segunda-feira, 2 de setembro de 2024

iderval

 

 

As relações de gênero, raça/etnia e classe e as suas conexões formam um nó e que juntos constituem o alicerce do domínio do homem sobre a mulher. Nó dificil de ser disfeito, apesar de ser frouxo, exatamente para proprocionar a flexibilidade da situação.  

Estas três propriedade se entralaçam, se embricam e fortalecem-se segundo a Heleieth Saffioti, acrescenta ainda:  "Reforçado pelo  sistema Patriarcal".

O sistema Patriarcal enterfere diretamente nas relações sociais da sociedade, uma vez que domina o setor econômico e o gênero por dupla propriedade:  A exploração de classe e a dominação de genero, induzido e aplicado por centenas de anos, principalmente aqui no Brasil, desde otempo da colônia. 

Durante séculos os   meninos eram forjados para serem homem no falar, andar, nas brincadeiras, nas atitudes, para seren chefes e substituírem os pais como as cuminheiras da família, enquanto as mulheres para serem donas de casa, cuidar dos filhos e servirem ao homem da casa. Este era um sistema de dominação, de subserviência e de anulação total como cidadã. Exemplos fidedignos são os coronéis do gado,  do café e da Cana-de-açúcar.

A Heleieth Saffioti é uma das teóricas do campo do feminismo que vai na contramão dessa tendência, pois ao mesmo tempo que absorve o conceito de gênero insiste na utilidade do patriarcado para análise das relações entre homens e mulheres.

"O patriarcado deve ser situado historicamente e pensado como uma forma específica de relações de gênero dentro de um sistema", segundo a autora. 

"Na base do julgamento do conceito como histórico reside a negação da historicidade  do fato social. Isto equivale a afirmar que por trás desta crítica esconde-se a presunção de que todas as sociedades do passado mais próximo e do momento atual comportaram-se/comportam-se a subordinação das mulheres aos homens "(SAFFIOTI, 2015,
p. 111).


Para Saffioti (2015) o conceito de gênero não explicita, necessariamente desigualdade entre homens e mulheres; assim como o patriarcado da forma como foi cunhado não pressupõe uma relação de exploração. Para a autora estas duas dimensões constituem faces de um mesmo processo de dominação-exploração ou exploração-dominação. Isso porque para Saffioti a dimensão econômica do patriarcado não repousa apenas na desigualdade salarial, ocupacional e na marginalização dos importantes papéis econômicos e políticos, mas inclui o controle da sexualidade e a capacidade reprodutiva das mulheres. Por isso, o abandono do uso do patriarcado é inconcebível e Saffioti argumenta da seguinte forma:


Por que se manter o nome patriarcado? 

"Sistematizando e sintetizando o acima exposto, porque: 

1) não se trata de uma relação privada, mas civil; 

2) dá direitos sexuais aos homens sobre as mulheres, praticamente sem restrição. 

3) configura um tipo hierárquico de relação, que invade todos os espaços da sociedade; 

4) tem uma base material; 

5) corporifica-se; 

6) representa uma estrutura de poder baseada tanto na ideologia quanto na violência" (SAFFIOTI, 2015, p. 60). 

Heleieth Iara Bongiovani Saffioti (Ibirá, 4 de janeiro de 1934 - 13 de dezembro de 2010) foi uma socióloga marxista, professora, estudiosa da violência de gênero e militante feminista brasileira.

Nasceu no dia quatro de janeiro de 1934 em uma família humilde em Ibirá, na região de São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Sua mãe era costureira e seu pai marceneiro. Sua família morava na zona rural, onde à época não havia acesso à escola, fato que a fez, desde cedo, morar longe de seus pais para que pudesse estudar. Primeiramente foi alfabetizada em casa por suas tias professoras até ingressar na escola. Heleieth Saffioti morou com diversos familiares até concluir seus estudos na tradicional Escola Caetano de Campos, em São Paulo, onde se formou normalista.

            No ano de 1956 ingressou no curso de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP) e se casou com o químico Waldemar Saffioti, de quem herdou o sobrenome. Em decorrência do trabalho de Waldemar, assim que se casou foi morar nos Estados Unidos. Na sua volta ao Brasil, um ano depois, retornou ao curso de Ciências Sociais e se formou no ano de 1960. Dois anos depois de sua formatura, Heleieth Saffioti mudou-se para a cidade de Araraquara, no interior do Estado de São Paulo, para acompanhar Waldemar na formação do curso superior de Química, que mais tarde iria se transformar na Universidade Estadual Paulista. Na mesma cidade também se consolidava a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, lugar em que Heleieth Saffioti atuou por 21 anos, tendo começado a lecionar em 1962, a convite de Luis Pereira. Do seu casamento com Waldemar teve um filho, que veio a óbito precocemente, aos 17 anos de idade.

 

 

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