IDERVAL TENÓRIO: MORRE EM JUAZEIRO DO NORTE O MESTRE BIGODE

Diana Barbosa

2 h ·

Visitei o Bacamarteiro Bigode na época da campanha política, ao chegar em sua residência( Bairro Cidade de Deus), olhando para mim, ele logo comentou:
- Você foi criada em meu colo, Diana!
- Sim, Mestre Bigode, o Senhor era o Homem de Confiança do meu pai, Wálter Barbosa...

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O MANEIRO PAU

DE VOLTA PARA ROMARIA DO JUAZEIRO DO NORTE

Quando criança era comum junto com os outros meninos acompanhar os grandes do folclore do Juazeiro do Norte, principalmente na grandes Romarias do Juazeiro.

Geralmente eles saiam de uma Igreja para outra, sempre da Igreja do Socorro que fica defronte a minha casa e iam até a matriz de NS.das Dores , ha um quilometro de distancia enveredando pelas ruelas do Juazeiro a contornar a Praça Principal .

Eram homens simples , muito bem vestidos, roupas coloridas, espelhos nos chapeus de couro e cheios de energia, pulavam, cantavam, gritavam, tinham coriografias de verdadeiras lutas- alguns grupos eram os Reizados (MATEUS), Bandas Cabaçais(ZABUMBAS) os irmãos Anicetos do Crato, outros eram os Bacamarteiros (com os seus bacamartes carregados de polvoras) detonavam de vez enquando trazendo alegrias para os mais velhos e muita admiração por pate dos meninos, dos quais eu fazia parte .

Havia os maneiros paus , o mais aguardado era o do mestre BIGODE, geralmente constituído de 06 a 08 homens, comandados pelo mestre Bigode, bigode longo tomando toda a cara, sujeito magro, boa postura, líder nato, voz empostada, palavras cadenciadas, uma tora de madeira de 50 cms bem torneada, voz suave e palavras bem dirigidas, era um espetáculo, era um momento esperado por todos pela beleza da dança.

No trajeto via-se de tudo- o Cego Aderaldo, o Cego Oliveira e as suas Rabecas, os artistas que pediam esmolas para as suas sobrevinecias , hoje ícones inesquecíveis, meu Mano e a sua Banda tocada por ele só, tocava de tudo, violão, bumbo, caixa, reajelo, pífano, triangulo, pratos e o diabo a quatro, viam-se violeiros famosos nos dias de hoje , mas homens simples naquela época: Geraldo Amâncio, Otacilio Batista, IvanildoVila Nova, Pedro Bandeira de Calas, Daldete Bandeira.

Debatia-se com Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré, Ariano Suassuna, Bule-Bule, João Silva, Marinez, Abdias, Coronel Ludugero, Dominguinhos, Dalva de Oliveira, Genival Lacerda, Alcimar Monteiro e outros ícones da cultura.

O Governador, o Prefeito, muitos artistas , pessoas de outros países filmando aquela concetração de humanos, foi assim que aprendi a conviver com esta vasta cultura do Nordeste e do Brasil.

Falarei agora do Maneiro Pau com o mestre BIGODE.

IDERVAL REGINALDO TENÓRIO

O BLOG É CULTURAL

MANEIRO PAU

Aula-espetáculo de Maneiro-pau com Mestre Bigode agita Centro de Juventude .

O Centro de Juventude e Educação Continuada trouxe uma roda de repente e dança diferente para a Ação Educativa, na última quinta (16/08): o Maneiro-Pau, apresentado pelo consagrado Mestre Bigode, 83, de Juazeiro do Norte.

O Maneiro-Pau, manifestação artística de matriz africana, típica da Região do Cariri, é uma roda com repente e dança, realizada por dez pessoas, onde cada brincante utiliza um pau que, tocado em outro sincronizadamente, cria uma evolução de grande impacto visual. De quando em vez, enquanto uns depõem os cacetes no chão, outros usam-nos para duelarem entre si, o fazendo cadenciadamente. Ao longo do jogo o mestre e o contra-mestre, no ritmo da embolada, dão ordens improvisadas que devem ser obedecidas prontamente pelos participantes.

Mestre Bigode, que começou a jogar aos 12 anos e hoje é Mestre da Cultura Popular Tradicional do Estado do Ceará, conta que a brincadeira é uma tradição adaptada para a região do Cariri e típica dos cangaceiros. Lampião e Maria-Bonita, segundo Bigode, costumavam brincar de Maneiro-Pau.

Francorli, artista plástico que acompanha Mestre Bigode e o contra-mestre Antônio Baptista de Souza, relata que o Projeto Admirável Trupe, em atuação há seis anos no Ceará, tem como proposta a preservação desta tradição folclórica brasileira, ensinando meninos e meninas a brincarem de Maneiro-Pau. “Os meninos brincam vestidos de Lampião, e as meninas de Maria Bonita”, diz. Para ele a maior dificuldade para a perpetuação do Maneiro-Pau é encontrar repentistas para liderar a brincadeira.

“O repente é um dom que não se aprende”, afirma.