domingo, 14 de janeiro de 2024

As declarações de Zezinho. TEMPO BOM E TEMPO RUIM.

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As declarações de  Zezinho.

Eu vi estas paisagens, fui criado neste bioma e corri neste ressecado solo. Sou fruto deste ecossistema,  sou genuinamente catingueiro. Sou da Serra do Araripe e do geoparque do Araripe.

 Sou filho de Bodocó, Exu, Ouricuri, Araripe, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Milagres, Campo Sales, Assaré,  Caririaçu e da princesa do cariri,  a magestosa  cidade  do Crato, a mãe de todo o Cariri.

Serra macha meu irmão, esta  do Araripe, a terra do Patativa do Assaré, Luiz Gonzaga e do Padre Cícero, os três homens  do século do nordeste, três fenômenos da natureza. É Ceará, é Pernambuco, é Nordeste, é Brasil. Espero por dias melhores, sou mais um sobrevivente, um retirante, sou um Sudênio.

Sudênio- É um personagem do gênio Chico Anysio . Não encontrei o Sudênio, então vai o seu primo Silva.  Sudênio era um neurótico da seca, quando ouvia falar em água entrava em transe e chorava, só melhorava quando a mãe enchia um copo d’agua e o Sudênio saboreava.

Simplício Sudênio e a sua mãe faziam uma crítica à Sudene e aos gestores públicos brasileiros e falava :

“NÃO A QUALQUER TIPO DE IDOLATRIA, SEJA CIDADÃO, NENHUM POLÍTICO DEVE SER IDOLATRADO AQUI NA TERRA, DEVE   SIM, SER  COBRADO.”

Iderval Reginaldo Tenório

Histórico da seca no Brasil | Portal Memória Paranaense 

Seca – Wikipédia, a enciclopédia livre 

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Iderval Reginaldo Tenório

Depoimento do meu amigo Zezinho 

Convivendo  com este seco nordeste, com mais de 900 cidades sem água e no polígno das secas, vem à minha mente as sábias palavras do meu  pai,  José Miguel da Silva (Alagoano de Palmeira dos Índios). 

Velho agricultor da Serra do Araripe e pioneiro em todos os tipos de progressos da região. Do motor alemão, à gasolina, para  sevar mandioca  ao mais moderno automóvel, pois o primeiro motor e o primeiro automóvel a circular foram de sua propriedade.  

Construiu muitas estradas na região, foi um futurista, tanto que educou os seus 10 filhos, mais de uma  centena de sobrinhos e muitos agregados, era um matemático nato, mesmo com pouco estudo. Acreditava na honestidade, no respeito, no trabalho, na educação e na cultura. 

Conseguiu levar para Juazeiro do Norte quase todos os parentes para estudar, sem se esquecer da vida dura na agricultura. Muitos são comerciantes, médicos, advogados, engenheiros, industriais, professores, contadores  e enfermeiros. 

José Miguel foi um progressista, um semeador de fartura, foi um homem bom, um cidadão literalmente enviado por Deus, não valorizava a força motora e sim a cerebral. Dizia que no futuro, nem os animais carregariam  pesos nas costas, isto seria função das máquinas, função dos motores.

Conta Zezinho, que o seu pai, nunca aceitou e jamais aceitará as declarações de um famoso apresentador de televisão, um âncora de cabelos brancos e voz empostada, que  vociferava guturalmente, eu disse guturalmente na telinha, todas as noites, para todo o Brasil, como se o país fosse apenas entretenimento: 

TEMPO RUIM, vai chover todo o  sábado e  no domingo neblina até ás 16horas, praia que é bom, não vai dá, não vai dá praia”.    

No outro dia  :

”TEMPO BOM, sol durante todo o fim de semana, vai ser um grande dia para  praia, vai dá praia”. 

 

O  pai de Zezinho na bucha falava:

 “este rapaz não sabe o que fala, ou é  mandado pelos que também não sabem. É gente ruim, muito ruim para o povo pobre do campo, para o pequeno agricultor do nordeste  ou é um inocente, ainda bem que Deus não o leva a sério, está sendo pau mandado e Deus perdoa todos os seres humanos da terra, Êle não sabe castigar”.

Ficava eu e os meus irmãos sem entender  a linguagem, pois ia totalmente de encontro à linguagem do meu pai.  Para Zezinho e todos os serranos,  tempo ruim era quando fazia muito sol, aquele sol de pelar, e tempo bom quando chovia, o nordeste ficava em festa.

Chovia para armazenar água, regar a terra e gerar riquezas para o homem do campo e para a nação, tempo para  a produção dos alimentos. 

O pai do Zezinho fala:

 "parece até que nunca viram um animal não humanos com fome e com sede, pois os animais comem capim e bebem mais de cinco litros d'água por dia, um boi pode beber até 20 litros.  Tem ainda  os pequenso animais, aqueles  que ciscam, os que voam, os que rastejam e os insetos, acho que não vivem neste mundo, não sabem o significado e a importância de uma abelha".

Era o que o meu pai dizia. Complementava informando que o pais  é constituído  de duas partes,  uma parte urbana e  a  outra  rural, o Brasil de Cima e o Brasil de Baixo,  porém ambas têm que conviver em harmonia. O abandono do Brasil Rural vai congestionar o Brasil urbano nas cidades despreparadas, e perguntava:

"onde vai um analfabeto trabalhar? Será que sabem o que um êxodo? peço muito cuidado com as falsas palavras"

Cresci com este pensamento e ainda hoje não entendo  como são orientados estes âncoras em pleno 2014, acho  totalmente desinformados ou orientados pelos algozes do povo. 

