quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Comida BATICUM - Comida tradicional acreana: Mujangué ou Arabu NO NOSSO CEARÁ CHAMÁVAMOS DE BATICUM



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Comida tradicional acreana: Mujangué ou Arabu

NO NOSSO CEARÁ CHAMÁVAMOS DE  BATICUM

A receita indígena incorporada à alimentação dos seringueiros ganhou algumas adaptações e atualmente dá saudades em quem viveu na floresta e nas colônias
Alyne Brandão e Edinauro Braga
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O período de desova dos tracajás nas praias dos rios da Amazônia fornecia uma fonte de alimentação nutritiva para os povos da floresta. A mistura de ovos, farinha d’água e açúcar forma uma pasta densa chamada Mujangué, também conhecida por Mujanguê ou Arabu.

A palavra de origem indígena significa massa pastosa ou creme. O convívio dos seringueiros com índios proporcionou a incorporação desse costume, mas acrescido de um toque especial: raspas de limão para disfarçar o forte cheiro dos ovos.

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A matéria prima era abundante no início do Verão mas, para ter a iguaria à mesa o ano todo, os seringueiros também usavam outras fontes como ovos de jabuti ou de aves nativas. Até hoje a iguaria é consumida, especialmente nos municípios do interior, que ajustando ao paladar e olfato, passaram a comê-la apenas com ovos de galinha.

O prato servia como uma alternativa de alimentação frente à escassez de alimentos que havia especialmente no interior. Natural do município de Feijó, Antonio Alves, 48 anos, conta que era uma receita muito apreciada pelo pessoal do seringal. “Depois de chegar da estrada, do corte da seringa, normalmente a gente mandava fazer logo um Arabu (Mujangué) para aliviar a fome”, relembra.

Existem também aqueles que não gostam do prato. A professora Fânia Freitas, 42 anos, nascida em Tarauacá, diz que embora tenha consumido muitas vezes em sua infância, hoje não comeria mais por causa do forte cheiro de ovos crus.

“Era lá pelos anos 70… Saía de madrugada na praia procurando os rastros do tracajá e ía até onde ele havia cavado e colocado os ovos. Achava em média 20 a 30 ovos, levava para casa, quebrava, batia com a colher e colocava açúcar e farinha. E virava o Arabu que hoje chamam de Mujangué”
Antonio Alves, seringueiro

Creme excluído do comércio
Ao contrário das frutas, o consumo desse creme não chegou aos restaurantes da cidade
“Era mais viável no seringal, para suprir a fome de quem mais precisa: o seringueiro quando chegava do corte da seringa”, explica o empresário do ramo alimentício John Enderson, 29 anos. Ele aponta a inviabilidade de sua comercialização, pois somente o co
zimento dos ovos pode evitar a contaminação por bactérias. “Embora eu goste do prato, não acredito que seria viável vender Mujangué. Na verdade, haveria problemas, por se tratar de uma receita feita a base de ovos crus, o que poderia ser um risco à saúde das pessoas”, avaliou o empresário.

Pelo visto, o Mujangué, apreciado por muitos, vai permanecer apenas como uma receita caseira tradicional do povo do Acre.
Fotos: Juliana Lofego

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