quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

A vida pela vida, para o Homo Sapiens , não tem sentido.

Blog do Mendes & Mendes: A VISTA ESQUERDA DE LAMPIÃO

Hemisférios cerebrais e personalidade: um mito cai por terra?

                                                      Cérebro | braintumors

Filosoficamente  a vida pela vida, para os humanos, seria uma  aberração.

 A vida pela vida, dando vida à matéria, seria uma pífia propriedade, uma vez que,  a vida  é uma dádiva pertinente a todos os seres vivos, dos mais simples  ao mais complexo  ser do universo.

Sendo  assim, a vida pela vida,  só precisaria da saúde e dos cuidados corporais para a sua existência,  com o envelhecimento  iria sumindo, murchando,  desbotando, esfraquecendo e se esvaindo até a morte, levando com ela o insignificante homem e  a perecível massa, seria vazia em  lembranças, luto, alma e legados.

Explana-se que  o cérebro racional é   a única diferença  entre o homem e os demais  seres vivos.

 O encéfalo  é uma estrutura complexa,  constituída de  segmentos  nobres, com múltiplas funções,  interligado a um  cérebro primitivo, constituído de estruturas menos nobres, literalmente responsáveis pela vida.

Na  evolução cerebral, todos os seres vivos possuem um cérebro básico, uma estrutura mínima para se viver. Este cérebro econômico e básico  é constituído do tronco cerebral, cerebelo e gânglios basais, estruturas  responsáveis pelos movimentos, equilíbrio, respiração, digestão, batimentos cardíacos, pressão arterial, reprodução, enfrentamentos e territorialidade, enfim, pela sobrevivência, este é o cérebro reptiliano, o responsável direto pela vida. Dando prosseguimento à evolução natural, os mamíferos inferiores ganharam outros elementos cerebrais dando origem ao cérebro emocional, presente nos mamíferos irracionais .

No decorrer da evolução da humanidade, os animais superiores foram acoplando novos componentes cerebrais até chegarem ao cérebro racional, o  humano, perpassando evolutivamente aos   hominídeos australopithecus,  habilis,  erectus, neanderthal até o homem contemporâneo,  O HOMO SAPIENS.   No H Sapiens  o cérebro pesa em média 1,5 quilograma,  equivale a 2% do peso corporal e consome energeticamente, em repouso,   20% do oxigênio humano, chegando a 30% em plena atividade e mais de 25% de toda a glicose corporal.

Os seres vivos nasceram para comer, crescer, se reproduzir e  morrer,  são as propriedades básica da vida pela vida, levando a entender que para o homem, este modus operandi  não teria sentido, uma vez que seria igual às outras espécies.

Para a abissal diferenciação, o homem foi acoplando novos componentes até chegar a um  cérebro desenvolvido e em eterna  evolução. Ganhou    diversos segmentos como  o tálamo, o hipotálamo, a pituitária, o hipocampo, os lobos frontais, laterais, occipitais e temporais distribuídos em dois hemisférios, o direito e o esquerdo,    interligados pelo corpo caloso, estrura esta que faz com que o cérebro humano seja considerado o mais perfeito e complexo órgão de toda a  natureza.  Possui mais de 96 bilhões de  neurônios com os seus  dendritos, corpo,  núcleo, axônios e terminais  formando quintilhões de conexões chamadas de sinapses.  Calcula-se que cada neurônio pode  conecatar-se  com mais  de 20 mil  outros neurônios.

O cérebro   é blindado por três camadas nobres: as meninges  pia-mate, aracnóide e a dura-mater, protegido pela calota craniana. A calota e as meninges   impedem a penetração de muitas subtâncias estranhas, protegem contra choques e amortecem a pressão neste complexo órgão. Apenas o ser humano possui  um cérebro  complexo,   misterioso, desconhecido, coordenador  das funções dos demais órgãos e que mergulham o homem no imaginário da vida social, política, das crenças  e das propriedades do universo. É no ser humano a estrutura que  pensa, sofre, memoriza, vinga, inventa, chora, ama, odeia,  rir, canta, encanta, cria fantasias,  sente, conversa, prevê, calcula, prepara e se comunica com seres  racionais, irracionais e inanimados.

Estas propriedades, pertinentes ao homem,  apontam  que  além da vida material, existem as imateriais, tão importantes como  a corporal. Propriedades que vagaram pelo abstrato e que hoje encontram-se no seio da  sociedade científica,  cultural, emocional, védica, das crenças religiosa, superstições, da  criação, das incógnitas e das artes. 

Evidencia-se que,  para o humano, a vida pela vida, seria uma aberração da natureza e um descaso para com o homo sapiens. 

Seria  um desperdício de massa encefálica  se a vida pela  vida, para o homem,  fosse tal qual é, a vida pela vida  para  as demais espécies.

O que seria da humanidade,  se o homem se resumisse ao ato da vida material.  Se o cérebro e os neurônios fossem apenas para eletrizarem o corpo e usufruir mecanicamente das coisas do mundo? Provavelmente seria mais um irracional a alimentar as espécies mais robustas, nasceria apenas para trabalhar irracionalmente pelo pão de cada dia, seria apenas mais um dos milhões de animais a compor a cadeia alimentar.

A humanidade,  tem claras evidencias  cristalinas, que o homem além da vida foi presenteado por algo  sublime, contagiante e  emocionante,  que com estas  características  só poderia ser as artes. As artes em todas as suas variantes, vertentes   e sutilezas, as artes da poesia,  prosa,  música, canto, dança,  pintura, do executar, da criação, do falar, interpretação, do equilibrio, da simplicidade, da filosofia, da sociologia, dos pensamentos, das dúvidas, das lembranças  e das incógnitas da vida.

Vai a massa com a vida, vão os elementos da natureza,  classificados fisica e quimicamente  na tabela periódica; ficam as artes, os legados, os ensinamentos, a cultura e  as memórias  para a imortalização do homem pós morte para a  humanidade. 

O que seria se Beethoven, Bach, Mendelssohn, Newton, Einstein, Tesla, Sabin, Frederick Banting,  Cervantes, Shakespeare, Gonzaga, Belchior, Caetano,  Drumond, Freud, Dylan, Leonard Da Vince, Van Gogh,   Picasso, os Professores, os artistas profissionais, os amadores e os populares de todo o mundo,  se os seus cerebros não fossem  fecundados pelas  artes? Tem-se  plena convicção que, para a humanidade, as suas  e as nossas vidas não teriam sentido se   a vida pela vida fosse  apenas para  nascer, viver, se reproduzir e depois morrer. O que seria a espécie humana, se não mais uma a compor a cadeia alimentar? 

 Será que a vida teria fundamentação se não fossem as crenças, os medos, os deuses dos antepassados, os da mitologia, os pensamentos, os legados filosóficos, as ciências, as artes  e a crença num deus superior? Deus, o Criador de tudo que exite de concreto e abstrato no Universo e, no hipotético Multiverso.  

O homem não veio ao universo apenas para  consumir literalmente a vida e a matéria em todas as suas vertentes.  O homem tem consciência  da sua própria vida e está à procura de desvendar o mundo concreto e o mundo abstrato. O Homo Sapiens   pensa no pretérito, presente e no futuro. 

O homem é corpo, alma, mistérios, dúvidas, trabalho, memórias, tristezas, alegrias, lembranças, raiva, solidão, cultura e  artes.

Viva a vida, porém com muita arte,  o homem é arte.

Iderval Reginaldo Tenório 

 

 

 

 

 


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