quinta-feira, 30 de novembro de 2023

LUIZ GONZAGA E A ASA BRANCA EM QUATRO ETAPAS.

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O mestre João Silva compositor e parceiro de Luiz Gonzaga. | Luiz gonzaga,  Fatos e fotos, Fotos

 Zé Marcolino – O poeta de Sumé. - Na Sombra do Juazeiro

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Vaqueiro Nordestino. | Vaqueiro nordestino, Cavalos bonitos, Vaqueiro
  Aplicativo para celular permite acompanhar situação da seca no Nordeste |  Agência Brasil

 Previsão de chuvas para o Nordeste em fevereiro

             HISTÓRICO DO NORDESTE EM QUATRO ETAPAS.

A Asa Branca e a sua trajetória cultural

Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, Zé Dantas, João Silva e José  Marcolino. Lendas que ajudaram a tirar o nordeste  da invisibilidade

                          PARTE I- 1947. A ARRIBADA, O ÊXODO.

                                                   ASA BRANCA

                         HUMBERTO TEIXEIRA E LUIZ GONZAGA

O Nordeste Brasileiro,  região  esquecida e vilipendiada pelos poderes públicos por mais de quatro séculos, guarda muitos segredos culturais  e riquezas  para o mundo. 

Caatinga eternamente   sapecada, escaldada, desidatrada e  queimada pelo causticante sol, solo varrido e sacudido pelas  lufadas dos ventos quentes a refletir os raios solares como miragens, mimetizando lagoas à distância e o azul celeste atmosférico a descurtinar o seu teto.

Bioma que,  maestralmente foi documentado em  O Quinze,  de Raquel de Queiroz e em Vidas Seca, de Graciliano Ramos. Ecossistema que   guarda  muitos mistérios do desconhecimento  humano, como reverberaram   o carioca Luiz Carlos Pereira de Sá, o Sá, e o  baiano, da cidade de Barra, Guttemberg Nery Guarabyra Filho,  o Guarabyra, em 1977, no clássico  O Sertão Vai Virar Mar, da dupla  Sá e Guarabyra.

Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, os genitores  do baião,  fizeram uma parceria para documentar o nordeste. Queriam um símbolo fidedigno que representasse a alma de um povo sofrido, e que o orientasse  na seca, na fome, nas cheias  e na  fartura. Estavam  comprometidos e jurados, pelo destino,  a compor uma obra músical irretocável. 

Pensaram  qual seria a figura viva  nordestina  que  poderia ser o seu símbolo e quais os acordes a serem  entoados, não foi difícil para os dois gênios. Em um estalo celestial, o descamisado  pernambucano, da cidade do Exu, Luiz Gonzaga, explanou para o experiente advogado, o cearense da cidade de Iguatu, Humberto Teixeira: 

" dos seres vivos da flora e da fauna nordestina,  é o pássaro ASA BRANCA,  o animal que prevê e foge da seca, e sabe quando ela terminará. Foge do sertão nas épocas ruins e volta nas grandes aguadas.  Foge da fome, do tédio e da tristeza, retorna nas chuvas, na alegria e na fartura, é o maior orientador deste povo". 

Foi prontamente aceito, e com água nos olhos se abraçaram. 

Ao mesmo tempo,  o Humberto matutava o outro tema, quais os acordes, qual a melodia. Fechou os olhos, apurou o cérebro, foi fundo na mente  e falou para o Luiz: 

"existe uma música  folclórica, de domínio  popular, cantada  há mais de 300 anos e a melodia  continua viva na memória do povo, e é transmetida de geração em geração". 

Cantaralou,  de boca fechada, o gemido encravado na sua mente e  lá do fundo da garganta mostrou   ao rei a força da memória. 

O Luiz cerrou os olhos e viajou no tempo, foi  fundo na mémoria,  resgatou  das secas de 1915 e 1932, os episódios hibernados na mente, quando saboreava um mingau feito da massa da mucunã e rebatia com a saborosa massa do jatobá para saciar a fome.  O abraço foi reforçado e os lenços foram insuficientes para enxugarem as lágrimas dos dois sobreviventes, genuínas  Asas Brancas.

Oficializada a ASA BRANCA como  a representante do nordeste e a centenária melodia, como o seu  lamento, geraram a música Asa Branca, considerada a alma do nordeste.

Em pleno ano de sofrimento e dificuldades, 1947, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, autor de Baião, Juazeiro, Respeita Januário e Meu Pé de Serra  conseguiram documentar o  êxodo do Nordestino  para o Sul, utilizando como símbolo a Asa Branca e as suas propriedades meteorológicas,  como pano de fundo,  os acordes da velha e folclórica melodia. Foram ao âmago de cada um, e aos prantos documentaram com fidedignidade a pérola  ASA BRANCA. Ali nascia um mistério real, mostrando para a eternidade  o sofrimento, o labutar, a coragem e o quanto é forte  o homem do nordeste brasileiro.

