quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles é o favorito na corrida para a vaga de ministro da Fazenda







 
 

O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles é o favorito na corrida para a vaga de ministro da Fazenda

 


BRASÍLIA - O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles é o favorito na corrida para a vaga de ministro da Fazenda no segundo mandato do governo Dilma Rousseff, disseram à Reuters fontes próximas ao governo, o que marcaria uma grande mudança em direção a políticas favoráveis aos negócios.
Meirelles, de 69 anos, é amplamente respeitado no mercado financeiro e foi o arquiteto principal de políticas em seu período à frente do BC, entre 2003 e 2010, período que combinou crescimento econômico robusto com baixa inflação e programas fortes de combate à pobreza.
Alguns dos aliados de Dilma — entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — estão incentivando-a a escolher Meirelles, o que levaria à adoção de políticas mais ortodoxas e mais cortes no orçamento federal, em um esforço para afastar uma estagnação prolongada ou rebaixamentos de ratings de crédito do Brasil no próximo ano.
— Até recentemente, ninguém acreditava que Meirelles estaria no páreo, mas seu nome está ganhando terreno rapidamente — afirmou um deputado do PT que se encontrou semana passada com Lula e Dilma. — Ela sabe que precisa de mais mudanças drásticas para mudar o cenário econômico — acrescentou.
O deputado e outras fontes do governo afirmaram que o outro candidato bem cotado é Nelson Barbosa, que, embora tenha criticado publicamente a falta de transparência nas contas públicas do Brasil, é considerado um economista de esquerda que compartilha de muitas das convicções de Dilma de que o Estado deve ter um papel importante na economia.
Meirelles, por sua vez, está associado às opiniões econômicas ortodoxas do PSDB. Meirelles ganhou uma cadeira no Senado pelo PSDB em 2002, mas em seguida, saiu do partido antes de tomar posse como presidente do Banco Central. O engenheiro civil formado em Harvard e ex-executivo sênior do extinto BankBoston elevou as taxas de juros para 26,5% logo após a posse de Lula em 2003.



 Isso lhe valeu a ira dos radicais do PT, mas ajudou a amenizar os temores do mercados
financeiro de que Lula poderia conduzir a economia em uma direção radical.

A partir daquele ano, a economia do Brasil cresceu em média 4% e muitas vezes
 teve inflação abaixo de 5%.
— Meirelles teve uma muito boa reputação como presidente do BC. Ele vai representar um retorno às políticas econômicas ortodoxas, o que será bem-vindo pelo mercado — disse Neil Shearing, economista-chefe mercados emergentes da Capital Economics, em Londres.
Mas, para Meirelles para assumir o cargo, Dilma teria que oferecer a ele autonomia para ditar a política, segundo fontes próximas a Meirelles
— Sem independência, ele não vai assumir o cargo — disse uma delas.
A divisão ideológica e diferenças de estilo fazem alguns de seus assessores duvidarem que Dilma escolherá Meirelles
— Você não pode trabalhar com alguém que pensa de forma completamente diferente de você — afirmou um membro de seu gabinete à Reuters recentemente.Meirelles, que atualmente é o presidente da holding que controla o maior produtor de carne bovina do mundo, a JBS S.A., não quis comentar o assunto. O Palácio do Planalto também se recusou a dar declarações.
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