sábado, 1 de setembro de 2012

CUNVERSA DE MATUTO-PATATIVA DO ASSARÉ

   










 




PATATIVA DO ASSARÉ

Aqui mostro mais uma pérola de um dos maiores poetas deste país(Patativa do Assaré,lá do meu Ceará), homem que sofreu o sol quente na cagunda,as cobras e as formigas nos pés, mas não quedou,não titubeou e nem foi submisso aos poderes calando a  voz, por isso que se imortalizou e vive hoje em todos os recantos deste mundo, aliás,deste mundão que Deus criou e os homens ainda não aprenderam a administrar.
 Boa leitura e vão fundo em todo o blog, são diversos os textos,são diversos  os assuntos.
Tenho muitos textos que ainda estão em elaboração e ainda estou pensando se posso publicar, aos poucos vou liberando.
Um abraço do amigo .
Iderval Reginaldo Tenório

 O texto é atual devido as eleições.
33419630  33425331- driderval@bol.com.br


           Neste texto o Mestre Patativa deslumbra a inocência e a sagacidade do bem e do mau do homem do campo, mesmo sem leitura mostra a sensibilidade no exercício da cidadania.  Mostra as filigranas de alguns candidatos profissionais ,não englobando a todos,a maioria sem compromissos ,  com o pensamento puramente pessoal e pecuniário. Escola e Educação a Salvação da Humanidade.

                         Conversa de Matuto –
 Patativa do Assaré (NASCIDO EM  05/03/1909- FALECIDO EM 08/07/2002)-Assaré-Ce.Nasceu como Antonio Gonçalves e se imortalizou como:O PATATIVA DO ASSARÉ.
Obra-Cante Lá Que Eu Canto Cá- Editôra VOZES em todas as Livrarias
         

CUNVERSA DE MATUTO
                    
Meu amigo João Moirço,
Eu agora fiquei certo
Que nóis já tá bem perto
De sair do sacrifiço.
Eu onte uvi num comiço
De um dotô candidado,
Home sero e muito isato
E ele agarantiu que agora
Vai havê grande miora
Para o pessoá do mato.

No comiço ele falou 
Que depois que ele vencê,
 
Vai com gosto protegê

A cada um inleitô. 
O povo trabaiadô
 
Que padece no roçado

Pode votá sem coidado 
Que depois das inleição
 
Com a sua proteção
 
Vai tudo recompensado
 

Aquele é home de bem,
 
Quando desceu do palanco,
 
Falô com preto, com branco,
 
Com rico e pobre tombém;
 
Ali não ficou ninguém
 
Pra ele não abraçá,
 
Veve sempre a conversá,
 
É alegre e satisfeito,

Num home daquele jeito 
Faz gosto agente votá
 


Do palanco ele desceu
Alegre e dezendo graça
E mais tarde lá na praça
Palestrando apareceu,
Se assentou pertinho deu
Lá num banco da venida,
Proguntou por minha vida
E disse na mesma hora
Que a sua vitóra
Já tá quage dicidida.


E pediu que eu precurasse
Com muita delicadeza
Aqui nesta redondeza
Gente que nele votasse
Que depois que ele ganhasse
Ia as coisas resorvê.
A premêra era fazê
Aqui no nosso lugá
Um grande grupo escolá
Pra nossos fio aprendê.

Depois,um mioramento
Pra nois pudê trabaiá,
Semente pra nóis prantá
Sem precisá pagamento,
Quarqué coisa no momento
È nóis querê e pedi
E depois que conseguí
Esta premêra vantange,
Vem uma bela rodage
Da cidade até aqui.

Eu tenho esperança e fé
Na promessas do dotô
E pedi a ele eu vou
Um imprego pra José.
Mais tarde,se Deus quisé,
O meu fio faz figura,
Saindo da agricurtura.
Este cansado chamego
E arranjando um bom imprego
Lá dentro da Prefeitura.

È tanto, que vou caçá
Argum voto por aqui;
Já cunversei com Davi,
Com Vicente e Vardemá,
Fuloriano,Mozá,
Mane Chico e Zé Lavo,
Dona Suzana e Lindo,
Napoleão e Romeu,
E tudo me prometeu
Que vai votá no dotô.

João Moiriço ,meu amigo,
Sei que você acredita,
Não venho fazê visita
Hoje aqui no seu abrigo;
Oiça bem o que lhe digo
Você nunca me faltou
E a ocausião chegou
De pedi seu voto isato
Para o dotô candidado
De pretijo e de valô.


