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Cultura
10 fatos sobre Monteiro Lobato, criador do Sítio do Picapau Amarelo
Escritor abriu as portas para a literatura infantil brasileira, desafiou a ditadura varguista, mas também foi defensor de ideias retrógradas como a eugenia
5 min de leitura
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Há 136 anos, nascia José Bento Renato Monteiro Lobato, escritor, jornalista, editor e empresário da indústria do petróleo. Mais conhecido pelas obras do Sítio do Picapau Amarelo, Monteiro Lobato também foi um epicentro de polêmicas e contradições: critiva modernistas com fervor e era abertamente racista — foi membro de uma entidade eugênica.
Conheça esses e outros fatos sobre o autor de livros infantis:
1 - Dia do Livro Infantil
Além de celebrar o nascimento do pai da literatura infantil brasileira, o dia 18 de abril também é marcado pelo Dia Nacional do Livro Infantil.
Monteiro Lobato nasceu no ano de 1882, na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, e se destacou em muitas áreas de atuação, mas, até hoje, é lembrado principalmente por ser o autor do Sítio do Picapau Amarelo.
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Os primeiros sinais de que Monteiro Lobato tinha um talento especial para a literatura apareceram durante a escola, onde escrevia para publicações acadêmicas. Apesar disso, o jovem escritor frequentou o curso de Direito na Faculdade do Largo São Francisco (atualmente pertencente à USP), sob as ordens do avô, que se tornou seu tutor após a morte dos pais na adolescência.
Lobato concluiu a graduação, mas não trabalhou na área por muito tempo. Assim que seu avô faleceu, se mudou para o sítio que herdara e começou a se concentrar na carreira de escritor.
Além de se dedicar à literatura, Lobato também exerceu as profissões de editor, tradutor, empresário e jornalista, tendo publicado diversas matérias e editoriais no O Estado de S. Paulo.
3 - Livros
Seu primeiro livro infantil, A Menina do Narizinho Arrebitado, foi publicado em 1920, mas, antes dele, algumas obras já haviam sido lançadas pelo autor. A mais famosa delas é Urupês, uma coletânea de histórias fictícias e reais marcada pelo regionalismo paulista, onde aparece a figura do Jeca Tatu pela primeira vez.
Ainda assim, as histórias infantis foram as que deram maior prestígio ao autor. Por meio das aventuras do Sítio do Picapau Amarelo, Lobato também explorou temas da ciência e da mitologia, abrindo espaço para o mercado de livros paradidáticos no Brasil.
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Lobato foi um crítico ferrenho do movimento modernista. Tudo começou com sua resenha sobre a segunda exposição individual da pintora Anita Malfatti, que acabara de voltar de sua viagem aos Estados Unidos, onde passou dois anos estudando as principais correntes artísticas do hemisfério norte. Para Lobato, essas influências representavam um risco para o desenvolvimento de uma arte genuinamente brasileira.
Mas suas críticas não foram o bastante para parar o movimento. Em 1922, Anita fez parte do Grupo dos Cinco, responsável por organizar a Semana de Arte Moderna, evento que deu força para uma nova fase da arte brasileira.
Por causa dessa rivalidade, Monteiro Lobato é considerado um autor pré-modernista.
5 - Valores
Apesar de defender uma arte puramente brasileira, Monteiro Lobato é considerado por alguns pesquisadores um americanista, isto é, um conhecedor (e, em certa medida, um admirador) das conquistas e valores norte-americanos.
O encanto surgiu em sua viagem à terra do Tio Sam, entre 1926 e 1930. Depois disso, chegou a atuar na União Cultural Brasil-Estados Unidos. Mais tarde, no entanto, se demitiu ao ver todo aquele vigor econômico que tanto admirava se transformara numa força opressora na América Latina.
6 - Petróleo
Além de entreter crianças, Monteiro Lobato também apoiava a extração do petróleo no Brasil. Isso mesmo. O autor de livros infantis também se dedicou à indústria e foi um dos fundadores da Companhia Petróleos do Brasil, inaugurada em 1931, logo após voltar dos Estados Unidos.
Em 1936, publicou “O Escândalo do Petróleo”, livro que se esgotou em poucas semanas e foi censurado pelo governo Vargas.
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A constante censura do governo varguista foi o estopim para que Lobato se aproximasse de ideias comunistas. Após enviar cartas à Getúlio criticando sua gestão do petróleo brasileiro, o escritor foi condenado a seis meses de prisão por injúria ao Estado. Saiu da cadeia depois de três meses e foi convidado a se juntar ao Partido Comunista da época, mas recusou. Não queria entrar para a vida política.
8 - Jeca Tatu e saúde pública
Após acompanhar pesquisas sobre saúde pública no bairro de Manguinhos, Rio de Janeiro, Lobato transformou o Jeca Tatu em um símbolo da importância do saneamento básico no Brasil.
Com contos, tirinhas e anúncios, o escritor queria conscientizar a população sobre o problema sanitário e pressionar a elite a prover o serviço ao povo.
9 - Racismo
Monteiro Lobato era racista, como revela um estudo publicado em 2013. O escritor era próximo dos médicos Renato Kehl e Arthur Neiva, que difundiram o conceito de eugenia no Brasil, e também foi membro da Sociedade Eugênica de São Paulo.
Em um trecho de uma carta à Neiva, Lobato inclusive defendeu a criação de uma Ku Klux Klan no Brasil: "Um dia se fará justiça ao Ku-Klux-Klan; tivéssemos aí uma defesa desta ordem, que mantém o negro em seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca."
Mesmo após o estudo, nem todos compreendem a gravidade do impacto dessas ideias na obra de Monteiro Lobato. No ano passado, um movimento de estudantes negros da USP se indignou com o descaso de uma professora dado ao assunto e se mobilizou para pautar o racismo dentro da universidade.
10 - Escândalo da Cuca
Em 2017, os gringos descobriram a Cuca. Gifs da vilã antropomórfica viralizaram no Twitter e até foram estampados em camisetas produzidas pelo blogueiro Perez Hilton. A família de Monteiro Lobato não gostou nada da “homenagem” e prometeu que processaria o norte-americano por lucrar com a personagem sem autorização.
Boas informações.
ResponderExcluirAbraços meu caro Doutor!