Os jovens de hoje, os velhos abandonados do futuro. A ausência da cidadania.
Este
Texto foi produzido em Janeiro de 1989.
O destino dos idosos .
O Ser , na essência da palavra, perderá a contenda para o Ter até o final do século XX.
A
Ética ficará para trás e o homem fará de tudo para cescer na escala
financeira , na pirâmide econômica. Será a pecúnia a bússola da próxima
geração.
À proporção que ocupações importantes forem embutidas na vida dos mais capacitados, estudados e educados às custas de sacrifícios , resignação e humildade dos genitores, enfatizando o Ser e os princípios humanos, a máquina da sobrevivência os atropelará e o Ser sairá perdedor para o Ter. Serão fatores externos como o consumismo, a aparência, a indústria do entretenimento, do prazer , da beleza, os ídolos e a mídia que conduzirão o forjar dos cidadãos.
A
pressão criada pela
cabeça do homem global, moderno e consumista é gigantesca, vale o
montante dos cifrões. Possuir bens e dinheiro será a regra, com poucas
exceções, para ascender na escala social.
Surgirão
novos despositivos e propriedades que darão origens a novas profissões,
muitas totalmente abomináveis , desprovidas de preparos intelectuais e
da ética. Elas nortearão os homens num futuro próximo.
Foi imaginado um mundo repleto de casas de idosos custeados por eles ou pelos filhos, quando bons . Mesmo assim muitos seriam abandonados e como medida de segurança providencias deveriam ser tomadas para o futuro. A elaboração de manuais, regimentos ou estatutos para proteger os vulneráveis do futuro, os jovens de hoje que serão os idosos de amanhã. Sem estas medidas ficarão no limbo social como sonambulos nas avenids , zumbis nas encruzilhadas ou inclausurados em pequenos quartos regados a pão , água e abandono, a catástrofe social será gigantesta .
Vaticina-se que no futuro, além dos menores abandondos , serão milhares os idosos nas mesmas condições, é a famosa propriedade: aqueles de renda baixa e que nada produzem ficarão no esquecimento, serão de inteira responsabilidade dos seus geradores, a sociedade na qual vivem, muitos ficarão invisíveis .
Foi imaginado um mundo repleto de casas de idosos custeados por eles ou pelos filhos, quando bons . Mesmo assim muitos seriam abandonados e como medida de segurança providencias deveriam ser tomadas para o futuro. A elaboração de manuais, regimentos ou estatutos para proteger os vulneráveis do futuro, os jovens de hoje que serão os idosos de amanhã. Sem estas medidas ficarão no limbo social como sonambulos nas avenids , zumbis nas encruzilhadas ou inclausurados em pequenos quartos regados a pão , água e abandono, a catástrofe social será gigantesta .
Vaticina-se que no futuro, além dos menores abandondos , serão milhares os idosos nas mesmas condições, é a famosa propriedade: aqueles de renda baixa e que nada produzem ficarão no esquecimento, serão de inteira responsabilidade dos seus geradores, a sociedade na qual vivem, muitos ficarão invisíveis .
Brevemente
o Brasil será habitado por cidadãos acima dos 60 anos, hoje a
proporção ainda é um pouco maior para os jovens , no futuro haverá
inversão da escala, os velhos serão maioria logo no início do século
XXI.
Neste
interim, na elaboração deste artigo , janeiro de 1989, este mortal foi informado que tramitava no
Congresso dois importantes projetos, que se humano fossem os humanos seriam desnecessários : O estatuto do idoso e o estatuto do adolescente, fato que trouxe tranquilidade , proporcionando a sensação que tem alguém pensando
nos futuros abandonados das duas extremidades da vida.
Será coisa séria ou mais um fenômemo
eleitoreiro?.
Mais um pulo de um gato enganador?
Salvador, 24 de Janeiro de 1989
CENTENÁRIO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚLBICA.
Iderval Reginaldo Tenório
O FILHO QUE NÃO PROSPEROU
Numa roda de amigos foi abordado o quanto era
importante o olhar, o cheiro , os conselhos e a presença dos pais.
Num caloroso e contagiante momento,
contou um dos amigos a seguinte história.
Relatou
que em determinada cidade havia um senhor
oriundo de classe social baixa . Apesar do analfabetismo, era rico dos
benefícios da natureza : a cultura da universidade da vida por
décadas , vergonha na face , o digno do sustento com
suor do próprio rosto e firmeza na educação dos seus 14 rebentos.
O tempo passou, os filhos cresceram, alguns
galgaram postos importantes na sua nação e o bom senhor, à proporção que ganhava
conhecimentos foi envelhecendo, minguando na vida orgânica , perdendo as forças e se aproximando do Criador.
Envelhecendo com saúde, dignidade,
cidadania e o respeito de todos os que lhe rodeavam.
Como é peculiar à família nordestina , aquela não fugira à regra, anos após anos, os filhos através de encontros
familiares procuravam lembrar ao velho carvalho o seu incalculável valor , a sua
importância e o quanto era cabal a sua existência para a sua prole.
De
todos os seus filhos, um havia voado
mais alto e galgado postos estratégicos na sua República. O tempo
passava , os encontros aconteciam e aquele filho nunca estava presente
devido a sua
importância perante a nação . Muitas vezes nomeava prepostos, ora um
irmão, ora um primo e ora até amigos para lhe substituir ,
jamais negara ajuda financeira quando solicitado , era sempre influente
nas questões decisórias da família, a sua presença era pecuniária.
