segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

O VÍRUS HTLV-Contagioso como Aids, perigoso como câncer- SE FOR MÉDICO LEIA A MATERIA, SE NÃO FOR LEIA TAMBEM -DIVULGUE , COMPARTILHE.

 

 

  

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O VÍRUS HTLV

 Diário Catarinense

Contagioso como Aids, perigoso como câncer

Em 18 anos como presidente do Grupo de Apoio e Prevenção à Aids (Gapa), em Florianópolis, Helena Lima Pires foi surpreendida, dias atrás, por um homem que buscou ajuda na instituição. "Sou portador do HTLV e preciso de apoio", disse o paciente de 52 anos. O que aos ouvidos de Helena, em princípio, parecia um erro, anunciava, na verdade, uma doença ainda pouco conhecida. 


Acostumada a siglas como HIV (vírus da Aids), HCV (hepatite C) e HPV (câncer de cólon de útero), entre outras denominações, Helena ouvia pela primeira vez sobre a doença que tem formas de contágio muito parecidas com as das Aids. O vírus é causador de leucemia e de uma doença neurológica que leva à dificuldade de locomoção e atinge olhos, pele e articulações. 


Estima-se que cerca de 2 milhões de brasileiros estejam infectados. Preocupada, Helena foi em busca de informações. "Não podemos deixar que se transforme em epidemia, como ocorreu com a Aids", defende. "Existe a necessidade de se implantar políticas públicas e de se reforçar as existentes, como forma de conscientizar as pessoas", sugere a presidente do Gapa de Florianópolis. 


Helena diz que se preocupou ainda mais ao saber que não havia boletim epidemiológico da doença em Santa Catarina. "Por acaso o paciente chegou aqui. Mas como será que ele lida com a questão em relação ao sexo seguro, por exemplo?"



Infelizmente, conta Helena, na vez que buscou informação na gerência de DST Aids do Estado, e mesmo na prefeitura de Florianópolis, as pessoas demonstram desconhecimento. Com relação ao Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc), explica Helena, não existe o exame confirmatório para a realização do teste. 


Ontem à tarde Helena buscou mais dados junto ao Ministério da Saúde, em Brasília. Foi informada sobre uma pesquisa realizada na Bahia e no Maranhão, com a prevalência considerada alta. 

"Historicamente Santa Catarina lidera os casos de Aids no país. Temos um grande número de idosos infectados, portanto, acho que o Estado deveria ter sido também incluído na pesquisa", reclama.
O médico infectologista Antônio Miranda, que trabalha no Hospital Nereu Ramos, reconhece a doença como nova e grave. Conforme ele, existe baixa incidência e o paciente é crônico. "Não há o que fazer", diz.

O que é preciso saber

- O que é o vírus HTLV?

O vírus HTLV (sigla da língua inglesa que indica vírus que infecta células T humanas) é um retrovírus isolado em 1980 a partir de um paciente com um tipo raro de leucemia de células T. Apresenta dois tipos: o HTLV-I, que está implicado em doença neurológica e leucemia, e o tipo 2 (HTLV-II), que está pouco evidenciado como causa de doença.

- Todas as pessoas que estão infectadas pelo HTLV-I irão desenvolver alguma doença?

Não. A minoria dos portadores assintomáticos (sem sintomas) poderá desenvolver alguma doença.


- Quais os primeiros sintomas?


Estima-se que 99% das pessoas portadoras nunca irão desenvolver qualquer problema relacionado ao vírus. Mas alguns pacientes poderão ter problemas neurológicos, como dores nos membros inferiores (panturrilhas), na região lombar, dificuldades de defecção e de urinar.


- Quais os modos de transmissão mais freqüentes do HTLV?


Os mesmos de vírus como o da Aids e da Hepatite C: relação sexual desprotegida com pessoa infectada, uso em comum de seringas e agulhas com pessoas contaminadas, mãe infectada para o recém-nascido (principalmente pelo aleitamento materno).

- Existe risco de transmissão através da transfusão de sangue?

Desde 1993 os bancos de sangue do país fazem testes do HTLV para doadores, o que leva ao descarte do sangue, caso seja identificado.

- Como se faz o diagnóstico da infecção pelo HTLV-I?

Somente por exame sorológico específico para pesquisa de anticorpos anti-HTLV no sangue. Após os exames de triagem, geralmente utilizando o teste de Elisa, existe uma necessidade, em caso de este ser reativo (positivo), da realização do teste para confirmar e diferenciar anticorpos anti-HTLV-I e anti-HTLV-II.

 

Tratamento

Como o risco do desenvolvimento da doença associado ao HTLV é muito baixo, não há tratamento específico para a infecção. O paciente deve ser acompanhado em serviço de saúde especializado, para diagnosticar e tratar precocemente doenças que podem estar associadas.


Tratamento geral e sintomático:
No que diz respeito ao tratamento sintomático da paresia, com intuito de melhorar a força, manter a musculatura ativa, evitando a atrofia e contraturas, sugere-se: Fisioterapia para o fortalecimento dos membros superiores e do tronco; treinamento de equilíbrio estático e dinâmico; manobras de reabilitação muscular; melhora da amplitude articular; treinamento de marcha; uso de órteses, quando necessário; e nos cadeirantes a terapia ocupacional.
Quanto ao tratamento sintomático da espasticidade, com a finalidade de melhorar a mobilidade, sugere-se o uso de relaxantes musculares ou toxina botulínica. O tratamento sintomático da bexiga neurogênica inclui: cateterização vesical intermitente de 4/4 ou de 6/6 horas, objetivando um volume residual inferior a 500 ml, além de alguns medicamentos.
O tratamento para os sintomas decorrentes da constipação intestinal crônica inclui: avaliação nutricional, objetivando uma dieta anticonstipante, rica em fibras e com elevado teor hídrico; mucilóide psyllium ou óleo mineral via oral de 1-3 vezes ao dia, dentre outros.
Dores neuropáticas de origem medular, radicular ou neural periférica: Amitriptilina, Nortriptilina ou Imipramina, Gabapentina, Carbamazepina ou Hidantoína.

Tratamento específico:
Não há consenso na literatura acerca da existência de um tratamento específico comprovadamente eficaz para as manifestações neurológicas do HTLV. Nessa circunstância, sugere-se o encaminhamento para centros especializados.

Complemento da resposta O paciente com acometimento neurológico pelo HTLV e sua família/cuidadores terão benefícios do acompanhamento da equipe de saúde da atenção primária à saúde. Todos devem estar envolvidos, apesar de também serem atendidos pelo médico especialista (neurologista), pois a proximidade e envolvimento da equipe de APS trarão mais tranquilidade.

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