domingo, 12 de março de 2017

HISTÓRIAS REGIONAIS DA CHAPADA DO ARARIPE DONA MARIA DUZINHA , SEU JOSE MANOEL E DONA QUITONHA, TRÊS HUMANOS QUE FIZERAM A DIFERENÇA.

             
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HISTÓRIAS REGIONAIS  DA CHAPADA DO ARARIPE.
DONA MARIA DUZINHA , SEU JOSE MANOEL E DONA QUITONHA, TRÊS HUMANOS QUE FIZERAM A DIFERENÇA.
I
          O ano era 1954, o mês era dezembro, o país em frangalhos, o mais popular de todos os presidentes, o Getúlio Vargas( presidente brasileiro que criou a Petrobrás  em 1953 com o slogan-  O PETRÓLEO É NOSSO, nasceu em São Borja -RS em 1882 e Faleceu no Rio de Janeiro em 1954)  ,  cometera suicídio no dia 24 de agosto , ainda hoje pairam  tenebrosas dúvidas. A elite atropelava a nação com os seus caprichos, em todos os recantos grassavam as doenças, a fome, o crime organizado e o abandono das classes mais pobres.


 Sofriam os Estados mais dependentes, aqueles que não possuíam infra estruturas, os que ficavam mais distantes da capital da nação, o Rio de Janeiro. A malária, a febre amarela, a dengue , outras mazelas virais e bacterianas    matavam a rodo nos rincões do norte, do nordeste e do Brasil central, como também nas zonas rurais dos mais apaniguados, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas, Paraná e Rio de Janeiro.
II
          José Manoel um pequeno produtor rural morava no topo da serra do Araripe, uma chapada que fica na divisa do Ceará com Pernambuco, hoje patrimônio Nacional, fora orientado pelo Padre Cícero do Juazeiro do Norte , vivia da plantação do feijão de pau, feijão de corda, feijão de arranca, fava,  milho, batata doce, da vermelha  , da  mandioca, da criação dos animais bovino,  pé duro e indubrasil, do porco, do bode, do carneiro, do cavalo, do jumento e do burro, vivia da galinha dangola , carijó e do peru, era um trabalhador incansável, inteligente e muito diligente, num raio de quarenta  quilômetros  era quem comandava e ao mesmo tempo o intermediário daquele povo com os centros urbanos da região na comercialização dos seus  produtos . 

          Foi pioneiro em quase tudo, o primeiro motor a gasolina para a produção da farinha de mandioca, modernizando os aviamentos, o primeiro  caminhão, o primeiro carro de passeio,  bicicletas, rádio, foi mestre na construção de estradas para o escoamento da lavoura ,  era quem abastecia a região de gasolina e querosene para os pequenos produtores, foi também o responsável por introduzir os utensílios domésticos e tudo que se consumia na região, foi seu José Manoel quem incentivou as famílias da região a comprarem casas no Exu, Poço Verde, Bodocó, Ouricuri, Araripe, Crato Juazeiro do Norte, até Caruaru e Petrolina com a finalidade de colorarem os jovens na Escola, aquele que não tinha condições , ele comprava  e doava  a fundo perdido, muitos foram beneficiados.

           O Zé Manoel era um incansável visionário e futurista, dizia que só a educação poderia salvar os mais pobres e assim se pronunciava para todos os habitantes da Chapada do Araripe, era enfático: 
“Num futuro bem próximo, a força muscular não terá mais valor, quem vai comandar  é o cérebro, as maiores ferramentas  serão os lápis, as canetas, os livros e os cadernos, pegar peso, carregar sacos, tijolos, lenhas, areias, arar a terra para a lavoura , inclusive até mesmo plantar e colher serão tarefas para as máquinas, o cérebro será o senhor todo poderoso para a humanidade, quem quiser viver bem e melhor terá que estudar, o mundo está mudando”
Seu Zé Manoel .


 
          Foi também o único proprietário de terras que instituiu e aplicou a reforma agrária na região , antecipando os poderes públicos doou terras aos mais próximos e aos seus melhores trabalhadores, nunca negou o fornecimento da maior dádiva da natureza, a  água potável dos seus barreiros e reservas, era o José Manoel um baluarte  deste sofrido Brasil, só quem com ele conviveu sabe das suas ações, os demais apenas as usufruem hoje em dia, muitos foram os seus legados, o principal,  o gosto contumaz pela educação dos habitantes da serra do Araripe.

