O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles é o favorito na corrida para a vaga de ministro da Fazenda
BRASÍLIA - O
ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles é o favorito na corrida para
a vaga de ministro da Fazenda no segundo mandato do governo Dilma Rousseff,
disseram à Reuters fontes próximas ao governo, o que marcaria uma grande
mudança em direção a políticas favoráveis aos negócios.
Meirelles, de 69
anos, é amplamente respeitado no mercado financeiro e foi o arquiteto principal
de políticas em seu período à frente do BC, entre 2003 e 2010, período que
combinou crescimento econômico robusto com baixa inflação e programas fortes de
combate à pobreza.
Alguns dos
aliados de Dilma — entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — estão
incentivando-a a escolher Meirelles, o que levaria à adoção de políticas mais
ortodoxas e mais cortes no orçamento federal, em um esforço para afastar uma
estagnação prolongada ou rebaixamentos de ratings de crédito do Brasil no
próximo ano.
— Até
recentemente, ninguém acreditava que Meirelles estaria no páreo, mas seu nome
está ganhando terreno rapidamente — afirmou um deputado do PT que se encontrou
semana passada com Lula e Dilma. — Ela sabe que precisa de mais mudanças
drásticas para mudar o cenário econômico — acrescentou.
O deputado e
outras fontes do governo afirmaram que o outro candidato bem cotado é Nelson
Barbosa, que, embora tenha criticado publicamente a falta de transparência nas
contas públicas do Brasil, é considerado um economista de esquerda que
compartilha de muitas das convicções de Dilma de que o Estado deve ter um papel
importante na economia.
Meirelles, por
sua vez, está associado às opiniões econômicas ortodoxas do PSDB. Meirelles
ganhou uma cadeira no Senado pelo PSDB em 2002, mas em seguida, saiu do partido
antes de tomar posse como presidente do Banco Central. O engenheiro civil
formado em Harvard e ex-executivo sênior do extinto BankBoston elevou as taxas
de juros para 26,5% logo após a posse de Lula em 2003.
Isso lhe valeu a ira dos radicais do PT, mas ajudou a amenizar os temores do mercados
financeiro de que Lula poderia conduzir a economia em uma direção radical.
A partir daquele ano, a economia do Brasil cresceu em média 4% e muitas vezes
teve inflação abaixo de 5%.
— Meirelles teve
uma muito boa reputação como presidente do BC. Ele vai representar um retorno
às políticas econômicas ortodoxas, o que será bem-vindo pelo mercado — disse
Neil Shearing, economista-chefe mercados emergentes da Capital Economics, em
Londres.
Mas, para
Meirelles para assumir o cargo, Dilma teria que oferecer a ele autonomia para
ditar a política, segundo fontes próximas a Meirelles
— Sem
independência, ele não vai assumir o cargo — disse uma delas.
A divisão
ideológica e diferenças de estilo fazem alguns de seus assessores duvidarem que
Dilma escolherá Meirelles
— Você não pode
trabalhar com alguém que pensa de forma completamente diferente de você —
afirmou um membro de seu gabinete à Reuters recentemente.Meirelles, que
atualmente é o presidente da holding que controla o maior produtor de carne
bovina do mundo, a JBS S.A., não quis comentar o assunto. O Palácio do Planalto
também se recusou a dar declarações.
: http://oglobo.
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