terça-feira, 4 de junho de 2019

Bodocó Pernambuco - PE -O Amanhecer no meu sertão-

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O Amanhecer no meu sertão

MEU QUERIDO BODOCÓ- MINHA SERRA DO ARARIPE, QUANTAS SAUDADES DA MINHA TERRA-  O MUNDO NÃO TEM VOLTA, SE TIVESSE..



Bodocó Pernambuco - PE 

 Histórico No início deste século, Antonio Peixoto de Barros, fundou o povoado de Bodocó, em terras do Município de Granito. A origem do nome do Povoado, conforme os Bodocoenses, há duas versões: uma de que o nome veio de uma planta aquática muito abundante na região, denominada de Bodocó, versão mais correta para uns, a outra, do nome de uma tribo indígena que aqui habitou, chamada Bodorocos. 

  Seu desenvolvimento foi rápido, graças à facilidade de acesso, o que ocorria para maior intercâmbio comercial, motivando a elevação do Povoado à categoria de Distrito, em 1909.

  Com o decorrer de alguns anos, o Distrito crescia a cada dia, tornando-se mais importante que a sede do Município de Granito, para Bodocó, isto em 1924, cuja Lei, além de tornar Bodocó sede do Município de Granito, lhe conferia foros de Cidade, situação que permaneceu até 1938, quando Bodocó passou a Município e Granito a Distrito de Bodocó. Gentílico: Bodocoense Formação Administrativa Distrito criado com a denominação de Bodocó, pela lei municipal nº 3, de 17-11-1909.

  Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o distrito de Bodogó figura no município de Granito. Pela lei estadual nº 1650, de 22-05-1924, o distrito de Bodocó recebe a classificação de 1ºdistrito, passando a ser sede do município de Granito, sendo por esta mesma lei, Bodocó elevado a condição de cidade. 


  Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, Bodocó figura com distrito sede do município de Granito. . Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 3 1-XII-1937. Pelo decreto-lei estadual nº 92, de 31-03-1938, o município se denomina Bodocó. 

 Sob o mesmo decreto Bodocó adquiriu do município de Exu o distrito de Claraná. Pelo decreto-lei estadual nº 235, de 09-12-1938, o município de Bodocó adquiriu o distrito de São Felix, do município de Ouricuri.

 O distrito de Poço Cercado tomou o nome de Icaissara e foi transferido do município de Bodocó para constituir o novo município de Leopoldina, o distrito de Brejo de Santo Antônio voltou a denominar-se Sipaúba. 

 O mesmo decreto extingüi o distrito de Sipaúba, sendo seu território distribuido pelos distritos de Bodocó e Claraná, do mesmo município. No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município de Bodocó, Claraná, São Félix, e Granito. Pelo decreto-lei estadual nº 952, de 31-12-1943, o distrito de São Felix passou a denominar-se Feitoria. 

  No quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o município é constituído de 4 distritos: Bodocó, Claranã, Feitoria (ex-São Felix) e Granito. Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o município é constituído de 4 distritos: Bodocó, Claranã, Feitoria e Granito.  
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1960. Pela lei estadual nº 4972, de 30-12-1963, desmembra do município de Bodocó o distrito de Granito. 

Voltando à categoria de município. Em divisão territorial datada de I-I-1979, o município é constituído de 3 distritos: Bodocó, Claranã e Feitoria. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.



O Amanhecer no meu sertão

MEU QUERIDO BODOCÓ- MINHA SERRA DO ARARIPE, QUANTAS SAUDADES DA MINHA TERRA-  O MUNDO NÃO TEM VOLTA, SE TIVESSE...


Cantava o galo Chulipa três vezes antes do sol nascer, isto  para informar aos outros animais , inclusive para  os outros galos,   quem era o verdadeiro dono do terreiro, quem era o senhor daquele arrebol, na outra extremidade  zurrava o jumento Jericó por três vezes, isto  com a finalidade de mostrar aos seus companheiros e companheiras  a sua localização num raio de quatro a cinco quilômetros  e que chegara a hora de transportar a água para encher os potes da casa. 


