terça-feira, 23 de agosto de 2016

Médicos residentes da Santa Casa paralisam atividades em protesto

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23/08/2016 11h09 - Atualizado em 23/08/2016 18h35

Médicos residentes da Santa Casa paralisam atividades em protesto

133 residentes entraram em greve; atendimento não foi afetado, diz hospital.
Grupo protesta contra a suspensão das cirurgias sem urgência.

Do G1 São Paulo
Um grupo de médicos residentes da área de cirurgia da Santa Casa de Misericórida de São Paulo decidiu paralisar as atividades desde a segunda-feira (22) em protesto contra a suspensão dos procedimentos cirúrgicos eletivos na unidade. De acordo com a administração do hospital, 133 residentes decidiram parar de prestar atendimento ambulatorial.
A paralisação dos funcionários acontece pouco mais de um mês após a Santa Casa suspender as cirurgias eletivas, aquelas sem necessidade de urgência, devido à crise financeira. A medida foi adotada no dia 17 de julho por conta da falta de equipamentos e de medicamentos no estoque para a realização dos procedimentos. Pacientes com câncer estão entre os enquadrados como casos não urgentes e aguardam por cirurgia.
A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo afirmou que compreende a decisão do grupo que entrou em greve, mas reitera "que sempre colocará a segurança dos pacientes como prioridade absoluta e só retomará o ritmo de realização de cirurgias eletivas quando houver todas as condições necessárias para prestar este serviço".
Segundo a instituição, o atendimento ambulatorial não foi afetado por conta da paralisação, que é parcial. A Santa Casa informou que outros 622 residentes seguem trabalhando e que os 1213 médicos do corpo clínico tampouco aderiram à greve.

A administração do hospital disse que segue na expectativa de receber um aporte financeiro extraordinário por parte do governo estadual para reestruturar sua dívida e conseguir um equilíbrio de suas contas. Para isto, a instituição também aguarda a definição de um empréstimo solicitado junto ao BNDES, a ser viabilizado pela Caixa Econômica Federal.

As cirurgias eletivas, aquelas marcadas com antecedência, continuam, portanto, restritas e sem previsão de normalização. Em média, conforme apurou o SPTV, o hospital realizava 900 procedimentos do tipo por mês.

De acordo com a Santa Casa, as cirurgias consideradas emergenciais, além dos atendimentos ambulatoriais e dos exames laboratoriais e de imagem seguem sendo realizados normalmente.

Nesta terça-feira (23), parte dos médicos residentes em greve realizava uma manifestação em frente à Santa Casa. Eles estendiam uma faixa com os dizeres "A Santa Casa está doente". Felipa Lacerda, um dos integrantes do grupo, disse que o protesto visa pressionar a administração da unidade a solucionar o problema. 

"Nós não conseguimos dar vazão e tratamento para esses pacientes", lamentou.
Santa Casa de SP (Foto: Reprodução/TV Globo)
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Santa Casa de SP (Foto: Reprodução/TV Globo)
Entenda a crise
A atual crise financeira da Santa Casa começou há dois anos, quando o hospital fechou o pronto-socorro por falta de condições de atendimento. À época, o antigo provedor, Kalil Rocha Abdalla, chegou a reclamar da falta de repasse de verbas do estado e da União.

Entretanto, o Ministério Público investiga suposto desvio de recursos do caixa do hospital durante a gestão de Kalil. Segundo a denúncia, dezenas de imóveis foram comprados pela instituição e vendidos por um preço abaixo do valor da escritura.

Durante o processo, Kalil chegou a ser afastado e teve seus bens bloqueados pela Justiça Federal. Ele responde a um processo civil por improbidade administrativa. Se for condenado, o ex-provedor terá de devolver R$ 56 milhões aos caixas dos cofres públicos.
A Santa Casa também teve quase R$ 1 milhão em bens bloqueados pela Justiça por irregularidades na antiga gestão. Em abril de 2015, Kalil Rocha Abdalla renunciou. O pediatra José Luiz Setúbal assumiu o cargo com o desafio de negociar a dívida.

Para equilibrar as contas, a Santa Casa demitiu 1.500 funcionários em outubro do ano passado. A operação voltou a funcionar no azul, mas a nova administração do hospital ainda tenta quitar as dívidas que chegam a R$ 860 milhões.

O valor devido refere-se aos gastos com fornecedores, funcionários e empréstimos bancários. A Secretaria Estadual da Saúde disse que repassou R$ 360 milhões para a Santa Casa nos últimos 18 meses para ajudar o hospital a sair da crise.

O Ministério da Saúde disse que está revendo a tabela do SUS, que é a principal forma de repasse de verbas da União para hospitais filantrópicos

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