quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

FORTALEZA ULTRAPASSA SALVADOR-Capital tem maior participação do PIB na região Nordeste

 

 

Produto Interno Bruto (PIB) Construção: Cresceu 1,3% no terceiro trimestre  | Rede Jornal Contábil - Contabilidade, MEI , crédito, INSS, Receita Federal

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Capital tem maior participação do PIB na região Nordeste

Fortaleza gerou R$ 37,1 bilhões em renda para o País, ultrapassando, pela primeira vez, a cidade de Salvador

Fortaleza. desbancou Salvador, conquistando a liderança dentre as capitais nordestinas com a maior participação do Produto Interno Bruto (PIB) da Região em 2010. A Capital cearense gerou R$ 37,1 bilhões em renda para o País contra R$ 36,7 bilhões em riquezas produzidas pela capital baiana, que mantinha a liderança desde a primeira edição da pesquisa. No ranking nacional, Fortaleza passou a ocupar a nona posição, considerando os dez maiores PIBs do País. Os dados constam na pesquisa PIB dos Municípios, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que realizou o levantamento em 5.565 cidades.



A Capital cearense gerou R$ 37,1 bilhões em renda para o País, passando Salvador FOTO: DIVULGAÇÃO

Conforme o estudo, apesar de manter o mesmo percentual de 2009 (0,98%) relativo à participação no PIB nacional, a Capital ampliou o seu PIB em mais de R$ 5 bilhões, revelando alta de 16,72% entre os dois anos e totalizando o valor de R$ 37.106.309.000 em 2010.

Atrás de Fortaleza, em percentagem de participação no PIB brasileiro, as demais capitais nordestinas ocupam as seguintes posições: Salvador (0,97%), em segundo lugar do Nordeste e em 10º no ranking nacional; Recife (0,77%), em 14ª posição; São Luís (0,48%), na 28ª colocação; Maceió (0,32%), em 41º lugar; e, por último, Natal (0,32%), na 42ª colocação.

Serviços

De acordo com a economista Eloísa Bezerra, do Ipece, a expansão da economia de Fortaleza, resulta principalmente do incremento do setor de serviços. "Na economia de Fortaleza, os serviços pesam mais do que a indústria. Por ser uma cidade essencialmente urbana, não temos o peso da agropecuária. Então nos serviços, as atividades de construção civil, comércio e o mercado imobiliário puxaram o crescimento econômico da Capital", analisa a economista.



Além do crescimento dos serviços e das instituições financeiras, na iniciativa privada, ela atribui a expansão econômica da capital ao aumento dos investimentos no setor público. "Mesmo depois da recuperação econômica brasileira em 2010, nos últimos dois anos temos recebido investimentos pesados da administração pública, que são refletidos na economia."

Dinamismo

Para Eloísa Bezerra, embora as estatísticas do IBGE sejam relativas a 2010, os dados permanecem atuais. "A economia de Fortaleza continua muito dinâmica. Empresas e pessoas estão vindo se instalar e residir em nossa capital. As grandes cidades já estão saturadas. Então os investimentos migram naturalmente para capitais mais prósperas".

Posição mantida

Segundo avaliação da economista do Ipece, a tendência é que Fortaleza mantenha a posição de liderança conquistada em 2010. "Fortaleza é porta de entrada para o turismo no Ceará. Ganhamos um equipamento atrativo, como o Centro eventos. Então tudo isso incentiva a economia. Além disso, Fortaleza está com obras para a Copa ainda em andamento, que ajudarão a continuar a mover nossa economia", completa.

Conforme o estudo do IBGE, a concentração da geração de renda continua prevalecendo no País. Em 2010, apenas seis cidades, dentre os 5.565 municípios pesquisados, responderam por aproximadamente 25% de toda a geração de renda do País, sendo que cinco se caracterizavam pela concentração da atividade de serviços (intermediação financeira, comércio e administração pública).

Concentração

"Esses grandes municípios estão em nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais. Esses números revelados no PIB dos municípios refletem a mesma distribuição que constatamos recentemente nas contas regionais", observa a economista do Ipece
.



Renda

Outro dado que reforça a tese da concentração de renda no país, comentado pela gerente da pesquisa, Sheila Zani, é o fato de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) de todo o país em 2010 serem gerados por somente 54 municípios.

"Enquanto isso, os 1.325 menores municípios, considerando a geração do PIB, agregaram apenas 1% da renda gerada no País em 2010", frisa.

Metrópoles perdem com avanço das commodities

Rio.
A alta no preço do minério de ferro reduziu a participação das capitais no PIB brasileiro para o menor patamar desde 1999, segundo o IBGE. A fatia desses municípios na geração de riqueza do País passou de 34,5% em 2009 para 34,0% em 2010.

A indústria ganhou participação impulsionada pelo avanço no PIB da atividade extrativa mineral, beneficiada por aumento nos preços das commodities minerais. Dessa forma, os municípios que aumentaram seu peso na geração de riqueza em 2010 foram os produtores de minério, geralmente afastados das capitais dos Estados.

Efeito colateral

"Todas as vezes em que as commodities minerais estão boas, as capitais perdem peso. Quem ganha peso são os municípios (produtores) que estão longe das capitais", justificou Sheila Zani, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE. Os municípios que mais ganharam participação foram puxados pela bonança na produção de minério: Parauapebas (PA), com uma fatia de 0,4% no PIB nacional; Itabira (MG), com 0,2%, e Ouro Preto (MG), com 0,1%.

Importância

"As capitais vão perder importância relativa no Produto Interno Bruto não por essa queda de agora, que foi causada por preços das commodities. A perda de participação, que vem de 15 anos para cá, é provocada pela interiorização do desenvolvimento. Há cidades do interior que estão crescendo mais do que as capitais", ressaltou Paulo Pacheco, professor de Economia do Ibmec. "É uma mudança estrutural, lenta".

Indústrias definem os municípios mais ricos

Rio.
Pequenas cidades com grandes empreendimentos industriais, principalmente nas áreas automobilística, de petróleo e energia, possuíam os maiores PIBs per capita do país em 2010. O mais elevado era o da baiana de São Francisco do Conde (R$ 296,9 mil), que sedia a Refinaria Landulpho Alves, segunda maior do País.

Em seguida, vinha Porto Real (RJ), onde está instalada uma montadora de veículos, com o valor de R$ 290,8 mil. Depois, apareciam a paulista Louveira (R$ 239,9 mil), polo de centros de distribuição, e a mineira Confins (R$ 239,7 mil), onde fica o maior aeroporto do Estado.

A lista das cinco maiores era composta ainda pela gaúcha Trunfo, com R$ 223,8 mil. Na cidade está instalado um dos maiores polos petroquímicos do País. Compunham ainda o rol dos dez maiores a capixaba Anchieta (minério de ferro), a goiana Alto Horizonte (sulfeto de cobre), a capixaba Presidente Kennedy (petróleo), a fluminense Quissamã (petróleo) e a mineira Araporã (hidrelétrica). Já entre as capitais, os PIBs per capita mais elevados eram os de Vitória (R$ 76,7 mil), Brasília (R$ 58,5 mil), São Paulo (R$ 39,5 mil), Porto Alegre (R$ 30,5 mil) e Curitiba (R$ 30,4 mil), com valor muito próximo ao do Rio de Janeiro (R$ 30,1 mil). Já os valores mais baixos eram os de Rio Branco (R$ 12,8 mil), Belém (R$ 12,9 mil) e Teresina (R$ 12,9 mil). O PIB per capita sofre distorções e não leva indicadores sociais, diz o IBGE.


ÂNGELA CAVALCANTE
REPÓRTER

 

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