sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Zezinho , a Gata Ceguinha e o Mimoso

 

 

                                                                                   Video lindo da Théo, gata... - Confraria dos Miados e Latidos

As 10 raças de gatos mais caras do mundo

Flickriver: Roberto Harrop's photos tagged with cambacica

 370 ideias de Ninhos de pássaros em 2021 | ninho de pássaro, pássaros,  ninhos de aves

AS IMAGENS NAS PAREDES DAS ANTIGAS CASAS DO SERTÃO – TOK de HISTÓRIA

30 ideias de Casas de Taipa | casas de taipa, taipa, casas

Área de seca quase dobra entre julho e agosto no Ceará - Região - Diário do  Nordeste

ARMAZÉM DE TEXTO: POEMA: A SECA DO CEARÁ (FRAGMENTO) - LEANDRO GOMES DE  BARROS - COM GABARITO

Zezinho , a Gata Ceguinha e o Mimoso

 

Zezinho acordou cedo, abriu a porta dos fundos e encontrou a gata ceguinha deitada no batente.  A tiracolo  dois sibitos, dois buguelos de Caga-sebo. Para pegá-los, provavelmente a gata voou ou os filhotes,  no primeiro voo,  cansaram e caíram nas garras da felina.

A Ceguinha era uma velha gata que só faltava voar, às vezes voava, pois  pular três a quatro metros, de uma árvore para um telhado, não deixava de ser um ato de voar. Ficou cega, de um dos olhos,  num acidente  com espinhos de mandacaru ao perseguir pequenos répteis.

A gata  não gostava de ratos, o seu esporte era erradicá-los, porém não tinha estômago para os mesmos, após o sacrifício  abandonava-os.  Onde a ceguinha miava  os ratos  não apareciam.  Num ato de sabedoria, ficava com o faro virado para a dispensa da casa, era ali que se armazenavam algumas barras de  queijos.

Caga-sebo é um pequeno pássaro de papo amarelo e dorso com pintas pretas, voa baixo, pouco e de galho em galho, o seu peso não chega a cinco gramas,  é só cabeça, penas e dois finos  gravetos que servem de pernas.

Seu ninho é construído nas pontas  dos galhos pendentes, são compridos, tipo bucha vegetal de lavar pratos, possui uma   janela simetricamente posicionada, boca para baixo e  uma aba, tipo  marquise, a aproteger  contra as  chuvas,  o sol e alguns predadores, é uma obra da engenharia da natureza, é fenomenal.

A ceguinha era simples,  pequena, acanhada e de miado baixo, porém  era uma felina, tinha lá o seu respeito, era temida por muitos, era uma fera. Havia parido  dois anos atrás e jamais aceitou que o seu rebento  passasse fome.

O Mimoso era um gato cinza, cabeça grande, comprido, alto e peso avantajado. Era manhoso, pelos finos, preguiçoso, miado macio, andar elegante, olhar cativante e gostava de  almofadas. Não sabia caçar,   morria de  medo de ratos grandes,   ficava sempre à espera da cuidadosa mãe. A regra era a mesma,  esperar  todos os dias por uma prenda trazida pela ceguinha.   Apreciava leite, carne mole cortada e  banhos de saliva,  à noite recolhia-se a uma cadeira fofa, só abria os olhos ao amanhecer. Era um príncipe sem reinado, um  dependente, um fruto do ócio, talvez forjado pelo exagerado zelo e cuidado matriarcal. Era um desocupado,  oportunista e bonitão, um filhinho da mamãe, o bicho era sem tino, vivia da sua beleza.  No frigir dos ovos  era um sujeito sem planos, um desplanaviado.

Zezinho abriu a porta, a gata miou mais de uma vez, o mimoso levantou a cabeça, pulou sorrateiramente da cadeira, esticou os membros se espreguiçando e  elevou a coluna vertebral, como  a corcova de um  camelo, num ato  de superioridade. Na sorrelfa foi ao encontro da mãe, lambeu os moribundos sibites, triturou-os com os  afiados dentes, lambeu as patas e o focinho peludo. Ficou  à espera do leite  servido todos os dias pela dona  da casa. Era um verdadeiro hóspede, um príncipe, um manda chuva.

Abertas as portas e as janelas, a brisa serrana entrou mansamente em todos os aposentos do velho casarão  renovando o ar, enquanto  o sol  com os seus raios ultravioletas esterilizava todos os recantos do ambiente, que eram  aromatizados pelo cheiro convidativo do sabotoso café  torrado no caco. Nascia mais um dia nos confins do sofrido sertão da chapada do  Araripe. 

A orquestra, constituída de passarinhos e sob a tutela do galo carijós, iniciava o seu concerto, que só parava quando chegava a noite e  eram convocadas as corujas  rasga-mortalhas como vigilantes.

Só Zezinho e Deus presenciaram aquela materna  cena sertaneja, isto faz parte da vida em muitos  recantos do mundo.

 São muitos os Mimosos por este mundo afora, são muitos.

Salvador, 18 de Março de 1993

Iderval Reginaldo Tenório

 

Faz Força Zé - YouTube

Provided to YouTube by RCA Records Label Faz Força Zé · Luiz Gonzaga Pisa No Pilão (Festa Do Milho) ℗ 1963 SONY MUSIC ENTERTAINMENT Brasil ...
YouTube · Luiz Gonzaga - Topic · 9 de nov. de 2014

 

Jackson do Pandeiro - 'Preguiçoso'. - YouTube

Vídeo para Jackson do Pandeiro - Preguiçoso - Ouvir Música

2 comentários:

  1. ROSANGELA TEN´PORIO FALOU: É mesmo que estar vendo o meu gato 🐈 romarete que muito filhos deixou lá na Serra.
    Um dia cheguei numa casa e perguntei: como é o nome desse gato? É de pronto um garotinho nu e muito alegre saiu correndo de onde estava, abraçou o gato e disse me: é romarete. Pense como eu ri. Eu perguntei você sabe o que significa esse nome e ele disse-me: sei é nada. Só sei que na casa de Seu Zé Migué tem um com esse nome e é pai desse aí.
    Eu disse a ele, o pai desse gato aí foi um presente que meu irmão mais velho me deu. Romarete é o meu nome e a irmã mais velha disse: é não muié, o seu nome num é Rosana? Aí eu disse a todos que o gato tem as duas letras do meu nome completo.
    RO de Rosângela
    MA de Maria
    RE de Reginaldo
    TE de Tenório
    Acho que eles não entenderam foi nada porque, até hoje tem gato com esse nome na Serra. E reparem que ganhei esse gato quando eu tinha 8 anos, João ganhou de um amigo que trabalhava no Posto de Tracoma(é o novo!)

    ResponderExcluir
  2. BENÉ FALOU; Belíssimo texto meu querido guru👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

    ResponderExcluir