sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Carpinteiro confessa que matou médico após discussão em Pau da Lima

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Carpinteiro confessa que matou médico após discussão em Pau da Lima

Adriano Luiz Correia de Jesus, 28, foi preso em canteiro de obras na Avenida Gal Costa após ser denunciado por ex-companheiro
Da Redação, Com Hilza Cordeiro
Atualizado em 27/10/2016 22:06:13
Suspeito de assassinar o médico Luiz Carlos Correia Oliveira, 62 anos, o ajudante de carpintaria Adriano Luiz Correia de Jesus, 28, confessou que cometeu o crime. Nesta quinta-feira (27), ele foi apresentado à imprensa na sede do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoas (DHPP), na Pituba. Preso nessa quarta, em um canteiro de obras na Avenida Gal Costa, Adriano contou que matou o médico com golpes de faca após uma discussão. Ele foi apontado à polícia como suspeito por um ex-companheiro, que sabia da sua amizade com Luiz Carlos, e responderá por homicídio qualificado por motivo fútil.
Suspeito foi apresentado à imprensa nesta quinta (Foto: Almiro Lopes/CORREIO)
Segundo depoimento do carpinteiro, o crime foi cometido em sua casa, no bairro de Pau da Lima. Adriano contou que no dia 2 de outubro saiu com Luiz Carlos para uma pizzaria e, em seguida, voltou para casa com o médico e lá começaram a beber. Em um determinado momento, a cerveja acabou e Adriano saiu para comprar mais. 

Ao retornar para casa com as bebidas, ainda segundo o suspeito, o médico teria "forçado ele a ter relações sexuais". Adriano contou que ficou nervoso com a situação e esfaqueou Luiz Carlos três vezes no pescoço, o que causou sua morte. Por causa da forma como o corpo foi encontrado, em estado de esqueletização, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) ainda não pode comprovar as circunstâncias da morte do médico. O crime foi cometido por volta das 22h do dia 2.
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O médico Luiz Carlos Correia Oliveira, 62, morto por ajudante de carpintaria em Pau da Lima
(Foto: Reprodução) 
DesovaHoras depois, já de madrugada, o carpinteiro enrolou o corpo do médico no forro de um sofá. Em seguida, estacionou o carro da vítima o mais perto possível da rua da casa, que não tem acesso para veículos, e carregou o corpo até o carro. Segundo a polícia, a situação não foi presenciada pelos vizinhos. O corpo, então, foi transportado até a BR-324, onde Adriano resolveu abandoná-lo próximo à Pedreira Parafuso, logo após o primeiro pedágio, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).  

Ele escondeu o veículo da vítima em uma rua em Camaçari, também na RMS, e voltou para casa. Dias depois, ao ver na imprensa que Luiz Carlos estava sendo procurado, resolveu se livrar do carro, ateando fogo. Durante a carbonização do veículo, ele acabou se queimando e ficou com as pernas machucadas. Segundo o DHPP, Adriano tem passagem pela polícia por furto, praticado em 2008. 

Vida duplaA delegada Clelba Teles, que preside o caso, informou que após o registro do desaparecimento, o departamento passou a refazer os passos de Luiz Carlos. “Procuramos saber os locais que ele frequentava, o que gostava de fazer, quem eram seus amigos. A partir daí, passamos a trazer essas pessoas para serem ouvidas. Começamos a colher detalhes e fomos aos locais. É um trabalho de inteligência que não pode ser divulgado por completo”, disse. 

De acordo com a polícia, a investigação chegou até Adriano através de um ex-companheiro de Luiz Carlos, que informou aos policiais sobre a amizade do médico com o carpinteiro. A dona da pizzaria onde os dois estiveram momentos antes do crime também prestou depoimento à polícia e confirmou a ida de Luiz Carlos e Adriano ao local.  

Ainda conforme a polícia, a família da vítima disse não ter conhecimento desta relação. Eles disseram que o último contato com o médico foi no dia 2 de outubro, quando ele avisou que estava saindo de casa para votar. A polícia só foi procurada dois dias depois. 

Segundo Adriano, ele e o médico se conheceram há cerca de três meses em um ponto de ônibus na Avenida Gal Costa, nas proximidades da obra onde o carpinteiro trabalhava. Eles trocaram telefones e ficaram amigos. O suspeito disse que Luiz Carlos costumava lhe ajudar financeiramente. Adriano disse ainda que o médico se apresentou como um representante de vendas e que morava em Feira de Santana. Luiz Carlos era morador do condomínio Costa Verde, em Piatã. 

De acordo com a polícia, apesar de Adriano ter confessado o crime, as investigações ainda não foram concluídas, uma vez que os bens do médico e a faca utilizada no crime não foram encontrados. Não é possível afirmar que Adriano agiu sozinho. Se condenado, o carpinteiro pode pegar de 12 a 30 anos de prisão. 

A investigação apontou que, após o crime, o suspeito parou de usar o antigo chip de telefone e passou a utilizar um novo número. O chip foi encontrado na casa em Pau da Lima e ainda será periciado. 

Conforme a delegada, não há dúvidas sobre a autoria do crime e a prisão preventiva já foi solicitada. Na casa de Adriano foram recolhidos vestígios de sangue, revelados por agentes químicos (luminol), no pano de chão e em outros locais. De acordo com a assessoria da Polícia Civil, ele já foi encaminhado ao sistema prisional.
PeríciaConforme o perito médico-legal Mário Câmara, diretor do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML), o corpo chegou ao estado de esqueletização, mais avançado do que a decomposição, devido à ação de animais. "Um corpo exposto em área de mata esqueletiza muito rápido porque os animais devoram e o calor acelera o processo”, explicou. 

A polícia informou ainda que os familiares de Luiz Carlos estão pedindo novos exames de identificação do corpo, porém, a investigação informou que não há dúvidas quanto a esse ponto da investigação. Isso porque a análise da arcada dentária confirmou que é, de fato, o médico. Por isso, outros exames não serão feitos. “É totalmente desnecessário usar outro método, a identificação já foi feita, agora a perícia quer provar em que circunstâncias se deu a morte. Mas, se a família quiser, pode fazer por conta própria”, afirmou o diretor do IML. 

Além dos exames da arcada dentária, também foi feito o procedimento de entomologia, que analisa as larvas presentes no corpo para detectar a data da morte. O corpo ainda está sob perícia e só deverá ser liberado para a família na próxima semana.

CORREIO E TRIBUNA DA BAHIA 

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