 É o asinino  um animal de origem desértica, possui uma grande cabeça, olhos laterais  para proteção ,  duas longas  orelhas forradas com pelos macios, ouvidos atentos e de boca grande que se afunila ao chegar à sua inserção,  o cume da cabeça,  como se fossem um par de chifres ou duas antenas de  abas  largas,    tais quais    dois radares em movimentos rotativos numa varredura de  280º, ora para cima , ora para baixo , para frente e para trás com a finalidade de captar longínquos sons . 

É o Jumento um animal inteligente, cheio de manhas , pantins,  manias,  mistérios e superstições, é um bicho de grande adaptação, come de tudo, de camisas nas cercas a solas de sapatos encontradas nos monturos , precisa de pouca água , é resistente as intempéries da natureza,  chova ou faça sol   lá está o asno a sobreviver, num raio de cinco mil metros é quem manda na caatinga, é um animal testosterônico em demasia, enfeitiçado pelo hormonio feminino é um perigo.   Foi ele quem ajudou o menino Jesus  a escapar em Belém das garras do Rei Herodes, quando este autorizou o maior infanticídio da face da terra, o Jumento é nosso irmão.


Neste cenário bucólico, a brisa fria batia  nas gramíneas, nas babujas  e nos arbustos, o orvalho da noite, que se  precipitava sobre as folhagens da caatinga,   molhava o rosto e as vestes  de algodão grosseiro  que protegia a pele áspera do  homem serrano.  

Quando este Corema caminhava em direção ao curral   em busca do necta branco da vida, o leite  oriundo do ubre  das pacientes e abençoadas  vacas,  era gratificante o banho de orvalho a umidificar as suas  poídas vestes. 


Com o cheiro contagiante vindo da terra orvalhada , com os cantos dos pássaros e o zoar dos sons  de dezenas de chocalhos   todos os viventes do arraial despertavam.


O vaqueiro com a sua corda de croá e o seu balde a tiracolo chegava ao curral, a vaca diligentemente chamava  a sua cria, abriam-se as porteiras e o bezerro logo ia até as  edemaciadas tetas , cabeça junto ao ubre ,  peia nas pernas da vaca leiteira  , para contê-las, mãos grossas do  sitiante a amaciar o túrgido alforje natural  repleto de leite,     neste momento a cuidadosa e desconfiada mãe liberava o proteico líquido. 


Enquanto a vaca  mugia,   mungia o vaqueiro, e entre um mugido e outro , o vaqueiro ia mungindo, ia mungindo até o momento em que o bezerro faminto berrava, era um  alerta , era um pedido de socorro, informava  que o  leite não estava lhe sendo entregue, estava sendo desviado para outro mamador, a sua mãe estava sendo enganada,  de imediato a vaca segurava o necta  da vida ,  só liberava para a boca faminta de sua cria,  este com muita sede   ordenhava as  tetas com a sua língua de lixa, beiços grossos lubrificados  e duas ou três marradas  no  ubre pseudovazio , num aforismo nordestino que diz , bezerro que não berra não mama, daquele momento em diante  só o bezerro poderia mamar,   terminada esta ordenha, partia o vaqueiro para outra  vaca que mugia a procura do seu rebento ,  enquanto a vaca mugia, o vaqueiro mungia, mungia de uma a uma, de teta em teta, era assim o amanhecer na minha querida Serra do Araripe, o vaqueiro mungido e a vaca mugir.


O galo  cantava, o Jumento Zurrava, as vacas mugiam, os bezerros berravam, os pássaros cantavam, os chocalhos zoavam e o vaqueiro mungia, nascia o sol, abriam-se as porteiras, os animais corriam, enchiam os pastos e as mangas  ,  o tilintar dos chocalhos preenchiam sonoricamente os espaços, estes com   cheiros de flores, jasmins, cedros, cidreiras, capins, estercos e urinas espumantes cobertas por milhares de borboletas de asas grandes e amareladas.


Mesa posta, aroma de café em toda a casa, queijos de coalho e de manteiga na mesa,   prato fundo com leite fresco, espumante e fervendo de quente, farinha de milho ou de mandioca, sal, carne do sol, tigelas de qualhadas, um prato de macaxeira cozida, bule vermelho  esmaltado  cheio de   café  torrado e pilado em casa,  tapióca untada com muita manteiga de garrafa , ovos estrelados na banha de porco, que na maioria das vezes  a gordura caia  pelos cantos da boca, era assim o amanhecer na minha querida Serra do Araripe e haja saudades e haja.

Iderval Reginaldo Tenório

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