Isto que eu tou lhe falando
 
É bom para nosso futuro,
 
Nóis tamo num grande escruro

E uma ESTRELA vem briando; 
Veja que você votando
 
Neste home de tanto brio,
 
Em quem com gosto confio,

É um negoço importante 
Vai havê de agora em deante
 
Escolas pra nossos fio!





João Moiriço:

Meu amigo Zé Fulô,
Vou lhe dizê a verdade:
É véia a nossa amizade
Porém você se enganou.
Pode pedi, que eu lhe dou
Uma quarta de feijão
Uma arroba de argodão
E cinco metro de fumo,
Tudo com gosto lhe arrumo,
Porém o meu voto, não!

Lhe dou se você quisé
Minha boa lazarina
E o meu galo de campina
Que eu amo com muita fé,
Dou minha porca Baié
E o meu cachorro Sultão,
Maria dá um capão
E o Chico dá um cabrito,
Isso tudo eu admito
Porém o meu voto, não!

Meu amigo Zé Fulo,
Não siga por esta tria,
Você ainda confia
Em premeça de doto?
Auilo que elefalou
É somente imbromação.
Quando é tempo de inleição
Esse home se eprepara
Trazendo um santo na cara
E o diabo no coração.

Você não dê confiança,
Pois quando a campanha vem,
Com ela chega tombem
A pabulage e a lembrabça.
As vez os matutos dança
Com as fia do dotô,
É aquele grololô,
Tudo elegre e satisfeito,
Antes do dia do preito ,
Tudo é prefume e fulô.

Mas depois que passa o preito,
O desmantelo renova,
Palavriado não prova
A bondade do sujeito.
Pra garrafa desse jeito
Não iziste sacarrôia,
Não quera fazê iscôia
Se não você sai perdendo,
Este dotô tá inchendo
A sua venta de fôia.

Isto já vem do passado
E a pisada ainda é essa,
Por causa dessas premessas
Meu avô foi inganado,
Omeu pobre pai coitado!
Foi inganado tobém
E eu,que já conheço bem,
Pra votá sou muito franco,
Ma porém só voto em branco,
E não confio em ninguém.

Em branco eu tenho votado,
Pois só assim me convém
Proquê votando em arguém,
Traz o mesmo risurtado,
Com certos palavreados
Ninguém pode me iludi,
Vivo trabaiando aqui
Nesta vida aperreada,
Mas não dregrau de escada
Pra seu fulano subi.

Zé Fulo repare bem,
As premessa é só na hora,
Porém,depois da vitóra,
Premessa valô não tem
E esperá por quem não vem
Martrata,dói e acabrunha,
Digo e tenho testemunha,
Quage todo candidato
Tem a mamparra do gato,
Dá um bote e esconde a unha.

Na campanha eleitorá
Quando ele encronta agente,
Chama de amigo e parente,
Nauqle parrapapá,
Mas, depois de eles ganhá
E recebê posição,
A ninguém presta tenção,
Assim que agente repara,
Vê logo a cara do cara
Como cara de lião.

Zé Fulo não seja bruto
Seja mais inteligenete,
Repare que aquela gente
Não faz conta de matuto.
Não dou vrença e nem escuto
Premessa dese doto,
Pra não passá o que passou
Sendi inganado e inludido,
O meu pobre pai querido
E o finado meu avô.

Tome esta boa lição,
Dêxi logo esta veneta,
Seja sero,não se meta
Com fuxico de inleição;
Este dotô sabidão
Que agora lhe apareceu
E tudo lhe prometeu,
Depois da vitóra pronta,
Fica fazendo de conta
Que nunca lhe conheceu.

E se você se afobá,
E pegá com lerolero,
Zangado e falando séro,
Querendo se revortá,
Pedindo pra lhe pagá
Todas as premessas que fez,
Ele,com estupidez,
Fica cheio de maliça,
Dá logo quexa a poliça
E lhe leva pro xadrez.

Portanto, vá se aquetá
Não entre nesse curtiço,
Não vá dexá seu serviço
Pra sê cabo eleitorá.
Vá sua casa zelá,
Vá cuidá de seu trbaio,
Não pegue nesse baraio,
Se não você perde o jogo
Água é água e fogo é fogo
Cada macaco em seu gaio
.



