir essa função para Jaques Wagner, hoje ministro da Defesa, e pôr no lugar de Pepe um nome do PMDB, como o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, ligado ao vice-presidente Michel Temer. Dilma, no entanto, resiste à troca. Diante desse quadro, o PMDB entende que o atual modelo da articulação deixa o ocupante da Secretaria de Relações Institucionais como uma "rainha da Inglaterra" e não quer assumir a tarefa.
Na avaliação de Lula, a raiz da crise é política, mas, como o governo não consegue dissipar as turbulências com os aliados, o problema contamina a economia. A instabilidade se agravou com a inclusão dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), ambos do PMDB, na lista de investigados por denúncias de corrupção na Petrobrás, no rastro da Lava Jato.
.
O temor de Lula e do PT é de que um ajuste nessas proporções paralise a economia e afaste ainda mais o partido de sua base social. Com esse argumento, parlamentares pressionam a equipe econômica a suavizar as medidas que endurecem as regras para o seguro desemprego.
"É problema que a sociedade não tenha sido consultada sobre as medidas e que o peso do 'ajuste' proposto tenha recaído mais sobre os trabalhadores do que sobre outros setores das classes dominantes", diz manifesto da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT e integrada por Lula.

LULA PEDE A SAIDA DE MERCADANTE

 
Preocupado com os novos protestos previstos para o dia 12, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou as cobranças sobre o governo e quer que Dilma Rousseff mude com urgência a articulação política do Palácio do Planalto, sob pena de trilhar um caminho sem volta. Para ele, a presidente não pode mais esperar e precisa mexer nos interlocutores com o Congresso, que se transformou em uma trincheira contra o governo após a Operação Lava Jato.
"Mercadante vive falando de rating para cá, rating para lá. Que rating que nada! A crise é política e o governo tem que resgatar a confiança. O resto acontece naturalmente", disse Lula, em recente conversa com um senador do PT, numa referência ao ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
 
Nos últimos dias, tanto Mercadante como o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmaram que o ajuste fiscal é necessário para manter o grau de investimento no País, com uma nota de crédito (rating) elevada. Lula, porém, escolheu Mercadante como alvo das críticas.
O ex-presidente não esconde a contrariedade com o fato de Dilma manter o chefe da Casa Civil no comando da articulação com o Congresso. No varejo das negociações com os parlamentares está Pepe Vargas, titular da Secretaria de Relações Institucionais, mas é Mercadante quem dá a linha política.
 
 
Rearranjo
Em mais de uma ocasião, Lula aconselhou Dilma a transferir essa função para Jaques Wagner, hoje ministro da Defesa, e pôr no lugar de Pepe um nome do PMDB, como o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, ligado ao vice-presidente Michel Temer. Dilma, no entanto, resiste à troca. Diante desse quadro, o PMDB entende que o atual modelo da articulação deixa o ocupante da Secretaria de Relações Institucionais como uma "rainha da Inglaterra" e não quer assumir a tarefa.
Na avaliação de Lula, a raiz da crise é política, mas, como o governo não consegue dissipar as turbulências com os aliados, o problema contamina a economia. A instabilidade se agravou com a inclusão dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), ambos do PMDB, na lista de investigados por denúncias de corrupção na Petrobrás, no rastro da Lava Jato.
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O temor de Lula e do PT é de que um ajuste nessas proporções paralise a economia e afaste ainda mais o partido de sua base social. Com esse argumento, parlamentares pressionam a equipe econômica a suavizar as medidas que endurecem as regras para o seguro desemprego.
"É problema que a sociedade não tenha sido consultada sobre as medidas e que o peso do 'ajuste' proposto tenha recaído mais sobre os trabalhadores do que sobre outros setores das classes dominantes", diz manifesto da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT e integrada por Lula.