IDERVAL TENÓRIO: O HOMEM DIANTE DA COMPLEXIDADE DO UNIVERSO NÃO É APENAS VIDA.

Resultado de imagem para o cerebro a a arte

Adicionar legenda

O HOMEM DIANTE DA COMPLEXIDADE DO UNIVERSO NÃO É APENAS VIDA.

Ultimamente tem-se filosoficamente pensado na existência da vida, matuta-se na limitada engrenagem encefálica que a vida pela vida seria muito pouco para o humano, a vida pela vida dando vida a matéria corporal seria uma pífia e irrisória propriedade, não haveria nexo diante da grande complexidade do universo, uma vez que é a vida uma dádiva pertinente a todos os seres vivos, dos mais simples animais, vegetais, fungos e bactérias até ao mais complexo ser pensante, o homem. Em sendo assim, a vida pela vida só dependeria da saúde e dos cuidados corporais para a sua existência e manutenção, que com o envelhecimento iria sumindo, murchando e se esvaindo até a morte , levando com ela o insignificante homem e a perecível massa muscular, o homem seria resumido literalmente ao pó, ao nada.

Foi cientificamente comprovado que o cérebro é a única e primordial diferença cabal entre o homem e os demais viventes, estrutura encefálica esta complexa, constituída de segmentos considerados nobres , cada um com múltiplas finalidades e funções, estes nobres elementos estão interligados e assessorados por um cérebro primitivo, o Reptiliano, constituído de estruturas menos nobres diretamente responsáveis pelas propriedades da vida.

No estudo da vida e da evolução cerebral existe a premissa que todos os seres vivos possuem um cérebro primário, um cérebro paleozóico, um cérebro básico, uma estrutura mínima para que consiga viver com autonomia , este cérebro econômico é constituído do tronco cerebral, do cerebelo e dos gânglios basais , estruturas responsáveis pelos movimentos, equilíbrio, respiração, digestão, batimentos cardíacos, pressão arterial, reprodução, enfrentamento, caça, lutas, territorialidade, enfim , pela sobrevivência, este é o cérebro reptiliano, o responsável direto pela vida.

No transcorrer da evolução, os animais superiores foram acoplando outros componentes cerebrais ou ganharam em tamanho, até chegarem ao cérebro humano nas diversas variedades e fases evolutivas, dos hominídeos homo australopithecus perpassando pelo homo habilis, erectus, neanderthal até ao homem contemporâneo, O HOMO SAPIENS, no qual, o cérebro pesando em média 1,5 quilograma que equivale a 2% do peso corporal, a sua importância é tão primordial, que sozinho consome energeticamente em repouso 20% do oxigênio humano, chegando a 30% em plena atividade, o homo sapiens é um ser pensante.

Afirma-se que todos os seres vivos nasceram para comer, crescer, se reproduzir e morrer, estas são as propriedades da vida pela vida, levando a entender que para o homem este modus operandi não teria sentido, não teria condições de ser tão diferente das outras vidas, seria mais uma espécie a defender-se dos seus predadores.

Para esta importante diferenciação o homem foi contemplado por todos os componentes de um cérebro desenvolvido, de um cérebro evoluído , de um cérebro completo, isto é, com diversos outros segmentos como o tálamo, o hipotálamo, a pituitária, o hipocampo, os lobos frontais, laterais, occipitais e temporais distribuídos em dois hemisférios , um à direita e outro à esquerda interligados pelo corpo caloso, além de mais neurônios com os seus dendritos, suas sinapses, seus núcleos, seus axônios , os neurotransmissores e trilhões de conectividades, tudo envolvido pela camada mais nobre e humana que é o córtex cerebral, a essência da inteligência e da capacidade de raciocinar, levando a um cérebro que pensa, sofre, chora, rir, canta, encanta, que sente, que prevê, que calcula, que se prepara, que se comunica com milhares de outros seres vivos , seres inanimados e seres fantasiosos, cérebro que domina, que cria, analisa , que tem a capacidade de memorização e que hermeticamente é blindado por diversas camadas , da fibrosa lona duramater ao elástico e resistente couro cabeludo tendo de permeio os ossos cranianos, duros como um rochedo e resistentes as intempéries traumáticas do cotidiano.

Estas propriedades pertinentes ao homem apontam e dizem, que além da vida existem outras propriedades que durante muitos séculos vagavam pelo abstrato e que hoje encontram-se encastoadas na sociedade científica, no mundo cultural e na vida religiosa , são as propriedades das artes, da criação , das crenças e da perpetuação daquele cérebro criador.

Evidencia-se que, para o humano, a vida pela vida não basta, seria uma aberração da natureza, seria um descaso para com o homo sapiens, um desperdício de massa encefálica, um sacrilégio se a vida pela a vida para o homem fosse tal qual é a vida para as demais espécies.

O que seria da humanidade, se o homem se resumisse ao ato da vida, se o cérebro e os neurônios fossem apenas para eletrizarem o corpo e para o homem literalmente viver o presente, provavelmente seria um irracional que nasceria para alimentar outras espécies mais robustas, nasceria apenas para trabalhar irracionalmente pelo pão de cada dia e defender-se dos seus predadores, seria apenas mais um dos milhões de animais a fazer parte da perversa e necessária cadeia alimentar, seguiria o binômio , a morte para um é a vida para o outro.

A humanidade aduz , pensa e tem como certeza, não absoluta, que o homem além da vida possui propriedades especiais e superiores , estas propriedades teriam que ser contagiantes, emocionantes e que perpetuassem o ser humano, que o imortalizassem , com estas características só poderia ser as artes.

As artes com todas as suas variantes , com todas as suas complexidades e sutilezas , a arte da poesia, da prosa, da música, da dança, da pintura, dos gestos, dos movimentos, da simplicidade, da filosofia, da sociologia, dos pensamentos , das dúvidas , das lembranças e das incógnitas da vida.

Vai a massa, vai o corpo, vai a vida e ficam as artes , ficam os legados, os ensinamentos e as memórias para imortalização do homem, da vida pós morte e da humanidade.

O que seria do mundo se Beethoven, Bach, Felix Mendelssohn, Tchaikovsky, Newton, Einstein , Nicolò Paganini, Miguel de Cervantes, William Shakespeare, Luiz Gonzaga, Belchior, Caetano, Chico Buarque de Holanda, João Silva, Drumond, Freud, Bob Dylan, Leonard Da Vince, Van Gogh, Picasso, os Professores, os mendigos, os abastados, os necessitados, os ateus, os crédulos e os incrédulos, os cientistas, os criadores, os "gnósticos e os “agnóstico” , os garimpadores dos conhecimentos e outros imortais se fossem apenas o corpo vivo eletrizado, isto é, apenas a vida pela vida, tenha plena convicção que, para a humanidade as suas e as nossas vidas não teriam sentido.

Será que a vida teria sentido? , será que teria fundamentação se não fossem as crenças, os medos, os deuses dos antepassados, os deuses da mitologia, os pensamentos, o legado filosófico, as ciências e a crença num Deus superior?

Vaticina-se que o homem não veio ao globo, ao sistema solar apenas para literalmente consumir a vida, consumir a matéria em todas as suas vertentes, uma vez que o homem tem consciência plena da sua própria vida, pensa no pretérito, presente e no futuro, o homem é corpo, alma, artes, mistérios, dúvidas, trabalho, memórias, tristezas, alegrias, lembranças, raiva, solidão, cultura e acima de tudo arte.

Viva a vida , porém com muita arte, o homem é um mistério, o homem é arte no sentido amplo da palavra, o homem é tudo, não é apenas vida.

Iderval Reginaldo Tenório