                             PARTE II -1950- O RETORNO

                             A VOLTA DA ASA BRANCA

                         JOSÉ DANTAS E LUIZ GONZAGA 

O tempo passou, as chuvas voltaram para o nordeste, o capim e as babujas renasceram, os pássaros cantaram, os sapos e as rãs coaxaram,  e a   Asa Branca ouvindo o ronco do trovão, retornou ao seu lar numa salva de alegrias,  bucho cheio, água em abundância e muita esperança. Com este cenário, o médico pernambucano, de Carnaiba e dos sertões do Pajeú, José  Dantas, autor de Xote das Meninas, Acauã, Sabiá, Riacho do Navio,  Samarica Parteira e Vozes da Seca   escrevinhou A VOLTA DA ASA BRANCA. Tudo verde, tudo belo e muita fartura na Chapada do Araripe, da Borborema,   nos sertões do Pajeú, do Seridó, no  Cariri Cearense, no Cariri Paraibano e  em todos os recantos nordestinos.

Isto foi em 1950, para 02 anos depois, a Asa  Branca anunciar mais um período de seca, mais um período  para  esturricar o sertão e iniciar mais um êxodo à procura do  DICOMÊ. Sabe o sertanejo que um ano de seca consome  dez anos de fartura, está aí a segunda fase do Rei Luiz a cantar o seu sofrido povo e a sua esturricada terra.

      PARTE III- 1983A IRRIGAÇÃO, A ÁGUA PARA O NORDESTE.

                                   O PROJETO ASA BRANCA

            JOSÉ MARCOLINO E LUIZ GONZAGA 

Em 1978, indicado pelo Presidente Ernesto Gaisel, o Dr. Marcos Maciel  conduziu   o  Estado  de Pernambuco, como governador biônico e  sentar na cadeira do Palácio do Campo das Princesas,  prometeu ao  Luiz Gonzaga, água para o povo sofrido da Chapada do Araripe e criou o Projeto Asa Branca.  Para homenagear e documentar o fato,  o Luiz, junto ao  paraibano de Várzea Paraíba, distrito de São Tomé,  hoje município de Sumé, José  Marcolino Alves, autor de Numa Sala de Rebôco, Cacimba Nova, Quero Chá, Cantiga do Vem-vem e Pássaro Carão,  lançaram em 1983 a música  PROJETO ASA BRANCA.

     PARTE IV. 1984 -UMA ESTRADA ASFALTADA PARA O EXÚ, BODOCÓE OS SEUS SERTÕES.

A RODOVIA ASA BRANCA

JOÃO SILVA E LUIZ GONZAGA

João Silva, pernambucano de  Arcoverde,  autor de Nem se despediu de mim, Tá Danado de Bom, Pagode Russo, De fiá Pavi  e Viva meu Padim,  o maior parceiro do velho Lula da era moderna, era pós êxodo, e que vivia ao seu lado, como vivia o grande Dominguinhos, resolveu, junto ao Rei, documentar a chegada do asfalto na terra de seu  Luiz. Dos anos de 1984 a 1986, o Governador do Ceará, LUIZ GONZAGA DA FONSECA MOTA e o  Governador  de Pernambuco, Roberto Magalhães Melo resolveram pagar uma dívida ao maior símbolo  musical do Nordeste. Para este intento decidiram asfaltar o trecho que vai  da Cidade do Crato, no Ceará,  ao Exu em Pernambuco, mais de 80 quilômetros, cortando a Chapada do Araripe, hoje patrimônio da humanidade. A esta estrada deram o nome- RODOVIA ASA BRANCA e coube a João Silva compor a música Rodovia Asa Branca, imortalizada na voz mais nordestina dos nordestinos, o filho de seu Januário e de dona Santana, Luiz Gonzaga do Nascimento.

 Estes episódios mostram, que a    arte é  uma das melhores maneiras de documentação desde os primórdios do mundo. Não é leal  esquecer-se,  que foram os cordelistas, os repentistas e os pequenos escritores que documentaram mais de mil anos de história da humanidade. Vide o cangaço, o Padre Cícero, as grandes batalhas e os diversos fatos que hoje são resgatados com precisão. Conheça  o Otacilio Batista, Geraldo Amâncio, Patativa do Assaré, Pedro Bandeira de Caldas, Bule Bule,  Ivanildo Vila Nova e outros monstros do repente nordetino pulverizados em suas plagas.

Luiz Gonzaga foi o maior documentador dos fatos brasileiros. O Brasil está retratado nas suas obras. Cada episódio, cada povo, cidades, amigos e costumes  estão salpicados e reverberados na mais equilibrada e suave voz do Brasil, a do imortal  LUIZ GONZAGA DO NASCIMENTO.

Cinco imortais, Luiz, Zé Datas, Humberto, João Silva  e Marcolino. Dentre eles, um gênio,  filho das cidades do  Exu,  Crato e de  Juazeiro do Norte, terra do Padre Cícero, terra do meu padim, o santo dos sertões. Gênio que resgatou a cidadania de um povo, o tirando da invisibilidade da vida, Luiz Gonzaga do Nascimento, o pernambucano do século.

