sexta-feira, 11 de agosto de 2023

OS MÉDICOS E A MEDICINA BRASILEIRA EM APUROS

                                  

                  A MEDICINA BRASILEIRA EM APUROS

        A DERROCADA DE UMA PROFISSÃO      

O cenário político e econômico vaticina   dias difíceis  para  os Esculápios brasileiros. 

Muitos foram, são e serão os eventos que os levarão  à  bancarrota, jogando-os  para  as laterais.

A abertura indiscriminada de Escolas Privadas sem hospitais que alberguem os estudantes, a  chegada de milhares de médicos   sem o Revalida, o abandono  das Escolas públicas, a desvalorização dos professores, dos assistentes e dos mestres, o sucateamento dos Hospitais Escolas, o  fechamento de milhares de leitos SUS, nos  pequenos hospitais  dos 5700 municípios brasileiros, inclusive fechando quase todos com menos de 50 leitos, a  entrega da medicina aos políticos, transformando-a em manobra eleitoreira, e aos grandes grupos privados, retirando das mãos dos médicos a sua condução. A implantação deste  cenário,  leva os médicos a simples   prestadores de serviços, temporários, em vez de integrantes plenos de uma unidade de Saúde e perdem o poder administrativo. 

Atrelado a estas condições, vem a medicina Suplementar atuando como intermediária  entre o profissional e o  paciente, o fechamento dos consultórios artesanais e humanos, sendo substituídos  por  Empresas Médicas que encaram a  medicina, literalmente, como  comércio e a  invasão  do  ato médico por outros profissionais em quase todas as especialidades. Atrelados a estas propriedades vem o desgaste  social e humano, os baixos salários, a necessidade de labutar cotidianamente  em vários empregos, sendo uma das formas de óbitos de profissionais jovens, por acidentes automobilísticos, nas estradas da morte, de  município em município, como também   o aumento de distúrbios mentais, como as depressões e a síndrome de Burnout, que culminam muitas vezes com a prática do suicídio. 

Esta propriedades  trouxeram diversos malefícios.

 A) Os médicos perderam a prioridade nos cargos diretivos   tanto Municipais, Estaduais e Federais. 

B)Os Secretários de Saúde e o Ministro não precisam ser médicos, e quando médicos de formação, transformam-se em executivos tecnocratas descompromissados com a saúde e  focados nos  lados adminstrativo, político  ou  do assistencialismo  a farejar um alto cargo  público, muitas vezes  vitalício,  ou uma   cadeira parlamentar. 

C) O afastamento dos cargos administrativos nas unidades hospitalares, no programa da família (PSF) e nos demais serviços pertinentes à medicina .

Hoje os médicos estão em segundo plano, forças contrárias aos interesses   dos médicos e da medicina  incutem na cabeça dos médicos  que o seu   conselho regional é obsoleto,  inerte e prejudicial à classe, é  apenas  um órgão punitivo.  Os médicos encampam estas ideias,  passam a não acreditar  e nem  participar  da sua mais importante instituição, tornando-a numa  autarquia fraca e sem  representavidade.

Caberia uma reflexão mais apurada, que os médicos arregaçassem as mangas e partissem para ocupar  espaços nas suas entidades e nas suas autarquias, tanto a Estadual como a Federal. Conselhos fracos, culmina com  categoria fraca, na vacância dos Conselhos, serão os leigos os seus julgadores.

O prestígio de uma classe profissional,  numa sociedade,  está ligado ao poder político (voto), econômico(poder aquisitivo), social(ações) e no  domínio dos conhecimentos .  

O médico e a  medicina humana estão em franca decadência.  A informática e a engenharia, da imagem,  dominam nos médios e nos grandes centros,  para um bom  atendimento, basta entrar numa máquina. O raciocínio na propedêutica e o relacionamento médico paciente encontram-se em desuso, a medicina, aos poucos,  caminha  para ser uma ciência exata, primeiro as máquinas  e por derradeiro a clinica, que era soberana.

Não menosprezando a tecnologia, que é  importante e indispensável, porém a semiologia e a  fisiologia  não deveriam    ser nocauteadas, levando a medicina a um ato frio, tenso e sem compaixão.  Sobram máquinas sofisticadas  e faltam médicos médico.

A soberania da clínica, o toque  do médico, a semiologia aplicada, as cãs dos esculápios, a benevolência,  a beneficência e a generosidade da ética ficaram para trás.

Politicamente,  os médicos e a medicina, há muito que perderam os seus  postos, estão muitas frágeis .  No setor financeiro, a medicina virou mercadoria, e os médicos profissionais baratos. 

O relacionamento dos médicos  com a sociedade é comercial, segue o código do consumidor com todas as suas  mazelas.  Enquanto os médicos  utilizam-se da ética, do  conhecimento e da compaixão,  os outros são partidários da  pecúnia .

Consumindo os   suspiros sociais da Medicina, os poderes (Municipal, Estadual, Federal e Judiciário) retiram vagarosa e continuamente as últimas gotas de sangue da velha medicina com taxas,  tributos, ditames  e impostos exorbitantes.

O Liberal autônomo,  devido a intermediação do sistema médico suplementar,  os grandes grupos empresariais da saúde, a pejotização  e a terceirização do Sistema  Público   encontra-se  sem força, fraco e subserviente. 

A medicina e o médico caíram na vala comum, é  uma contenda entre a Medicina, a pecúnia e o poder,  na qual um dos lados tem como arma a ética, e esta   é mansa, educada, paciente, benevolente, caridosa, responsável  e respeitadora, enquanto os outros  têm a força, a truculência, a  política e a saga da enganação.  Pela desinformação, propositadamente aplicada à população,  vencem os lados da pecúnia, da força e da política.

Apesar deste quadro, é a medicina um dos sonhos dos jovens e de todas as  famílias do país, fruto da lisura e da importância da profissão. 

A medicina é a mais sagrada das ciências, ela entra na vida de cada um dos cidadãos que vão em busca  da cura,  do remediar ou do  paliar os seus sofrimentos.

  O novo sempre vem.  

Salvador 18 de Outubro de 2022 

Iderval  Reginaldo Tenório

 

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21 de jul. de 2018

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