sexta-feira, 16 de outubro de 2015

DROGAS CONTRA O CÂNCER. Substância contra câncer é liberada pela Justiça – mesmo sem comprovação científica

Substância contra câncer é liberada pela Justiça – mesmo sem comprovação científica

Após a liberação, pacientes com câncer e familiares fazem fila para receber cápsulas de fosfoetanolamina. O composto, produzido pelo Instituto de Química da USP, não foi testado em humanos.

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A sustância fosfoetanolamina
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A fosfoetanolamina é uma substância produzida pelo Instituto de Química da USP (Universidade de São Paulo) em São Carlos que, supostamente, trata vários tipos de câncer(VEJA.com/Reprodução)
Pacientes com câncer e familiares formam enormes filas no Instituto de Química da Universidade de São Paulo, em São Carlos, para receber cápsulas de uma susbtância que, supostamente, trata vários tipos de câncer. A mobilização ocorreu após a decisão do desembargador José Renato Nalini, presidente do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo. Na última sexta-feira, ele reconsiderou e liberou a distribuição do composto aos doentes.
 
A determinação foi baseada em uma liminar do STF (Supremo Tribunal Federal) que autorizou a entrega das cápsulas a um paciente do Rio de Janeiro.
 
Não há, contudo, comprovação científica dos benefícios da fosfoetanolamina para a eliminação de tumores. Até agora, a substância só passou por estudos iniciais em células e em animais. Nunca foi testada em humanos. Para ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seria necessário passar por, pelo menos, três fases de estudos clínicos que visam avaliar a eficácia e segurança do composto.
 
A grande procura - que levou à distribuição de senhas e o temor de que aumente ainda mais o número de interessados - fez com que a USP divulgasse um comunicado. A instituição alega que não é indústria química ou farmacêutica e não tem condições de atender demanda em larga escala.
 
No mesmo comunicado a reitoria da USP informa que a substância não é remédio e sugere que a propaganda da droga é obra de "exploradores oportunistas". A reitoria disse ainda que as decisões judiciais serão cumpridas, mas que a universidade vai brigar para revertê-las.
 
"A USP não desenvolveu estudos sobre a ação do produto nos seres vivos, muito menos estudos clínicos controlados em humanos.
 
Não há registro e autorização de uso dessa substância pela Anvisa e, portanto, ela não pode ser classificada como medicamento, tanto que não tem bula.", afirma o comunicado
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o presidente da Sociedade Brasileira de Oncolgia Clínica, Evanius Wiermann, disse que o caso pode ser resumido como uma loucura.
 
"Os pacientes estão sendo feitos de cobaia sem garantia nenhuma de segurança ou de eficácia",
afirmou ao jornal.
(Da redação)

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