III
          Era 1954,  a malária grassava no Estado do Maranhão, o Zé Manoel recebera um inusitada carta :

“ compadre Zé, acuda nós, a doença aqui está matando os homens, morre gente como morre passarinho,  ajuda nós, se não nós vamos morrer de fome ou de malária, o governo não sabe o que fazer, não existe ricurso, não tem escola, agasalhos  e falta o pão, falta a dignidade , só existe fome e sofrimento” 
assinado

 Maria Duzinha.
          Dona Maria Duzinha era casada com o irmão mais velho da esposa de seu Zé Manoel, seu Totonho Ginaldo, homem probo, trabalhador e um dos mais respeitados da região, na seca de 1937 deixou a sua região nas Alagoas, Palmeiras dos Índios, e foi escapar no Maranhão, levou seis filhos e lá nasceram mais cinco, com a morte do Getúlio e a crise no  país surgiram as dificuldades, a Sra Maria  Duzinha pediu socorro a seu cunhado que não arredara das orientações do Patriarca do Juazeiro do Norte , o Padre Cícero Romão Batista. 

           O seu José Manoel  não perdeu tempo e foi diligente, comprou mais um pedaço de serra , pura mata,  levantou uma casa de alvenaria, construiu um pequeno barreiro, chiqueiros com alguns porcos, algumas cabras de leite, plantou roças de feijão, milho, favas , andu e mandiocas, dois ou três jegues de carga, pegou o seu caminhão Chevrolet ( a Chevrolet  é uma empresa americana fundada em 1911 e chegou ao Brasil em 1925)  e mandou buscar a família da comadre Duzinha, doou a terra com as suas benfeitorias e todos os parentes ganharam os melhores primos do mundo, a região foi florificada.

          A Serra do Araripe  ganhou a sua amazonas, a sua casa passou a ser o ponto de encontro dominical para todos os viventes , durante muitos anos  Dona Duzinha passou a ser a mais enérgica mulher da Chapada , num raio de quarenta  quilômetros foi a maior e mais importante  amansadeira de burros e cavalos bravos, apesar de ser os seus filhos exímios amansadores de animais arredios, era a matriarca a preferida, principalmente  quando os animais eram encomendados  para transportarem mulheres, crianças e noivas nos dias de casamentos, diziam os contratantes que os animais que Dona Duzinha amansava eram mais obedientes, mansos, conheciam o aveludamento das vozes e os agudos estrogênicos, eram  delicados , respeitavam as mulheres , as crianças e as noivas, porém arredios quando serviam de montaria para os homens.


         Dona Duzinha era dura e exigente , porém delicada, mansa, compreensiva e respeitada, era uma dama , era a mais temida mulher da redondeza, pois assumira as rédeas da casa  pouco tempo  depois que  chegara à serra, uma vez que,  o seu esposo falecera em menos de cinco anos de sua chegada.
IV
          José Manoel ,  a sua esposa dona Quintonha e a sra. Maria Duzinha fazem parte da vida de todos os serranos,  apesar do pouco e das dificuldades pertinentes ao nordeste os familiares sentem-se irmãos, unidos e felizes.


          Bucho cheio , respeito coletivo e o incentivo à educação eram os alicerces para vencer as agruras da vida, sem esquecer o cabo das enxadas, dos enxadecos,  dos cavadores, das foices, das roçadeiras , dos facões e dos machados na lida diária.

           A união familiar de seu José Manoel e  de dona Quitonha , de   dona Maria Duzinha, a amazonas da Serra do Araripe  e,  dos seus descendentes,  junto a solidariedade e a visão de um homem que só pensava na comunidade , seu José Manoel, fizeram a diferença.

  Viva a união, hoje todos agradecem.
Iderval Reginaldo Tenório

MEU ARARIPE
-DE JOÃO SILVA COM LUIZ GONZAGA , 1968-

Luiz Gonzaga - Meu Araripe - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=mVFAJWJFTi0
24 de fev de 2016 - Vídeo enviado por Geylsson Ylsson
Música do CD: Luiz Gonzaga – 50 Anos de Chão. ... Luiz Gonzaga - Meu Araripe. Geylsson Ylsson ...

Meu Araripe - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=TrXCDamaYD4
18 de mar de 2012 - Vídeo enviado por apfrezende G
Música Me


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