Um pássaro, uma chapada, a seca, a chuva, uma estrada e depois a irrigação. Estes fatos, acontecidos no Nordeste Brasileiro, foram documentados  com o  nome ASA BRANCA por cinco nordestinos de valor, considerados pelos mesmos, verdadeiros   sobreviventes. 

Iderval Reginaldo Tenório

 

                                                 Posfácio


Luiz Gonzaga e os seus parceiros  foram os maiores documentadores dos fatos brasileiros, o país está retratado nas suas obras.  Mais de 1000 músicas gravadas, mais de 100 LPs próprios, participação em mais de 1000 de outros artistas.  Cada episódio, cada cidade, cada amigo, cada momento e cada povo está salpicado, ovacionado, registrado, imortalizado e reverberado na mais ouvida e suave voz do Brasil, LUIZ  GONZAGA DO NASCIMENTO, o imortal rei do baião, um gênio que nunca desafinou.
  

" Vai, boiadeiro, que a noite já vem

Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem"

Klecius Caldas / Armando Cavalcante

 

ESCUTEM AS QUATRO FASES

Asa Branca
Quando oiei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
 
 
Quando oiei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
 
 
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
 
 
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
 
 
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão





Luiz Gonzaga - Asa Branca (Rei do Baião) - YouTube

www.youtube.com/watch?v=cWiJL0_yj9c
26 de out de 2009 - Vídeo enviado por Breno Alves
Asa-Branca é uma canção de choro regional (popularmente conhecido como baião) de autoria da dupla ...


Luiz Gonzaga - A volta da asa branca - YouTube


Letras
 
Já faz três noites
Que pro norte relampeia
A asa branca
Ouvindo o ronco do trovão
Já bateu asas
E voltou pro meu sertão
Ai, ai eu vou me embora
Vou cuidar da prantação
 
 
A seca fez eu desertar da minha terra
Mas felizmente Deus agora se alembrou
De mandar chuva
Pr'esse sertão sofredor
Sertão das muié séria
Dos homes trabaiador
 
 
Rios correndo
As cachoeira tão zoando
Terra moiada
Mato verde, que riqueza
E a asa branca
Tarde canta, que beleza
Ai, ai, o povo alegre
Mais alegre a natureza
 
 
Sentindo a chuva
Eu me arrescordo de Rosinha
A linda flor
Do meu sertão pernambucano
E se a safra
Não atrapaiá meus pranos
Que que há, o seu vigário
Vou casar no fim do ano.
 
 
Fonte: Musixmatch
Compositores: Luiz Gonzaga / Ze Dantas
www.youtube.com/watch?v=whKGCQiD7iY
17 de mai de 2009 - Vídeo enviado por didiloureiro
essa musica como as demais de Luiz Gonzaga são obras- primas dignas de figurarem em todos os ...

Rodovia Asa Branca

Luiz Gonzaga

COMPOSIÇÃO -JOÃO SILVA


Eu vi um dia
Dois homens fazer um trato
De ligar Exu ao Crato
Pernambuco ao Ceará
O homem de cá
Trabalhou chegou primeiro
E o de lá também ligeiro
Num dançou eu chego lá

Olha o homem aí
É gente da gente
Olha o homem aí
Alegre e contente

Olha os homen aí
É o povo que diz
Olha os homen aí
Juntos com Luiz

Roda, rodada
Rodando, roda rodeia
Rodovia, Asa Branca
Tá todinha prá você

Olha o homem aí..
..

Rodovia Asa Branca - YouTube

www.youtube.com/watch?v=4l6FdSyAzBY
17 de mar de 2012 - Vídeo enviado por Pedro Macedo
Música Rodovia Asa Branca com Luiz Gonzaga. ... Asa Branca no aniversário de 75 anos de Luiz ...

Projeto Asa Branca - YouTube


www.youtube.com/watch?v=NHkL54Gugjc
17 de mar de 2012 - Vídeo enviado por Pedro Macedo

 

Projeto Asa Branca

Luiz Gonzaga/ ZÉ MARCOLINO

Ainda não temos a cifra desta música.

Louvado seja Deus
Abençoada a canção
Louvado seja o homem
Que dá água pro sertão

Bendito foi o momento
De divina inspiração
Quando feita a conclusão
De um grande planejamento
Dia onze de dezembro
Do ano setenta e nove
Vem à tona e se promove
Uma idéia rica e franca
Marco Antonio Maciel
Criou o Projeto Asa Branca

Dia vinte e um de março
Data marcante, ano oitenta
Maciel num tempo escasso
Prevendo a seca cruenta
Na cidade de salgueiro
Promoveu o lançamento
Para o engrandecimento
Da terra em sua mensagem
Consagrou esse projeto
Pra salvação da estiagem

Parabéns sertão e agreste
Pela graça que hoje alcança
Com a cor da esperança
Toda a região se veste
Tantas obras preventivas
Por ele realizadas
Açude, barragem, estrada
Para comunicação
Prendendo as águas dos rios
Pela perenização

 

3 comentários:

  1. Obrigada por esses documentários. Aprendo muito com vc. Sandrinha

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  2. Muuto muito bom conhecer um pouco desta história! Viva o Nordeste, suas histórias e seus artistas. 👏🏼

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