quinta-feira, 3 de novembro de 2016

'Não subestimem Crivella, quem fez isso com Edir Macedo se deu mal', diz Garotinho

'Não subestimem Crivella, quem fez isso com Edir Macedo se deu mal', diz Garotinho

Em entrevista à BBC Brasil, ex-governador alertou para refinamento da Igreja Universal

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Anthony Garotinho (PR) com Marcelo Crivella (PRB) - Guito Moreto/9-10-2014 / Agência O Globo
RIO — O ex-governador e ex-deputado federal Anthony Garotinho (PR) disse que o prefeito eleito Marcelo Crivella (PRB) é um gestor de grandes obras e deve fazer um bom trabalho à frente da Prefeitura do Rio, a partir de janeiro do ano que vem. Apesar de Crivella negar, durante toda a campanha, uma possível participação do ex-governador em seu mandato, Garotinho afirma que foi conselheiro do futuro prefeito durante o período eleitoral, e ironiza o uso de seu nome, pelo candidato derrotado Marcelo Freixo (PSOL), nos debates: “saí do governo há 14 anos e fui o nome mais citado das eleições 2016."

"Eu não subestimaria o governo do Crivella. Quem subestimou as atitudes do bispo Macedo se deu mal", alertou Garotinho na entrevista que concedeu à BBC Brasil.
O ex-deputado federal ressaltou o profissionalismo de Crivella e associou o trabalho do prefeito eleito ao de seu tio e líder da Igreja Universal Edir Macedo.
“O bispo (Macedo) botou sua igreja em mais de 100 países. Tem mais seguidores fora do Brasil do que dentro. Vendia bilhetes (de loteria) e hoje tem a segunda maior rede de televisão do país. Tem 100 emissoras de rádio. Disse que ia construir uma réplica do Templo de Salomão e agora vai fazer mais três. Na prefeitura, não deve ser diferente.”
Garotinho disse que deu uma “aula de PMDB” à Crivella antes do início da campanha. E lembrou a conclusão uma conversa tida com Leonel Brizola, há alguns anos, em Petrópolis: "O PMDB é como uma prostituta. Dorme com tudo mundo, faz amor com todo mundo, mas não se apaixona por ninguém".
O ex-governador acredita que a Universal passou por um processo de refinamento, e que hoje chega à classe média, empresariado e formadores de opinião. Para ele, houve um investimento no liberalismo econômico e no pragmatismo por parte da Igreja para atingir esses novos públicos.
"A Universal de hoje não é mais aquela que chuta santa na TV", disse.
Garotinho é membro da Igreja Presbiteriana, e disse que “não faz sentido” que Marcos Feliciano e Jair Bolsonaro façam parte da bancada evangélica da Câmara. “Quem torturou Cristo foi o poder da época. Então ele não poderia jamais aceitar o apoio de Bolsonaro”.
O ex-deputado criticou a postura do atual prefieto, Eduardo Paes, ao escolher Pedro Paulo para tentar a sucessão nas eleições deste ano.
"Paes perdeu pela soberba. Tem um versículo bíblico que diz que a soberba precede a queda. Tanto é assim que ele escolheu um candidato inviável. O povo perdoa um mau gestor, mas não perdoa quem bate em mulher", disse, se referindo à denúncia de agressão feita pela ex-mulher de Pedro Paulo, que foi arquivada no Supremo Tribunal Federal (STF).
Garotinho acredita que a acusação que pesou contra ele por formação de quadrilha, em 2010, foi resultado do combate de seu governo ao tráfico de drogas, que teria acarretado a prisão de líderes do Comando Vermelho (CV), como Fernandinho Beira-Mar.




“Chegou um momento em que o CV estava acabado no Rio. E quem ocupa o lugar de benfeitor do mal? Isso foi o surgimento da milícia. Por isso insinuaram que eu tinha envolvimento com milícia: nunca tive, muito pelo contrário."
Ao final da entrevista, o ex-governador insinuou fraude nas eleições em Campos dos Goytacazes, onde o candidato de seu partido, Dr. Chicão, perdeu o pleito à prefeitura.
“Ali tem fraude e a coisa não é pequena”, disse.

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