O
tempo passou, o ancião foi perdendo as
forças, os músculos foram minguando, os cabelos ficaram ralos , a mente
foi murchando e o bom homem paulatinamente foi perdendo a memória,
perguntava
onde estava e muitas vezes até mesmo quem ele era.
A grande e tradicional família
continuava as suas comemorações, anos após anos, e anos após anos o
filho que prosperou era substituído por outro irmão, um secretário ou
por um dos seus amigos, até o dia em que foi convocado, literalmente
intimado por todos os componentes
daquela feliz e honesta família , a comparecer ao 99º aniversário do patriarca
Ao chegar, entrou no quarto do seu genitor,
se aproximou e disse :
__A bênção pai.
O velho imobilizado nada respondeu, Repetiu
mais alto:
__ A bênção pai , a
bênção pai.
O velho abriu os olhos, mexeu com o
pescoço de um lado para o outro, fez esforço para levantar a cabeça , mirou o
rosto do seu filho e com a voz trêmula balbuciou:
__Quem é você? de onde você veio ? onde você mora? quem é o seu
pai? .
O filho parou, pensou, baixou a cabeça e
disse :
__ A bença pai,
eu sou o seu filho
, o seu filho do meio, é que faz mais de 20 anos que não vejo o
senhor, faz mais de 20 anos que não venho na nossa terra, eu trabalho no
Ministério, trabalho no governo.
O pai mais uma vez falou:
__Quem é você, de onde
você veio, onde você mora, você é filho de quem, quem é o seu pai? Eu te
abençôo mas não sei quem é você, se você diz que é meu filho é porque é o meu
filho, porém eu não me lembro de você.
Desencantado
pelo vasto tempo que havia visto
o seu pai , com a amnésia paterna e decepcionado com o que presenciara
não
conseguira entender o que se passava. Mais tarde soube, por
intermédio dos outros irmãos, que o seu pai num processo fisiológico
fora
perdendo paulatinamente a capacidade de memorizar, de verbalizar e de
locomoção, passando a lembrar apenas dos fatos repetitivos: os rostos
do seu
cotidiano, as pessoas que de mais perto convive nos últimos dias, das
coisas importantes como a sopa, o pão, o café com leite, o mingau, a
água, a cama , a cadeira , os utensílios de primeira necessidade, o
banheiro, o penico ,
a televisão , as sandálias e o seu cachorro , aquilo que não tem importancia não faz mais parte da sua vida .
Numa onda de culpa e de
irresponsabilidade entendeu que o pai, devido a sua ausência , havia apagado
da mente quaisquer resquícios ou lembranças de sua existência, havia
apagado de sua mente até mesmo a legitimidade paterna, entendeu que foi
a sua ausência , a sua distância e o seu descaso para com o velho e bondoso pai
que apagara toda a sua existência como filho.
Desconfiado, deprimido e solitário partiu
para a conquista, para a luta e para a briga. Fez de tudo, esforçou-se, porém o velho e bondoso
senhor aos poucos foi apagando da mente os dados e imagens cerebrais , aos
poucos foi esquecendo , esquecendo, esquecendo... até o dia em que não mais
lembrava nem de si, até o dia em que entrou em vegetação.
Com
os fatos presenciados, o filho
passou a entender que o seu pai precisava era de abraços, carinho,
respeito , de sua presença e não de ajuda financeira. Os gestos
pecuniários jamais substituirão um simples abraço e o calor que emana de
cada corpo.
Foi-se o velho, com ele foi sepultado todas
as suas memórias e conhecimentos, restando as boas lembranças , os seus
ensinamentos e os seus legados .
Para o filho ficou a certeza que foi 20 anos
atrás o último dia em que o seu pai lhe viu, ficou gravado na sua memória que
os seus filhos não eram netos do seu pai e mais claro ainda, que o homem
é a mente, o homem é a comunicação , o homem é fruto de sua raiz, o homem é o
cérebro e mais ainda , o homem é amor, compreensão, diálogo, abraços e a família.
Ficou claro
a importancia do núcleo familiar , da primeira infância e que jamais
esqueça a importância dos seus genitores em qualquer fase da vida .
Estes
jamais deverão perder a sua importância, jamais deverão ser substituídos
e por
mais longe que o homem vá, as suas raízes serão fortes e
continuarão firme, continuarão encastoadas em toda a sua existência.
Um
dia o cidadão sentirá o sabor ou o dissabor de suas condutas .
Como disse o velho
Quincó, lá da Serra do Araripe.
"UM DIA A FICHA CAI".
Seja pai dos seus pais.
Ssa , 24 de Janeiro de 1989
Iderval Reginaldo Tenório
VídeosIsrael Filho - Conselho ao filho adulto YouTube Programa Dossiê Musical Conselho ao Filho Adulto YouTube Mastruz com Leite - Topic 28 d |
Depois do inverno vem a primavera.
ResponderExcluirAbra o coração
Existem muitos filhos ingratos e que não reconhecem os valores dos pais
ResponderExcluirNa relação pais e filhos deve prevalecer o respeito, atenção e amor.
ResponderExcluirCuidar dos idosos, já é por isso uma tarefa das mais dignas que existem, e cuidar dos pais é uma oportunidade ímpar de retribuir com gratidão todo o esforço de uma vida em prol de outra.
ResponderExcluirCuidar de Idoso é uma dádiva Deus ,Um privilégio.
ResponderExcluir