terça-feira, 24 de abril de 2018

ZÉ PIANCÓ ZÉ PIANCÓ -UM RACIONAL

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ZÉ PIANCÓ 
ZÉ PIANCÓ -UM   RACIONAL 

          Zé Piancó nascera sem coração, vivera apenas por viver, a sua sina era trabalhar, labutar, brigar, cansar o corpo moído. Da boca para o bucho e desta para o mundo para alimentar outras bocas, o Piancó nascera  para ser bicho, para quebrar  ossos e queimar o mundo , para maltratar a  terra sem ferir a natureza, era um selvagem, um bruto, era um animal.

          O coração seco, a vida dura , tão dura como o normal é o morrer, o Piancó não era pouco esforço, era exagero, era o sol ardente sem piedade a sapecar as costas da terra, era a poeira, a ventania, o redemoinho a destronar os invasores, o tronco grosso que resiste e o graveto inflamável das   capoeiras  .

          O Zé era pau de bater em bicho, corda de amarrar doido, era o amargo do jiló, às vezes  o doce da cana caiana, o mormaço da evaporação e do calor, o assobio da cobra, o Zé era a  trama, o trauma  e a lama. O sujeito era duro, era escuro como as noites de trevas, era o miolo da dura madeira, era o fundo lá dos fundos dos profundos mares, o cabra era a fronde da moita, era o oco do pau, era o manto do monte, era o centro da terra, era o ferro do núcleo. Era pedra, gás, água, era o incandescente, Piancó era tudo e ao mesmo tempo não era nada.

         O Zé era o Zé e nada mais, nascera sem pai, sem mãe, sem nada, sem beira e talvez sem eira, o Piancó nascera sozinho, sem rumo, sem prumo e vivera na solidão, na defesa da vida e na defesa do pão. O Zé da Silva Piancó era um piancó e nada mais, apenas um piancó, um Corema, um Cariri. 
           O Zé era um CARIRI, um Corema, um animal, era apenas um senciente.

          Iderval Reginaldo Tenório


Este texto faz parte de uma coletânea de minha autoria escrita na minha fase de descoberta do Nordeste. Evolui na escala da idade e  dos conhecimentos, ao ler me encontrei com este belo personagem e fiz questão de passar ao conhecimento dos meus amigos.

Muitos de nós não passamos de um PIANCÓ.

 Boa Leitura
  1. Luiz Gonzaga e Benito di Paula - Viva meu padim (João Silva, Luiz Gonzaga) - YouTube

  2. www.youtube.com/watch?v=nBgyB6Jb2_Y
  3. 21/05/2011 - Vídeo enviado por vitrolanoberro
  4. Luiz Gonzaga - Disco "Forró de cabo a rabo" (1986) "Viva meu padim". Participação: Benito di Paula.








    1. Juazeiro do Norte - Luiz Gonzaga - Viva meu padim com incerts - YouTube

    2. www.youtube.com/watch?v=Xri-xELA-Pg
    3. 14/10/2012 - Vídeo enviado por Júlio Popó
    4. Minha homenagem a colina do Horto em Juazeiro do Norte, um lugar que desde a primeira vez em que ...






    1. 08- Viva meu padim - Luiz Gonzaga - Forró de cabo a rabo - YouTube

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