PF prende os presidentes da Odebrecht e da Andrade
Gutierrez
Agentes buscam
documentos que possam auxiliar nas investigações
POR JAQUELINE FALCÃO E JAILTON DE CARVALHO
19/06/2015
7:41 / ATUALIZADO 19/06/2015 9:42
Botafogo -
Pablo Jacob / O Globo
SÃO PAULO E
BRASÍLIA - A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira os presidentes
da Odebrecht - maior empreiteira do país -, Marcelo Odebrecht, e Otavio
Azevezo, da Andrade Gutierrez, na 14ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de
Erga Omnes. No total, estão sendo cumpridos 59 mandados judiciais – 38 mandados
de busca e apreensão, 9 mandados de condução coercitiva, 8 mandados de prisão
preventiva e 4 mandados de prisão temporária em São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Cerca de 220 policiais federais participam da
ação. Entre os presos estão também os executivos Márcio Farias e Rogério
Araújo, da Odebrecht, e Paulo Dalmaso e Elton Negrão, da Andrade Gutierrez.
Todos eles serão levados à Superintendência da PF, em Curitiba.
O nome que
deu origem à operação da PF é um termo jurídico em latim que significa que uma
norma ou decisão terá efeito vinculante, ou seja, valerá para todos. Por
exemplo, a coisa julgada erga
omnes vale contra todos, e não só para as
partes em litígio.
Os
investigadores pediram a prisão dos executivos da Odebrecht com base em
indícios de que a empresa pagou propina ao ex-diretor da Petrobras Paulo
Roberto Costa, entre outros, no exterior. Em depoimentos da delação premiada,
Paulo Roberto disse ter recebido mais de US$ 23 milhões da Odebrecht na Suíça.
O suborno teria sido pago por intermediários.
Procuradores e delegados suspeitam também que executivos da empreiteira estariam tentando destruir provas e se desvincular de empresas que teriam sido usadas para movimentar o dinheiro da propina.
Procuradores e delegados suspeitam também que executivos da empreiteira estariam tentando destruir provas e se desvincular de empresas que teriam sido usadas para movimentar o dinheiro da propina.
A advogada
Dora Cavalcanti, responsável pela defesa do presidente da Odebrecht, reclamou
da prisão dos executivos da empresa. Segunda ela, eles permaneceram no país,
morando nos mesmos endereços, mesmo tendo que conviver por um ano e meio com
rumores de que poderiam ser presos no curso da Lava-Jato. Disse ainda que
prestaram depoimento quando foram chamados para dar explicações.
- Medidas de força, de prisão, são desnecessárias - disse a advogada.
Apesar da
operação, o expediente na sede da Odebrecht em São Paulo estava normal até as
9h20, quando a empresa dispensou os funcionários. Em nota, a assessoria de
imprensa da empresa confirmou a operação da PF e disse que, "como é de
conhecimento público, a empresa entende que estes mandados são desnecessários,
uma vez que a empresa e seus executivos, desde o início da operação Lava-Jato,
sempre estiveram à disposição das autoridades para colaborar com as
investigações". Buscas também estão sendo realizadas na sede da empresa no
Rio.
A Odebrecht é
investigada no processo e é citada em diversos depoimentos em delações
premiadas. Mas nenhum dirigente ainda foi interrogado. As duas construtoras,
segundo a PF, são suspeitas de corrupção, formação de cartel, fraude a
licitações, desvio de verbas públicas e lavagem de dinheiro. Desde as 6h,
agentes estão fazendo buscas em vários andares da Odebrecht, que fica no
Butantã, na Zona Oeste.
EMPREITEIRA NEGOU SUSPEITAS
A Odebrecht, maior empreiteira do País, afirmou à Polícia
Federal, em petição entregue no último dia 28 de maio à Polícia Federal em
Curitiba, que “não participa de esquemas ilícitos, menos ainda com a finalidade
de pagar vantagens indevidas a servidores públicos ou executivos de empresas
estatais”. Na petição, a empresa negou com veemência suspeitas sobre contratos
com a Petrobras.
“Especificamente em relação às concorrências da Petrobras, é
importante ressaltar que os preços de bens e serviços considerados nas
estimativas de custos são calculados por área técnica própria da estatal (área
de estimativa de custos), que possui reconhecida seriedade e competência e as
mantém em sigilo, em especial em relação ao mercado”, assinalam os
criminalistas Dora Cavalcanti Cordani, Augusto de Arruda Botelho e Rafael
Tucherman.
A petição da Odebrecht tinha como objetivo responder a questionamentos feitos pela força-tarefa da Lava -Jato. No dia 11 de maio, foi enviado ofício à empreiteira com um rol de indagações relativas ao suposto envolvimento de seus executivos no esquema de propinas que se instalou na Petrobras entre 2003 e 2014.
A petição da Odebrecht tinha como objetivo responder a questionamentos feitos pela força-tarefa da Lava -Jato. No dia 11 de maio, foi enviado ofício à empreiteira com um rol de indagações relativas ao suposto envolvimento de seus executivos no esquema de propinas que se instalou na Petrobras entre 2003 e 2014.
Os executivos Márcio Farias e Rogério Araújo, da Odebrecht,
que foram presos nesta sexta-feira, estão sob suspeita desde setembro de 2014
quando foram citados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa. Paulo Roberto Costa afirmou, em acordo de delação premiada com o
Ministério Público Federal, que recebeu US$ 31,5 milhões em propina da
Odebrecht. Em nota, a empresa negou as acusações e disse ser alvo de “calúnia”
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