São conduzidos e conduzem a nação ao descaso com as riquezas naturais  importantes do país, que são a agricultura de sub existência e o pequeno criador, os quais,  nos longínquos arraiais padecem por serem  puros e tementes a Deus. Não têm acesso às riquezas industriais, aos bancos, aos serviços, à saúde, à previdencia, à educação e a nenhum benefício, são injustiçados. São induzidos a a pensar que a seca, a fome, a feiura  e a pobreza são os desejos de Deus, e citam uma passagem bíblica, ao pé da letra: 

 “É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus”
Lucas 18:25 e Mateus 19:24

 

Os homens do campo vivem no esquecimento, engrossando as filas dos necessitados. Abandonando as suas propriedades, preenchem as pirambeiras nos arredores das metrópoles ou cidades de médio porte, engrossando as favelas e recebendo cognomes como marginais, milicianos, favelados, improdutivos e sanguessugas, deixando para trás enormes lacunas no campo, a autoestima  e as suas lembranças.  

Muitos tornam-se  reféns das diversas bolsas de ajuda de todos os tipos, as das gangues organizadas, dos morros, e das gangues oficiais, eleitas pelo voto em milhares de comunidades carentes, apoiadas pelos gestores do país. Vivem de migalhas,  como   cães soltos nos logradouros da nação e o bálsamo da salvação, encontra-se nas milhares de igrejas.  Como  ovelhas, procuram a proteção, roubada pelos poderes público, nos milhares de   profetas  e psedoprofetas  esparramados no país. 

Muitos não plantam, nem o básico e não criam uma única cabeça de galinha. São guinados a pensar que tudo que acontece é apenas pela vontade de Deus, e se é por vontade de Deus, quem se arvora a  ser contra?. Veja como os tubarões conseguem lavar o cérebro dos desinformados, dos puros ou dos verdadeiros inocentes. O mote é multiplicar  os literalmente  analfabetos e os analfabetos funcionais, o mote é multiplicar os dependentes   e os subservientes,  reservas para as próximas eleições, tudo pelo poder. 

Zezinho falou para este mortal, que outro dia, na Serra do Araripe,  viajou por mais de 2 horas na caatinga. Viu apenas sol, vento, poeira, redemoinhos, mormaço, miragem, toco, o cinza dos gravetos e o azul do céu.  Um asno, um bovino, um equino, um ovino ou caprino, um muar, pelo menos um, para remédio, não encontrou, aliás de humanos apenas três na estrada e outros enfurnados nos casebres de paredes baixas e portas estreitas, como estreita é a vida destes humanos, a apreciar, com as mãos a proteger as vistas,  as miragens no chão batido. Viu três motos, duas bicicletas e muita cachaça.  

As únicas  rendas são  os programas governamentais e a venda do crédito de carbono, as sementes para as safras eleitoreiras.  Viu três torres para a aferição, muita indolência, o ócio, a subserviência às iscas e aos farelos, engandores,  enviados pelos donos do mundo, os  fabricantes da pobreza e dos seus apoiadores. Todos ricos e que moram nas suas mansões pelas capitais mundo afora e nas grandes metrópoles de médio porte, sugando as riquezas para os seus proveitos no exterior, incuindo nestes grupos, muitos atores, atletas, cantores e artistas deste país. Para estes, o dia é bom quando dá praia. 

No Nordeste amigos, o  tempo continua bom, sol escaldante, pobreza e muita fome. O orgulho de produzir a  sobrevivência com as suas próprias mãos, com o seu próprio suor, encontra-se  em franca  decadência, diferente da fome, da preguiça, da desordem  e da violência que estão em continua  ascendência. No nordeste  grassa  velozmente   a desertificação e a morte de um bioma antes habitável.

Amigos, enquanto o esturricante sol  continuar como tempo bom, na mídia televisiva e para as elites, continuarão  morrendo de fome e de sede os animais, as plantas e os homens que clamam, choram e torcem por tempo ruim em busca da vida.

Que Deus mande de imediato O TEMPO RUIM.

Discutir a fome, o abandono, as mazelas da vida dos pobres nos gabinetes, de bucho cheio, dentes escovados, cérebro com boas escolas e subtraíndo as verbas dirigidas aos mais fracos, apenas aumentam o sofrimento de um povo, isto é TEORIA. 

Testículos, mialgias, inanição, esternocleidoocciptomastoídeo, desidedratação, cianose, caquético, marasmo, kwashiorkor, árido, semi áraido, seridó, escroque, lavagem cerebral e corrupção, são coisas de gabinetes.

Iderval  Reginaldo Tenório

ESCUTEM ESTAS DUS MÚSICAS  NAS VOZES DESTES DOIS CANTORES DE GOIÁS.

 SECA VERDE  do baiano de Candiba, Dedé Badaró  e  MEU PAÍS de  Mirosmar José De Camargo, o Zezé di Camargo.

Todos parecedíssimos com o Zezinho, filho de seu José ou seu Zé. 

Zezé Di Camargo & Luciano Seca Verde - YouTube

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YouTube · Zezé Di Camargo & Luciano · 25 de dez. de 2014

Zezé Di Camargo & Luciano - Meu País (Ao Vivo) - YouTube

www.youtube.com › watch
Music video by Zezé Di Camargo & Luciano performing Meu País. (C) 2009 Sony Music Entertainment Brasil Ltda.
YouTube · ZezeeLucianoVEVO · 8 de fev. de 2012


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