quarta-feira, 16 de novembro de 2016

mar maria- AYLA CEDRAZ UMA BAIANA QUE NO0S ORGULHA .



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mar maria





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Pés diminutos na areia. Meus olhos viram quando Maria viu a imensidão. Diminutos não mais; ganhou velocidade e pronto: o infinito da linha que dividia o céu e o mar é também ela, na totalidade de seus centímetros. Parece uma pintura. Mas, diferente da pintura, a corrida de Maria muda o tempo todo; na incidência solar dos dias dela e nela mesma. É que afirmo: estou vendo Maria aumentar de tamanho no segundo em que ela se move da areia para a beira d’água.

Daqui vejo. As canelas no mar gelado a despertaram. Começou a rir; de quê? Só sei que começou a rir, sem dizer motivo. Meus pés na areia não parecem pisar a mesma areia que os pés de Maria pisam. Mistério; mas olhar para ela é ver que não há mistério algum. 

Tropeçou. Vai cair! Segura a criança. Vai cair, vai cair... Caiu. De novo. Já está de pé, correndo; a razão outra vez não sei. Está voltando. Me viu. Está vindo. Parece maior; ou nós todos estamos.

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Ayla Cedraz

FOI PREMIADA EM ABRIL COMO UMA DAS MELHORES CONSTISTAS DO BRASIL.
TEM 13 ANOS.
ESCRITORA MIRIM AYLA CEDRAZ. CONTO :
A ESTRANHEZA
Dando continuidade ao projeto cultural , do qual faz parte  a   demonstração dos escritores mirins da Bahia, publico da Escritora Ayla Cedraz, 14 anos, de Conceição do Coité ,  este belo CONTO A ESTRANHEZA.
Nesta foto os seus pais e a sua irmã mais velha Jade Cedraz estudante de Medicina.
Estranheza
                              Talvez sua alma fosse grande demais para caber no próprio corpo ou pequena demais para preenchê-lo e controlá-lo. Mas o fato é que o homem parecia não se adaptar a si próprio, parecia estar desconfortável consigo mesmo. Caminhava aos tropeços, confundia-se entre os próprios passos, por não saber exatamente aonde ir. Deixava simplesmente que lhe empurrassem aos dias e às noites, para que conseguisse exercer a raridade de estar vivo por inteiro. É que ele não permitia que lhe tocassem, tinha medo do que é sujo e feio.  O semblante cansado deixava transparecer a desistência em relação aos seus próprios costumes, aos seus próprios pensamentos e a adaptação de si mesmo em meio aos outros já adaptados. Jogava-se simplesmente em meio a tantos outros, príncipes ou não, um corpo como qualquer outro corpo, e nada mais a declarar sobre o assunto.                                
                            Tinha para si, toda manhã, a arte de deslizar, tão própria de quem tem escondida uma chama de quem acredita. Era macio e de fácil manuseio, protegido através da falta de erros. Mais além, através da falta de tentativas. Queria para si, toda manhã, o poder da descontração. Imaginava ser a solução de todos os problemas. A sua incapacidade para adaptar-se às próprias mentiras parecia ser a razão de todo o fracasso de sua encarnação.                           
                           Não se permitia, em momento algum, sentir. Deixava que, em tantos momentos que justificariam uma explosão, o ódio morresse. Sobre o amor, mal ouvira falar. O seu, já se tornara obsoleto. Mas era todo amor, embora nem desconfiasse. É que tudo era tão incolor, tão insosso, tão reto... Como podia ele, sentir qualquer alteração? Ainda mais ele, que não tinha controle do próprio corpo. Carregava às costas o próprio peso multiplicado por mil, porque não sabia contar. Enchia-se de madeira velha, de poeira, pano e, o que sustentava tudo, apesar de tudo, poesia. Nos raros momentos em que não encolhia o peito, percebia-se assim. E, cansado, não tinha tempo de sentir-se feliz por isso. Era como a sua peça locomotora. Não se vê. Mas se vai, já nada mais é. 
                         Desmoronado, volta o homem. O corpo se desmancha em pó, que logo se dispersa pelo ar. Com a maior facilidade, é possível encontrar seus indícios. Por todo canto, por todo lado. Basta respirar  .
                                                                           Ayla Cedraz


A autora é uma jovem estudante secundarista  da Cidade de Conceição do Coité, morou até os 08 anos em Camaçari-Ba, oriunda de uma família guerreira, de uma família que tem nas suas fileiras o sangue da intelectualidade,  pais comprometidos com a educação e que prezam por uma formação humanizada.  
Diante a sua pequena idade aqui na terra e em pleno vigor,  uma vez que ainda não completou os  de 16 anos, luta cotidianamente e aos poucos vence  barreiras que para muitos seriam desanimadoras,  a sua batalha de vida  como a de todos que abraçam as artes tem sido  árdua .  
Ayla Cedraz  nasceu com o dom da  escrita,  da  escultura  e da  pintura, nasceu  com as artes e caminharão juntas por muitos e muitos anos  a reverberar cultura.
Talentosa, de uma inteligência  invejável, conhecimento estarrecedor e de  um interesse exacerbado  pelas artes do universo, transita espontaneamente e com desenvoltura por todos os séculos garimpando cultura, tem como parceiros os grandes imortais  das letras, dos pinceis, dos mármores  e das notas musicais. 
Esta jovem tem  muito o  que mostrar para a Bahia , para o Brasil e para o mundo.
O céu é o limite.

Eu se autoridade fosse requisitaria todos estes jovens talentos para um futuro melhor.

 Iderval Reinaldo Tenório

 

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