sexta-feira, 13 de setembro de 2024

CULTURA . MULHERES SÁFICAS

 

                                Safo de Lesbo

Por Bruna Liu, redação Marie Claire — São Paulo


A palavra "sáfica" tem suas raízes na poesia e na cultura grega antiga. Ela está associada à poetisa Safo, uma figura enigmática que viveu na Ilha de Lesbos lá pelos idos de 600 a.C. Safo é conhecida por seus poemas que exploravam temas como o amor entre mulheres, sociedade e gênero.

Identidade sáfica: como uma poeta nascida há 2 mil anos virou referência nos estudos de gênero

Termo passou a ser usado para definir a atração entre mulheres de forma mais ampla, em homenagem a Safo

Bolívar Torres

 26/06/2021

 

RIO — “Sei que alguém no futuro também se lembrará de nós”, escrevia a poeta grega Safo, há mais de dois mil anos. Ela não estava errada. Cada vez mais estudada e publicada, a suposta primeira mulher a cantar o amor lésbico garantiu seu lugar nas mentes contemporâneas. Está presente em nossa cultura, nossos afetos e até em nosso vocabulário. Responsável por manter discípulas na Ilha de Lesbos, na Grécia Antiga, a poeta, nascida entre 630a.C. e 604a.C., virou trending topics nas redes sociais e continua guiando uma nova geração a entender melhor seus próprios sentimentos. Suas jovens leitoras encontram nos versos questionamentos atuais, como a força do desejo, a identidade sexual e a reflexão sobre o feminino.

Por seus serviços prestados, Safo ganhou uma bandeira, que costuma circular na internet juntamente com textos sobre a autora: duas listras rosas entre uma listra branca com uma violeta no meio (referência à suposta cor de seu cabelo). E também inspirou um adjetivo muito em voga, “sáfico”. Trata-se de um termo guarda-chuva cunhado para englobar todas as mulheres que tenham atração, exclusiva ou não, por outras mulheres. A tiktoker Rachel Marie, do perfil lesbiansnowwhite, recebeu tantas perguntas sobre a palavra que gravou um vídeo para explicá-la aos seus mais de cem mil seguidores. “Lésbicas, bissexuais, assexuais, panssexuais, e garotas de diversos outros rótulos podem se identificar como sáficas”, orientou ela.

— O termo é amplo porque não se tem certeza de que a própria Safo era uma mulher lésbica — diz a escritora e cineasta Paula Chiodo, 32 anos, que participa da recém-lançada coletânea “Antes que eu esqueça” (Quintal Edições), com textos de mulheres lésbicas, bi e sáficas. — Ela falava sobre comunidade, sobre mulheres que se auxiliam e amadurecem juntas, não necessariamente de forma carnal. Quando Safo escreve que o “futuro lembrará de nós”, o que ela quer dizer, para mim, é que no futuro todas as mulheres serão sáficas. Elas criarão vínculos fortes entre elas e não serão mais rivais.O Globo

 

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