Miniatura

Vaca Estrela e Boi Fubá

Música Vaca Estrela e Boi Fubá com Luiz Gonzaga.
PATATIVA DO ASSARÉ




Miniatura

Luiz Gonzaga e Fagner - Bastidores da Gravação do LP - Vaca Estrela e Boi Fubá

Imagens dos bastidores da gravação do disco Luiz GOnzaga e Fagner de 1984. Música "Vaca estrela e boi Fubá" de Patativa do Assaré.
de Paulovanderley  2 anos atrás  19702 views



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António Manuel MarquesIderval Tenorio há 55 minutos ·

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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Diana Pequeno - Blowin'in the wind .wmv

       





Não direi uma única palavra sobre a música e sob Bob Dylan.
Apenas informo que a Diana Pequeno foi minha contemporânea na Ufba e fazíamos muitas festas nas residências universitárias. A  mesma colou grau no curso de engenharia e deixou para nós aqui da Bahia uma das mais importantes obras da década de 70.
Provavelmente uma das mais delicada e firme voz do cancioneiro brasileiro daquela época .
Como apreciador desta magistral arte, é a voz da Diana a que mais  emociona o ouvinte,feche os olhos  e acompanhe o bailar das cordas vocais na emissão dos penetrantes sons que ,como as nuvens flutuam nas copas dos neurônios cerebrais.É emocionante.

                                                                                                    Iderval ,bem pequeno diante da grandeza da Diana


MiniaturaDiana Pequeno - Blowin'in the wind .wmv

Diana Pequeno - Blowin'in the wind DIANA PEQUENO 1978 De B. Dylan/Versão: D. Pequeno
de MARCOSPA10  2 meses atrás  41 views






Blowin' in the wind - Bob Dylan

Blowing in the wind Original Version - Bob Dylan
de MajuMorales666  1 ano atrás  83413 views








quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A CORRUPÇÃO

                     


















A CORRUPÇÃO

Papai hoje tem 98 anos de idade, outro dia falando em corrupção ele veio com esta história.

Relatou que foi no ano de 1956 que tirou a sua primeira carteira de motorista . Informou   que   para todo o sul do Ceará , precisamente todo o Cariri e municípios pernambucanos da Serra do Araripe, Exu, Bodocó e Ouricuri era a cidade do Crato  a metrópole , era lá onde  se encontrava o escritório do Departamento Nacional do Trânsito  , todos da região tinham que ir ao Crato tirar a sua carteira de habilitação, era um verdadeiro dia de festa para a região, pois  estes expedientes só eram realizados de seis em seis meses.

Neste dia,  um despachante vindo de Fortaleza realizava duas ou três perguntas , o motorista respondia oralmente. Era dado o veredicto de  aprovado ou reprovado no mesmo dia ,  quatro semanas depois  o aprovado recebia a sua carteira vindo da Capital.

Circulava naquela  época umas valiosas notas de 500 cruzeiros, tinha que ter café no bule para possuí-las .

Conta meu pai, que foram juntos fazer o teste e tirar a carteira, ele com 42 anos, seu irmão Meco com 56 anos e o meu cunhado Lemilton 28 anos, neste dia se encontrava na sala um velho Cratense de 70anos, totalmente analfabeto , um grande produtor de rapadura,um mega  fazendeiro e dono de um grande comércio no próspero município do Crato, todos na mesma sala  para  tirarem  as suas cartas habilitação . Não existiam exames médicos e nem teste de rua, uma entrevista era o necessário.

O despachante chamava  um por  um e fazia as perguntas, o candidato respondia e recebia o veredicto na hora, a carteira chegava 30 dias depois.

Primeiro foi o meu cunhado Lemilton o mais novo, era uma carteira profissional , foram muitas as perguntas, mais de dez , no final:aprovado, depois meu pai, três  ou quatro perguntas, aprovado, depois o meu tio Meco duas perguntas simples , aprovado e por último o velho Cratense de muita influência no município. Não precisa dizer que logo na chegada o velho foi apresentado ao despachante pelo vice  prefeito e exagerado nas suas qualidades e posses.

O despachante o chamou até a mesa , ficou sentado na sua frente e perguntou:

____Seu Di Assis,  quantos motores tem um Jeep ?

O velho parou, quase cego e com uma grande bengala na mão matutou:
pensou,  pensou, coçou a cabeça, olhou pra cima, apertou os olhos, alisou a branca barba, ajeitou os óculos fundo de garrafa , botou a mão no bolso, tirou um maço de dinheiro  e respondeu:

____Quatro notas de quinhentos  e um saco de feijão.

O despachante na bucha e  em tom alto para todo mundo ouvir saiu com esta:

___Oh velho macho  pra entender de mecânica, aprovado seu Di Assis, aprovado.

                          Iderval Reginaldo Tenório



Miniatura

Diana Pequeno - Blowin'in the wind .wmv

Diana Pequeno - Blowin'in the wind DIANA PEQUENO 1978 De B. Dylan/Versão: D. Pequeno
de MARCOSPA10  2 meses atrás  41 views



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