quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Cremerj cassa registro do ex-secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes

Cremerj cassa registro do ex-secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes

Médico foi acusado de comandar braço do esquema de corrupção de Cabral

por
Adicionar legenda

Sérgio Cortes sai do presídio de Benfica em fevereiro de 2018 - Pedro Teixeira / Agência O Globo - 08/02/2018
RIO — O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) cassou no fim da noite desta terça-feira o registro profissional do ex-secretário estadual de Saúde do Rio e ex-diretor do Instituto de Traumatologia do Rio (Into) Sérgio Côrtes. O médico, que está preso acusado de integrar o sistema de corrupção do governo de Sérgio Cabral, pode recorrer da decisão junto ao Conselho Federal de Medicina.



Côrtes foi acusado de comandar o braço do esquema de corrupção do ex-governador na área da Saúde. O médico teria formado uma parceria com o empresário Miguel Iskin na cobrança de propina aos fornecedores de equipamentos e serviços para a rede estadual de Saúde.




Preso desde abril do ano passado, após a Operação Fatura Exposta, desdobramento da Operação Lava-Jato no Rio, Côrtes foi denunciado por ter participado de um esquema que desviou cerca de R$ 300 milhões da Saúde do Rio. Em fevereiro, no entanto, o ex-secretário foi solto por Gilmar Mendes depois de nove meses encarcerado.


O ex-secretário voltou a ser detido no fim de agosto na etapa Operação S.O.S da Lava-Jato do Rio. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), fraudes em contratos da Organização Social (OS) Pró-Saúde foram responsáveis pelo desvio de R$ 74 milhões dos cofres públicos, com anuência da Secretaria de Saúde à época comandada por Côrtes.

 
 
As investigações apontam que Iskin tinha influência sobre o orçamento e a liberação de recursos da secretaria de Saúde e nas contratações de fornecedores feitas pela Pró-Saúde. Ele indicava empresas e fornecia a documentação necessária, como cotações de preços e propostas fraudadas, para facilitar a contratação. Em contrapartida, cobrava 10% sobre o valor dos contratos dos fornecedores da Pró-Saúde, que depois eram distribuídos entre os "membros da organização criminosa, como Sérgio Côrtes e Gustavo Estellita", segundo o MPF.


Em entrevista ao GLOBO, Côrtes admitiu ter recebido propina e se disse "envergonhado". Ele diz que sua relação com Cabral "acabou" e explica que não poderia voltar a realizar cirurgias por ter um dos nervos que permitem o movimento de pinça do dedo comprimido.


- Eu não queria ter ido para a cela com o Cabral. Preferia ficar num espaço com outras 43 pessoas em vez de ter ido para a cela com ele. Acabou para mim a relação, entendeu? Eu não queria mais aquilo - ressaltou o ex-secretário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário