IDERVAL TENÓRIO: " Causos do Circus Mambembe"!. GRAN CIRCO NORDESTINO. -NOS SERTÕES DA BORBOREMA-

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" Causos do Circus Mambembe"!.

GRAN CIRCO NORDESTINO.

-NOS SERTÕES DA BORBOREMA-

No grande sertão nordestino é corriqueiro se ver um pequeno circo de um só mastro, sem cobertura e uma lona em volta para impedir a visualização do espetáculo sem o devido pagamento.

A trupe , diga-se de passagem, mambembe, mas de boa qualidade, divide-se da seguinte forma:

Uma cantora/atriz/trapezista e ao mesmo tempo malabarista , geralmente esposa do dono, além da cantora faz parte da trupe um palhaço que ao mesmo tempo é malabarista , trapezista , apresentador , administrador e diretor, faz os papeis principais, é o faz-tudo e geralmente é o proprietário, afinal é ele a alma , as pernas , o coração e a mola mestra do circo, os demais componentes mudam de acordo com os ventos .

Havia duas semanas que o "GRAN CIRCOS NORDESTINO" estava armado deliciando os moradores da pequenina cidade, como o programa de apresentações era diminuto, a frequência começou a diminuir ao ponto de faltar dinheiro para o pão de cada dia.

O que fazer!? não tinham nada em espécie para quitar as dividas com as bodegas da redondeza, nada... Neste instante ia passando um jumento em frente ao GRAN CIRCOS...

Ideia !!!!!!!!!!
O Faz-Tudo corre para dentro da espelunca , pega um papelão grande , faz um grande cartaz e coloca na frente do circo.

ÚLTIMA NOITE, ATENÇÃO SENHORES, ÚLTIMAS ATRAÇÕES, COMPAREÇAM AO GRAN CIRCOS .

UMA NOVA ATRAÇÃO SERÁ APRESENTADA,
VENHAM TODOS , VENHAM

A noite de despedida do circo foi uma apoteose, gente por todos os lados, uns sentados, outros de pé, outros acocorados, era um verdadeiro balaio de gato , enfim , uns por cima dos outros, não cabia mais ninguém, tudo para assistir o último espetáculo e a anunciada atração.

Ele se ajoelhou, rezou aos céus agradecendo a Deus pelo que estava acontecendo...

Começa o espetáculo com as atrações de praxe , todos os números em sequência e aí ele anuncia:

___E agora magestoso público, a última atração da noite e da temporada, atenção, muita atenção.

Nisto entra no picadeiro o jegue que passou a tarde em frente ao circo, ele dá uma pausa, respira fundo e anuncia o maior espetáculo da terra como o prometido.

___Prontinho minha gente, prontinho, mil reais para quem fizer este jegue sorrir, vamos, quem se habilita? São mil reais.

Nisto , na fila da frente tinha um amarelinho sentado , levantou o braço e falou com uma voz estridente, "EU, EU "

___Pois venha e faça o jegue sorrir, o espetáculo é todo seu e o jegue também.

A plateia foi ao delírio, a algazarra tomou conta do circo, o que iria acontecer.

O amarelinho foi ao picadeiro , cochichou alguma coisa no ouvido do jumento e quando se afastou o jegue ria em altas gargalhadas, chorou de rir , rolou pelo chão, balançava o rabo, abria a boca, espunha os dentes , levantava e abaixava as orelhas, o jegue de tanto rir estava aos prantos, as lágrimas molhavam o picadeiro.

O circo foi uma risada só, quase que as arquibancadas iam ao chão, o som ensurdecedor contaminou toda a plateia, o dono foi ao clímax , o velho Faz-Tudo levantou os panos, pagou a todo mundo, comprou o jegue e se escafedeu no mundão de meu Deus, que é o nosso sertão. O Gran Circus Nordestino mudou de rumo , com a fama do jegue o circo cresceu, logo passou a ter três mastros, trupe numerosa, todo motorizado, uma beleza, um circo de luxo.

Voltou à cidadezinha onde tudo começou com a sua estrela maior, o JEGUE RISONHO, o salvador da pátria.

Depois de um mês de espetáculo e com a casa cheia , chegou o último dia de apresentação, após agradecer a todos pelos bons ventos que lhe deram tempos atrás, porém tinha que partir.

Anunciou a apoteótica atração final , ele, o inigualável , o impagável JEGUE RISONHO, agora gordinho, pelos brilhosos, cascos polidos e um belo e colorido cabresto de couro a ornar a larga cabeça, o circo encontrava-se cheio, lotado, apinhado de gente , num raio de cinquenta quilômetros não havia um só vivente que não soubesse da verve artística do arisco asinino , o Circo lotou , não cabia mais ninguém, até o padre mudou o horário da missa para mais tarde, não poderia perder o grande espetáculo circense, como sempre os números foram sendo apresentados , os espectadores ansiosos pelo grand finale acotovelavam-se, assoviavam e gritavam à espera do fechamento com chave de ouro .

Na hora H, no centro do enorme picadeiro todo iluminado, entra O ASNO RISONHO.

Ele anuncia!

___Hoje em homenagem a todos vou dar dez mil reais a quem fizer o risonho chorar, quem se habilita? Quem se abilita, são dez, dez mil reais

Da primeira fila uma mão se levante e grita, era o já manjado Amarelinho de tempos atrás.: " EU, EU MEU SINHÔ."

O amarelinho vai para o picadeiro, para, pede um biombo e inesperadamente tapa a visão da plateia, ao sair manda remover o biombo e o JEGUE RISONHO ESTAVA AOS PRANTOS, CHORAVA QUE DAVA DÓ...

O proprietário não se conformou e perguntou ao amarelinho?...

___No ano passado você fez ele sorrir e agora fez ele chorar, como é que só você consegue isto?.

O amarelinho respondeu:

No ano passado eu disse no ouvido dele que meu membro era maior do que o dele.;

___E agora? perguntou o dono do jegue

Aí o Amarelinho falou:

__Desta vez, eu mostrei.!!!!!!!!!!!!!

" ACONTECE CADA UMA NE? ....

(MS) Salvador, 25/04/18

Versão do Professor Marcos Sales -

Poeta Paraibano radicado na Bahia desde 1974